Os
participantes da reunião mediúnica
Marta
Antunes Moura
Roteiro
4: Capacitação do trabalhador da mediunidade
Portanto,
meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do
Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor. Paulo (1 Coríntios
15:58)
Estas
palavras de Paulo, o valoroso apóstolo dos gentios, atravessam os séculos e chegam
até nós, saturadas de elevado magnetismo. Indicam que perante as nossas
atividades espíritas devemos agir com firmeza e constância, pois se trata de um
trabalho de melhoria espiritual que, no devido tempo, sob as bênçãos do Senhor,
colheremos os frutos de paz e alegria.
1.
INTRODUÇÃO
Allan
Kardec, no Projeto 1868 destaca a importância de um curso regular de
Espiritismo, «[...] com o fim de desenvolver os princípios da Ciência e de
difundir o gosto pelos estudos sérios. Esse curso teria a vantagem de fundar a
unidade de princípios, de fazer adeptos esclarecidos, capazes de espalhar as
idéias espíritas e de desenvolver grande número de médiuns.»1
A
execução correta de qualquer trabalho requer preparo anterior. Assim
também ocorre na área mediúnica. Mediunidade com Jesus exige permanente estudo
evangélico-doutrinário, pois não é admissível participar de tarefas nesta área,
sem o devido preparo. A propósito, assinala Kardec: «Todos os dias a
experiência nos traz a confirmação de que as dificuldades e os desenganos, com
que muitos topam na prática do Espiritismo, se originam da ignorância dos
princípios desta ciência [...].»2
Assim, é
preciso estudar de forma metódica e sistemática a Doutrina Espírita, à luz do
Evangelho de Jesus, antes, durante e após o ingresso na tarefa mediúnica.
2. IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA
MEDIUNIDADE
Emmanuel
esclarece que a «[...] primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si
mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias.»7 Elucida também
que a «[...] especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente
de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da
verdade a realizar.»8
Dessa
forma, o «[...] médium tem obrigação de estudar
muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela
sua própria iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o
desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os
Espíritos sinceros e devotados ao bem e à verdade.»9
O
aperfeiçoamento do Espírito é incessante, seja na condição de encarnado ou de
desencarnado. Após a desencarnação os Espíritos prosseguem em seu propósito de
adquirir conhecimento: «[...] benfeitores desencarnados e os
Espíritos familiares estudam sempre a fim de se tornarem mais úteis na obra da
educação e do consolo junto a Humanidade Terrestre.»6 Há, inclusive, no
além-túmulo, instituições e organizações devotadas à preparação de
trabalhadores que atuam na área da mediunidade, como o Centro dos
Mensageiros, localizado na colônia espiritual Nosso Lar, segundo relata André
Luiz: «[...] Não preparamos, pois, neste Centro, simples postalistas, mas
espíritos que se transformem em cartas vivas de Jesus para a Humanidade
encarnada. Pelo menos, este é o programa de nossa administração
espiritual...»10
3.ESTRUTURA
DE UM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO DO TRABALHADOR DO GRUPO MEDIÚNICO
3.1
Fundamentos
Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade. Paulo (2 Timóteo, 2:15)
A
capacitação do trabalhador está assentada em dois fundamentos básicos, que
constituem os seus referenciais: a) conhecimento doutrinário, extraído das
obras codificadas por Allan Kardec, e, das suplementares a estas, de autoria de
Espíritos fiéis às orientações da Doutrina Espírita; b)
conduta espírita, ética e moral, segundo as orientações de Jesus, contidas no
seu Evangelho. As suas diretrizes estão, pois, fundamentadas em Kardec e em
Jesus, compreendendo-se que a prática mediúnica, sem orientação doutrinária
espírita e sem o esclarecimento do Evangelho, não conduz aos objetivos
propostos para o Curso.5
3.2
Finalidade
E a um
deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua
capacidade, e ausentou-se logo para longe. Jesus (Mateus, 25:15)
O
trabalhador da mediunidade deve compreender que a mediunidade é uma faculdade
natural do ser humano, e, por este fato, o médium influencia
e recebe influências em qualquer situação e plano da vida, e não
apenas nas reuniões mediúnicas. Neste sentido, é importante resgatar o seguinte
conceito de médium, existente em O Livro dos Médiuns: Todo aquele que sente,
num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa
faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio
exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos.
Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns.4 A prática
mediúnica, portanto, deve ser exercida com correção, pois, conforme
alerta o Codificador, de «[...] muitas dificuldades se mostra inçada a prática
do Espiritismo e nem sempre isenta de inconvenientes a que só o estudo
sério e completo pode obviar.»3
3.3
Objetivos
Mas
faça-se tudo decentemente e com ordem. Paulo (1Coríntios, 14:40)
Os
participantes do grupo mediúnico devem ser continuamente capacitados,
considerando os seguintes objetivos:
· Aprofundar o
conhecimento de temas doutrinários, sobretudo os relacionados à prática
mediúnica.
· Desenvolver o gosto pelo
estudo espírita, integrando o conhecimento adquirido nas ações cotidianas.
· Identificar e corrigir
erros e obstáculos à prática mediúnica realizada em reuniões mediúnicas sérias.
· Auxiliar a integração
dos participantes nas atividades da Casa Espírita.
A mesma
dedicação e cuidados empregados em outras atividades que fazem parte do nosso
cotidiano, devem ser implementados no trabalho espírita. Paulo nos chama
a atenção sobre este fato. E, no que diz respeito à reunião mediúnica a ordem,
o estudo, o aperfeiçoamento moral e intelectual são ações comuns.
3.4 Tipos
de capacitação
Examinai
tudo. Retende o bem. Paulo (1 Tessalonicenses, 5:21)
O
programa de capacitação do trabalhador do grupo mediúnico abrange, basicamente,
duas modalidades: uma semanal e contínua realizada nos grupos de educação da
mediunidade, nos 15 a 30 minutos que antecedem a manifestação dos Espíritos.
Outra semestral ou anual, na forma de seminários, simpósios ou jornadas, que
devem contar com a participação dos integrantes de todos os grupos mediúnicos
existentes na Casa Espírita. É importante examinar os conteúdos dos cursos de
aperfeiçoamento do trabalhador do grupo mediúnico, conforme instrui o apóstolo,
retendo o que é bom e útil ao trabalho.
O estudo
semanal deve ser realizado num clima harmônico que não favoreça debates ou
discussões acaloradas, considerando-se a manifestação dos Espíritos que
ocorrerá posteriormente. Em geral, fazem-se estudos sucintos e esclarecedores
de assuntos referentes à prática mediúnica, como, por exemplo, os da série
André Luiz; da obra Seara dos Médiuns, de Emmanuel; No Invisível, de Léon Denis
etc. Reuniões mais extensas, tanto no que diz respeito à complexidade do
assunto quanto à utilização de espaço de tempo superior a trinta minutos, como
por exemplo, o estudo metódico de O Livro dos Médiuns, devem ser realizadas em
dias e horários que não sejam os prefixados para a reunião de prática
mediúnica, propriamente dita (reuniões de educação da mediunidade e de
desobsessão).6
No
estudo semestral ou anual analisam-se temas direcionados para as dificuldades
surgidas na prática mediúnica, tais como: educação mediúnica, diálogo com os
Espíritos, etc. Esses encontros abrangem uma jornada de trabalho caracterizada
por um, dois ou até mais dias. É possível contar com a presença de espíritas
mais experientes que, em conjunto com os participantes, enfocam tópicos de
interesse geral, além da sempre útil troca de experiências.
REFERÊNCIAS
1.
KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 39. Ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte, Projeto 1868, item: Ensino espírita, p. 376.
2.
______. O livro dos médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 78. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Introdução, p. 13.
3.
______. p. 14.
4.
______. Cap. 19, item 159, p. 211.
5.
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA. Estudo e prática da mediunidade. Programa I. 3.
ed. Brasília: 2005, p. 10.
6.
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Desobsessão. Pelo Espírito André
Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 66 (Reuniões de estudos
mediúnicos), p. 229.
7.
XAVIER, Francisco Cândido. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 26. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006, questão 387, p. 215.
8.
______. Questão 388, p. 216.
9.
______. Questão 392, p. 218.
10.
______. Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 43. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 3 (No centro de mensageiros), p. 26.
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