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sexta-feira, 10 de julho de 2015

Estudos sobre Mediunidade 14

CAPÍTULO  12
O PAPEL DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES

INTRODUÇÃO

Em que pese o fato do Espiritismo ser uma Ciência experimental, valorizando todas as pesquisas, com base na fé raciocinada, um elementar raciocínio nos diz que, para uma campo novo de estudo, teremos novas leis a observar.

E assim como na Química e na Física, há que se considerar criteriosamente determinadas leis materiais: a questão da temperatura, pressão, luminosidade e certos elementos a combinar para se obter os resultados desejados no trato com as coisas espirituais, necessário se faz buscar as condições vibratórias suficientes, entender e orientar pelas leis que regem os mecanismos da comunicação entre os dois planos - material e espiritual.

Já sabemos que existem três fatores básicos a observar na comunicação mediúnica: o Espírito, o meio e o médium. Vamos analisar um destes fatores isoladamente, verificando o papel do médium nas comunicações.

O apóstolo Paulo [II Coríntios-4:7] afirma:

"Temos este tesouro em vaso de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não nosso."

Exalta, assim, a responsabilidade e a renúncia com que se deve revestir a tarefa mediúnica.

A mediunidade funciona como um refletor da vida espiritual. Quanto melhores as condições do aparelho, tanto mais fiéis as impressões transmitidas. O oposto, igualmente ocorre, gerando imperfeições e distorções na transmissão da mensagem.

O médium é a fonte receptora que irá transmitir conforme as suas condições e capacidades moral, cultural e emocional, A fonte transmissora é o Espírito comunicante que projeta as vibrações com limpidez e vai depender do médium a transmissão do seu pensamento.

Segundo estas condições do receptor, teremos a comunicação mediúnica com maior ou menor nitidez e fidelidade.

O médium sempre participa do fenômeno mediúnico e é importante o seu papel no desempenho dessa faculdade. Em [LM-cap XIX] Allan Kardec se dedica ao estudo do papel do médium na comunicação.
O Espírito do médium é o filtro do pensamento do Espírito comunicante.

Allan Kardec faz uma comparação do Espírito do médium como sendo o intérprete do Espírito que deseja comunicar, porque está li¬gado ao corpo que serve para falar e por ser necessário um elo entre o médium e o Espírito, como é necessário um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia, e na extremidade do fio ou aparelho, uma pessoa inteligente que receba e transmita.

Os fenômenos mediúnicos são regidos por leis severas que não se submetem aos caprichos e exigências dos participantes.

A organização neuro-psíquica do médium deve ajustar-se às leis de sintonia e afinidade, acionando amplos equipamentos, para que a comunicação seja equilibrada e atinja o objetivo.

Jorge Andréa nos fala que a tríade do mecanismo mediúnico é composta de:

Perispírito: afinização fluídica e vibratória;

Sistema Neuro Vegetativo: antenas da mediunidade

Glândula pineal: aferição das vibrações energéticas

Allan Kardec inicia o [LM-cap XIX] com a seguinte indagação:

"O médium, no momento em que exerce a sua faculdade está num estado perfeitamente normal?

R. Está num estado de crise mais ou menos pronunciado (...). Na maioria das vezes seu estado não difere do normal, principalmente nos médiuns escreventes."

Crise é tudo aquilo que foge aos parâmetros da normalidade. Estado de crise denota uma situação que está além do estado de transe ou de exteriorização perispiritual.

São inúmeras as variações estudadas por Allan Kardec, no Cap. XIV, do Livro dos Espíritos, quando trata da emancipação da alma e explica aos fenômenos de sonambulismo e êxtase.

Este estado de crise ou de exteriorização perispiritual é muito importante para a compreensão do estado do médium e sua participação no fenômeno mediúnico.

Dependendo do grau de exteriorização perispiritual a faculdade mediúnica apresentará diferentes graus de percepção.

Na psicofonia, nos médiuns com grande exteriorização do perispírito, que Kardec chamava de sonambúlicos, poderá ocorrer com maior freqüência o fenômeno de animismo - em que o médium poderá ser médium de si mesmo.

Em [LM-it 223] Kardec indaga:

"As comunicações escritas ou verbais podem provir do próprio Espírito do médium?

R. A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de algum grau de liberdade, recobra a sua qualidade de Espírito."

E prossegue Kardec indagando:

"Como distinguir se a comunicação é do próprio médium ou de Espírito desencarnado?

R. Pela natureza das comunicações. Estudem as circunstâncias e linguagem e vocês distinguirão. Estudar e observar."

Em torno deste estudo Allan Kardec tece importantes considerações sobre o papel do médium nas comunicações:

- Qualquer que seja a natureza das comunicações, elas se pro¬cessam através da irradiação do pensamento.

- O Espírito que se comunica requer elementos necessários para dar vestimenta a este pensamento. Não há linguagem articulada no mundo espiritual.

- A comunicação terá a forma e a "cor" do pensamento do médium.

Ele cita o exemplo das lunetas coloridas: é como se observássemos paisagens diferentes através de lunetas verdes, azuis e brancas. Embora as paisagens sejam diversificadas, terão a coloração da luneta com que se observe.

Outro exemplo é de um músico que, para executar determinada melodia, dispusesse de um violino, uma flauta, um piano e um assobio barato. Sua execução seria de diferentes níveis se utilizasse o violino ou o piano, ou se apenas contasse com o assobio.

Com relação aos médiuns que não estejam em condições ideais para transmitir uma mensagem por falta de conhecimento, Kardec nos diz em [Obras Póstumas-qst 51]:

"Por ser o instrumento para receber e transmitir o pensamento do Espírito, segundo a impressão mecânica que lhe é dada, poderá o médium produzir o que está fora da órbita de seus conhecimentos se for dotado de flexibilidade e aptidão mediúnica necessárias. É por esta lei que existem médiuns desenhistas, pintores, músicos alheios a estas artes. É ainda por esta lei que quem não sabe ler ou escrever pode receber mensagens psicográficas."

Erasto [LM-cap XIX] diz:

"Assim quando encontramos um médium com o cérebro cheio de conhecimento anterior latente, dele nos servimos de preferência, porque com ele, o esforço da comunicação nos é muito mais fácil do que com um médium cuja inteligência fosse limitada e cujos conhecimentos anteriores tenham sido insuficientes."

"Certamente que poderemos falar de Matemática através de médiuns que desconheçam esta matéria, na atual encarnação, mas, frequentemente, o Espírito deste médium já passou este conhecimento em forma latente, isto é, pessoal ao ser fluídico e não ao ser encarnado (...)"

"Enfim, temos o meio de elaboração penosa ao usar médiuns completamente estranhos ao assunto tratados, ajuntando as letras e as palavras como em tipografia."

Kardec acrescenta as seguintes observações:

"O Espírito comunicante tira do cérebro do médium não suas idéias, mas o material necessário para exprimi-las; quanto mais rico for este cérebro, mais fácil é a comunicação."

E com relação a uma língua estranha ao médium, diz:

"Se o Espírito fala numa língua familiar ao médium, ele irá encontrar em seu cérebro as palavras formadas para revestir a idéia;

Se é numa língua estranha, o Espírito comunicante não encontra as palavras, mas simplesmente as letras, no caso do médium saber ler e escrever;

Se a língua é estranha ao médium e e este não sabe ler e nem escrever, o cérebro não possui nem as letras e o Espírito comunicante terá que conduzir a mão do médium como se faz com um escolar ao ser alfabetizado."

CONCLUSÃO

Vimos como o médium participa do fenômeno mediúnico e muitas vezes ao iniciarmos o desenvolvimento, quando estamos começando a dar as primeiras comunicações, somos assaltados com indagações e dúvidas:

"Como saberá o médium se o pensamento é seu ou do Espírito comunicante?"

Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] nos diz:

"Com o estudo edificante, a meditação e o discernimento adquiriremos a capacidade de conhecer a nossa freqüência vibratória. Saberemos comparar o nosso próprio estilo, pontos de vista, hábitos e modos, com os revelados durante o transe mediúnico, ou a simples inspiração quando escrevemos ou pregamos a doutrina. Não será problema tão difícil separar o nosso, do pensamento do Espírito comunicante. A aplicação aos estudos espíritas, com sinceridade, dar-nos-á, sem dúvida, a chave de muitos enigmas."


Bibliografia

1) Livro dos Espíritos - Allan Kardec

2) Livro dos Médiuns - Allan Kardec

3) Obras Póstumas - Allan Kardec

4) Revista Internacional do Espiritismo, 06/92 - Lauro F. de Carvalho

5) Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco

6) Nos Alicerces do Psiquismo - Jorge Andréa

7) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva

IDE-JF/CVDEE
IDE-JF  Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG



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