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terça-feira, 10 de março de 2015

3 - OS CAMINHOS DE INICIAÇÃO
1ª PARTE
Geese

Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre. (João, 6:48)
Todos os caminhos tradicionais que conduzem à iluminação espiritual  os que são geralmente conhecidos e os outros  podem se distribuir em três categorias:
1ª vertente: da atividade, do sacrifício, do trabalho, da ação ou do domínio sobre o corpo físico (senda dos faquires);
2ª vertente: da devoção, da renúncia, da religião, da fé, da obediência ou do domínio das emoções (senda dos monges);
3ª vertente: da sabedoria, do discernimento, do conhecimento ou do domínio psíquico (senda dos iogues).
A vontade física (1ª vertente)
E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. (...)
Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito:
Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
(Mateus, 4:2-4)
Vivendo na cultura ocidental, nós costumamos empregar o estereótipo do faquir, associando-o à imagem do hindu maltrapilho que se exibe nas ruas deitado em uma cama de pregos.
Tal imagem exótica condensa de modo reduzido toda uma variedade de escolas de iniciação baseadas no domínio da vontade sobre o corpo.
Seu aprendizado visa controlar mentalmente as manifestações instintivas de sede, fome, frio, calor e dor.
Essa caminhada oculta um ensinamento espiritual de grande valor: a matéria é transitória e perecível, e o Espírito é imortal, superior à matéria e deve dominá-la, e não ser dominado por ela.
O desenvolvimento da vontade física pelos faquires pode ser incrivelmente penoso, e o adepto submete-se ao suplício do fogo, quando caminha sobre brasas; ou à dor cutânea, entrando em um formigueiro; ou à imobilidade muscular, permanecendo imóvel por períodos de tempo que podem alcançar anos a fio.
Como resultado, após longos treinamentos, a força de vontade mental prevalece sobre as limitações do corpo físico. Porém, o tempo exigido para essa conquista pode chegar a décadas e os demais campos de desenvolvimento espiritual permanecem sem alteração.
As escolas se multiplicam à medida em que os discípulos imitam seus mestres. Por vezes os faquires adotam órfãos e lhes ensinam suas técnicas. Ou então, exibem-se nas praças públicas, atraindo a atenção de futuros discípulos em potencial, que são testados quanto à resistência mental durante as primeiras fases de treinamento, e vão aprendendo por imitação do mestre. O aprendizado prossegue até que o discípulo se disponha a formar sua própria escola e reunir seus seguidores.
A devoção (2ª vertente)
Disseram então os apóstolos ao Senhor:
Aumenta-nos a fé. Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira:
Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria. (Lucas, 17:5-6)
A figura que associamos ao monge, em várias correntes religiosas, é a da pessoa que se devota exclusivamente à vida de adoração, em geral no claustro ou reclusão.
A rotina diária de monges budistas, tibetanos ou católicos, começa muito cedo. O toque do sino desperta para a primeira oração. As refeições comunitárias são entremeadas por longos períodos de meditação ou oração, em horários rigidamente controlados. E o recolhimento, ao final do dia, também termina com a prece em que o devoto mergulha seus pensamentos na união com a divindade.
Os mosteiros são instituições planejadas e construídas para viabilizar o isolamento dos adeptos para a adoração.
A própria interação entre os reclusos limita-se ao necessário para manter o mosteiro em sua rotina de isolamento e auto-suficiência.
Horas prolongadas em rotinas de silêncio e meditação visam ao cultivo da fé, na entrega plena do ser à vontade maior, à confiança absoluta nos rumos traçados pelo Criador. Dificilmente teríamos idéia da intensidade dos sentimentos de devoção vivenciados pelo monge apenas observando exteriormente sua postura de meditação silenciosa.
Após anos de prática devocional, o monge atinge a iluminação, caracterizada pela integração de seu mundo íntimo com a vontade superior. Em geral, essa plenitude é alcançada somente após muitos anos de afastamento do mundo exterior.

Na próxima edição daremos continuidade a este artigo.

O  TREVO - AGOSTO 2009
ESCOLA DE APRENDIZES

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