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sexta-feira, 3 de julho de 2015

7 = A ALMA É IMORTAL

Obra de Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a  edição.

7a Reunião

Objeto do estudo: Capítulo III da 2a Parte e Capítulo I da 3a Parte.

Questões para debate

A. Qual era o nome de Katie King em sua última encarnação? (Págs. 192 a 194 do livro; itens 181 a 183 do texto de consulta.)

B. Qual foi o caso mais concludente de identificação de um Espírito comunicante, segundo o notável pesquisador Aksakof? (Págs. 194 a 196 do livro; itens 184 a 189 do texto de consulta.)

C. Em um Espírito materializado é possível auscultar-lhe os batimentos cardíacos? (Págs. 197 a 199 do livro; itens 191 a 195 do texto de consulta.)

D. Delanne sintetizou em nove itens as informações obtidas com base na investigação dos fenômenos espíritas. Quais foram as conclusões de Delanne? (Págs. 200 a 202 do livro; itens 196 a 198 do texto de consulta.)

E. Seria possível fotografar um Espírito em ambiente de completa escuridão? (Págs. 202 a 204 do livro; itens 199 a 201 do texto de consulta.)

F. Delanne resumiu em número de oito os princípios gerais da Doutrina dos Espíritos. Quais são esses princípios? (Págs. 206 e 207 do livro; item 202 do texto de consulta.)

G. Quais são os elementos ou princípios constitutivos do homem? (Págs. 208 e 209 do livro; itens 203 a 207 do texto de consulta.)

H. Qual é, segundo Delanne, o caráter distintivo da Doutrina Espírita? (Págs. 210 e 211 do livro; itens 208 e 209 do texto de consulta.)

Texto para consulta

181. A última aparição de Katie, conforme relatado pelo jornal The Spiritualist de 29/5/1874, ocorreu numa sessão dirigida por William Crookes. Florence Cook se deitou no chão, com a cabeça sobre um travesseiro, após ser conduzida por Crookes ao gabinete mediúnico. Katie apareceu logo em seguida, vestida de branco, enquanto a médium trajava um vestido azul-claro. Após distribuir flores aos presentes, escreveu cartas de adeus a alguns amigos, pondo-lhes a assinatura: Annie Owen Morgan, seu verdadeiro nome na última existência terrena. Depois, com uma tesoura, cortou uma mecha de seus cabelos, oferecendo certa porção deles a cada um, fazendo o mesmo com o seu vestido. (Págs. 192 e 193)

182. Ao fim da sessão, após transmitir diversas instruções ao Sr. Crookes, Katie penetrou no gabinete e despertou a médium, que lhe pediu, banhada em lágrimas, que se demorasse mais um pouco. Katie lhe disse, porém, que havia cumprido a sua missão e que, por causa disso, deveria partir, como de fato ocorreu. (Pág. 193)

183. As aparições de Katie King foram tantas, que não se pode duvidar um instante sequer de que fosse um Espírito que assim se manifestava; contudo, não era possível verificar-se-lhe a identidade, visto que, segundo informara, ela havia vivido muitos séculos antes, sob o reinado de Carlos I, com o nome de Annie Owen Morgan. (Pág. 194)

184. No caso de Florence, a filha da Sra Florence Marryat, vimos que a jovem se fez reconhecer por um sinal particular do lábio, que comprovou materialmente a sua identidade. Afirma, porém, o Sr. Aksakof ser impossível deparar-se com um caso mais concludente de identidade de um Espírito materializado, do que o de Estela, morta em 1860. (Pág. 194)

185. Duraram cinco anos, de 1861 a 1866, as materializações de Estela, sendo médium a célebre Kate Fox, com quem o Sr. Livermore realizou 388 sessões, cujas particularidades ele publicou num jornal. As sessões transcorriam em completa obscuridade, mas o Sr. Livermore, na maioria das vezes, estando a sós com Kate, segurava-lhe as mãos o tempo todo. Kate ficava sempre em estado normal, tornando-se, pois, testemunha consciente de tudo o que se passava. (Pág. 194)

186. Foi gradual a materialização de Estela e somente na 43a sessão foi possível ao Sr. Livermore reconhecê-la, sob intensa claridade, de origem misteriosa, ligada ao fenômeno e, em geral, sob a direção de outra figura que a acompanhava e auxiliava em suas manifestações. Esse Espírito chamava-se Franklin. (Pág. 195)

187. Além de mostrar-se, Estela deixou uma centena de comunicações por ela escritas em folhas de papel que o
Sr. Livermore levava, previamente marcadas pelas suas mãos. Enquanto a aparição escrevia, ele  - tendo as mãos de Kate Fox entre as suas -  via perfeitamente a mão e a figura da esposa desencarnada. (Pág. 195)

188. A caligrafia dessas comunicações é reprodução exata da caligrafia da Sra  Estela Livermore, quando encarnada. A respeito das aparições da esposa, o Sr. Livermore diria mais tarde ao Sr. Benjamin Coleman, de Londres: Sua identidade foi estabelecida, de modo a não deixar subsistisse a menor dúvida: primeiro, pela sua aparência, em seguida pela sua caligrafia e, finalmente, pela sua individualidade mental, sem falar de numerosas outras provas, que seriam concludentes nos casos ordinários, mas que não levei em conta, senão como provas complementares. (Pág. 195)

189. Além das provas já referidas, deve-se acrescentar que Estela escreveu também algumas comunicações em francês, língua que Kate Fox desconhecia inteiramente, mas que Estela dominava. A propósito disso, o Sr. Aksakof, tão difícil em matéria de provas, escreveu: Temos aqui uma dupla prova de identidade, dada não só pela caligrafia, semelhante, em todos os pontos, à do defunto, mas também por ser desconhecida do médium a língua em que está escrita a mensagem. O caso é extremamente importante e, ao nosso parecer, apresenta uma prova absoluta de identidade. (Pág. 196)

190. Encerrando este capítulo, Delanne reitera o fato de que a realidade da alma se impõe como corolário obrigatório do fenômeno de desdobramento. Esse eu que se desloca não é uma substância incorpórea, é um ser bem definido, com um organismo que reproduz os traços do corpo material. (Pág. 197)

191. O grau de materialidade do perispírito varia: ora é uma simples névoa branca que desenha os traços, atenuando-os; ora apresenta contornos muito nítidos e parece um retrato animado. Ele se mostra também, às vezes, com todos os caracteres da realidade e revela a existência de um organismo interno semelhante ao de um indivíduo vivo. (Págs. 197 e 198)

192. A distância que separe do corpo a sua alma em nada influi sobre a intensidade das manifestações. (Pág. 198)

193. As aparições de vivos são, em geral, bastante demonstrativas, mas, dada a sua espontaneidade, se opõem a toda pesquisa metódica. O mesmo não se dá quando as aparições se produzem nas sessões espíritas, porque aí todas as precauções são tomadas para se verificar cuidadosamente a sua objetividade. A fotografia é uma dessas formas de comprovação. (Pág. 199)

194. Tem-se fotografado o corpo fluídico durante a vida e depois da morte, o que fornece a certeza absoluta de que a alma existe sempre, antes e depois da morte. A continuidade do ser se revela claramente pelas aparições que se verificam algumas horas depois da morte. O perispírito que acaba de desligar-se do corpo lhe retraça fielmente não só a imagem, como também a configuração física, que se patenteia pelas marcas que deixa no papel enegrecido e pelas moldagens. (Pág. 199)

195. O Espírito materializado é, por completo, um ser que vive temporariamente, como se houvesse nascido na Terra. Bate-lhe o coração, funcionam-lhe os pulmões, ele vai e vem, conversa e também ouve o que lhe falam. (Pág. 199)

196. Delanne resume, por fim, em nove itens as informações que a observação e a experiência permitiram reunir: 1o, o ser humano pode desdobrar-se em duas partes: o corpo e a alma; 2o, a alma, separada do corpo, reproduz exatamente a sua imagem; 3o, as manifestações anímicas independem do corpo físico; 4o, a aparição pode denotar todos os graus de materialidade, desde a de uma simples aparência até a de uma realidade concreta; 5o, a forma fluídica da alma pode ser fotografada; 6o, a forma fluídica da alma pode deixar marcas ou moldes; 7o, durante a vida, a alma pode perceber sensações, sem o concurso dos órgãos dos sentidos; 8o, a forma fluídica reproduz não só o exterior, mas toda a constituição interna do ser; 9o, a morte não destrói a alma, que subsiste com todas as suas faculdades psíquicas e com um organismo dotado de todas as leis biológicas do ser humano. (Pág. 200)

197. Que se deve concluir de todos esses fatos? Em primeiro lugar, observa Delanne, somos forçados a admitir que o corpo e a alma são duas entidades absolutamente distintas, que se podem separar, e que o organismo físico não passa de um envoltório que se torna inerte, logo que o princípio pensante se separa dele. (Pág. 201)

198. Os fatos demonstraram, de forma muito clara, a sobrevivência da alma à morte, comprovando cientificamente a imortalidade, que foi, com certeza, a mais importante e a mais fecunda descoberta do século
19, porquanto chegar a conhecimentos positivos sobre o amanhã da morte é revolucionar a humanidade inteira, dando à moral uma base científica e uma sanção natural, à revelia de todo e qualquer credo dogmático e arbitrário. (Pág. 202)

199. Sem dúvida, mesmo quando essas consoladoras certezas tiverem penetrado as massas humanas, a humanidade não se achará só por isso bruscamente mudada, nem se tornará melhor subitamente; disporá, todavia, da mais forte alavanca que possa existir para derribar o montão de erros acumulados desde há seis mil anos. Então a vida futura se tornará tão evidente quanto a claridade do Sol e se compreenderá que a Terra não é mais do que um degrau nos destinos do homem; que alguma coisa de mais útil há do que a satisfação dos apetites materiais, e que cada um terá que conseguir, a todo custo, refrear suas paixões e domar seus vícios. Eis os benefícios indubitáveis que o Espiritismo traz consigo. (Pág. 202)

200. Não tendo sido possível submeter o perispírito aos reativos ordinários, forçoso é que nos atenhamos à observação e ao que os Espíritos hão dito a seu respeito. (Pág. 203)

201. Antes de tudo, não se pode esquecer que a observação comprovou que existe uma matéria invisível aos olhares humanos e que, no entanto, pode impressionar uma chapa fotográfica, mesmo na mais absoluta obscuridade, como se deu com a célebre experiência em que Aksakof fotografou um Espírito em completa escuridão. (Págs. 203 e 204)

202. Eis, sucintamente, os princípios gerais em que nos apoiaremos, extraídos da obra de Allan Kardec, que magistralmente resumiu em seus livros todos os ensinos dos Espíritos que o assistiram: I) Existe uma causa eficiente e diretora do Universo: a sublimada inteligência que, pela sua vontade onipotente, imutável, infinita e eterna, mantém a harmonia do Cosmos. II)  A alma, a força e a matéria são igualmente eternas; não podem aniquilar-se. III) O princípio espiritual é a causa de todos os fenômenos intelectuais que se dão nos seres vivos. No homem, esse princípio se torna a alma. IV) É-nos desconhecida a natureza da alma, mas certamente ela não é a resultante das funções cerebrais, pois que subsiste após a morte do corpo. V) Da análise de suas faculdades ressalta que a alma é simples, isto é, indivisível, e que suas faculdades ela as desenvolve por uma evolução incessante que tem por teatro, alternadamente, o espaço e o mundo terrestre. VI) A alma é dotada de livre-arbítrio proporcional ao número de suas encarnações, dependendo a sua responsabilidade do grau do seu adiantamento moral e intelectual. VII) Assim como o mundo físico tem a regê-lo leis imutáveis, o mundo espiritual é regido por uma justiça infalível, de sorte que as leis morais têm sanção absoluta após a morte. VIII) Como o Universo não se limita ao globo que habitamos, as futuras existências do princípio pensante podem desenvolver-se nesses diferentes sistemas de mundos. (Págs. 206 e 207)

203. O homem é formado da reunião de três princípios: 1o, a alma ou Espírito, causa da vida psíquica;  2o, o corpo, envoltório material, a que a alma se associa temporariamente durante sua passagem pela Terra;  3o, o perispírito, substrato fluídico que serve de liame entre a alma e o corpo, por intermédio da energia vital. Em qualquer grau que se encontre na animalidade, o Espírito está sempre intimamente associado ao perispírito, cuja eterização corresponde ao seu adiantamento moral. (Pág. 208)

204. Segundo o ensino dos Espíritos, o perispírito é extraído do fluido universal e sua constituição lhe permite atravessar todos os corpos com mais facilidade do que a que tem a luz para atravessar o vidro, ou o raio X para atravessar os diferentes obstáculos. (Pág. 209)

205. A velocidade do deslocamento da alma parece superior à das ondulações luminosas, diferindo destas, porém, pelo fato de que nada a detém. (Pág. 209)

206. O perispírito se nos afigura imponderável, pelo que a ação da gravidade parece inteiramente nula sobre ele; mas disso não se deve concluir que, desprendido do corpo, possa o Espírito transportar-se a todas as partes do Universo. O espaço é pleno de matérias variadas, em todos os estados de rarefação, de modo que, para o Espírito, existem certos obstáculos fluídicos de tanta realidade, quanta pode ter para o homem a matéria tangível. (Pág. 209)

207. Nos seres muito evolvidos o perispírito carece, no espaço, de forma absolutamente fixa; mas, regra geral, predomina no corpo fluídico a forma humana. (Pág. 209)

208. Depois de esclarecer que os dados gerais constantes deste capítulo foram tirados da obra de Kardec - a mais completa e a mais racional que possuímos sobre o Espiritismo - Delanne diz que a dedução rigorosa é o caráter distintivo desta doutrina. Em vez de forjar seres imaginários para explicar os fatos mediúnicos - afirma o autor -, o Espiritismo deixou que o fenômeno se revelasse por si mesmo. (Pág. 210)

209. Fechando o capítulo, Delanne observa que é forçoso concluir, à vista dos fatos, que o perispírito é formado de uma matéria diferente: invisível, imponderável e dotado de tal sutileza, que coisa alguma lhe é impenetrável, caracteres que pareciam em absoluta contradição com os que a Física de sua época ensinava como sendo os da matéria. (Pág. 211)


Londrina, janeiro de 2004
Astolfo O. de Oliveira Filho
A alma é imortal

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