CVDEE -
Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Sala Virtual de Estudos Nosso Lar
Estudo das obras de André Luiz
Livro em estudo: Entre a Terra e o Céu
Tema: Obsessão
Referência: Capítulo III
RESUMO
"Penetramos o mais espaçoso aposento
da casa onde uma senhora de aspecto juvenil repousava abatida e insone.
Moça de vinte e cinco anos,
aproximadamente, mostrava no semblante torturado harmoniosa beleza. O
rosto delicado parecia haver saído de uma tela preciosa, todavia, com a
suavidade das linhas fisionômicas contrastavam a inquietação e o pavor dos
olhos escuros e o abandono dos cabelos em desalinho.
Ao lado dela, descansava outra mulher, sem
o veículo físico.
“... Clarêncio explicou:
- A jovem senhora é Zulmira, a segunda
orientadora deste lar, e a irmã desencarnada que presentemente lhe vampiriza o
corpo é Odila, a primeira esposa de Amaro e mãezinha de Evelina, dolorosamente
transfigurada pelo ciúme a que se recolheu. Empenhada em combater aquela que
considera inimiga, imanta-se a ela, através do veículo perispirítico, na região
cerebral, dominando a complicada rede de estímulos nervosos e influenciando os
centros metabólicos, com o que lhe altera profundamente a paisagem orgânica.
- Mas, porque não há reação por parte da
perseguida? - inquiri, perplexo.
- Porque Zulmira, a nossa amiga encarnada,
caiu no mesmo padrão vibratório - aclarou o instrutor. - Ela também
se devotou ao marido com egoísmo aviltante. ... A segunda mulher nunca
suportou,sem mágoa, o carinho do genitor para com os órfãos de mãe.
...
Em suas preocupações doentias, Zulmira
chegou a desejar a morte de uma das crianças.
...
Certa manhã, custodiando os enteados,
separou Evelina do irmão, permitindo ao petiz mais ampla incursão nas águas.
O objetivo foi atingido. Uma onda rápida
surpreendeu o miúdo banhista, arrojando-o ao fundo. Incapaz de reequilibrar-se,
Júlio voltou cadaverizado à superfície. ...
"- O sentimento de culpa é sempre um
colapso da consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam... Zulmira,
pelo remorso destrutivo, tombou no mesmo nível emocional de Odila e ambas se digladiam,
num conflito de morte, inacessível aos olhos humanos
comuns É um caso em que a medicina terrestre não consegue interferência.
"- A violência não ajuda. As duas se
encontram ligadas uma à outra. Separá-las à força
seria a dilaceração de conseqüências imprevisíveis. A
exasperação da mulher desencarnada pesaria demasiado sobre os centros cerebrais
de Zulmira e a lipotimia poderia acarretar a paralisia ou mesmo a morte do
corpo.
“- Nada custa uma conversação de censura...
- alegou meu companheiro, admirado.
- Sim, uma doutrinação pura e simples seria
cabível, contudo não podemos esquecer que a organização cerebral da
vítima permanece excessivamente martelada. Nossa intervenção no campo
espiritual de Odila deveres envolvente e segura para evitar choques e
contrachoques, que repercutiriam desastrosamente sobre a outra. Nem doçura
prejudicial, em energia contundente...
"- Contamos em nossas relações com a
irmã Clara. Rogaremos o concurso dela. Modificará Odila com o
seu verbo coroado de luz, inclinando-a ao serviço da conversão
própria. Por agora, de nossa parte, somente nos é
possível a dispensação de algum alívio e nada mais."
QUESTÕES PARA ESTUDO
1.- Como explicar o fato de Zulmira
deixar-se entregar passivamente à ação da obsessora?
2.- Pelo relato do Autor, Odila, a
obsessora, sequer percebeu a presença dos benfeitores espirituais. Por quê?
3.- Por que o Ministro Clarêncio não
permitiu que André Luiz e Hilário procedessem a doutrinação de Odila, afirmando
que "precisamos atuar na elaboração dos pensamentos da infortunada irmã
que tomou a iniciativa da perseguição"?
4.- O que Clarêncio quis ensinar com a
afirmação de que "... o sentimento de culpa sempre um colapso da
consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam ...."?
5.- Que papel foi destinado à irmã Clara no
auxílio ao trabalho de socorro espiritual?
Conclusão:
Mais uma vez nos defrontamos com o problema
da obsessão. André Luiz nos traz mais um caso vivenciado por ele e a equipe de
benfeitores socorristas que integrava, aproveitando o relato para transmitir, a
cerca do tema, importantes ensinamentos que nos levarão a aprender
a lidar com o problema e a forma de evitá-lo.
QUESTÕES PROPOSTAS PARA ESTUDO
1.- Como explicar o fato de Zulmira
deixar-se entregar passivamente à ação da obsessora?
Como vimos reiteradas vezes no estudo da
obra anterior, a obsessão transita por uma via de mão dupla e somente se instala
quando as partes envolvidas se afinizam através de pensamentos e sentimentos de
baixa vibração. É como uma tomada plugada a uma fonte de energia. No caso
em questão, Zulmira, a obsidiada, deixou-se cair no mesmo padrão vibratório de
sua algoz. Impregnada pelo ciúme injustificado do marido, tal qual a obsessora,
ambas mergulharam nos mesmos fluidos deletérios, passando a trocar as mesmas
vibrações.
Como se não bastasse esse fato, Zulmira
ainda se encontrava atormentada pela culpa, embora indireta, no acidente que
causou a desencarnação de um dos filhos do atual marido e
da obsessora, pelo qual sua consciência a
condenava. Sua sintonia espiritual era a pior possível, pois não demonstrava
nenhum sinal que indicasse desejo de mudança em seus sentimentos
nem de arrependimento por seu comportamento
no episódio que causou a desencarnação do menor.
2.-
Pelo relato do Autor, Odila, a obsessora, sequer percebeu a presença dos
benfeitores espirituais. Por quê?
No mundo espiritual, existe uma
hierarquia irresistível, conforme os Espíritos disseram a Kardec
na resposta à questão 274 do Livro dos Espíritos,
estabelecida com base na ascendência moral de cada um. O espírito que estava
obsidiando encontrava-se numa faixa de baixíssima vibração. Odila estava,
ainda, muito atrasada em sua evolução.
Ante espíritos da elevação de Clarêncio e
André Luiz, sequer tinha condições de vê-los, pois a diferença da qualidade de
suas sintonias era muito grande. A ascendência moral dos dois benfeitores
presentes sobre ela era tamanha que a impossibilitava de sequer perceber suas
presenças.
3.- Por que o Ministro Clarêncio não
permitiu que André Luiz e Hilário procedessem a doutrinação de Odila, afirmando
que "precisamos atuar na elaboração dos pensamentos da infortunada irmã
que tomou a iniciativa da perseguição"?
O Ministro Clarêncio explicou que, como
Odila infligia, já havia algum tempo, uma grande tortura mental à
vítima, Zulmira se encontrava com sua organização cerebral fortemente
afetada. Como era possível uma reação da obsessora contra qualquer tipo de
doutrinação e como ambas se encontravam fortemente imantadas uma à outra, pela
identidade de sentimentos, um conflito entre Odila e os benfeitores
repercutiria em Zulmira, que, por estar extremamente fragilizada, poderia não
suportar o embate. Por essa razão, o Ministro desaconselhou a doutrinação
naquele momento.
4.- O que Clarêncio quis ensinar com
a afirmação de que "...o sentimento de culpa é sempre um colapso da
consciência e, através dele, sombrias forças se insinuam...."?
O sentimento de culpa fragiliza. Estando
fragilizada pela condenação imposta por sua consciência, Zulmira possibilitou
que forças sombrias - no caso, Odila - penetrasse em sua mente e lhe perpetrasse
a tortura de que vinha sendo vítima, num processo obsessivo que já lhe
ocasionava males físicos. Quis, o benfeitor, passar o ensinamento no sentido
de que, para evitar que caiamos nessa situação, devemos pautar nossas
atitudes pelas leis morais que a nossa consciência conhece, não praticando
nenhum ato que enseje por ela virmos ser condenados.
5.- Que papel foi destinado à irmã Clara no
auxílio ao trabalho de socorro espiritual?
Conforme explicou Clarêncio, nem sempre o
emprego de atitudes enérgicas é o remédio adequado para a cura de males
espirituais como a obsessão. Muitas das vezes, o amor funciona como um antídoto
muito mais poderoso e eficiente.
Vimos isso claramente no estudo da obra
"Libertação", por ocasião da transformação de Saldanha, então um
implacável e feroz obsessor. Um ato de caridade praticado por Gúbio e André
Luiz em socorro de seu filho fê-lo direcionar toda sua energia para o trabalho
no bem.
No caso presente, o Ministro percebeu isso
e optou por chamar irmã Clara, espírito ainda mais elevado, que igualmente se
dedicava ao trabalho de socorro espiritual, para que, com sua preleção eivada
do mais puro amor ao próximo, levasse Odila a própria conversão. Ressalte-se a
humildade de Clarêncio, que, embora espírito de elevada evolução, reconheceu, humildemente, que ainda não houvera conquistado para si um sentimento de amor
suficiente para operar a renovação do próximo.
Muita paz a todos.
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