"Desde o momento em que nos convencemos da necessidade de se colocar à disposição dos espíritas meios mais seguros e objetivos de realizações no campo da reforma íntima, vimos logo que seria útil a elaboração de um sistema de iniciação espiritual, com base nos Evangelhos, em graus sucessivos de aproveitamento, (...)" Edgard Armond - Iniciação Espírita - Apresentação
Dando sequência aos artigos desta coluna, iniciada na edição anterior, observa-se que desde o inicio da civilização, a Espiritualidade Superior tem enviado mensageiros e missionários para auxiliar os homens na sua evolução e iluminação.
A evolução se processa com certo equilíbrio entre o ser e o saber.
Esses missionários, por apresentarem qualidades ou poderes superiores aos dos homens comuns, exerciam influência sobre parte da população, granjeando seguidores que passaram a constituir escolas. Os missionários que contribuíram para o progresso da "Humanidade se desdobraram em duas ramificações:
a) Escolas de conhecimento - que procuravam contribuir com o desenvolvimento intelectual (nível de saber).
b) Escolas iniciáticas - que contribuíam no progresso moral (nível de ser).
Neste artigo, vamos nos ater às escolas iniciáticas.
Didaticamente, alguns autores classificam as escolas iniciáticas em três grandes vertentes:
1- vertente: da atividade, do sacrifício, do trabalho, da ação (senda dos faquires);
2- vertente: da devoção, da renúncia, da religião, da fé (senda dos monges);
3- vertente: da sabedoria, do discernimento, do conhecimento (senda dos iogues).
A primeira é um caminho longo, difícil e incerto. Deve-se procurar a iluminação por meio da superação da dor física, do domínio sobre o corpo físico.
A segunda é um caminho mais seguro e definido. Exige certas condições, principalmente, fé e obediência absoluta a seu Mestre.
A terceira é o caminho do conhecimento e da consciência.
Ao falar das três vertentes, falamos de princípios conceituais. Na vida real, raramente elas são encontradas numa forma pura, porque geralmente estão mescladas. Porém, se conhecemos os princípios, quando estudamos as práticas de escola, podemos perceber a que vertente pertence determinada prática.
A característica comum a essas vertentes é que o primeiro passo é o mais difícil. Desde o primeiro momento, é preciso abandonar tudo: família, amigos, profissão, etc. Se o iniciado conservar algo do seu cotidiano, não conseguirá seguir nenhum desses caminhos.
Essas escolas têm seus adeptos mais concentrados no Oriente. Assim, embora sejam bons em muitos outros aspectos, não são bastante flexíveis e não se ajustam ao nosso atual modo de vida. Se só existissem esses três caminhos tradicionais, não haveria nenhum outro para o homem ocidental.
Mas há outra vertente, que não é uma combinação das outras três. É diferente das outras, antes de tudo, pelo fato de não haver nela nenhum abandono dos aspectos exteriores da vida, pois todo o trabalho é interior. Sob esse ponto de vista, esse caminho se revela mais difícil, pois nada é mais trabalhoso do que mudar internamente sem mudar externamente.
Além disso, o primeiro princípio deste caminho é que não devemos crer em nada cegamente. Devemos vivenciar seus princípios para adquirir a fé racional.
Essas são, em síntese, as características marcantes dessas quatro vertentes de iniciação espiritual.
No próximo artigo, aprofundaremos alguns detalhes das escolas iniciáticas.
GEESE - Grupo de estudos sobre EAE
6 O TREVO. JUNHO 2009
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