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segunda-feira, 30 de março de 2015

MEDIUNIDADE - ESTUDO 11
Mediunidade e Animismo - O Espírito do médium introduzindo suas idéias nas mensagens de que se faz instrumento.
Em nosso estudo de número 8 - O Papel do Médium nas Comunicações (fev/02), percebemos que ao médium cabe o papel de "intérprete" do pensamento do Espírito. Se não compreender o alcance desse pensamento, não o poderá fazer com fidelidade. Se compreender o pensamento mas, por falta de simpatia ou outro motivo, não for passivo  (isto é, se misturar suas idéias próprias com as do Espírito comunicante), deformará o pensamento comunicado, o que evidencia a grande participação do Espírito do médium na comunicação que ocorre.
            O problema das interferências do médium na comunicação não passou despercebido a Kardec que, ao questionar os Espíritos orientadores da Codificação, deles obteve a confirmação do fato ( O Livro dos Médiuns, Cap. XIX O Papel dos Médiuns nas Comunicações, Influência do Espírito do Médium item 223)
            Assim, no exercício mediúnico, o animismo se revela sob dois aspectos distintos:
O Espírito do médium se comunicando - animismo clássico pesquisado por Aksakof, Bozzano e outros, aspecto estudado em março/02, e,
2. Espírito do médium introduzindo suas idéias nas mensagens de que se faz instrumento.
            Ao estudarmos o item 2 , identificamos as manifestações mistas, ou parcialmente anímicas, em que o médium, não conseguindo apassivar-se totalmente, introduz inconscientemente suas próprias idéias, clichês mentais e automatismos da personalidade, insistindo num tipo particular de manifestação, podendo ocorrer na vidência, psicografia, psicofonia etc.
            Uma das causa principais deste problema é a falta de afinidade entre o médium e o Espírito, o que se caracteriza, do ponto de vista vibratório, por divergências constitucionais que dificultam as ligações fluídicas indispensáveis para que o fenômeno se processe com naturalidade. (Ver OLM, Cap. XIX item 223, q. 7 e 8).
            A simpatia de que falam os Espíritos não é um resultado somente de afinidades psicológicas ou afetivas, mas de peculiaridades da organização perispiritual que determinam a sintonia vibratória (capacidade de afinização) responsável pelo ocorrência do fenômeno mediúnico.
            Outras vezes o que se dá é um mecanismo de associação de idéias provocado por ação telepática. O pensamento do desencarnado, mal sintonizado pelo médium, apaga-se totalmente em sua mente, despertando idéias correlatas, parecidas ao acervo de suas experiências.
            No livro No Mundo Maior - F.C. Xavier/André Luiz, cap. 9, André Luiz relata o momento em que um médico no plano espiritual transmite ao médium escolhido, mensagem de estímulo a realização de um trabalho de assistência à saúde, na Terra . Enquanto isso, outros médiuns registram-lhe os pensamentos de forma indireta, decodificando-os, interpretando-os de modo particular por meio de associações anímicas peculiares às experiências de cada um. Um senhor recorda-se de comovente paisagem de hospital, outro relembra o exemplo de uma enfermeira bondosa que conhecera, um terceiro abrigou pensamentos de simpatia para com os doentes desamparados. Se qualquer dessas pessoas, supondo estar mediunizada, externasse essas idéias como se fossem comunicações, teríamos um exemplo peculiar de animismo por associação de idéias.
            As interferências anímicas podem ser provocadas ainda por interrupções intermitentes de sintonia: o médium começa a dar a comunicação, e de repente, perde a sintonia, e pode ceder à tentação de preencher as lacunas com pensamentos próprios, num mecanismo inconsciente de preservação de sua imagem. Algumas vezes, essas perdas de sintonia são provocadas pela ação de obsessores que querem inviabilizar o trabalho do médium.
            Para se compreender corretamente o problema do animismo relembremos o papel dos médiuns nas comunicações. Sabemos que ele é o intérprete da mensagem que chega. Ora, quem interpreta, vivencia, e não apenas repete, absorvendo em seu mundo íntimo a idéia, devolvendo-a com a vestimenta representada por seu estilo, vocabulário, emoções e acervo cultural.
            Quando o médium é limitado no conhecimento e menos evoluído do que o Espírito comunicante, não pode transmitir a mensagem, tal qual foi ideada, por falta de experiência vivencial e valor interno para interpretação adequada. Nesse caso, não há propriamente uma adulteração anímica, mas uma incapacidade técnica para a experiência. Estudemos com André Luiz, no exemplo citado acima, a análise que o Instrutor Espiritual, Calderaro, faz: "..."Nosso amigo médico não encontra na organização psicofísica da médium os elementos afins perfeitos; nossa colaboradora não se liga a ele através de todos os centros perispirituais; não é capaz de elevar-se à mesma freqúência de vibração em que se acha o comunicante; não possui suficiente espaço interior para comungar-lhe as idéias e conhecimentos; não lhe absorve o entusiasmo total pela ciência... Eulália, a médium, manifesta, contudo, um grande poder, o da boa-vontade criadora, sem o qual é impossível o início da ascensão...".
   "Após essas explicações, vimos que a médium, apesar de suas limitações, conclui o seu trabalho, grafando o ditado psicográfico com razoável nitidez e com a precisão que lhe era possível. No final da reunião, sob a liderança do dirigente encarnado, os participantes se puseram a analisar a mensagem, concluindo que o seu conteúdo, conquanto edificante na essência, não apresentava índices evidentes de identificação do conhecido profissional da medicina, dada a falta de uma linguagem mais adequada, técnica e com características próprias de sua erudição. A tese animista foi ventilada sendo aceita pela maioria como tábua de salvação. Enquanto isso, na Espiritualidade, os Mentores lamentavam o erro crasso e a verbosidade intelectual daqueles colaboradores humanos, alimentados apenas superficialmente de ciência".
            Seja o episódio a expressão de uma experiência normal em que o médium simplesmente se desvela, a consequência de um trauma que eclode ou a inserção de expressões adulteradoras da mensagem dos Espíritos, ele haverá de ser um episódio esporádico e passageiro que cederá lugar ao exercício mediúnico normal, na medida que o médium adquire experiência e se esforça por superar as suas íntimas dificuldades.
            É comum, no início da educação mediúnica, quando os médiuns ainda não estão familiarizados com o processo das comunicações, que eles façam o conflito sem saberem determinar corretamente a fronteira entre o pensamento próprio e o dos comunicantes.
Ao mesmo tempo que exercita a faculdade, deve o médium educar-se moralmente, a fim de que os seus fatores de desajuste sejam superados antes que se convertam em viciações alienantes e caminhos de acesso para as obsessões.
            Para os dirigentes, a tarefa de acompanhar o desempenho dos médiuns e compreendê-los, requer apurado tato psicológico, um razoável conhecimento da natureza humana e particularmente de cada indivíduo com quem atua. E esse conhecimento só é possível quando o grupo convive, associam-se os seus membros para a tarefa do Bem. Somente assim alcança-se o que Kardec chamou de familiaridade, uma das condições evocadas por ele como indispensável ao processo do trabalho mediúnico.
            O animismo na mediunidade, como expressão de um desajuste psicológico, não resistirá a um esforço consciente de crescimento interior. Deverá constituir-se um capítulo inerente à inexperiência, uma sombra que a luz da boa-vontade desvanecerá. A sua repetição prolongada, todavia, pode refletir uma ferida mal drenada ou uma viciação mal conduzida, e o "médium", com a mente assim coagulada, pode estar precisando muito mais de um terapeuta da área do comportamento do que de exercício mediúnico.
            A questão do animismo na mediunidade não é, porém, obstáculo insuperável. É simplesmente um processo a ser vivenciado e ultrapassado, nem antes nem depois do tempo. Não é de responsabilidade exclusiva dos médiuns ostensivos, mas de toda a equipe, que se deve ajustar no trabalho abraçado sob a égide da fraternidade. O problema se dilui na cooperação e desaparece, quando a tarefa é executada com otimismo e alegria, realçando a boa-vontade de quantos aspiram compreender servindo.
Bibliografia
Kardec, Allan - O Livro dos Médiuns - Cap. XIX, q. 223, de 1 a 8, FEESP . 2ª ed. São Paulo, 1989
Neves, J.; Azevedo, G.; Calazans, N.; Ferraz, J. - "Vivência Mediúnica - Projeto Manoel P. de Miranda", Cap. 1 - Fenômenos, Cap 11- Do Anímico ao Mediúnico, LEAL. 1ª edição. Salvador/BA, 1994
Xavier, Francisco C. - pelo Espírito André Luiz, No Mundo Maior. Cap. 9 - Mediunidade, FEB, 11ª ed.1983

Tereza Cristina D'Alessandro  Abril / 2002

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