Estudo
sobre o passe 2
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA
CAMPO EXPERIMENTAL DE BRASÍLIA
Estudo sobre o passe: o passe nas
reuniões mediúnicas
Marta Antunes Moura
2. A APLICAÇÃO DO PASSE NA CASA
ESPÍRITA
O editorial de O Reformador, de 1992,
esclarece que o Centro Espírita, entendido como unidade fundamental do
Movimento Espírita, "para bem atender às suas finalidades, deve ser núcleo
de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho, com base no Evangelho de
Jesus, à luz da Doutrina Espírita". Desviá-lo dessa diretriz é comprometer
a causa a que se pretende servir. (15) Sendo assim, a aplicação do passe deve
guardar coerência com as orientações doutrinárias, fundamentadas na Codificação
Kardequiana.
O passe foi incluído nas práticas do
Espiritismo como um auxiliar dos recursos terapêuticos ordinários. É, portanto,
um meio e não a finalidade do Espiritismo. No entanto, muitas pessoas procuram
o centro espírita em busca somente da cura ou melhora de seus males físicos,
psicológicos e dos distúrbios ditos "espirituais". Geralmente, as
pessoas que assim procedem são nossos irmãos que desconhecem os fundamentos do
Espiritismo. Muitos vêem no Espiritismo mais uma religião, criada por Kardec.
Outros ligam-no somente à mediunidade, temendo sua prática, que envolveria o
relacionamento com "almas do outro mundo". Ainda outros associam-no a
curas, e mesmo à fórmulas místicas para a solução de problemas financeiros,
conjugais, etc. Há aqueles que, sem nada conhecer, tomam passes freqüentemente,
por hábito, mesmo sem estarem necessitando. Isso tudo resulta do
desconhecimento doutrinário, de interpretações pessoais, da disseminação de
conceitos errôneos. É dever do centro espírita, por meio do seu corpo de
trabalhadores, esclarecer os que o procuram acerca dos objetivos maiores do
Espiritismo, que gravitam em torno da libertação da criatura das amarras da
ignorância das leis divinas, alçando-a à perfeição. (7)
O trabalhador espírita que atua na
transmissão do passe deve considerar a tarefa como uma oportunidade de servir
ao próximo. Entende que, primeiramente, toda competência e especialização no
mundo, nos setores de serviço, constituem desenvolvimento da boa vontade.
Bastam o sincero propósito de cooperação e a noção de responsabilidade para que
sejamos iniciados, com êxito em qualquer trabalho novo. (26) Em segundo lugar,
conseguida a qualidade básica, o candidato ao serviço precisa considerar
a necessidade de sua elevação urgente, para que as suas obras se elevem no
mesmo ritmo (...). Antes de tudo, é necessário equilibrar o campo das emoções.
Não é possível fornecer forças construtivas a alguém, ainda mesmo na condição
de instrumento útil, se fazemos sistemático desperdício das irradiações vitais.
Um sistema nervoso esgotado, oprimido, é um canal que não responde pelas
interrupções havidas. A mágoa excessiva, a paixão desvairada, a inquietude
obsidente, constituem barreiras que impedem a passagem das energias
auxiliadoras. Por outro lado, é preciso examinar também as necessidades
fisiológicas, a par dos requisitos de ordem psíquica. A fiscalização dos
elementos destinados aos armazéns celulares é indispensável, por parte do
próprio interessado em atender as tarefas do bem. O excesso de alimentação
produz odores fétidos, através dos poros, bem como as saídas dos pulmões e do
estômago, prejudicando as faculdades radiantes, porquanto provoca dejeções
anormais e desarmonias de vulto no aparelho gastrintestinal, interessando a
intimidade das células. O álcool e outras substâncias tóxicas operam distúrbios
nos centros nervosos, modificando certas funções psíquicas e anulando os
melhores esforços na transmissão de elementos regeneradores e salutares. (27)
É importante que os colaboradores, ligados
a esse tipo de atividade, adquiram conhecimentos para saberem agir com acerto.
Decerto, o estudo da constituição humana lhes é naturalmente aconselhável,
tanto quanto ao aluno de enfermagem, embora não sendo médico, se recomenda a
aquisição de conhecimentos do corpo em si. (....) O investimento cultural
ampliar-lhe-á os recursos psicológicos, facilitando-lhe a recepção de ordens e
avisos dos instrutores que propiciem amparo, e o asseio mental lhe
consolidará a influência, purificando-a além de dotar-lhe a presença com a
indispensável autoridade moral, capaz de induzir o enfermo ao despertamento das
próprias forças de reação. (31)
O passista deve estar ciente que o êxito do
trabalho reclama experiência, horário, segurança e responsabilidade do servidor
fiel aos compromissos assumidos. (28)
Podemos considerar ainda como orientações
gerais para a aplicação do passe na Casa espírita:
§ Utilizar, a rigor, a imposição de mãos, evitando a gesticulação
excessiva. A aplicação do passe deve ser feita de forma muito simples,
sem ritual e cacoetes de qualquer natureza. Considerando que a palavra passe é
movimento rítmico, cada “movimento impõe um outro de complementação e
equilíbrio, entremeado de pausa para mudar a direção. Dispersão, pausa,
assimilação ou doação, eis o passe em três etapas bem caracterizadas.” (8)
§ Todos os passistas devem ser considerados médiuns. A capacidade
de absorção de energias espirituais somada à de doação fluídica, varia de
pessoa para pessoa, em função das condições individuais, próprias de cada
pessoa, assim como do nível de sintonia mental que o passista mantém com os
benfeitores espirituais.
§ O melhor local para o passe é a Casa Espírita. “Somente em casos
excepcionais devem ser ministrados passes fora do Centro Espírita, a fim de não
favorecer o comodismo e a indisciplina, devendo a tarefa ser realizada por dois
médiuns, no mínimo; é de bom senso aconselhar o passe à distância, no caso do
enfermo não poder comparecer à Casa Espírita. (16)
§ O “passe é a transmissão de uma força psíquica e espiritual,
dispensando qualquer contato físico na sua aplicação.” (25)
§ A transmissão fluídica não deve ocorrer estando o médium em
transe. “O passe deve ser sempre dado em estado de lucidez e absoluta
tranqüilidade, no qual o passista se encontre com saúde e com perfeito tirocínio,
a fim de que possa atuar na condição de agente, não como paciente.” (17)
§ É necessário fazer uma preparação espiritual antes da aplicação
do passe - ainda que breve -, buscando, pela prece, a devida
sintonia com os benfeitores espirituais.
§ O passista não precisa receber passe depois que fez doação
fluídica ao necessitado. O auxílio espiritual repõe, automaticamente, os gastos
energéticos. Se o passista sentir que estão ocorrendo perdas de
energia, após a aplicação do passe – caracterizadas, em geral, por um
estado de fraqueza, dores ou mal-estar –, é aconselhável avaliar as
causas geradoras, procurando corrigi-las.
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