Powered By Blogger

Pesquisar este blog

Páginas

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

*Espiritismo Comparado*


MÍSTICA E ESPIRITISMO


A mística - do grego mystica, de myo, eu calo, é o termo utilizado para retratar a atividade que produz o contato da alma individual com o princípio divino. O modelo do pensamento místico é baseado no retiro de mundo, ou no desligamento das coisas do mundo e no da união com Deus para receber suas luzes.

A iluminação súbita pode ser verificada pesquisando a biografia dos grandes pensadores. O filósofo Sócrates que viveu no século V a.C. teve seu insight depois de uma visita que fizera ao Oráculo de Delfos, quando, a partir daí, passou a ensinar o conteúdo da autoconsciência do homem. René Descartes (1596-1650) teve sonhos que lhe indicaram sua missão divina: construir o método para a nova ciência. O íntimo da maioria dos grandes pensadores mostra essa relação com o divino.

O retiro do mundo marca o modo e vida dos religiosos. Hugo de São Vitor distinguia cinco graus ascéticos: primeiro, lectio ou doutrina; segundo, a santa meditação; terceiro, a oração; quarto, a operação; quinto, a contemplação. Em França, no século XVII, funda-se o Oratório, uma instituição religiosa, cujo objetivo era não uma Doutrina Comum mas uma tendência comum para a vida interior e mística, concedendo aos seus adeptos a liberdade mais completa de reverenciar Deus.

Como interpretar o modelo do pensamento místico à luz do Espiritismo? No capítulo I de A Gênese, Allan Kardec trata do problema da revelação divina. Diz-nos que a revelação direta de Deus não é impossível, porém faz-nos entender que a revelação é feita através da mediunidade, ou seja, pelos Espíritos mais próximos de Deus que pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. O codificador do Espiritismo pretende, ao analisar o caráter da revelação espírita, desmistificar a facilidade da obtenção do conhecimento divino. Diz-nos que a revelação espírita é de origem divina e da iniciativa dos Espíritos, sendo sua elaboração fruto do trabalho científico do homem. Procede da mesma forma que as ciências naturais: observa, formula hipóteses e tira conclusões.

Algumas seitas pregam a vida de isolamento e o voto de silêncio. Os Espíritos superiores, referindo-se à Lei de Sociedade, advertem-nos o seguinte: se o indivíduo se isola com a finalidade de melhorar a sociedade em que vive, é meritório; se , ao contrário, é para fugir do contato humano, é condenável, pois implica na satisfação do egoísmo.

A missão do Espiritismo é libertar a consciência do indivíduo, projetando-lhe a luz da razão. O Espírita necessita do isolamento, do silêncio e da reflexão, contudo, deve certificar-se de que esse estado de espírito esteja sendo encaminhado para a melhoria de si mesmo e do meio em que habita.

Fonte de Consulta

MENDONÇA, E. P. O Socratismo Cristão e as Origens da Metafísica Moderna. São Paulo, Convívio, 1975.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.

*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*








terça-feira, 24 de janeiro de 2017

*Espiritismo Comparado*

*Espiritismo Comparado*


*MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E O ESPIRITISMO*


Meios de comunicação social são os diversos tipos de sinais utilizados pelo homem para informar, persuadir, ou divertir o seu semelhante. Acompanham a marcha do progresso humano: desde os sinais puramente sonoros e visuais, como a linguagem oral, a mímica, a linguagem escrita, o desenho, até os grandes veículos modernos: o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão

A televisão chega a ser, para muitos, a única fonte de informação. Estima-se que nos EUA, os jovens ficam entre trinta a quarenta horas por semana em frente à tela; os adultos, quatro horas por dia. Além disso, cinqüenta por centro dos adolescentes têm TV em seu quarto. Neste contexto, a criança pajeada pela ”babá eletrônica” é a mais prejudicada, em vista de ser obstruída em suas fugas para a interiorização e reflexão, elementos essenciais na formação do caráter.

Baseado nesses dados estatísticos, o grupo que integra a TV-Free America (América livre de TV), uma instituição sem fins lucrativos e que visa encorajar os americanos a ver menos TV, lançou a proposta do National TV – Turnoff Week (americanos sem TV durante uma semana), entre os dias 24 e 30 de abril de 1995. Alegando que, sem percebermos, ficamos demasiadamente em frente à TV, o referido grupo oferece-nos quarenta dicas para o uso alternativo do tempo: escrever, pintar, desenhar etc.

De que maneira os avanços do rádio, da TV e do computador podem ser vistos sob a ótica espírita? Primeiramente, é um fato e não pode ser negado; em segundo lugar, e de acordo com o apóstolo Paulo, devermos ler de tudo, porém ficarmos somente com aquilo que for bom. O verdadeiro espírita não é dogmático, nem preconceituoso. Usando o bom senso, saberá se defender das artimanhas da informação: selecionará tempo para as devidas percepções do mundo espiritual.

A nova forma de linguagem, em que a ênfase é dada ao som e à imagem, é um dos principais fatores de divergência entre adultos e jovens. Acostumados aos raciocínios conceituais, os mais velhos têm que se render ao enfoque visual. Renunciando ao racional, não estaremos mais receptivos às influências dos mentores espirituais? Diminuindo a força do pensamento discursivo, não estaremos aumentando a capacidade da intuição?

Mente aberta é aquela que analisa os prós e os contras. Caminhar exclusivamente para a crítica é prejudicial. Aceitar passivamente, pior ainda. Cabe-nos, sim, trilhar o caminho do meio, que é de ponderação, o único possível de nos direcionar para a verdadeira felicidade.

Fonte de Consulta

MELO, J. M. de. Telemania – Anestésico social. São Paulo, Loyola, 1981. (Série Comunicação 13).

Folha de São Paulo, 20/03/1995, pág. 8 c.2.





*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*




DEPRESSÃO

*DEPRESSÃO*

É preciso saber lidar com nossas emoções; não devemos nos censurar por senti-las, mas sim julgar a decisão do que faremos com elas.

Reparação é o ato de compensar ou ressarcir prejuízos que causamos, não apenas aos outros mas também a nós mesmos, através de posturas inadequadas e injustas.

Necessitamos reparar as atitudes desonestas que tivemos com nós mesmos, ressarcir-nos dos abalos que promovemos contra nossas próprias convicções, compensar-nos da deslealdade com nosso modo de ser e com nossos valores íntimos.

Devemo-nos conscientizar do quanto estivemos abrindo mão de nossos sentimentos, pensamentos, emoções e necessidades em favor de alguém, somente para receber aprovação e consideração.

Quantas vezes asfixiamos e negamos nossas emoções diante de acontecimentos que nos machucaram profundamente. Relegar essa parte de nós e ignorá-la pode se tornar um tanto desagradável e destrutivo em nossas vidas.

Viver o direito de sentirmos nossas emoções equivale a ser honestos com nós mesmos. Elas nos ajudam no processo de autodescobrimento e estão vinculadas a estruturas importantes de nossa vida mental, como os pensamentos cognitivos e as nossas intuições.

O hábito de rejeitarmos, frequentemente, as energias emocionais fará com que percamos a capacidade de sentir correntemente; e, sem a interpretação dos sentimentos, não podemos promover a reparação de nossas faltas.

Para repará-las, é preciso estarmos predispostos a dizer o que pensamos e a escolher com independência.

Para repará-las, é necessário termos a liberdade de sentir o que sentimos e de viver segundo nossas próprias emoções.

Para resgatar nossas faltas conosco e com os outros, é imperioso, antes de tudo, desbloquear nossa consciência para que possamos ter um real entendimento do que e como estamos fazendo as coisas em nossa vida.

Há em nós um mecanismo psicológico regulado pelo nosso grau evolutivo, que assimila os fatos ou os ensinamentos de acordo com nossas conquistas nas áreas da percepção e do entendimento. Nossa incapacidade para absorver certos aspectos da vida deve-se a causas situadas nas profundezas da nossa consciência, que está em constante aprendizado e ascensão espiritual. Portanto, não devemos nos culpar por fatos negativos do passado, pois tudo o que fizemos estava ao nível de nossa compreensão à época em que eles ocorreram.

"(...) poderemos ir resgatando as nossas faltas (...) reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes (...) Deus não dá valor a um arrependimento estéril sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito" (1), mas sim reavaliando antigas emoções e resgatando sentimentos passados, a fim de transformá-los para melhor. Desse modo, reconquistamos a perdida postura interior de "vida própria" e promovemos a modificação de nossas atitudes equivocadas perante as pessoas.

Emoções não são erradas ou pecaminosas, elas não são os atos em si, pois sentir raiva é muito diferente de cometer uma brutalidade.

Para repararmos, é preciso saber lidar com nossas emoções: não devemos nos censurar por senti-las, mas sim julgar a decisão do que faremos com elas. Advertimos, porém, que não estamos sugerindo que as emoções devam controlar nossos comportamentos. Ao contrário, acreditamos que, se não permitirmos senti-las, não saberemos como tê-las sob nosso controle.

Admitindo-as e submetendo-as ao nosso código de valores éticos, ao nosso intelecto e à razão, saberemos comandá-las convenientemente, pois o resultado da repressão de nossas reações emocionais será uma progressiva tendência a estados depressivos.

Eis como funciona a trajetória da depressão: diante de um sentimento de dor, fatalmente experimentamos emoções, ou seja, reações energéticas provenientes dos instintos naturais. São denominadas "emoções básicas", conhecidas comumente como medo e raiva. Essas reações energéticas nascem como impulso de defesa para nos proteger da ameaça de dor que uma agressão pode nos causar. Se a emoção for de raiva, o organismo enfrenta a fonte da dor; quando é de medo, contorna e foge do perigo. Ambas aceleram o sistema nervoso simpático e, consequentemente, a glândula supra-renal para que produza energia suficiente para a luta ou para fuga. Se essas emoções (raiva ou medo ) forem julgadas moralmente como negativas, elas poderão ser transformadas em sentimento de culpa, levando-nos a uma autocondenação. Quando reprimidas, quer dizer, quando não expressadas convenientemente nem aceitas, nós as negamos distorcendo os fatos, para não tomarmos consciência. Tanto a repressão sistemática quanto os compulsivos julgamentos negativos dessas emoções naturais geram a depressão.

Não são simplesmente as "privações pueris", as "distribuições de esmolas" e o ato de "bater no peito" que transformarão o íntimo de nossas almas. Para verdadeiramente repararmos nossas faltas, é preciso, acima de tudo, que façamos uma viagem interior, mediante uma "crescente consciência", para identificar e associar os atos e acontecimentos incorretos que praticamos / vivenciamos, com os sentimentos e as emoções que os influenciaram. A partir daí, equilibrá-los.

Reparar nossas faltas com nós mesmos e com outros é a fórmula feliz de evitar o sofrimento. ( 1 ) Questão 1000.
Já desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas?

“Sim, reparando-as. Mas, não creiais que as resgateis mediante algumas privações pueris, ou distribuindo em esmolas o que possuirdes, depois que morrerdes, quando de nada mais precisais. Deus não dá valor a um arrependimento estéril, sempre fácil e que apenas custa o esforço de bater no peito. A perda de um dedo mínimo, quando se esteja prestando um serviço, apaga mais faltas do que o suplício da carne suportado durante anos, com objetivo exclusivamente   pessoal."

“Só por meio do bem se repara o mal e a reparação nenhum mérito apresenta, se não atinge o homem nem no seu orgulho, nem no seus interesses materiais.

“De que serve, para sua justificação, que restitua, depois de morrer, os bens mal adquiridos, quando se lhe tornaram inúteis e deles tirou todo o proveito?

“De que lhe serve privar-se de alguns gozos fúteis, de algumas superfluidades, se permanece integral o dano que causou a outrem? “De que lhe serve, finalmente, humilhar-se diante de Deus, se, perante os homens, conserva o seu orgulho?”

(Texto extraído da obra " As Dores da Alma”, psicografado pelo médium Francisco do Espírito Santo Neto, da autoria espiritual de Hammed)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

*Evangelho Redivivo*MUNDOS INFERIORES E MUNDOS SUPERIORES

*Evangelho Redivivo*


MUNDOS INFERIORES E MUNDOS SUPERIORES


Mundo – do lat. mundu – significa a Terra e os astros considerados como um todo organizado; qualquer corpo celeste. Inferior – do lat. inferiore –, que está abaixo de outro(s) em igualdade, condição, importância, mérito, valor; que ocupa lugar mais baixo em uma classificação. Superior – do lat. superiore –, que está mais acima; que atingiu um grau muito elevado; de qualidade excelente.

Allan Kardec, no cap. III de O Evangelho Segundo o Espiritismo, divide os mundos em cinco categorias, a saber: os mundos primitivos, destinados às primeiras encarnações da alma humana; os mundos de expiações e de provas, onde o mal domina; os mundos regeneradores, onde as almas que ainda têm o que expiar haurem novas forças, repousando das fadigas da luta; os mundos felizes, onde o bem se sobrepuja ao mal; os mundos celestes ou divinos, morada dos Espíritos depurados, onde o bem reina inteiramente.

Nos mundos inferiores a existência é toda material. Esses mundos servem de guarida aos Espíritos em que os instintos predominam, a inteligência é rudimentar e a vida moral quase nula. Mesmo assim, Deus não desampara nenhum desses seres, ao incutir-lhes na mente a idéia de um Ser Supremo, a quem venerar e amar. Além disso, o Criador envia, também, Espíritos missionários, a fim de despertar-lhes o senso moral e fazê-los progredir mais rapidamente.

Nos mundos superiores a existência é toda espiritual. Depois de desenvolvidos a inteligência e o senso moral, nos mundos inferiores e intermediários, o Espírito está preparado para ingressar nos mundos ditosos e felizes. Nos mundos superiores não há doenças, nem as deteriorações que engendram a predominância da matéria; pelo contrário, há leveza específica do corpo físico, que torna sua locomoção rápida e fácil. O corpo físico guarda a forma humana, pois esta é a forma em todos os mundos, porém embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada.

O planeta Terra é classificado como sendo um mundo de expiações e de provas, portanto, situado numa posição intermediária. Aqui, ainda o mal predomina sobre o bem. Contudo, estamos aproximando-nos de uma nova fase, o mundo de regeneração. Neste, as almas que ainda têm de expiar haurem novas forças para, depois, darem continuidade ao progresso espiritual até atingirem a condição de serem promovidos aos mundos felizes.

Aproveitemos a oportunidade de estarmos encarnados neste planeta. Façamos todo o bem possível, e seremos merecedores de reencarnarmos em mundos mais ditosos.


*SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*









*Espiritismo Comparado* *MATERIALISMO HISTÓRICO E O ESPIRITISMO*

*Espiritismo Comparado*


*MATERIALISMO HISTÓRICO E O ESPIRITISMO*


Materialismo - Em filosofia, é a concepção de mundo onde a matéria é o motor do universo e a idéia sua conseqüência. Materialismo histórico - doutrina do marxismo, que afirma que o modo de produção da vida material condiciona o conjunto de todos os processos da vida social, política e espiritual.

O materialismo histórico pode ser resumido da seguinte forma: numa sociedade escravagista, os escravos rebelando-se contra os senhores, convertê-la-ia em sociedade feudalista; no Feudalismo, os vassalos insurgindo-se contra os senhores feudais, torná-la-ia uma sociedade capitalista; no Capitalismo, os proletariados lutando contra os empresários, tranformá-la-ia em sociedade comunista. O Comunismo seria uma sociedade igualitária onde não haveria a exploração do homem pelo homem.

O comunismo, para Marx, seria a sociedade perfeita, a síntese final do processo de evolução dialética dos povos. Mesmo imbuído de boas intenções cometeu vários equívocos: não previu a divisão da propriedade corrigindo acumulação das riquezas, as novas tecnologias que aumentam a produtividade da mão de obra e a força sindical que melhora os salários. Em termos práticos, o comunismo foi implantado na Rússia e China, países pré-capitalistas: fato histórico que nega a suplantação do capitalismo.

O Espiritismo, como processo libertador de consciências, auxilia-nos a compreender melhor os acontecimentos da vida. A luta de classes preconizada por Marx, transforma-se, na visão espírita, em classes de luta. Os adeptos do marxismo entendem que o povo explorado só pode melhorar sua situação se pegar em armas e instalar uma revolução. No Espiritismo, tanto o proletariado como o empresário devem suplantar a si mesmos. Agindo assim, obtém-se um relacionamento amigável entre patrão e empregado.

Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, ao tratar da Lei de Igualdade, descortina-nos novos horizontes para a interpretação da vida social. Diz-nos que as desigualdades sociais deverão desaparecer, quando a humanidade tiver dominado o orgulho e o egoísmo. Vencidos esses vícios, restaria a desigualdade de mérito, a única que é conseguida pelos esforços próprios de evolução espiritual.

Para o Espiritismo, o socialismo científico se implantaria de forma natural, sem que o povo precisasse de pegar em armas. A mudança comportamental é o fator preponderante. Quando a humanidade tiver atingido um estado de evolução espiritual superior, o homem deixará de explorar o seu semelhante. Compreenderá que todos somos úteis no concerto do universo.

Fonte de Consulta

TALHEIMER, A. Introdução ao Materialismo Dialético (Fundamento das Teorias Marxistas). São Paulo, Livraria Cultura Brasileira, 1934.

MARIOTTI, H. Dialética e Metapsíquica - Uma Interpretação Espiritual da Dialética. São Paulo, Edipo, 1951.


*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*




*Espiritismo Comparado* KANT, HEGEL E ESPIRITISMO*

*Espiritismo Comparado*


*KANT, HEGEL E ESPIRITISMO*

O horizonte histórico vivenciado por Kant é marcado pela independência americana e a Revolução Francesa. Sua filosofia está na confluência do racionalismo, do empirismo inglês (Hume) e da ciência físico-matemática de Newton. À Hegel, acrescentam-se o idealismo e criticismo kantiano.

A base da filosofia de Kant (1724-1804) está na teoria do conhecimento. Deseja saber, mas sem erro. Para tanto, elabora-a na relação entre os juízos sintéticos “a priori” e os juízos sintéticos “a posteriori”. Aos primeiros, chama-os puros, que caberia à matemática desvendá-los; aos segundos, de fenômenos, influenciados pela percepção sensorial. Nesse sentido, o idealismo e o criticismo kantiano nada mais são do que seus próprios esforços para aproximar o fenômeno à “coisa em si”.

O ponto central da filosofia de Hegel (1770-1831) encontra-se na dialética da idéia. Herda, para a construção de sua teoria, os pensamentos de Heráclito, Aristóteles, Descartes, Kant, Espinosa, Fichte e Schelling. Parte da Tese - Ser, pura potencialidade, o qual deve se manifestar na realidade através da Antítese - Não-Ser. Na contradição entre tese e antítese surge a Síntese - Vir-a-Ser. Esse raciocínio é aplicado tanto à aquisição de conhecimento quanto à explicação dos processos históricos e políticos.

Os juízos “a priori”, os juízos “a posteriori” e a crítica da razão pura, em Kant equivalem, respectivamente, à noção de alma, de matéria e a crítica da fé, em Kardec. Kant, para demonstrar a relação entre “a coisa em si” e o fenômeno, comete o pecado de não submeter à razão a metafísica. Com isso separa a matéria do espírito. Kardec, instruído pelos Espíritos, não divide a realidade em duas partes. Ao contrário, esclarece-nos que as leis naturais, físicas, psíquicas, morais ou metafísicas são todas leis de Deus e formam o conteúdo monista do Universo.

A dialética da idéia de Hegel pode ser comparada à evolução do princípio espiritual através da matéria, em Kardec. De acordo com Hegel, o espírito evolui, passando por sucessivas sínteses, tal qual o desenvolvimento de uma planta: semente, botão, fruto, novamente semente, ... De acordo com Kardec, os Espíritos são criados simples e ignorantes e, em cada reino da natureza, vão potencializando virtudes, até atingirem o estado de Espíritos puros, quando, então, não terão necessidade de reencarnar novamente.

Uma reflexão sobre Kant e Hegel é sumamente valiosa. Contudo, convém não nos esquecermos de que vão até certo limite. A partir daí, o Espiritismo caminha sozinho, principalmente, quando trata da mediunidade e da natureza espiritual.

Fonte de Consulta

SÃO MARCOS, M. P. Noções de História da Filosofia. São Paulo, FEESP, 1993.

PIRES, J. H. Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo, Paidéia, 1983.


*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*




*Espiritismo Comparado*


LEI DE DESTRUIÇÃO E ESPIRITISMO


A destruição é uma lei natural, porque precisamos renovar a espécie. Se mantivéssemos eternamente o nosso corpo físico, não haveria o melhoramento dos seres vivos. Para que haja equilíbrio ecológico, uma espécie destrói a outra para sobreviver. A destruição recíproca dos seres vivos é, dentre as leis da Natureza, uma das que, à primeira vista, menos parecem conciliar-se com a bondade de Deus. Contudo, um exame mais acurado mostra a grandeza do Criador.

Pergunta-se: Por que Deus criou a necessidade de os seres se destruírem mutuamente, para se alimentarem uns à custa dos outros. É que o homem, como inteligência finita, não consegue abarcar a Inteligência Infinita de Deus. Contudo, o homem evoluído sabe que a verdadeira vida, tanto do animal quanto dele próprio, não está no invólucro corporal e sim no Princípio Inteligente, que preexiste e sobrevive ao corpo. Assim, para se nutrirem, os seres vivos destroem-se entre si, mas única e exclusivamente para obedecer ao equilíbrio natural, decorrente das Leis de Conservação e de Destruição conjugadas.

O equilíbrio ecológico se dá através da eliminação das espécies inferiores. No final do ciclo de destruição está o homem, com sua inteligência, a eliminar os animais menores. A destruição que ultrapassa os limites das necessidades e da segurança mostra a predominância da bestialidade sobre a natureza espiritual. Toda a destruição que ultrapassa os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais não destroem mais do que necessitam, mas o homem, que tem o livre-arbítrio, destrói sem necessidade.

Os flagelos destruidores fazem a civilização caminhar em poucos anos o que levaria séculos para conseguir sem a prática da Lei do Amor. No entanto, os homens de bem que sucumbem aos flagelos (terremotos, maremotos, inundações etc.) não sofrem como os maus, pois, dada sua condição evolutiva superior, a perda de uma veste, como o corpo, não tem a mesma importância que para um materialista ou para aquele mais apegado à natureza animal.

As guerras, o assassínio, a crueldade, o duelo e a pena de morte ainda perduram nos dias de hoje porque há a predominância da natureza animal sobre a espiritual. Quando a humanidade estiver mais evoluída moralmente, ela acabará por entender que todos somos irmãos uns dos outros. Aprenderá que a morte de um inimigo elimina apenas a veste física; a sua alma continua intacta no mundo espiritual. Ainda: caso tenha guardado muito ódio em seu coração, passará a nos obsedar mais freqüentemente.

Saibamos usar os bens naturais de forma conservativa, isto é, sem alterar substancialmente o equilíbrio cósmico. Para isso, conjuguemos serenamente a Lei de Conservação e a Lei de Destruição, a fim de atingirmos o equilibro entre o Espírito e a matéria.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.


*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*






domingo, 22 de janeiro de 2017

*Espiritismo Comparado*


*INFÂNCIA, JUVENTUDE E ESPIRITISMO*


A Psicologia, ciência que se baseia em dados de observação anotou, através de suas inúmeras pesquisas, diversos traços característicos de cada etapa do desenvolvimento da personalidade. Lembrar de alguns deles é útil para a compreensão da dimensão física, psíquica, social e espiritual do ser humano.

A infância é uma fase de preparação da personalidade. Contrariamente aos animais, o bebê da raça humana possui poucas capacidades inatas. Nos primeiros meses a criança não percebe ainda as formas precisas dos seres, nem as distâncias das coisas, nem as cores diversificadas, mas já tem o “sorriso social”, uma espécie de instinto ao entrar em contato com qualquer pessoa. Em seus traços característicos, predominam: a) egocentrismo (geral e não pejorativo); b) ênfase ao concreto em contrapartida ao abstrato; c) não possuidora do conhecimento de si mesmo; d) nível baixo de atenção e de concentração; e) desejo de permanecer num estado de despreocupada liberdade.

A infância, no âmbito Doutrina Espírita, é o período propício para se moldar o caráter e a personalidade do Espírito reencarnante. Dada sua fragilidade física (corpo tênue), o Espírito que ali habita não pode expressar todo o seu temperamento, todas as suas tendências. Se, por um acaso, foi rebelde em outras vidas, pode ser modificado com os atos educativos de seus progenitores. É por esta razão que o Espírito Emmanuel orienta-nos que a educação da criança não deveria começar quando ela vem à luz, mas no ato da concepção.

A juventude ou adolescência, período que vai dos 14 aos 24 anos (variando para cada cultura) apresenta também os seus característicos. Do ponto de vista biológico, começa uma série de fenômenos físico-químicos em algumas glândulas de secreção interna, principalmente a hipófise, mais especificamente a adeno-hipófise. Do ponto de vista psicológico, há imposição e adaptação às normas culturais de um grupo, em que são veiculadas as preocupações com o sexo, o emprego, a constituição da família, a paternidade etc.

No âmbito da Doutrina Espírita, a juventude ou adolescência, período em que o Espírito reencarnante vai adquirindo a sua verdadeira personalidade, deve ser dotado do maior cuidado por parte dos pais e educadores. A situação reveste-se ainda de maior gravidade, caso tenha havido um relaxamento na fase infantil. É que o Espírito que ali habita é um Espírito velho; apenas toma um corpo ainda em formação, mas ele, o Espírito, pode ter vivido muito mais tempo, inclusive mais do que os próprios pais.

Embora não sejamos compreendidos no momento presente, procuremos sempre dar bons exemplos. Estes ficam gravados no subconsciente daqueles que convivem conosco e, quando menos esperarmos, eles os estarão praticando sem perceber.



*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*





sábado, 21 de janeiro de 2017

*HERESIA E ESPIRITISMO* *Espiritismo Comparado*

*Espiritismo Comparado*


*HERESIA E ESPIRITISMO*

E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós”. (Paulo, I Coríntios, 11,19)

Heresia (do grego hairesis, hairen) significa escolha. Na época helenística tinha o sentido de doutrina ou escolha. Com o advento do cristianismo, a palavra recebeu uma conotação pejorativa de “doutrina que está fora da Igreja”, ou seja, contrária aos princípios da fé cristã. Pode-se dizer que é a doutrina contrária à ortodoxia de uma fé religiosa, condenada pela Igreja dessa Fé.

A história das heresias – uma das mais revoltantes – apresenta-se de três modos: 1) Heresias da Igreja Primitiva, que se prendem a especulações filosóficas e teológicas sobre os dogmas cristãos (Santíssima Trindade e natureza de Cristo); 2) Heresias da Baixa Idade Média, que se relacionam com uma nova visão ética da Igreja e do cristianismo; 3) Heresias Modernas, que procuram acomodar e mesmo adaptar a verdade cristã imutável ao espírito transitório dos séculos.

A heresia tem íntima relação com a ortodoxia. Os movimentos religiosos, políticos e sociais começam primeiramente com uma rebelião, uma heresia, para depois se tornarem ortodoxia. Nesse sentido, o grande problema do ser humano consiste em conciliar heresia com ortodoxia. Por que? Porque o ser humano é adepto do menor esforço: descoberta uma verdade, ele não se inflama em buscar novas verdades. Procura, sim, viver no conforto que essa descoberta recente lhe trouxe. Observemos a história da humanidade: quantos não foram queimados vivos, porque as suas idéias discordavam do status quo?

A Doutrina Espírita é evolucionista. Allan Kardec, no capitulo 1 de A Gênese, diz: “O Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto; se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.” Baseando-se nessa afirmação, o espírita sincero nunca deverá adotar uma ortodoxia rígida. Ele deve seguir os princípios doutrinários, porém jamais transformá-los em dogma ou preconceito.

É perda de tempo ficar criticando religiões ou excomungando os seus adeptos. Todas são parcelas de uma verdade maior. Tenhamos, sim, uma mente aberta para verificarmos que uma religião constituída não salva ninguém. Ela pode nos ajudar, mas não fará por nós o trabalho de direcionar, para o bem, os nossos pensamentos, palavras e atos. Aquele que procura conhecer-se a si mesmo não tem tempo de se preocupar com as imperfeições alheias. Olhemos a trave que está em nosso olho e não o cisco que se encontra no olho do nosso vizinho.

O Espiritismo é o farol da liberdade. Libertemo-nos, assim, de tudo o que envolver o erro, a mentira e a dependência. Esta é a verdadeira heresia espírita.




*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*





*Espiritismo Comparado**GÊNESE E ESPIRITISMO*

*Espiritismo Comparado*


*GÊNESE E ESPIRITISMO*

A inquietação do homem leva-o a perquirir sobre a origem da vida e do universo. A Bíblia e a Ciência fornecem-nos algumas explicações. Nosso propósito e analisá-las sob a ótica da Doutrina dos Espíritos.

Segundo a Bíblia, no princípio dos tempos Deus criou, simultaneamente, todas as plantas e animais superiores, a partir da matéria inerte. Deus, do pó da terra, forma o primeiro homem - Adão -, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Retira-lhe uma de suas costelas e cria a Eva. Esta é tentada pela serpente e come, juntamente, com Adão o fruto proibido - a maçã. Literalmente considerada esta noção é mitológica e antropomórfica. Dá-se a impressão que Deus é um ceramista que manuseia os seres criados por Ele.

Segundo a Ciência, a vida é o resultado de uma complexa evolução que durou uma centena de milhões de anos. Sua origem nos é infensa. Contudo, estabelece algumas hipóteses sobre o começo. Dentre as hipóteses aventadas, a mais aceite pelos cientistas é a de que a vida se originou a partir da formação do protoplasma, matéria elementar das células vivas. O protoplasma evolui para as bactérias, vírus, amebas, algas, plantas, animais até chegar à formação do homem.

Segundo o Espiritismo, a vida, também, é o resultado desta complexa evolução comprovada pela Ciência. Allan Kardec em A Gênese, André Luiz em Evolução em Dois Mundos e Emmanuel em A Caminho da Luz atestam para a formação da camada gelatinosa, depois das altas temperaturas e resfriamento pelo qual passou o nosso planeta, na época de sua constituição, há cinco bilhões de anos. Há o aparecimento do protoplasma e toda a cadeia evolutiva. A diferença entre Ciência e Espiritismo é que o segundo faz intervir a ação dos Espíritos no processo de evolução.

Os Espíritos, para o Espiritismo, foram criados simples e ignorantes com a determinação de se tornarem perfeitos. Para isso necessitam do contato com a matéria. André Luiz em Evolução em Dois Mundos cita que o princípio inteligente estagiando na ameba adquire os primeiros automatismos do tato; nos animais aquáticos, o olfato; nas plantas, o gosto; nos animais, a linguagem. Hoje somos o resultado de todos os automatismos adquiridos nos vários reinos da natureza. Assim, no reino mineral adquirimos a atração; no reino vegetal, a sensação; no reino animal, o instinto; no reino hominal, o livre-arbítrio, o pensamento contínuo e a razão.

Allan Kardec, no capítulo XII de A Gênese, esclarece-nos com precisão a linguagem figurada da Bíblia. Adão e Eva não seria o primeiro e único casal, mas a personificação de uma raça, denominada adâmica; a serpente é o desejo da mulher de conhecer as coisas ocultas, suscitado pelo espírito de adivinhação; a maçã consubstancia os desejos materiais da humanidade.

A busca do conhecimento nas obras básicas e complementares da Doutrina Espírita auxilia o nosso pensamento na descoberta da verdade. Empenhemo-nos, pois, neste estudo comparativo, se quisermos ter uma visão mais ampla e profunda do Espiritismo.

Fonte de Consulta

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.


*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*




sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

ESTUDO *CAPÍTULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA - (ITENS DE 11 À 18)*

*ESTUDO* 

*CAPÍTULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA - (ITENS DE 11 À 18)*


11. - Importante revelação se opera na época atual e mostra a possibilidade de nos comunicarmos com os seres do mundo espiritual. Não é novo, sem dúvida, esse conhecimento; mas ficara até aos nossos dias, de certo modo, como letra morta, isto é, sem proveito para a Humanidade A ignorância das leis que regem essas relações o abafara sob a superstição; o homem era incapaz de tirar daí qualquer dedução salutar; estava reservado à nossa época desembaraçá-lo dos acessórios ridículos, compreender-lhe o alcance e fazer surgir a luz destinada a clarear o caminho do futuro.

12. - O Espiritismo, dando-nos a conhecer o mundo invisível que nos cerca e no meio do qual vivíamos sem o suspeitarmos, assim como as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte, é uma verdadeira revelação, na acepção científica da palavra.

13. - Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica. Participa da primeira, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las. Participa da segunda, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.

14. - Como meio de elaboração, o Espiritismo procede exatamente da mesma forma que as ciências positivas, aplicando o método experimental. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas; ele os observa, compara, analisa e, remontando dos efeitos às causas, chega à lei que os rege; depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as aplicações úteis. Não estabeleceu nenhuma teoria preconcebida; assim, não apresentou como hipóteses a existência e a intervenção dos Espíritos, nem o perispírito, nem a reencarnação, nem qualquer dos princípios da doutrina; concluiu pela existência dos Espíritos, quando essa existência ressaltou evidente da observação dos fatos, procedendo de igual maneira quanto aos outros princípios. Não foram os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria: a teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação. As ciências só fizeram progressos importantes depois que seus estudos se basearam sobre o método experimental; até então, acreditou-se que esse método também só era aplicável à matéria, ao passo que o é também às coisas metafísicas.

15. - Citemos um exemplo. Passa-se no mundo dos Espíritos um fato muito singular, de que seguramente ninguém houvera suspeitado: o de haver Espíritos que se não consideram mortos. Pois bem, os Espíritos superiores, que conhecem perfeitamente esse fato, não vieram dizer antecipadamente: «Há Espíritos que julgam viver ainda a vida terrestre, que conservam seus gostos, costumes e instintos.» Provocaram a manifestação de Espíritos desta categoria para que os observássemos. Tendo-se visto Espíritos incertos quanto ao seu estado, ou afirmando ainda serem deste mundo, julgando-se aplicados às suas ocupações ordinárias, deduziu-se a regra. A multiplicidade de fatos análogos demonstrou que o caso não era excepcional, que constituía uma das fases da vida espírita; pode-se então estudar todas as variedades e as causas de tão singular ilusão, reconhecer que tal situação é sobretudo própria de Espíritos pouco adiantados moralmente e peculiar a certos gêneros de morte; que é temporária, podendo, todavia, durar semanas, meses e anos. Foi assim que a teoria nasceu da observação. O mesmo se deu com relação a todos os outros princípios da doutrina.

16. - Assim como a Ciência propriamente dita tem por objeto o estudo das leis do princípio material, o objeto especial do Espiritismo é o conhecimento das leis do principio espiritual. Ora, como este último principio é uma das forças da Natureza, a reagir incessantemente sobre o principio material e reciprocamente, segue-se que o conhecimento de um não pode estar completo sem o conhecimento do outro. O Espiritismo e a Ciência se completam reciprocamente; a Ciência, sem o Espiritismo, se acha na impossibilidade de explicar certos fenômenos só pelas leis da matéria; ao Espiritismo, sem a Ciência, faltariam apoio e comprovação. O estudo das leis da matéria tinha que preceder o da espiritualidade, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos. Se o Espiritismo tivesse vindo antes das descobertas científicas, teria abortado, como tudo quanto surge antes do tempo.

17. - Todas as ciências se encadeiam e sucedem numa ordem racional; nascem umas das outras, à proporção que acham ponto de apoio nas idéias e conhecimentos anteriores. A Astronomia, uma das primeiras cultivadas, conservou os erros da infância, até ao momento em que a Física veio revelar a lei das forças dos agentes naturais; a Química, nada podendo sem a Física, teve de acompanhá-la de perto, para depois marcharem ambas de acordo, amparando-se uma à outra. A Anatomia, a Fisiologia, a Zoologia, a Botânica, a Mineralogia, só se tornaram ciências sérias com o auxílio das luzes que lhes trouxeram a Física e a Química. À Geologia nascida ontem, sem a Astronomia, a Física, a Química e todas as outras, teriam faltado elementos de vitalidade; ela só podia vir depois daquelas.

18. - A Ciência moderna abandonou os quatro elementos primitivos dos antigos e, de observação em observação, chegou à concepção de um só elemento gerador de todas as transformações da matéria; mas, a matéria, por si só, é inerte; carecendo de vida, de pensamento, de sentimento, precisa estar unida ao principio espiritual. O Espiritismo não descobriu, nem inventou este princípio; mas, foi o primeiro a demonstrar-lhe, por provas inconcussas, a existência; estudou-o, analisou-o e tornou-lhe evidente a ação. Ao elemento material, juntou ele o elemento espiritual. Elemento material e elemento espiritual, esses os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza. Pela união indissolúvel deles, facilmente se explica uma multidão de fatos até então inexplicáveis.(1) O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências; só podia, portanto, vir depois da elaboração delas; nasceu pela força mesma das coisas, pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.

****************************************

(1) A palavra elemento não é empregada aqui no sentido de corpo simples, elementar, de moléculas primitivas, mas no de parte constitutiva do um todo. Neste sentido, pode dizerse que o elemento espiritual tem parte ativa na economia do Universo, como se diz que o elemento civil e o elemento militar figuram no cálculo de uma população; que o elemento religioso entra na educação; ou que na Argélia existem o elemento árabe e o elemento europeu.




======================================================================= 

*QUESTÕES PARA ESTUDO* 

*CAPÍTULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA - (ITENS DE 11 À 18)*

*POR QUE O ESPIRITISMO PODE SER CONSIDERADO UMA REVELAÇÃO CIENTÍFICA?*

R.: - Além de uma revelação divina, o Espiritismo é também uma revelação científica por terem seus ensinamentos sido recebidos através de um trabalho de observação e de pesquisa realizado por Allan Kardec. Sua doutrina não foi ditada completa nem impingida como crença cega. Ao contrário, é deduzida pelo trabalho de observação dos fatos, tendo se submetido à experimentação os ensinamentos e instruções que os Espíritos Superiores transmitiram. Caracteriza-se, ainda, como revelação científica, por dar a conhecer à humanidade o mundo invisível que a cerca e no meio do qual vive sem que o suspeitasse, assim como as leis que o regem, suas relações com o mundo visível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte. É, portanto, uma verdadeira revelação, na acepção científica da palavra.


*QUAL O CARÁTER DIVINO DA REVELAÇÃO ESPÍRITA?*

R.: - O Espiritismo é uma revelação divina por ter o seu surgimento resultado da ação da Providência de Deus e não da iniciativa ou desígnio de um homem. Os seus ensinamentos foram dados a conhecer pelos Espíritos Superiores, sob a égide de Jesus e encarregados por Deus de esclarecer os homens sobre coisas que eles ignoravam e que não tinham condições de aprender por si mesmos.


*HÁ SEMELHANÇA ENTRE O MÉTODO DE ELABORAÇÃO DO ESPIRITISMO E DAS CIÊNCIAS POSITIVAS?*

R.: - O método de elaboração utilizado por Kardec para codificar o Espiritismo foi exatamente o mesmo que é usado pelas ciências positivas. Fatos novos se apresentam, que não podem ser explicados pelas leis conhecidas, são observados, comparados, analisados e, remontando dos efeitos às causas, chega-se à lei que os rege. Depois, deduz-lhes as conseqüências e busca as aplicações úteis. Não foram, portanto, os fatos que vieram a posteriori confirmar a teoria. A teoria é que veio subsequentemente explicar e resumir os fatos. É, pois, rigorosamente exato dizer-se que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação, elaborado pelo mesmo método experimental, que se aplica não apenas à matéria, mas, igualmente, às questões metafísicas.


*QUAL A IMPORTÂNCIA DESTAS CIÊNCIAS PARA O ADVENTO DO ESPIRITISMO?*

R.: - O Espiritismo e as Ciências positivas se completam reciprocamente. Sem os conhecimentos trazidos pelo Espiritismo, a Ciência acha-se impossibilitada de explicar certos fenômenos, utilizando-se apenas as leis da matéria. O Espiritismo, por sua vez, sem a Ciência, não encontraria apoio nem comprovação para muitos dos fenômenos que explica. Por essa razão, o estudo das leis da matéria tinha que preceder o das leis que regem o mundo espiritual, porque a matéria é que primeiro fere os sentidos.

O Espiritismo, tendo por objeto o estudo de um dos elementos constitutivos do Universo, toca forçosamente na maior parte das ciências. Só podia, portanto, vir depois da elaboração delas, pela força mesma das coisas e pela impossibilidade de tudo se explicar com o auxílio apenas das leis da matéria.




=======================================================================

*CONCLUSÃO DO ESTUDO* 

*CAPÍTULO I - CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA - (ITENS DE 11 À 18)*


É antigo o conhecimento da possibilidade de nos comunicarmos com os seres do mundo espiritual. No entanto, até o surgimento do Espiritismo, esse conhecimento ficou sem proveito para a Humanidade. A ignorância das leis que regem as relações entre esses dois planos levou o homem à superstição, incapaz de tirar daí qualquer dedução salutar. Estava reservado ao Espiritismo desembaraçá-lo de crenças ridículas, fazendo surgir a luz destinada a clarear-lhe o caminho do futuro. Por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: divino e científico. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.

=======================================================================




*Espiritismo Comparado* *FIM DO MUNDO E ESPIRITISMO*

*Espiritismo Comparado*


*FIM DO MUNDO E ESPIRITISMO*


De tempos em tempos surgem os boatos acerca do fim do mundo. Basta aproximarmo-nos do fim de um século, que as profecias aparecem a mancheias. Hoje, em virtude de estarmos nos aproximando não só do final do século mas também do milênio, essa onda vem com mais intensidade. Tudo isso decorre da capacidade fabuladora e criadora do ser humano.

No Antigo Testamento, a ideia de fim de Mundo mostra que a Terra perecerá "por fogo". Será o último acontecimento do universo (Ressurreição dos mortos e Juízo Final), e logo terá início um "novo céu e uma nova terra", onde habitarão os bem-aventurados. Isto constitui um aspecto do messianismo sem ultrapassar os limites do quadro nacional hebraico. Estava reservado ao cristianismo dar-lhe alcance universal. Jesus fala muitas vezes do tempo em que "passarão o céu e a terra" e apresenta a "consumação dos séculos" sob o aspecto positivo de uma "regeneração" cujo ponto culminante é o aparecimento do Filho do homem (Mat., XXIV, Marc., XIII, Luc. XXI).

A Bíblia faz alusão ao término pelo fogo, a Ciência vem nos dizer que o mundo acabará pelo frio. Quem está certo e quem está errado? Os cientistas procuram dar uma explicação racional. De acordo com os seus estudos, o Sol deverá diminuir a intensidade de sua luz, de sua energia. Quando isso se der, tornar-se-á impossível a vida no Planeta Terra. Embora seja uma hipótese plausível, isto demorará muito tempo. Os Astrônomos, por exemplo, dizem que a terra durará mais 3,5 bilhões de anos.

A questão do fim do mundo é uma questão de concepção de mundo. Se formos religiosos dogmáticos acreditaremos piamente nas citações bíblicas; se formos cientistas, apenas na ciência. Mas há muitos que não acreditam nem na ciência e nem na religião. Formam a sua própria doutrina, guiados apenas pela pretensa força sobrenatural. Pregam o abandono dos familiares, a venda de todos os bens etc. Contudo, o fiel adepto da verdade não se abala nem com a frieza da ciência e nem com o malabarismo dos pseudoprofetas. A experiência lhe mostra que essas ondas vêm e passam e a vida continua intrépida e resoluta.

Allan Kardec, no cap. IX, itens 13 e 14 de A Gênese, fala-nos que o Planeta Terra já teve as convulsões próprias da sua infância; entrou agora num período de relativa estabilidade. Como o fim da Terra permanece no domínio das conjecturas, afirma ele que a Terra não acabará ao nosso tempo, pois está longe da perfeição que deve alcançar. Da mesma forma são os seus habitantes. As transformações, salientadas na Bíblia, são de ordem exclusivamente moral. Até que a humanidade alcance a perfeição, pela inteligência e pela observância das leis divinas, as maiores perturbações ainda serão causados pelos homens mais do que pela natureza, isto é, serão antes morais e sociais do que físicas.

Estejamos sempre alerta. Não permitamos que as ondas passageiras possam perturbar a serenidade de nosso Espírito imortal.

Fonte de Consulta

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.


*ARTIGOS DE SÉRGIO BIAGI GREGÓRIO*