A Crise da Morte
Ernesto Bozzano
(6ª Parte)
Continuamos a apresentar o texto condensado
do clássico "A Crise da Morte", de Ernesto Bozzano, de acordo com a
tradução feita por Guillon Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Quem foi, na Inglaterra, Felicia Scatcherd
e que contém sua comunicação post-mortem?
R.: Felicia Scatcherd, que faleceu em
27/3/1927, foi uma das personalidades mais em evidência no movimento
espiritualista inglês e quem fez as primeiras experiências importantes de onde
nasceram as teorias da "fotografia do pensamento" e da
"ideoplastia". Eis os detalhes contidos em sua mensagem: a) a
informação de que o trespasse lhe foi fácil; b) o reencontro com muitas pessoas
queridas, inclusive sua mãe; c) o fato de ter sido conduzida a uma maravilhosa
morada que os próprios Espíritos haviam criado pela força do pensamento; d) a
notícia da existência de outras esferas infinitamente superiores à em que
estava; e) o período de sono reparador, ainda que muito curto; f) a visão
panorâmica dos fatos de sua vida, se bem que sob a forma de uma multidão de
lembranças que lhe invadiam a mente; g) a visão de uma nuvem fluídica que havia
de lhe constituir o "corpo espiritual", chegando ela a modelar o
próprio semblante, a que deu traços juvenis. (A Crise da Morte, pp. 115 a 121.)
B. Que disse Felicia Scatcherd sobre os
"germes da vida" e os "fluxos vitais"?
R.: Felicia aludiu, em sua comunicação, à
existência de esferas espirituais mais elevadas, de onde os Espíritos que as
habitam enviariam os "germes da vida" aos outros mundos do Universo,
empregando o poder criador do pensamento. Segundo ela, haveria entidades
espirituais muito elevadas que, pelo seu pensamento criador, engendrariam
"fluxos vitais". Estes, atingindo os mundos e saturando-lhes o
protoplasma primitivo, lhe transmitiriam os germes da vida vegetativa que,
graças a um processus evolutivo muito lento, a realizar-se no meio físico,
acabaria por engendrar a sensibilidade, depois a motricidade, em seguida o
instinto animal, os primeiros albores da inteligência e, por fim, a
inteligência consciente de si mesma. Assim se chegaria à criação de uma individualidade
pensante. (Obra citada, pp. 122 e 123)
C. Que revelações nos traz o décimo quarto
caso?
R.: Extraídas do livro Messages from the
Unseen, as mensagens constantes deste caso apresentam os seguintes detalhes: a)
o esquecimento de como se deu a travessia do Espírito para o meio espiritual;
b) o sono reparador, após o que a comunicante se viu renovada, exuberante de
vida, mais lúcida de espírito e mais ditosa; c) o encontro com os seres que ela
amara na Terra; d) a informação de que uma vida de lutas e sofrimentos na Terra
favorece o bem-estar da pessoa na vida espiritual; e) a confirmação de que, no
meio espiritual, os pensamentos substituem a palavra e não apenas vibram em
uníssono com as almas, como revestem cores admiráveis e se transformam em sons
muito harmoniosos; f) a notícia de que as vestimentas no mundo espiritual são
criações do pensamento, constituídas de elementos tirados do meio espiritual;
g) a informação de que a recordação de suas existências anteriores lhe viria
gradualmente. (Obra citada, pp. 124 a 132.)
D. Por que a reencarnação não era, entre os
povos anglo-saxões, ensinada por todos os Espíritos?
R.: Bozzano diz que a teoria das
"vidas sucessivas" era o único ponto importante em que existia um
desacordo parcial nas mensagens dos Espíritos. Se entre os povos latinos eles
afirmavam constantemente a realidade das vidas sucessivas, entre os povos
anglo-saxões estavam eles em desacordo, na proporção de dois terços que negavam
a reencarnação e um terço que a afirmava. Não se pode esquecer, afirma Bozzano,
que os povos anglo-saxões experimentavam uma espécie de aversão de raça contra
a solução reencarnacionista, o que talvez explique a causa dessa divergência .
(Obra citada, pp. 132 a 135.)
Texto para leitura
84. Décimo terceiro caso - Este caso vem da
revista Light, de 1927. Trata-se da manifestação de Miss Felicia Scatcherd,
alguns meses depois de sua morte, ocorrida em 27/3/1927. Miss Scatcherd fora,
em vida, uma das personalidades mais em evidência no movimento espiritualista
inglês. Foi ela quem fez as primeiras experiências importantes de onde nasceram
as teorias da "fotografia do pensamento" e da
"ideoplastia". (P. 115)
85. Eis os detalhes contidos na mensagem de
Felicia Scatcherd: a) a informação de que o trespasse lhe foi fácil; b) o
reencontro com muitas pessoas queridas, inclusive sua mãe; c) o fato de ter
sido conduzida a uma maravilhosa morada que os próprios Espíritos haviam criado
pela força do pensamento; d) a notícia da existência de outras esferas
infinitamente superiores à em que estava; e) o período de sono reparador, ainda
que muito curto; f) a visão panorâmica dos fatos de sua vida, se bem que sob a
forma de uma multidão de lembranças que lhe invadiam a mente; g) a visão de uma
nuvem fluídica que havia de lhe constituir o "corpo espiritual",
chegando ela a modelar o próprio semblante, a que deu traços juvenis. (PP. 117
a 121)
86. Bozzano destaca, ainda, entre tantas
informações trazidas por Felicia, a que diz respeito à existência de esferas
espirituais mais elevadas, de onde os Espíritos que as habitam enviariam os
"germes da vida" aos outros mundos do Universo, empregando o poder
criador do pensamento. (P. 122)
87. Segundo ela, haveria entidades
espirituais muito elevadas que, pelo seu pensamento criador, engendrariam
"fluxos vitais". Estes, atingindo os mundos e saturando-lhes o
protoplasma primitivo, lhe transmitiriam os germes da vida vegetativa que,
graças a um processus evolutivo muito lento, a realizar-se no meio físico,
através dos quatro reinos da Natureza, acaba por engendrar a sensibilidade,
depois a motricidade, em seguida o instinto animal, os primeiros albores da
inteligência e, por fim, a inteligência consciente de si mesma. Assim se
chegaria à criação de uma individualidade pensante. (PP. 122 e 123) (N.R.:
Emmanuel, no seu livro A Caminho da Luz, págs. 22 a 27, informa: a) quando
serenaram os elementos do mundo nascente, Jesus reuniu nas Alturas os seus
companheiros e viu-se, então, descer sobre a Terra uma nuvem de forças
cósmicas, que a envolveram por completo. Passado algum tempo, pôde-se observar,
na crosta e no fundo dos oceanos, um elemento viscoso que cobria o planeta. Com
essa massa gelatinosa nascia na Terra o protoplasma – o conteúdo celular vivo,
formado principalmente de citoplasma e núcleo; b) sob a orientação de Jesus,
laboravam na Terra numerosas assembléias de operários espirituais, e o ideal da
beleza foi a sua preocupação dos primeiros momentos, no que se refere às
edificações celulares das origens; c) as formas de todos os reinos da Natureza
terrestre foram estudadas e previstas, tudo obedecendo a um plano
preestabelecido pelo Cristo; d) o protoplasma foi o embrião de todas as
organizações do globo; e) os primeiros habitantes da Terra, no plano material,
são as células albuminóides, as amebas e todas as organizações unicelulares.
Com o escoar do tempo, esses seres primordiais se movem ao longo das águas,
onde encontram o oxigênio necessário à vida, elemento esse que a terra firme
não possuía ainda em proporções de manter a vida animal, antes das grandes
vegetações; f) o primeiro sentido desenvolvido por esses seres foi o do tato,
que deu origem a todos os outros, com o aperfeiçoamento dos organismos
superiores.)
88. Décimo quarto caso - O episódio que se
segue foi retirado do livro: Messages from the Unseen. Trata-se de uma santa
mãe que se comunicou por intermédio de sua filha. (P. 124)
89. Eis os detalhes contidos nas mensagens:
a) o esquecimento de como se deu sua travessia para o meio espiritual; b) o
sono reparador, após o que ela se viu renovada, exuberante de vida, mais lúcida
de espírito e mais ditosa; c) o encontro com os seres que ela amara na Terra;
d) a informação de que uma vida de lutas e sofrimentos na Terra favorece o
bem-estar da pessoa na vida espiritual; e) a confirmação de que, no meio
espiritual, os pensamentos substituem a palavra e não apenas vibram em uníssono
com as almas, como revestem cores admiráveis e se transformam em sons muito
harmoniosos; f) a notícia de que as vestimentas no mundo espiritual são
criações do pensamento, constituídas de elementos tirados do meio espiritual;
g) a informação de que a recordação de suas existências anteriores lhe viria
gradualmente. (PP. 125 a 128)
90. Bozzano lembra que as circunstâncias do
trespasse da comunicante, um pouco diferentes das vividas pela maioria dos
Espíritos, se deviam à evolução de seu Espírito. Assim é que ela não disse ter
ignorado a sua morte, nem que tenha passado pela experiência da "visão
panorâmica" dos acontecimentos da vida, detalhes comuns à maioria das
revelações transcendentais. (PP. 128 e 129)
91. O autor destaca, ainda, como detalhe
secundário, que concorda perfeitamente com o que relatam outros Espíritos, a
informação de que a paisagem "astral", por ela descrita, se compõe de
duas séries de objetivações do pensamento, distintas uma da outra. A primeira,
permanente, representa a objetivação do pensamento e da vontade de entidades
espirituais muito elevadas; a outra, transitória e mutável, seria a objetivação
do pensamento e da vontade de cada entidade desencarnada, criadora do seu
próprio meio imediato. (P. 130)
92. A comunicante referiu também haver
percebido, ao despertar, uma onda de "música transcendental",
fenômeno esse que, às vezes, se produz no leito de morte de enfermos
espiritualmente elevados, mas que não é percebido por todas as pessoas presentes.
Deduz-se então, relativamente aos que não o percebem, que a tonalidade
vibratória de seus "corpos etéreos" não estava suficientemente
apurada para sintonizar-se com a tonalidade vibratória dos acordes musicais
muito elevados. (P. 131)
93. A esse respeito, Bozzano diz que os
Espíritos mostram-se unânimes em afirmar que, no meio espiritual, os acordes
musicais apresentam um valor psíquico-construtivo de primeira ordem, que
corresponde, de modo impressionante, a uma das nossas mais importantes
generalizações científicas, segundo a qual tudo o que o Universo contém parece
poder ser reduzido a um múltiplo ou submúltiplo de uma grande lei misteriosa: a
lei do "ritmo", que reduziria todo o Universo – matéria e espírito –
a um fenômeno de "vibrações". (PP. 131 e 132)
94. A autora da mensagem diz ter
experimentado a sensação do "já visto", sensação que subentende a
teoria das "vidas sucessivas", isto é, a hipótese reencarnacionista,
único ponto importante em que existe um desacordo parcial nas mensagens dos
Espíritos: entre os povos latinos, eles afirmam constantemente a realidade da
vidas sucessivas; entre os povos anglo-saxões, estão eles em desacordo, na
proporção de dois terços que negam a reencarnação e um terço que a afirma. Não
se pode esquecer, contudo, diz Bozzano, que os povos anglo-saxões experimentam
uma espécie de aversão de raça contra a solução reencarnacionista. (P. 132)
95. Essa discordância, entretanto, não tem
maior importância, porque os próprios Espíritos reconhecem que ignoram muitas
coisas e julgam então segundo suas aspirações pessoais. Há até quem informe
existir uma espécie de "segunda morte" nas esferas espirituais,
precisamente como se morre no mundo dos vivos, ou seja, quando um Espírito
chegou à maturidade espiritual, adormece e desaparece de seu meio, sem que os
outros saibam o que foi feito dele. (PP. 133 e 134)
96. As opiniões preconcebidas dos Espíritos
– pró ou contra a teoria das "vidas sucessivas"– contribuem,
provavelmente, para acentuar entre eles o desacordo sobre esse ponto. Com
efeito, os que experimentam aversão à teoria impedem, por esse fato, que as
lembranças de suas vidas anteriores lhes surjam da memória latente, enquanto os
que pensam favoravelmente à doutrina favorecem, com esse modo de pensar, a
emergência de suas recordações. (P. 134)
97. É de notar-se, assim, que tudo
contribui para demonstrar que a verdade acerca das "vidas sucessivas"
deve estar reservada a entidades que existem em condições espirituais muito
evolvidas, condições que favoreceriam a emergência espontânea das recordações
desta natureza. (P. 135) (Continua no próximo número)
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