A Crise da Morte
Ernesto Bozzano
(2ª Parte)
Damos continuidade à publicação do texto
condensado da obra “A Crise da Morte”, de Ernesto Bozzano, conforme tradução de
Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que informações colhemos no segundo caso
relatado por Bozzano?
R.: Neste caso, o Espírito de Horace
Abraham Ackley descreve a maneira por que seu Espírito se separou do corpo
físico. Enquanto muitos Espíritos de mortos entram num meio mais ou menos
radioso, onde são acolhidos por seus parentes desencarnados, o Espírito de Horace
se encontrou em um meio nuvioso, isto é, nublado, onde foi acolhido
amistosamente por dois Espíritos que lhe eram desconhecidos. Ele disse também
haver enfrentado a experiência da “visão panorâmica” de seu passado, que
pareceu ter sido provocada pelos “guias espirituais”, com o fim de predispô-lo
a uma espécie de exame de consciência. (Obra citada, pp. 27 a 30.)
B. Quem era Jim Nolan e que revelações ele
transmitiu?
R.: Jim Nolan era o Espírito-guia do
célebre médium Hollis, o qual, havendo sido soldado no curso da Guerra de
Secessão da América e morto de tifo num hospital militar, disse que, ao entrar
no mundo espiritual, pareceu-lhe caminhar sobre um terreno sólido, quando
encontrou sua avó, que o levou para longe dali, para sua morada. A morada da
avó, onde ele repousou e dormiu naquela noite, tinha o aspecto de uma casa.
Nolan passou também pela experiência da “visão panorâmica” de sua vida terrena,
mas, em seu caso, o fenômeno se desdobrou sob a forma de “recapitulação de
lembranças”. (Obra citada, pp. 31 a 37.)
C. Que diz Bozzano sobre o poder criador do
pensamento?
R.: O poder criador do pensamento no
meio espiritual é confirmado por fatos que se desenrolam no meio terrestre,
onde o pensamento e a vontade são suscetíveis de criar e objetivar as formas
concretas das coisas pensadas e desejadas. A diferença entre os dois meios é
que, aqui, semelhante criação requer a participação de sensitivos especiais. Bozzano
refere-se aos fenômenos de “ideoplastia” ou de “fotografias do pensamento”. O
poder criador do pensamento é que explica por que o Espírito, pensando na forma
humana, se vê de novo em forma humana, e, pensando em estar vestido, acha-se
coberto de roupas que, sendo tão etéreas como seu próprio corpo, lhe parecem
substanciais como as vestes terrenas. É desse modo que ele encontra novamente,
no mundo espiritual, um meio e uma morada correspondentes a seus hábitos
terrestres, morada que lhe preparariam os seus familiares, tornados antes dele
à existência espiritual. (Obra citada, pp. 32 a 36.)
D. De que trata o quarto caso examinado na
obra e que informações nele se contêm?
R.: Extraído da obra de Mrs. Jessie
Platts: The Witness, trata-se de uma coleção de comunicações mediúnicas obtidas
graças à mediunidade da própria Mrs. Platts, viúva do Reverendo Charles Platts,
que teve a infelicidade de perder seus dois filhos na Grande Guerra. As
mensagens publicadas provêm do filho mais moço: Tiny, rapaz de 18 anos, morto
quando combatia na frente francesa, em abril de 1917. Nas revelações feitas
pelo rapaz, Bozzano destacou estes pontos: a) o fato de os Espíritos
desencarnados ignorarem terem morrido; b) o sono reparador, a que estariam
sujeitos todos os Espíritos recém-chegados ao mundo espiritual; c) o estado de
insulamento em que ficam certos Espíritos, incapazes de perceber a presença dos
Espíritos-guias pertencentes a uma hierarquia superior. (Obra citada, pp. 37 a
42.)
Texto para leitura
17. Segundo caso - Este fato foi
tirado do livro From Matter to Spirit, em que a personalidade mediúnica do Dr.
Horace Abraham Ackley descreve a maneira por que seu Espírito se separou do
corpo físico. (P. 27)
18. Transcrita a mensagem, Bozzano observa
que, enquanto muitos Espíritos de mortos entram num meio mais ou menos radioso,
onde são acolhidos por seus parentes desencarnados, aqui se vê, ao contrário,
que o comunicante se encontrou em um meio nuvioso, isto é, nublado, onde foi
acolhido amistosamente por dois Espíritos que lhe eram desconhecidos. (P. 29)
19. No caso em apreço, o comunicante afirma
ter enfrentado também a experiência da “visão panorâmica” de seu passado, que
pareceu aqui ter sido provocada pelos “guias espirituais”, com o fim de
predispor o Espírito a uma espécie de exame de consciência. (P. 29)
20. O caso contém, ainda, a narração de um
fato de bilocação no leito de morte, seguido do fenômeno consistente na
situação que durante algum tempo o desencarnado conservou, pairando por cima do
cadáver. (PP. 29 e 30)
21. Terceiro caso - Extraído do livro do Dr.
Wolfe: Starling Facts in Modern Spiritualism, este caso apresenta Jim Nolan, o
Espírito-guia do célebre médium Sr. Hollis, o qual, havendo sido soldado no
curso da Guerra de Secessão da América e morto de tifo num hospital militar,
responde a várias perguntas de um experimentador. (P. 31)
22. Jim Nolan disse que, ao entrar no mundo
espiritual, parecia-lhe caminhar sobre um terreno sólido, quando encontrou sua
avó, que o levou para longe dali, para sua morada. A morada da avó, onde ele
repousou e dormiu naquela noite, tinha o aspecto de uma casa. “No mundo dos
Espíritos – explicou ele –, há a força do pensamento, por meio do qual se podem
criar todas as comodidades desejáveis...” (P. 32)
23. Esta informação, diz Bozzano, não é
apenas um dos detalhes fundamentais a cujo respeito todos os Espíritos estão de
acordo; é também a chave que permite explicar e resolver todas as informações e
descrições aparentemente absurdas, incríveis ou ridículas dadas pelos Espíritos
a respeito da vida espiritual. (PP. 32 e 33)
24. O poder criador do pensamento no meio
espiritual é confirmado por fatos que se desenrolam no meio terrestre, onde o
pensamento e a vontade são suscetíveis de criar e objetivar as formas concretas
das coisas pensadas e desejadas. A diferença entre os dois meios é que, aqui,
semelhante criação requer a participação de sensitivos especiais. Bozzano
refere-se aos fenômenos de “ideoplastia” ou de “fotografias do pensamento”.
(PP. 33 e 34)
25. As personalidades mediúnicas afirmam que
as condições de existência espiritual são transitórias e dizem respeito,
exclusivamente, à esfera mais próxima do mundo terrestre, isto é, a que se
destina aos Espíritos recém-chegados. (P. 35)
26. Temos de reconhecer, diz Bozzano, que um
ciclo de existência preparatória passe entre a existência encarnada e a de
“puro Espírito”, de maneira a conciliar a natureza, por demais terrestre, do
Espírito desencarnado, com a natureza transcendental da existência espiritual
propriamente dita. (PP. 35 e 36)
27. O poder criador do pensamento permite
obviar a este inconveniente: o Espírito, pensando na forma humana, se veria de
novo em forma humana; pensando em estar vestido, achar-se-ia coberto de roupas
que, sendo tão etéreas como o seu próprio corpo, lhe pareceriam tão
substanciais como as vestes terrenas. É assim que ele encontraria novamente, no
mundo espiritual, um meio e uma morada correspondentes a seus hábitos
terrestres, morada que lhe preparariam os seus familiares, tornados antes dele
à existência espiritual. (P. 36)
28. Jim Nolan passou também pela experiência
da “visão panorâmica” de sua vida terrena, mas, em seu caso, o fenômeno se
desdobrou sob a forma de “recapitulação de lembranças”. (PP. 36 e 37)
29. Quarto caso - Este fato foi tirado da obra
de Mrs. Jessie Platts: The Witness. Trata-se de uma coleção de
comunicações mediúnicas muito interessantes, obtidas graças à mediunidade da
própria Mrs. Platts, viúva do Reverendo Charles Platts, que teve a infelicidade
de perder seus dois filhos na Grande Guerra. As mensagens publicadas provêm do
filho mais moço: Tiny, rapaz de 18 anos, morto quando combatia na frente
francesa, em abril de 1917. (P. 37)
30. Bozzano transcreveu a mensagem de Tiny,
que resume em duas páginas as modalidades essenciais em que se desenrola
normalmente a crise da morte para a grande maioria das pessoas. (PP. 38 e 39)
31. O autor assinalou na referida
comunicação os seguintes detalhes: a) o fato de os Espíritos desencarnados
ignorarem terem morrido; b) o sono reparador, a que estariam sujeitos todos os
Espíritos recém-chegados ao mundo espiritual; c) o estado de insulamento em que
ficam certos Espíritos, incapazes de perceber a presença dos Espíritos-guias
pertencentes a uma hierarquia superior. (PP. 39 a 41)
32. Na mensagem, o Espírito afirmou, como
outros já haviam dito, que não existem duas
personalidades espirituais que tenham de atravessar as mesmas
experiências após a crise da morte. (P. 42)
33. Esta afirmação, segundo Bozzano, é
absolutamente racional. Com efeito, se no mundo dos vivos não há duas
individualidades que pensem da mesma maneira; se, pela “lei de afinidade”, todo
Espírito gravita no plano espiritual que lhe é próprio; e se o pensamento de
cada Espírito cria o seu meio objetivo e subjetivo, é certo que não pode haver
duas personalidades espirituais que devam passar pelas mesmas vicissitudes
durante o curso da crise da morte. (P. 42)
34. Eis aí uma das causas das pretendidas
contradições das “revelações transcendentais”, que cumpre atribuir à variedade
infinita dos temperamentos individuais, combinados com o grau evolutivo dos
Espíritos. (P. 42) (Continua no próximo número.)
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