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sexta-feira, 10 de julho de 2015

ESTUDANDO O CRISTIANISMO 6

5  A DIVISÃO DO TEMPO ENTRE OS HEBREUS

Com relação a este item, recorro às preciosas informações do livro O Evangelho de Jesus, 1ª edição portuguesa, com complemento didático executado pelos voluntários da Associação MIMEP, com a colaboração dos Padres Paolo Acquistapace, Ângelo Albani e Massimo Astrua, sob a direção do Monsenhor Enrico Galbiati.

5.1  OS DIAS DA SEMANA

O dia começava à tarde e terminava ao pôr do sol. Assim o descanso do sábado devia começar à tarde da sexta feira que se chamava Preparação (em grego Parasceve). Os demais dias da semana chamavam-se de ordem: primeiro era o atual domingo (isto é, o dia do Senhor) em honra da ressurreição de Cristo.

5.2  AS HORAS DO DIA

As horas que decorrem entre o nascer do sol e o poente eram doze horas, mas de duração variável com a estação. Geralmente se fazia alusão às quatro horas principais: primeira (6 horas), terceira (9 horas), sexta (12 horas), nona (15 horas) compreendendo também as duas horas sucessivas. A noite era dividida em quatro vigílias (esta palavra indica o turno das sentinelas) de três horas cada uma.

5.3  OS MESES DO ANO

Calculava-se o mês tendo como base as fases da lua, com 29 ou 30 dias, a partir da lua nova (ou novilúnio).
O ano era formado de 12 meses lunares; mas cada dois ou três anos intercalava-se um 13º mês para restabelecer o ajuste com a sucessão das estações ( isto é, com o ano solar). Isto se tornava necessário porque as festas, embora estabelecidas conforme os meses lunares tinham relação com as fases da agricultura. Os nomes dos meses usados pelos judeus, depois do cativeiro de Babilônia (VI séc. a.C.), são de origem babilônico.

 6  FESTAS JUDAICAS

6.1 – PÁSCOA

 Era esta a principal das festas judáicas. Fora instituída para conservar a memória da libertação do Egito. A solenidade começa no dia 14 do mês de Nisan, cerca do fim do nosso mês de março ou no princípio de abril. A festa durava sete dias. Todos os Israelitas que não tinham impedimentos de força maior estavam obrigados, de nessa ocasião, irem em romaria à Jerusalém. As mulheres e as crianças não estavam sujeitas a essa prescrição. Saíam, portanto, os romeiros das diversas localidades, geralmente em grupos (Lc. 2.44). Falava-se de subir  à Jerusalém. O caminho de Jerusalém era uma verdadeira subida; especialmente, quem da Galiléia passava pela Peréia, havia de transpor de Jericó à capital, uma encosta de 1000 metros. (Mt. 20.17,18; Mc. 10.32,33; 15.41; Lc. 2.42; 18.31; 19.28; Jo. 2.13; 5.1; 7.8; 11.55). A multidão era então enorme na cidade. Os escritores desse tempo falam em milhões. Procuravam pousada nas casas da cidade, nas aldeias circunvizinhas ou sob tendas nos campos. Os dias da festa chamavam-se dias dos ázimos (Mt. 26.17: Mc. 14.1,12; Lc. 22.1,7), dos pães sem levadura (fermento), porque nesse tempo não se podia comer senão pães dessa classe. O grande dia da festa era o 15 de Nisan; nesse dia era proibido trabalhar, como também no último dia. No dia 16 de Nisan fazia-se a oferta das primícias da messe, e a colheita podia tomar início.

6.1.1 - O BANQUETE PASCAL

No dia 14 de Nisan, à noite, celebrava-se o banquete pascal, para qual se requeriam pelo menos dez pessoas. No decorrer do dia fazia-se imolar no Templo um cordeiro ou um cabrito de um ano. Em seguida devia ser assado, e não se lhe podia quebrar um osso. O banquete celebrava-se conforme um rito determinado, com orações e cânticos próprios à circunstância. (Mt. 26.30). Depois de beber um primeiro cálice, comiam legumes amargos, ensopados em molho fortemente condimentado. Depois dum segundo cálice servia-se o cordeiro pascal e os pães ázimos. Seguia então um terceiro cálice, chamado o cálice da bênção, por motivo das orações e ações  de graças que se rezavam. Podiam seguir ainda dois ou três cálices e todos bebiam do mesmo cálice. Aquele que presidia a refeição pronunciava as orações, revocava a memória do passado e distribuía aos convivas o pão que partia e ensopava no molho amargo. Toda essa solenidade ia acompanhada de múltiplas abluções. Nos tempos antigos o cordeiro pascal se tomava em pé mas do tempo de Jesus Cristo os convivas tomavam as refeições estendidos em leitos. Nas narrações evangélicas da Última Ceia é fácil conferir os diversos cálices (Lc. 22.17,18,20; Mt. 26.27; Mc. 14.23)), a bandeja com cordeiro pascal (Mt. 26.23; Mc. 14.20), o pão molhado e sua entrega aos convivas (Jo. 13.26,27,30), e as ações de graças (Mt. 26.30; Mc. 14.26).

6.2 – PENTECOSTES

Esta festa celebrava-se no 50º dia depois do 15 de Nisan; daí vem o seu nome. Era uma festa de colheitas. Ofereciam-se no templo sacrifícios especiais. No Evangelho não se faz menção dela. Por cair esta festa tão perto da Páscoa, havia menos gente que nessa ocasião ia à Jerusalém. Nesse próprio dia desceu o Espírito Santo sobre os Apóstolos. Um grande número de Judeus e de prosélitos encontravam-se então na cidade. (At. 2.5-11).

6.3 - TABERNÁCULOS OU CABANAS

Esta festa celebrava-se no dia 15 até o dia 21 do mês de Tiscri, isto é, no princípio do nosso mês de outubro, quando todas as colheitas e a víndima  estavam terminadas. Durava sete dias e em memória da vida dos Hebreus no deserto viviam, durante esse tempo, sob tendas de folhagem, levantadas nos tetos das casas ou nas praças. No templo imolavam-se numerosas vítimas, faziam-se solenes libações de vinho e de água, acendiam-se à noite quatro grandes candelabros no pátio das mulheres e os devotos entregavam-se à alegria. O Salvador assistiu em Jerusalém a festa dos Tabernáculos (Jo. 7.2,10). Fez alusão às solenidades do Templo, quando se apresentou a si mesmo como a fonte da água viva (Jo. 7.37,38) e como a luz do mundo. Esta, como as duas anteriores, eram as festas principais e que em conseqüência atraiam mais gente à Jerusalém. Por isso, no mês que precedia cada uma dessas festas, restauravam-se os caminhos, arranjavam-se os poços de água potável para preservar os estrangeiros de todo o perigo, e caiavam-se os sepulcros para torná-los bem visíveis, a fim de impedir os estrangeiros de os tocar; pois isso constituía impureza legal.

6.4 - OUTRAS FESTAS

6.4.1 - A festa da Expiação

Celebrava-se no dia 10 do mês de Tishri, portanto 5 dias antes da festa dos Tabernáculos. Nesse dia todos os Israelitas haviam de observar um jejum rigoroso. Depois de demoradas cerimônias, o Sumo sacerdote oferecia sacrifícios, penetrava no Santo dos Santos com o sangue dum touro imolado e fazia levar ao deserto o bode expiatório. Esse era o único dia de penitência prescrito pela lei dos Judeus.

6.4.2 - A festa de Purim  ou das Sortes

Celebrava-se nos dias 14 e 15 do mês de Adar, cerca de fim de fevereiro ou  princípio de março e lembrava a libertação dos Hebreus na Pérsia por Ester. Nesse dia lia-se na Bíblia a história dessa libertação.

6.4.3 - A festa da dedicação do templo,

Que começava no dia 25 do mês de Kislew  cerca de 10 de dezembro  foi instituída em memória da purificação do templo, profanado por Antíoco Epiphanes, no ano 168 a.C. A festa durava 8 dias, e ofereciam-se muitos sacrifícios (Jo. 10.22,23).

6.4.4  As Neomênias

Os meses dos Judeus contavam-se conforme os novilúnios, e cada mês o povo celebrava a lua nova, oferecendo diversos sacrifícios e entregando-se a regozijos.

6.4.5  A festa das Trombetas

Assim chamava-se a festa da sétima Neomênia do ano. Era o dia santificado por descanso sabático e por sacrifícios especiais. A festa anunciava-se ao som das trombetas e era uma espécie de preparação ao dia da Expiação e à festa dos Tabernáculos, que caíam 10 e 15 dias respectivamente mais tarde.

6.4.6  O SÁBADO

O sétimo dia da semana ou sábado era consagrado a um descanso absoluto. Era proibido, nesse dia, fazer qualquer trabalho; até era preciso preparar na véspera tudo o que nesse dia se necessitava. No tempo de Jesus e preceito do descanso sabatino tomara um caráter arbitrário e exagerado. Entre as obras proibidas contava-se extinguir ou acender o fogo, levar um objeto dum lugar para outro, esfregar nas mãos espigas colhidas ao atravessar uma seara, conforme uso aceito entre os Judeus (Mt. 12.1 e 2) e uma porção  de outras obras. Até acusavam ao Salvador de violar o sábado, quando fazia algum milagre (Mt. 12.9-13; Mc. 3.1-5; Lc. 6.6-10; 14.1-6; Jo. 5.1-16; 9.14-16). A essa censura replicava que os sacerdotes também faziam o trabalho que era preciso para os sacrifícios do sábado (Mt. 12.5  Números 28 9 e 10) que ninguém se fazia escrúpulo de levar o gado ao bebedouro (Lc. 13,15) nem hesitaria tirar do poço ou do fosso o animal que aí tivesse caído (Mt. 12.11; Lc. 14.5). Num sábado era proibido também andar mais de 2.000 côvados judaicos, isto é, cerca  de um quilômetro, desde o lugar onde alguém estava ao começar o sábado. Chamava-se tal distância a  jornada de um sábado (At. 1.12). O rigor com que os Judeus observavam o sábado era para os Romanos um motivo a mais para excluí-los do serviço militar.


Sigmar Gama

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