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segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O CÉU E O INFERNO - 008 1a. parte/Capítulo IV: O Inferno (itens 9 a 15) - Resumo

O CÉU E O INFERNO - 008

1a. parte/Capítulo IV: O Inferno (itens 9 a 15) - Resumo

9. - O conhecimento do inferno pagão nos é fornecido quase exclusivamente pela narrativa dos poetas, devendo, contudo, levar-se em conta as necessidades poéticas impostas à forma. A descrição de Fénelon, no Telêmaco tem a simplicidade mais concisa da prosa. Descrevendo o aspecto lúgubre dos lugares, preocupa-se, principalmente, em realçar o gênero de sofrimento dos culpados,  estendendo-se sobre a sorte dos maus reis com vista à instrução do seu régio discípulo. Acreditamos de utilidade reproduzir os tópicos que mais diretamente interessam ao nosso assunto, Isto é, os que se referem especialmente às penas individuais.

10. _ Anexo I

11. - A opinião dos teólogos sobre o inferno resume-se nas seguintes citações. Esta descrição, sendo tomada dos autores sagrados e da vida dos santos, pode tanto melhor ser considerada como expressão da fé ortodoxa na matéria, quanto é ela reproduzida a cada instante, com pequenas variantes, nos sermões do púlpito evangélico e nas instruções pastorais.

12. _ Anexo II

13. O Autor (do texto do Anexo II) acompanha esse quadro com seguintes reflexões, cujo alcance procuraremos cada qual compreender: "A ressurreição dos corpos é um milagre, mas Deus faz ainda um segundo milagre, dando a esses corpos mortais - já uma vez usados pelas passageiras provas da vida, já uma vez aniquilados - a virtude de subsistirem sem se dissolverem numa fornalha, onde se volatilizariam os próprios metais._

"Os teólogos supõem, portanto, que Deus opera, efetivamente, após a ressurreição dos corpos, esse milagre de que falamos. Que em primeiro lugar tira dos sepulcros, que os devoravam, os nossos corpos de barro; depois, a esses corpos raquíticos, prontos a voltarem ao pó donde saíram, outorga propriedades que nunca tiveram - a imortalidade. A ressurreição não nos restabelece, pois, nem nas condições físicas do homem inocente, nem nas do culpado, sendo antes uma ressurreição das nossas misérias somente, mas com um acréscimo de misérias novas, infinitamente mais horríveis._

"É, de alguma sorte, uma verdadeira criação, e a mais maliciosa que a imaginação tenha, porventura, ousado conceber. Deus muda de parecer, e, para ajuntar aos tormentos espirituais dos pecadores tormentos carnais que possam durar eternamente, transforma de súbito, por efeito do seu poder, as leis e propriedades por Ele mesmo estabelecidas de princípio aos compostos materiais._

"Era pouco aparentemente o abandono, depois da morte, à tristeza, ao arrependimento, às angústias de uma alma que sente perdido o bem supremo._

14. - Dissemos, e com razão, que o inferno dos cristãos excedera o dos pagãos. Efetivamente, no Tártaro vêem-se culpados torturados pelo remorso, ante suas vítimas e seus crimes, acabrunhados por aqueles que espezinharam na vida terrestre; vemo-los fugirem à luz que os penetra, procurando em vão esconderem-se aos olhares que os perseguem; aí o orgulho é abatido e humilhado, trazendo todos o estigma do seu passado, punidos pelas próprias faltas, a ponto tal que, para alguns, basta entregá-los a si mesmos sem ser preciso aumentar-lhes os castigos. Contudo, são sombras, isto é, almas com corpos fluídicos, imagens da sua vida terrestre; lá não se vê os homens retomarem o corpo carnal para sofrer materialmente, com fogo a penetrar-lhes a pele, saturando-os até à medula dos ossos. Tampouco se vê o requinte das torturas que constituem o fundo do inferno cristão. Juizes inflexíveis, porém justos, proferem a sentença proporcional ao delito, ao passo que no império de Satã são todos confundidos nas mesmas torturas, com a materialidade por base, e banida toda e qualquer equidade.

Incontestavelmente, há hoje, no selo da Igreja mesma, muitos homens sensatos que não admitem essas coisas à risca, vendo nelas antes simples alegorias cujo sentido convém interpretar.

15. - Poderíamos perguntar como há homens que têm conseguido ver essas coisas em êxtase, se elas de fato não existem. Não cabe aqui explicar a origem das imagens fantásticas, tantas vezes reproduzidas com visos de realidade. Diremos apenas ser preciso considerar, em principio, que o êxtase é a mais incerta de todas as revelações. Os extáticos de todos os cultos sempre viram coisas em relação com a fé de que se presumem penetrados, não sendo, pois, extraordinário que Santa Teresa e outros, tal qual ela saturados de idéias infernais pelas descrições, verbais ou escritas, hajam tido visões, que não são, propriamente falando, mais que reproduções por efeito de um pesadelo. Um pagão fanático teria antes visto o Tártaro e as Fúrias, ou Júpiter, no Olimpo, empunhando o raio.

Questões para estudo:

Kardec encerra este capítulo mostrando descrições dos infernos pagão e cristão, novamente comparando-os e reafirmando a impossibilidade material e moral da existência de ambos.

1) De que forma os cristãos são atualmente influenciados pelas idéias teológicas a respeito do inferno?

2) Como podemos explicar que inúmeras pessoas, algumas tornadas santos da Igreja_, façam descrições literais do inferno?

3) Faça uma comparação dos inferno cristão com as revelações espíritas sobre os planos espirituais inferiores.

Paz a todos e um bom estudo!

Conclusão:

1) De que forma os cristãos são atualmente influenciados pelas idéias teológicas a respeito do inferno?

Mesmo que as idéias mitológicas a respeito do inferno estejam perdendo terreno, devido à racionalidade com que o assunto vem sendo tratado, o caráter punitivo, a necessidade de _salvação_ em relação à penas que seriam eternas, a valorização da culpa ao invés da reparação, a existência de seres infernais dedicados ao mal, entre tantas outras idéias, ainda perturbam e desorientação muitas pessoas, que, sem uma noção mais clara a respeito do que acontece após a morte do corpo, criam ilusões e fantasias das quais demoram a recuperar-se.

2) Como podemos explicar que inúmeras pessoas, algumas tornadas santos da Igreja, façam descrições literais do inferno?

Porque nos momentos que entraram em êxtase, com parcial desprendimento da alma, entram em contato com ambiente e locais dos planos espirituais inferiores e interpretaram suas visões conforme  suas crenças e preocupações.

3) Faça uma comparação do inferno cristão com as revelações espíritas sobre os planos espirituais inferiores.

Os sofrimentos  que  passam os nossos irmãos nos planos inferiores são sofrimentos morais, reflexos da consciência culpada e do remorso que corrói. Esse não é o estado permanente do espírito. Será chegado o momento que, cansado de habitar nesse vale de sofrimento, procurará ajuda. Se isso não acontece, irmãos abnegados irão ao seu encontro auxiliá-lo no caminho evolutivo. Assim, os sofrimentos não são eternos, ainda que o pareçam para aqueles que os sofrem, e cabe a cada um livrar-se desta condição de sofrimento.

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