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quinta-feira, 19 de março de 2015

ESTUDO 7 -- MEDIUNIDADE -- FENÔMENOS ANÍMICOS e MEDIÚNICOS - CONCEITOS

Relembrando conceitos e definições que estão em "O Livro Dos Médiuns",iniciamos nossos estudos
            "Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns..."(questão 159)
            A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral, mas a moral do médium é que responde pelo seu uso. Ela é simplesmente uma das funções psicofisiológicas do Homem, podendo ser enquadrada como um dos sentidos que o Espírito encarnado utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da Vida.
            Continuando, Kardec faz uma ressalva:
“... Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva...” (questão 159).
            Já na questão 223, o Codificador identificava uma nova situação: a do próprio Espírito do médium poder se comunicar como qualquer outro Espírito!
223. 2) As comunicações escritas ou verbais podem ser também do próprio Espírito do médium?
- A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outro. Se ela goza de um certo grau de liberdade, recobra, então suas qualidades de Espírito. Esta explicação não parece confirmar a opinião dos que acreditam que todas as comunicações são do Espírito do médium e não de outro Espírito?
2.a) Eles só estão errados por entenderem que tudo é assim. Porque é certo que o Espírito do médium pode agir por si, mas isso não é razão para que outros Espíritos não possam agir, também, por seu intermédio
        Partindo do estabelecido por Kardec, concluímos ser o Homem, um Espírito encarnado com faculdades idênticas a do desencarnado, o que lhe possibilita vivenciar os mesmos fenômenos. Nesse estudo vamos analisar essas faculdades e fenômenos, baseando-nos em pesquisas e experiências feitas por estudiosos de ambos os Planos da Vida.
            Os fenômenos que o Espírito encarnado, chamado por Kardec de sensitivo, experimenta através da "emancipação da alma" recebem o nome de anímicos. Vamos entender o que significa anímico:
            - fenômenos anímico é aquele em que o sensitivo fica entre duas realidades, material (I) e espiritual (II), usualmente com o corpo físico em uma delas e o corpo espiritual (perispírito) na outra. Pode assim contemplar a realidade II sem obstrução ou interferência da de número I, quando, por exemplo, se desloca no espaço ou no tempo, indo a locais onde eventos estão ocorrendo, já ocorreram ou ainda irão acontecer. Nestas experiências o sensitivo não serve de intermediário entre espíritos desencarnados e encarnados. É apenas um sensitivo que dispõe de faculdades que lhe permitem captar, perceber uma faixa mais ampla da realidade global. Difere do fenômeno mediúnico em que o Espírito encarnado atua como intermediário, isto é, médium, entre as duas realidades, para que um ser da realidade II possa expressar suas idéias, emoções, sentimentos, sons, imagens. No fenômeno anímico ele é um observador direto, e tem um papel ativo ao relatar uma experiência pessoal de contato com a realidade II. No fenômeno mediúnico o seu papel é o de quem se apassiva para permitir a manifestação do desencarnado, funcionando como instrumento de comunicação após desligar-se da realidade I, abstraindo-a.
 


Origem do termo anímico. Conceito de Aksakof
            Vamos encontrar o termo animismo escolhido por Alexandre Aksakof, estudioso dos fenômenos paranormais, que no final do século XIX escreveu a obra Animismo e Espiritismo, a qual traz um conceito mais amplo de médium, que, para ele, é toda pessoa capaz de produzir fenômenos paranormais, sozinha ou com a participação de outros encarnados ou com desencarnados. Na visão desse autor, o termo mediúnico apresentava três categorias de fenômenos:
- Personismo ou manifestações do inconsciente, cuja característica predominante é a adoção de um nome ou do caráter de uma personalidade diferente daquela que o sensitivo habitualmente se apresenta, daí a classificação de intramediúnicas, por se passarem na intimidade do sensitivo. Essa designação comporta todos os produtos do inconsciente uma vez desaguados no consciente, as sugestões arquivadas, os processos psicológicos das camadas internas da personalidade, as lembranças de outras vidas, os arquétipos.
- Animismo ou manifestações psíquicas paranormais inconscientes, que transpõem os limites corporais do sensitivo, por isso chamadas extramediúnicas. Englobariam a transmissão de pensamentos (telepatia), movimentos de objetos sem contato (telecinesia), projeção de duplos (telefania) e bicorporeidade (teleplastia).
- Espiritismo ou manifestações provocadas por finados, agindo em associação com os elementos psíquicos homogêneos de um ser vivo.
            Os fenômenos de personismo e de animismo, conforme acima classificados, são da alma humana, do Espírito encarnado. Essa origem comum fez com que, mais tarde, a vivência prática os englobasse numa só classificação, prevalecendo o termo animismo, cuja semântica vai direta à compreensão do assunto: o que se relaciona com a alma ou ânima. A conotação dada por Aksakof à palavra Espiritismo, no sentido de designar fenômenos produzidos com a participação dos mortos, caiu em desuso, por se chocar com a acepçaõ proposta por Kardec, para representar a Doutrina dos Espíritos ou o conjunto de princípios que estabelecem as relações do mundo material com o mundo espiritual e suas implicações filosóficas, científicas, morais e religiosas.
O Fenômeno Anímico segundo Bozzano
            O eminente pesquisador italiano Prof. Ernesto Bozzano tendo recebido do Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional de Glasgow, Escócia, em 1937, a proposta de apresentar uma tese sobre o tema "Animismo ou Espiritismo: Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?", assim concluiu no prefácio de sua obra "Animismo ou Espiritismo?" (livro editado pela FEB):
            "Nem um, nem outro logra, separadamente, explicar o conjunto dos fenômenos supranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única e esta causa é o espírito humano que, quando se manifesta, em momentos fugazes, durante a encarnação, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a existência "desencarnada", determina os fenômenos espiríticos."
            "Esta e unicamente esta a solução legítima do grande problema, dado que ela se apresenta como resultante matemática da convergência de todas as provas que advêm da coletânea metapsíquica, considerada em seu conjunto."
            O referido pesquisador vai, no capítulo III de sua obra, explicar com mais detalhes o fenômeno anímico na sua manifestação. Assim se expressa, então:
            "(...) a denominação de "fenômenos mediúnicos" propriamente ditos designa um conjunto de manifestações supranormais, de ordem física e psíquica, que se produzem por meio de um "sensitivo", a quem é dado o nome de médium, por se revelar qual instrumento a serviço de uma vontade que não é a sua. Ora, essa vontade tanto pode ser a de um defunto, como a de um vivo. Quando a de um vivo atua desse modo, a distância, somente o pode fazer em virtude das mesmas faculdades espirituais que um defunto põe em jogo. Segue-se que as duas classes de manifestações resultam de naturezas idênticas, com a diferença, puramente formal, de que, quando elas se dão por obra de um vivo, entram na órbita dos "fenômenos anímicos" propriamente ditos, e de que, quando se verificam por obra de um defunto, entram na categoria verdadeira e própria, dos fenômenos espíritas. Evidencia-se, portanto, que as duas classes de manifestações são complementares uma da outra, a tal ponto que o Espiritismo careceria de base, dado não existisse o Animismo."
Distinção entre Fenômenos Anímicos e Mediúnicos
            Uma das questões difíceis da experiência prática é a distinção entre os fenômenos mediúnicos e os anímicos. Pode-se considerar como condição sine qua non para se classificar um fenômeno como mediúnico, a constatação evidente da ação inteligente de um ser invisível como agente do fenômeno. Essa constatação nem sempre é detectada de pronto porque o agente espiritual, quando existente, não raro sente-se impossibilitado de se revelar. No dizer de Aksakof, um dos erros dos partidários do Espiritismo foi terem atribuído todos os fenômenos aos Espíritos desencarnados. A permanência desse erro fica por conta do desconhecimento dos ensinamentos dos Espíritos Superiores quanto às manifestações dos próprios sensitivos, tanto as físicas - reportadas por S. Luís em O Livro dos Médiuns, cap. IV, item 74, questão nº 20, quando tratou das pessoas elétricas que tiram de si mesmas o fluido necessário à produção dos fenômenos, quanto as intelectuais, explicadas no cap. XIX, item 223, 2a questão, como possíveis de ser produzidas pelos Espíritos dos próprios médiuns.
            Muitas são as questões ainda não respondidas de como e por que ocorrem os fenômenos anímicos e mediúnicos. Quando se considera as potencialidades do ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, e o quanto são ainda desconhecidas, pode-se crer que, a partir de estados conscenciais diferenciados, a essência espiritual se liberte das limitações físicas e orgânicas, penetrando então no acervo de conhecimentos mais profundos, percebendo além dos limites do espaço e do tempo.
            Uma outra questão importante a pesquisar e compreender são as relações entre um tipo de fenômeno e outro, ou seja, o anímico desencadeando o mediúnico e vice-versa. Tais influências existem, e por conta disso, que entende-se que não há fenômeno anímico puro, nem mediúnico isento de traços anímicos, pois que ambos se encontram sempre mais ou menos associados.
            A gama dos fenômenos paranormais começaria por aqueles em que o ser tão-somente expressa sua liberdade de Espírito sendo mais ele mesmo, indo mais profundamente ao acervo de suas experiências. Numa escala crescente de independência espiritual teríamos a dupla vista - a visão do Espírito transpondo os limites do corpo em vigília -, os sonhos - vivências fora do corpo, mais ou menos lúcidas, a depender das experiências de autocontrole capazes de anular os reflexos das atividades biológicas e as fixações mentais da vida de vigília -, o sonambulismo, - atividade do corpo como instrumento passivo da alma livre - e, por fim, os estados mais dinâmicos do êxtase, que é um sonambulismo mais apurado. Pode-se ainda incluir as experiências de desdobramento ou projeções perispirituais, com ou sem materialização, como demonstrações inequívocas da existência de uma realidade independente do corpo físico e do cérebro. E finalmente, as notáveis ocorrências de clarividência que trazem de volta o passado ou antecipam o futuro, como se tempo e espaço não passassem de um eterno presente.
            Há uma outra ordem de fenômenos relacionada com a capacidade de agir nas estruturas moleculares dos planos físico e espiritual, criando fenômenos objetivos de ruídos, transportes, interpenetração de corpos, ou mesmo as aglutinações fluídicas ou materiais que dão origem a objetos surgidos aparentemente do nada.
            Necessário ainda destacar-se as fascinantes experiências telepáticas, ectoplásmicas e de transcomunicação instrumental onde brilha exuberante a mediunidade, comprovando a sobrevivência do ser à disjunção celular.
            Todos esses fenômenos foram classificados por Allan Kardec, em dois grandes grupos: os objetivos ou de efeitos físicos e os subjetivos ou de efeitos inteligentes, ambos com finalidades específicas, naturalmente inseridos nas Leis Divinas.
            A participação dos desencarnados nos fenômenos de efeitos físicos, pode dar-se, velada ou ostensivamente, a depender das circunstâncias e dos interesses espirituais envolvidos. Quando é um encarnado que os produz, agindo por si mesmo, em verdade não age fora dos interesses da vida e, via de regra, os Espíritos supervisionam o desdobramento das ocorrências, muitas vezes inspirando o agente para que perceba ou situe o momento próprio de sua ação. De outras vezes, embora apto para produzi-los sozinho, não pode evitar que os Espíritos envolvidos nos mesmos interesses e necessidades evolutivas sejam atraídos para a relação mediúnica, estabelecendo-se a cooperação direta.
            Quanto aos fenômenos de efeitos inteligentes, quase sempre despertam o interesse dos Espíritos Superiores, que fazem questão de se revelarem o quanto podem, através deles, a fim de que os homens se dêem conta da imortalidade da alma, da existência do mundo espiritual e de que há um entrelaçamento moral entre estes dois mundos. Por isso, o paranormal anímico, capaz de produzir por si só fenômenos dessa ordem, dificilmente deixará de produzi-los mediunicamente, a menos que bloqueios psicológicos impeçam ou dificultem a conjugação medianímica.
            Importa compreender que estes dois aspectos da paranormalidade, o anímico e o mediúnico, são estágios de um mesmo processo.
            No fenômeno anímico a alma se coloca como médium de si mesma, possibilitando o surgimento de um psiquismo de profundidade num psiquismo de superfície. Nesse processo, fechado sobre si mesmo, da mesma forma que ocorre um animismo de catarse drenando reminiscências traumáticas do inconsciente para o consciente, também pode ocorrer animismo criativo, superior, em que o ser se deixa permear pelas energias puras do eu profundo, a fim de transferir expressões mais nobres da individualidade para a personalidade transitória, iluminando-a.
            O Homem, através das inúmeras relações que estabelece com o outro, coloca-se em constante crescer anímico, ampliando as inúmeras possibilidades mediúnicas que lhe são intrínsecas, sublimando sentimentos e penetrando em um campo de intuições mais altas e criativas fechando um ciclo de evolução. Este ápice será, em verdade, uma síntese anímico-mediúnica em que o homem se envolverá com a realidade profunda da Essência Divina e se iluminará para exercer a mediunidade gloriosa da ação transformadora.
            É nesse sentido que entendemos a mediunidade de Jesus - eu e o Pai somos um - como médium de Deus, plenamente ligado à Sua realidade profunda, cósmica, expressão manifestada do Criador, para se revelar de forma integral entre os homens da retaguarda evolutiva.
Bibliografia
Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Livro Segundo - cap. II, EME -Edição Especial, Capivari/SP, 1997
Kardec, Allan - A Gênese - Cap I e II- FEB - 2ª ed. Brasília/DF, 1984
Miranda, Hermínio C. - Diversidade dos Carismas - Volume II, Cap I - Mediunidade 2- O médium, Publicações Lachâtre Editora Ltda - 3ª edição Niterói/RJ, 1998
Aksakof, Alexandre - Animismo e Espiritismo Vol I, FEB - 5ª edição, Brasília, 1991
Bozzano, Ernesto - Animismo e Espiritismo. Feb, 4ª edição, Brasília, 1987
Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 1994

Tereza Cristina D'Alessandro
Dezembro / 2001

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