A Crise da Morte
Ernesto Bozzano
(7ª Parte)
Continuamos a apresentar o texto condensado
do clássico A Crise da Morte, de Ernesto Bozzano, de acordo com a tradução
feita por Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que informações podemos extrair das
comunicações de Rodolfo Valentino?
R.: Ei-las: a) a intuição de que a morte se
aproximara e o pavor de morrer, tendo de deixar tantas coisas, que ele julgava
preciosas, para trás; b) a "visão panorâmica" dos acontecimentos de
sua existência terrestre; c) o sono reparador; d) o encontro com Jeny, com seu
Espírito-guia e com Gabriela, sua mãe; e) a ajuda recebida da Sra. H. P.
Blavatski, que o conduziu até à vivenda do tio Dick; f) a notícia sobre as
habitações existentes no mundo espiritual, construídas por Espíritos que se
especializaram em modelar, pelo pensamento, a matéria espiritual. Rodolfo
Valentino informou ainda que muitos Espíritos não resistem ao abalo mental
causado pela mudança que se produz com a morte física. Por efeito, então, da
ignorância em que se acham e do medo que os assalta, passam o tempo a
freqüentar, e mesmo a assombrar, o meio onde viveram e ao qual se vêem
psiquicamente presos. (A Crise da Morte, pp. 135 a 145.)
B. Que diz Bozzano sobre a solidez das
construções espirituais?
R.: Bozzano assevera que ninguém deve
admirar-se da observação de Rodolfo Valentino relativamente à aparência sólida
das construções psíquicas por ele descritas. A Ciência, lembra ele, já demonstrou
que a solidez da matéria é pura aparência, ou seja, o atributo
"solidez" não constitui mais que uma questão de "relação"
entre o indivíduo e o objeto. Para nós, seres formados de matéria igual à
constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem, necessariamente, que
parecer sólido. O mesmo se dá com os Espíritos e as moradas espirituais. Em
compensação, eles devem perceber como sombras evanescentes as pessoas vivas e o
meio terrestre, devido à falta de relação entre as condições em que eles existem
e operam e as condições em que existem e operam os vivos. Eis por que o
Espírito pode atravessar uma parede, como se esta não existisse. (Obra citada,
pp. 144 e 145.)
C. Que nos revela o décimo sexto caso deste
livro?
R.: Eis os detalhes contidos nas mensagens
que compõem este caso: a) o mergulho do Espírito comunicante nas mais profundas
trevas, onde imperava um silêncio mortal; b) a ignorância acerca de sua morte
corpórea; c) a não percepção da presença de Espíritos hierarquicamente
superiores, até que, tendo ciência de estar morto, alguns Espíritos o ajudaram,
a pedido de um amigo que ele traíra na existência terrena; d) a informação de
que no mundo espiritual o pensamento é tudo, não só para a comunicação uns com
os outros, mas para a criação das coisas de que os Espíritos têm necessidade.
(Obra citada, pp. 148 a 157.)
D. Que finalidade tem a crise de remorsos
que acomete os chamados réprobos do plano espiritual?
R.: Os sofrimentos expiatórios que atingem
os "réprobos" são, segundo Bozzano, principalmente de natureza moral
e consistem, inicialmente, em toda sorte de saudades e de desejos insatisfeitos
e impossíveis de terem satisfação, e depois em toda sorte de remorsos
dilacerantes. Parece, no entanto, que quando um Espírito de "réprobo"
começa a crise dos remorsos tem ele dado o primeiro passo no caminho da
redenção. Dessa crise, longa por vezes e terrível, ninguém pode poupar o
Espírito, porquanto somente passando por ela chegará seu "corpo
etéreo" a expungir-se dos "fluidos impuros", de que se maculou e
carregou, fluidos esses que sobre ele se acumularam em conseqüência da
repercussão "vibratória" que sobre seu organismo muito delicado
exerceu seu procedimento ignóbil ou indigno, no curso da existência terrestre.
Do mesmo modo que esses "fluidos impuros" haviam, por virtude da lei
de afinidade, obrigado o Espírito a gravitar para as regiões infernais, em
conseqüência da purificação operada pela crise dos remorsos seu "corpo
etéreo", tornado mais leve, se eleva e gravita para a esfera espiritual imediatamente
superior. Os Espíritos de "réprobos" endurecidos, incapazes de sentir
remorsos, permanecem assim na região infernal, imersos em trevas mais ou menos
profundas, muitas vezes na solidão, outras em companhia de Espíritos da mesma
categoria, até que a hora do arrependimento para eles soe, porque ninguém se
encontra abandonado a si mesmo. (Obra citada, pp. 154 a 157.)
Texto para leitura
98. Décimo quinto caso - A narrativa que se
segue foi extraída do livro Rudy, em que a Sra. Natacha Rambova narra a vida de
seu marido, Rodolfo Valentino, acrescentando-lhe algumas mensagens mediúnicas
obtidas do defunto. (P. 135)
99. Pela leitura do livro vem-se a saber que
Rodolfo Valentino ocupava-se, em vida, com experiências mediúnicas, sendo ele
próprio notável médium escrevente e vidente. As mensagens mediúnicas foram
obtidas nos arredores de Nice, com o auxílio do médium americano Jorge Benjamim
Wehner, que servia também à Sra. H. P. Blavatski, fundadora da Sociedade
Teosófica, a qual acabou tornando-se "guia espiritual" do grande
artista. (P. 136)
100. Um incidente inicial destacado por
Bozzano se deu quando Valentino se achava em estado desesperador, em Nova York.
Na mesma noite, manifestou-se no grupo familiar em Nice o Espírito de uma
mulher que se chamara "Jeny" e fora grande amiga de Rodolfo e de sua
esposa Rambova. Jeny informou então que estava constantemente à cabeceira do
moribundo e viu quando ele foi levado para a Casa de Saúde. (P. 136)
101. Uma semana depois da morte de
Valentino, sua esposa recebeu de uma irmã residente em Nova York uma carta em
que ela informava, entre outras coisas, que Valentino vira "Jeny" e a
chamara pelo nome, quando fora transportado para a Casa de Saúde. A informação
seria confirmada depois pelo próprio defunto numa de suas primeiras mensagens
mediúnicas. (PP. 136 e 137)
102. Eis os detalhes contidos nas mensagens
enviadas pelo notável artista: a) a intuição de que a morte se aproximara e o
pavor de morrer, tendo de deixar tantas coisas, que ele julgava preciosas, para
trás; b) a "visão panorâmica" dos acontecimentos de sua existência
terrestre; c) o sono reparador; d) o encontro com Jeny, com seu Espírito-guia e
com Gabriela, sua mãe; e) a ajuda recebida da Sra. H. P. Blavatski, que o
conduziu até à vivenda do tio Dick; f) a notícia sobre as habitações existentes
no mundo espiritual, construídas por Espíritos que se especializaram em modelar,
pelo pensamento, a matéria espiritual. (PP. 137 a 143)
103. Tendo em vista que Valentino se referiu
à "solidez" da substância sobre que se exerce a força do pensamento,
no mundo espiritual, Bozzano lembra que ninguém deve admirar-se da observação
do Espírito relativamente à aparência sólida das construções psíquicas por ele
descritas. A Ciência, assevera Bozzano, já demonstrou que a solidez da matéria
é pura aparência: o atributo "solidez" não constitui mais que uma
questão de "relação" entre o indivíduo e o objeto. (P. 144)
104. Para nós, seres formados de matéria
igual à constitutiva do meio em que vivemos, esse meio tem, necessariamente,
que parecer sólido. O mesmo se dá com os Espíritos e as moradas espirituais. Em
compensação, eles devem perceber como sombras evanescentes as pessoas vivas e o
meio terrestre, devido à falta de relação entre as condições em que eles
existem e operam e as condições em que existem e operam os vivos. Eis por que o
Espírito pode atravessar uma parede, como se esta não existisse. (P. 144)
105. A informação acerca dos Espíritos que
se especializaram na arte de modelar a substância espiritual está de perfeito
acordo com o que afirmara outra entidade. (Veja o 13o caso, item 85 deste
resumo.) (P. 145)
106. Rodolfo Valentino informa ainda que
muitos Espíritos não resistem ao abalo mental causado pela mudança que se
produz com a morte física. Por efeito, então, da ignorância em que se acham e
do medo que os assalta, passam o tempo a freqüentar, e mesmo a assombrar, o meio
onde viveram e ao qual se vêem psiquicamente presos. Essa informação coincide
com o já descrito por outra personalidade mediúnica. (Veja o 8o caso, item 53
deste resumo.) (P. 145)
107. Décimo sexto caso - Até aqui, diz
Bozzano, os casos citados foram de defuntos que se encontravam nas mais
diversas regiões ou "estados" do "plano astral", onde – de
acordo com a lei de afinidade – gravitam e permanecem, durante um período de
tempo mais ou menos longo, todos os Espíritos de mortos que viveram na Terra de
maneira moralmente normal. (P. 148)
108. Resta referir, portanto, alguns casos
em que se encontram envolvidos os Espíritos dos "réprobos",
constrangidos a gravitar, pela lei de afinidade, nas "esferas de
provação", correspondentes ao inferno dos cristãos, sem contudo as
torturas físicas e onde os sofrimentos morais não são eternos, mas
transitórios. (PP. 148 e 149)
109. A dificuldade, neste caso, está na
inexistência de comunicações continuadas em que o defunto caído nas esferas
infernais tenha vindo transmitir a sua aventura. Conhecem-se, pois, as
condições de tais esferas, pelas descrições que numerosas personalidades
mediúnicas têm feito. (P. 149)
110. Pelo que toca aos Espíritos situados em
esferas de provação "intermediárias" e pouco inferiores ao
"plano astral", alguns deles têm descrito as suas vicissitudes, como
o famoso escritor inglês Oscar Wilde. (P. 149)
111. Um caso que se enquadra na situação
acima se deu com as médiuns psicógrafas Miss Aimée Earle e Miss Florence
Dismore, a quem um Espírito ditou sua história mundana, as circunstâncias de
sua morte e várias peripécias de sua vida post-mortem, descritas no livro: The
Progression of Marmaduke. (PP. 149 a 151)
112. Eis os detalhes contidos nas mensagens
desse Espírito: a) o seu mergulho nas mais profundas trevas, onde imperava um
silêncio mortal; b) a ignorância acerca da própria morte corpórea; c) a não
percepção da presença de Espíritos hierarquicamente superiores, até que, tendo
ciência de estar morto, alguns Espíritos o ajudaram, a pedido de um amigo que
ele traíra na existência terrena; d) a informação de que no mundo espiritual o
pensamento é tudo, não só para a comunicação uns com os outros, mas para a
criação das coisas de que os Espíritos têm necessidade. (PP. 152 a 157)
113. Bozzano, comentando as mensagens
referidas, diz que, conforme outros Espíritos têm dito, os sofrimentos
expiatórios que atingem os "réprobos" seriam, principalmente, de
natureza moral e consistiriam, inicialmente, em toda sorte de saudades e de
desejos insatisfeitos e impossíveis de terem satisfação, e depois em toda sorte
de remorsos dilacerantes. Parece igualmente que, quando um Espírito de
"réprobo" começa a crise dos remorsos, tem ele dado o seu primeiro
passo no caminho da redenção. (P. 154)
114. Dessa crise, longa por vezes e
terrível, ninguém pode poupar o Espírito, porquanto somente passando por ela
chegará o seu "corpo etéreo" a expungir-se dos "fluidos
impuros", de que se maculou e carregou, fluidos esses que sobre ele se
acumularam em conseqüência da repercussão "vibratória" que sobre o
seu organismo muito delicado exerceu o seu procedimento ignóbil ou indigno, no
curso da existência terrestre. (PP. 154 e 155)
115. Do mesmo modo que esses "fluidos
impuros" haviam, por virtude da lei de afinidade, obrigado o Espírito a
gravitar para as regiões infernais – em conseqüência da purificação operada
pela crise dos remorsos, seu "corpo etéreo", tornado mais leve, se
elevaria e gravitaria para a esfera espiritual imediatamente superior. (P. 155)
116. Os Espíritos de "réprobos"
endurecidos, incapazes de sentir remorsos, permaneceriam assim na região
infernal, imersos em trevas mais ou menos profundas, muitas vezes na solidão,
outras em companhia de Espíritos da mesma categoria, até que a hora do arrependimento
para eles soe, porque ninguém se encontra abandonado a si mesmo. (P. 155)
117. No caso em estudo, o Espírito disse ter
ignorado quanto tempo ficou a errar nas trevas e no insulamento. A mesma coisa
se dá com os pacientes postos, por indução hipnótica, em estado de
"sonambulismo vígil", para os quais o tempo deixa de existir. É por
isso que respondem ao experimentador, quando este os desperta ao cabo de vinte
e quatro horas, que dormiram apenas um minuto. (PP. 155 e 156)
118. Bozzano cita, a propósito disso, o fato
ocorrido com um Espírito obsidente, ao qual o Dr. Wickland perguntou em que ano
supunha que ele estivesse. O Espírito disse: 1902. Mas estava enganado, visto
que corria o ano de 1919. Havendo errado nas trevas durante dezessete anos, ele
julgava ter estado naquela situação apenas por alguns dias. (P. 156)
119. A respeito do poder do pensamento no
meio espiritual, o Espírito trouxe uma informação adicional: para criar os
objetos de que necessita não basta pensar na "coisa" desejada; é
preciso uma concentração firme do pensamento sobre esse objeto, pensando em
todos os seus detalhes. É por isso que, exercitando-se nas criações do
pensamento, os Espíritos chegam a pensar com uma nitidez cada vez maior e a
concentrar a vontade com uma eficácia sempre mais intensa. Não sendo assim,
formar-se-á tão-somente um esboço mais ou menos confuso e informe do objeto
desejado. (P. 157)
(Continua no próximo número)
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