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segunda-feira, 9 de março de 2015

AS TRÊS LINHAS DE TRABALHO
Geese
Disse Paulo:  Desperta, tu que dormes! Levanta-te dentre os mortos e o
Cristo te iluminará. E nós repetiremos:  Acordemos para a vida superior e
levantemo-nos na execução das boas obras e o Senhor nos ajudará, para que
possamos ajudar os outros.
Fonte Viva, Emmanuel, 66  Acordar e erguer-se

Pode-se colher muitas informações sobre as escolas iniciáticas, sua organização e sua atividade, simplesmente lendo e estudando os períodos da história em que elas eram mais acessíveis. Mas há certas coisas que só se pode aprender nelas. E as explicações dos princípios e de suas regras ocupam um lugar muito grande em seu ensinamento.
Um dos mais importantes princípios que se aprendem desse modo é que o verdadeiro trabalho de escola deve ser feito simultaneamente em três linhas (ou três forças de trabalho). O trabalho em uma linha ou em duas linhas não pode ser verdadeiro trabalho de escola (vide na edição de O Trevo fev/10).
Primeira linha de trabalho
É o estudo de si (a observação de si mesmo) e o estudo dos princípios da escola iniciática. Quem trabalha nesta linha, trabalha seguramente para si mesmo.
Quanto mais tempo e energia dedicamos ao estudo e vivência da escola iniciática, mais compreendemos o que ela abrange. Na primeira linha, devemos ser muito práticos e pensar no que podemos conseguir. Se sentirmos que não somos livres, que estamos dormindo, talvez sintamos a necessidade de ser livres, de despertar, e, desta forma, trabalharemos para conseguir isso (leia mais nos artigos A Metáfora da Prisão I e II  edições dez/09 e jan/10 ).
O autoconhecimento aliado à escolha de objetivos a serem atingidos propicia a reforma íntima, constituindo um trabalho de iniciativa e responsabilidade individuais.
Segunda linha de trabalho
É realizado com outras pessoas; participando de atividades com elas, não se trabalha somente com elas, mas para elas. Assim, na segunda linha, aprende-se a trabalhar com seres humanos e para seres humanos. Nesta atividade, pelo menos os adeptos aprendem a suportarem-se uns aos outros. Nesta linha, quando a escola está completamente organizada, os alunos devem não só estudar juntos, mas trabalhar juntos, e este trabalho pode assumir formas muito diferentes, mas deve sempre, de uma maneira ou de outra, ser útil à escola.
Não podemos trabalhar sozinhos; um certo atrito, o incômodo e a dificuldade de trabalhar com as outras pessoas criam os choques necessários. Sobretudo essas pessoas, porque elas particularmente comportam-se como são e não de acordo com a nossa vontade.
Por muitas razões um homem pode fazer mais num grupo do que sozinho.
Uma delas é que, nas escolas, algumas arestas são aparadas. As pessoas têm que se adaptar umas às outras, e isso geralmente é muito útil. A outra razão é que um homem está cercado de espelhos; pode se ver em cada pessoa. Além de que, dificilmente, um adepto pode ter um mestre só para si.
Todos os trabalhos em equipe de assistência coletiva e altruísta constituem exemplos de atividades nesta segunda linha.
Terceira linha de trabalho
Na terceira linha, trabalha-se para a escola. A fim de poder trabalhar para a escola, é necessário, em primeiro lugar, compreender o trabalho da escola, compreender suas metas e suas necessidades.
Não é importante somente o fazer, mas sim o pensar na escola. Não podemos deixar que outros pensem a respeito dela por nós.
***
Não pode existir trabalho de escola numa única linha. O Trabalho para uma escola iniciática significa trabalho nas três linhas.
O princípio das três linhas é que as três forças de trabalho devem caminhar simultaneamente e paralelas entre si, mas elas não começam todas ao mesmo tempo. Desse modo, quando uma linha de trabalho atinge um intervalo (vide artigo anterior), outra linha entra para ajudá-la a atravessar esse intervalo, uma vez que os momentos destes, normalmente, não coincidem. Se um homem é igualmente ativo nas três linhas, isso o fortalece diante de muitos acontecimentos acidentais.
A primeira linha de trabalho é o começo, onde recebemos conhecimento, ideias e ajuda. Essa linha se refere apenas a nós mesmos, é inteiramente egocêntrica.
Na segunda linha, devemos não só receber como dar. Ela se relaciona com as pessoas no trabalho, de modo que trabalhamos para nós mesmos e para os outros.
Na terceira linha, devemos pensar no trabalho em geral, na escola ou organização como um todo. Temos que pensar no que é útil e necessário à escola, de modo que a terceira linha diz respeito à ideia global de escola e todo o presente e futuro do trabalho. Se o homem não pensar sobre isso e não o compreender, então as primeiras duas linhas não produzirão o seu pleno efeito.
É essa a maneira como o trabalho de escola é organizado e a razão pela qual as três linhas são necessárias; só podemos receber choques adicionais e os benefícios totais do trabalho, se trabalharmos nas três linhas, posto que todas têm o mesmo nível de importância para a iniciação.
No próximo artigo detalharemos as principais características de cada uma das três linhas de trabalho.

 O TREVO - MARÇO 2010
ESCOLA DE APRENDIZES

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