A
Crise da Morte
Ernesto
Bozzano
(4ª
Parte)
Damos
seqüência à apresentação do texto condensado do clássico "A Crise da
Morte", de Ernesto Bozzano, de acordo com a tradução feita por Guillon
Ribeiro publicada em 1926 pela editora da Federação Espírita Brasileira.
Questões
preliminares
A.
Que revelações nos traz o oitavo caso?
R.:
Ditadas por um jovem soldado morto logo no início da Grande Guerra, as
comunicações que compõem o oitavo caso contêm, entre outros, os seguintes
detalhes: a) a ignorância em que muitos se encontram a respeito da própria
morte; b) o sono reparador, que acomete os desencarnados, sobretudo quando
acham que a morte era o aniquilamento total da criatura humana; c) o fato de,
após despertar desse sono, o desencarnado sentir-se um outro ser e entender que
se encontra num meio espiritual e que é um Espírito; d) a informação de que os
que desencarnam com a convicção de que existe uma vida de além-túmulo não
necessitarem dormir, a menos que cheguem ao mundo espiritual esgotados por
longa enfermidade ou deprimidos por uma vida de tribulações; e) a circunstância
de os Espíritos muito inferiores, que permanecem ligados à Terra, não gozarem
do benefício do sono reparador e, por isso, perseverarem na ilusão de que
continuam encarnados. (A Crise da Morte, pp. 70 a 75.)
B.
Como os Espíritos satisfazem os hábitos voluptuosos que trazem da última
existência?
R.:
Mencionando expressamente o livro "Raymond", escrito pelo professor
Oliver Lodge, Bozzano diz que os Espíritos recém-desencarnados não encontram no
meio espiritual a mesma satisfação de antes, nos hábitos voluptuosos adquiridos
no mundo dos vivos, e até os perdem. Todavia, quando chegam ao mundo
espiritual, influenciados pelas tendências que os dominavam na Terra, há os que
pedem de comer e outros que querem um gole de uísque. Existe, porém, um meio de
contentá-los, fornecendo-se-lhes qualquer coisa que se assemelhe ao que
reclamam. Desde, porém, que hajam saboreado uma ou duas vezes a coisa desejada,
não mais sentem dela necessidade e a esquecem. (A Crise da Morte, p. 78.)
C.
Que ensinamentos extraímos do nono caso?
R.:
Este caso foi tirado do livro de mensagens transcendentais intitulado A Heretic
in Heaven. O médium-narrador é o Sr. Ernesto H. Peckham, e o comunicante, que
fora membro do mesmo círculo experimental do Sr. Peckham, valeu-se de um
pseudônimo – "Daddy" – para assinar as mensagens. Eis os detalhes
contidos nas mensagens: a) embora morto, o Espírito se sentia mais vivo do que
antes; b) os acessos de soluço, a asma e outros sintomas bronquiais, que o
atormentaram no momento da morte, continuaram a afligi-lo na vida espiritual;
c) sua mãe, que morrera havia muitos anos, e sua esposa foram visitá-lo em sua
nova morada; d) seguiu-se depois disso um prolongado período de sono. (A Crise
da Morte, pp. 84 a 91.)
D.
O advento da Nova Revelação veio na época certa?
R.:
Sim. Segundo Bozzano, as manifestações mediúnicas se produziram no momento
exato em que estavam maduros os tempos para serem compreendidas, apreciadas e
assimiladas. Se as "pancadas" de Hydesville se houvessem produzido um
século antes, teriam passado despercebidas e infecundas. "Cumpre, pois, se
reconheça que a Nova Ciência da Alma nasceu na hora precisa, no seio dos povos
civilizados", afirma Bozzano. (A Crise da Morte, pp. 91 e 92.)
Texto
para leitura
52.
Oitavo caso - Extraído também da revista Light, edição do ano de 1925, trata-se
de comunicações ditadas em maio e junho de 1918 por um jovem soldado morto logo
no início da Grande Guerra. (PP. 69 e 70)
53.
Eis os detalhes contidos nas mensagens do jovem soldado: a) a ignorância em que
muitos se encontram a respeito da própria morte; b) o sono reparador, que
acomete os desencarnados, sobretudo quando acham que a morte era o
aniquilamento total da criatura humana; c) após despertar desse sono, o desencarnado
se sente um outro ser e entende que se encontra num meio espiritual e que é um
Espírito; d) os que desencarnam com a convicção de que existe uma vida de
além-túmulo não necessitam dormir, a menos que cheguem ao mundo espiritual
esgotados por longa enfermidade ou deprimidos por uma vida de tribulações; e)
os Espíritos muito inferiores, que permanecem ligados à Terra, não gozam do
benefício do sono reparador e, por isso, perseveram na ilusão de que continuam
encarnados; f) o meio espiritual apresenta ao visitante "coisas" que
parecem da mesma natureza que as que ele conhecia na Terra, mas elas são reais,
absolutamente reais; g) os desencarnados não demoram a descobrir que podem
transformar certas "coisas" que vêem em torno deles, unicamente pelo
desejo de que elas se transformem. (PP. 70 a 75)
54.
A propósito do último detalhe, diz o Espírito que, vendo a seus pés uma agulha
de madeira, ele pode transformá-la, pela força de sua vontade, em uma agulha de
aço; mas não pode transformar os objetos volumosos e, ainda menos, o meio em
que vive. A razão é que a paisagem que o rodeia não é somente
"cenário" dele; é o "cenário" de todos os Espíritos que ali
residem. Pode, pois, transformar apenas as coisas pequenas e quando isso a
ninguém aborreça ou prejudique. (P. 75)
55.
Após repetidas experiências desta natureza, informa a Entidade, entende-se que
o meio espiritual é, na realidade, constituído unicamente de "formas de
pensamento" e de "projeções da memória", e que tudo isto está
organizado com o fim de tornar mais fácil, aos Espíritos recém-desencarnados, o
período de transição decorrente da morte corpórea. (P. 75)
56.
A respeito das percepções espirituais, diz o comunicante que, a princípio,
pensa-se que os Espíritos conversam da mesma maneira que o faziam quando
encarnados; mas, desde o começo, experimenta-se a curiosa sensação de
compreender-se muito mais do que o que se formula verbalmente. (P. 75)
57.
Com o tempo, percebe-se que a conversação por meio da palavra não constitui
mais do que uma espécie de superestrutura artificial, substancialmente inútil
para a permuta das idéias, a qual, na realidade, se opera diretamente, pela
transmissão dos pensamentos. (P. 75)
58.
Citando o livro "Raymond", escrito pelo professor Oliver Lodge,
Bozzano lembra que os Espíritos recém-desencarnados não encontram no meio
espiritual a mesma satisfação de antes, nos hábitos voluptuosos adquiridos no
mundo dos vivos, e até os perdem. Todavia, quando chegam ao mundo espiritual,
influenciados pelas tendências que os dominavam na Terra, há os que pedem de
comer e outros que querem um gole de uísque. Existe, porém, um meio de
contentá-los, fornecendo-se-lhes qualquer coisa que se assemelhe ao que
reclamam. Desde, porém, que hajam saboreado uma ou duas vezes a coisa desejada,
não mais sentem dela necessidade e a esquecem. (P. 78)
59.
As projeções do pensamento no meio espiritual são consideradas efêmeras, apenas
do ponto de vista da evolução ulterior do Espírito. São, contudo, substanciais
no meio em que elas se produzem. Com efeito, admitida a existência de um meio
espiritual, cuja densidade específica seja constituída de "éter
vitalizado" – num mundo assim a paisagem geral, assim como as projeções
particulares devem ser consideradas reais, absolutamente reais, pois que teriam
a mesma consistência que o organismo espiritual dos seres que o habitam e
seriam constituídas do mesmo elemento. (P. 81)
60.
Nono caso - Este caso foi tirado do livro de mensagens transcendentais
intitulado A Heretic in Heaven. O médium-narrador é o Sr. Ernesto H. Peckham,
autor do belo livro The Morrow of Death, e o comunicante, que fora membro do
mesmo círculo experimental do Sr. Peckham, valeu-se de um pseudônimo –
"Daddy" – para assinar as mensagens. (PP. 84 e 85)
61.
Eis os detalhes contidos nas mensagens de "Daddy": a) embora morto, o
Espírito se sentia mais vivo do que antes; b) os acessos de soluço, a asma e
outros sintomas bronquiais, que o atormentaram no momento da morte, continuaram
a afligi-lo na vida espiritual; c) sua mãe, que morrera havia muitos anos, e
sua esposa foram visitá-lo em sua nova morada; d) seguiu-se depois disso um
prolongado período de sono. (PP. 86 a 88)
62.
Além de outros episódios constantes das mensagens de "Daddy", Bozzano
comenta o fato de ter o Espírito anunciado sua morte a um amigo encarnado, que
então a ignorava. Como o fato realmente ocorreu nas condições de meio indicadas
pelo comunicante, é forçoso concluir que se trata de um dos fenômenos comuns –
ora visuais, ora auditivos – de manifestação dos mortos, fenômenos a que os
metapsiquistas ortodoxos chamam "telepatia diferida". (P. 90)
63.
O autor assinala ainda nas citadas mensagens: 1o) o interessante fenômeno
segundo o qual os objetos afastados não parecem diminuídos à percepção
espiritual, pela distância, enquanto todo objeto é simultaneamente percebido
por todos os seus lados e no seu próprio interior, indo a visão além do objeto;
2o) a observação concernente ao pensamento do Espírito, logo percebido por
outro Espírito distante e que intervém, auxiliando o primeiro com um conselho
que lhe transmite no mesmo instante. (P. 91)
64.
Bozzano diz que os "raios Roentgen" (raios X) e a "telegrafia
sem fio" são conquistas científicas que nos permitem compreender
perfeitamente a viabilidade dos dois fenômenos acima referidos, que pareceriam
absurdos se revelados duas gerações antes da sua. "Esta observação –
adverte o autor – deveria aconselhar a todos prudência, antes de proclamarem
absurdas e impossíveis outras informações análogas, constantes das mensagens do
Além e que ainda não estão confirmadas pela ciência terrestre." (PP. 91 e
92)
65.
O fato indica ainda que as manifestações mediúnicas se produzem no momento
exato em que parecem maduros os tempos, para serem compreendidas, apreciadas e
assimiladas. Se as "pancadas" de Hydesville se houvessem produzido um
século antes, teriam passado despercebidas e infecundas. "Cumpre, pois, se
reconheça que a Nova Ciência da Alma nasceu na hora precisa, no seio dos povos
civilizados", acrescenta Bozzano. (P. 92)
66.
O autor considera também detalhe fundamental a revelação mediúnica acerca das
modalidades sob as quais se manifesta a visão espiritual, que requer um certo
tempo para que se desenvolva inteiramente nos Espíritos recém-chegados, o que
explica por que são em número reduzido os Espíritos desencarnados que a ela
aludem. (PP. 92 e 93) (Continua no próximo número.)
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