nl07_15
CVDEE
- Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo
Estudo
das obras de André Luiz
Coordenadores:
Sérgio e Lu
Livro:
Ação e Reação
Capítulo:
15
Assunto:
Anotações oportunas
Estudo
- Texto
15 -
Anotações oportunas
Os
problemas do lar de Ildeu ofereciam-nos ensanchas a preciosos estudos no
terreno puro da alma.
Em razão
disso, de volta à Mansão em companhia do Assistente, valiamo-nos do tempo para
buscar-lhe a opinião clara e sensata, acerca de momentosas questões que nos
esfervilhavam a mente.
Hilário
foi o primeiro a quebrar a longa pausa, indagando:
- Meu
caro Silas, não temos ali, no caso de Roberto e Marcela, um quadro autêntico do
chamado complexo de Édipo, que a psicanálise freudiana pretende encontrar na
psicologia infantil?
Nosso
amigo sorriu e obtemperou:
- O
grande médico austríaco poderia ter atingido respeitáveis culminâncias do
espírito, se houvesse descerrado uma porta aos estudos da lei de reencarnação.
Infelizmente,
porém, atento à pragmática científica, não teve bastante coragem para
ultrapassar a observação do campo fisiológico, rigidamente considerado, imobilizando-se,
por isso, nas zonas obscuras da inconsciência, em que o "eu"
enclausura as experiências que realiza, automatizando os próprios impulsos.
Marcela e Roberto não poderiam trair, na condição de mãe e filho, as simpatias
carreadas do pretérito ao presente, tanto quanto Ildeu, Sônia e Márcia não
conseguiriam fugir à predileção que os ligava desde o passado. O problema é de
afinidade em sua estrutura essencial. Afinidade com dívidas, exigindo resgate.
Lembrei-me,
então, dos exageros que podemos atribuir à teoria da libido, a energia através
da qual, segundo a escola de Freud, o instinto sexual se revela na mente, e
teci alguns comentários alusivos ao assunto, detendo-me, de maneira especial,
na amnésia infantil, a que o famoso cientista empresta a maior importância para
explicar as operações do inconsciente.
Silas,
atencioso, completou sem hesitar:
-
Bastaria compreender na encarnação terrestre um Espírito usando um corpo para
entender que as amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária entre
a alma e o instrumento de que se utiliza. Na infância, o "ego", em
processo de materialização, externará reminiscências e opiniões, simpatias e
desafetos, através de manifestações instintivas, a lhe entremostrarem o passado,
do qual mal se lembrará no futuro próximo, de vez que estará movimentando
a máquina cerebral em desenvolvimento, máquina essa que deverá servi-lo,
tão-só por algum tempo e para determinados fins, ocorrendo idêntica situação na
idade provecta, quando as palavras como que se desprendem dos quadros da
memória, traduzindo alterações do órgão do pensamento, modificado por desgaste.
- E a
tese da libido como fome sexual característica em todos os viventes? -
insisti, curioso.
- Freud
- considerou Silas - deve ser louvado pelo desassombro com que empreendeu
a viagem aos mais recônditos labirintos da alma humana, para descobrir as
chagas do sentimento e diagnosticá-las com o discernimento Possível.
Entretanto, não pode ser rigorosamente aprovado, quando pretendeu, de
certo modo, explicar o campo emotivo das criaturas pela medida
absoluta das sensações eróticas.
Confiou-se
o Assistente a ligeira pausa e prosseguiu:
-
Criação, vida e sexo são temas que se identificam essencialmente entre si,
perdendo-se em suas origens no seio da Sabedoria Divina. Por isso, estamos
longe de padronizá-los em definições técnicas, inamovíveis. Não podemos, dessa
forma, limitar às loucuras humanas a função do sexo, pois seríamos tão
insensatos quanto alguém que pretendesse estudar o Sol apenas por uma
réstia de luz filtrada pela fenda de um telhado. Examinado como força atuante
da vida, à face da criação incessante, o sexo, a rigor, palpitará em tudo,
desde a comunhão dos princípios subatômicos à atração dos astros, porque,
então, expressará força de amor, gerada pelo amor infinito de Deus. O
ajuste entre o oxigênio e o hidrogênio decorrerá desse princípio,
no plano químico, formando a água de que se alimenta a Natureza. O
movimento harmonioso do Sol, equilibrando a família dos mundos, na imensidade
sideral, além de nutrir-lhes a existência, resultará dessa mesma energia
no plano cósmico. E a própria influência do Cristo, que se deixou
crucificar em devotamento a nós outros, seus tutelados na Terra, para
fecundar de luz a nossa mente, com vistas à divina ressurreição, não
será, na essência, esse mesmo princípio, estampado no mais alto teor de
sublimação? O sexo, pois, não poderia ausentar-se do reino espiritual que
nos é conhecido, por ser de substância mental, determinando mentalmente as
formas em que se expressa. Representa, desse modo, não uma energia fixa
da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com
que ela trabalha a Natureza em que evolve, aprimorando a si mesma.
Apreciemo-la, assim, como sendo uma força do Criador na criatura,
destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida,
igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege os
destinos.
Hilário,
que ouvia atenciosamente as elucidações expostas, considerou:
-
Semelhante argumentação dá-nos a entender que a força sexual não se destina
simplesmente a gerar filhos...
Não me
calou agradavelmente a ponderação que julguei de todo inoportuna, ante a
elevação e a transcendentalidade a que Silas projetara o tema em estudo, mas
o Assistente sorriu bem-humorado e respondeu:
-
Hilário, meu amigo, na Terra, é vulgar a fixação do magno assunto no
equipamento genital do homem e da mulher.
Contudo,
é preciso não esquecer que mencionamos o sexo como força de amor nas bases da
vida, totalizando a glória da Criação. Foi ainda Segismundo Freud quem definiu
o objetivo do impulso sexual como procura de prazer... Sim, a assertiva é
respeitável, em nos reportando às experiências primárias do Espírito, no mundo físico;
entretanto, é indispensável dilatar a definição para arredá-la do campo
erótico em que foi circunscrita. Pela energia criadora do amor que assegura a
estabilidade de todo o Universo, a alma, em se aperfeiçoando, busca
sempre os prazeres mais nobres. Temos, assim, o prazer de ajudar,
de descobrir, de purificar, de redimir, de iluminar, de estudar, de
aprender, de elevar, de construir e toda uma infinidade de prazeres,
condizentes com os mais santificantes estágios do Espírito. Encontramos, desse
modo, almas que se amam profundamente, produzindo inestimáveis valores
para o engrandecimento do mundo, sem jamais se tocarem umas nas outras,
do ponto de vista fisiológico, embora permutem constantemente os raios
quintessenciados do amor para a edificação das obras a que se afeiçoam.
Sem dúvida, o lar digno, santuário em que a vida se manifesta, na formação de
corpos abençoados para a experiência da alma, é uma instituição
venerável, sobre a qual se concentram as atenções da Providência Divina;
entretanto, junto dele, dispomos igualmente das associações de
seres que se aglutinam uns aos outros, nos sentimentos mais puros, em
favor das obras da caridade e da educação.
As
faculdades do amor geram formas sublimes para a encarnação das almas na Terra,
mas também criam os tesouros da arte, as riquezas da indústria, as maravilhas
da Ciência, as fulgurações do progresso... E ninguém amealha os patrimônios da
evolução a sós. Em todas as empresas do acrisolamento moral, surpreendemos
Espíritos afins que se buscam, reunindo as possibilidades que lhes são
próprias, na realização de empreendimentos que levantam a Humanidade, da
Terra para o Céu...
Após
breve pausa, acentuou:
- O
próprio Cristo, Nosso Senhor, para cimentar os alicerces do seu
apostolado de redenção, chamou a si os companheiros da Boa Nova que, embora a
princípio não lhe compreendessem a excelsitude, dele se fizeram apóstolos
intimoratos, selando com o Mestre Inesquecível um contrato de coração
para coração, por intermédio do qual lançaram os fundamentos do Reino de Deus
na Terra, numa obra de abnegação e sacrifício que constitui, até hoje, o
mais arrojado cometimento do amor no mundo.
Nesse
ponto das elucidações que lhe fluíam do verbo afetuoso, permitiu-se o
Assistente mais longo intervalo.
Percebendo,
porém, que estimaríamos ouvi-lo mais amplamente sobre o sexo, qual é
concebido entre os homens, de forma a enfileirar conclusões adequadas aos
nossos estudos de causa e efeito, voltou a dizer:
- Tais
considerações que expendemos, acerca de um tema assim tão vasto,
externando-nos do ângulo mais elevado que a nossa mente é suscetível de
abarcar, não nos dispensam do dever de exaltar a necessidade de
sublimação da experiência emotiva entre as criaturas. Sabemos que o sexo,
analisado na essência, é a soma das qualidades femininas ou masculinas
que caracterizam a mente, razão por que é imprescindível observá-lo, do
ponto de vista espiritual, enquadrando-o na esfera das concessões divinas
que nos cabe movimentar com respeito e rendimento na produção do bem.
Entendo
que vocês desejariam efetuar mais longa digressão educativa nesse
domínio, entretanto, cremos desnecessário minudenciar particularidades ao redor
do assunto, porque conhecem de sobejo que, quanto mais amplo o discernimento do
Espírito, mais imperiosas se lhe fazem as obrigações, perante a
vida. O sexo no corpo humano é assim como um altar de amor puro que não
podemos relegar à imundície, sob pena de praticar as mais espantosas
crueldades mentais, cujos efeitos nos seguem, invariáveis, depois do túmulo...
Meu
colega, que ardia no anseio de intensificar indagações, inquiriu,
respeitoso:
- Silas
amigo, assistimos no mundo a todo um acervo de conflitos sentimentais
que, por vezes, culminam em pavorosa delinqüência... Homens que renegam
os sagrados compromissos do lar, mulheres que desertam dos deveres nobilitantes
para com a família... Pais que abandonam os filhos... Mães que rejeitam
rebentos mal nascidos, quando os não assassinam covardemente... Tudo isso em
razão da sede dos prazeres sexuais que, não raro, lhes situam os passos
nas sendas tenebrosas do crime... Todas essas falhas acompanham o
Espírito, além da armadura de carne que a morte consome?
- Como
não? - respondeu o Assistente, tristonho. - Cada consciência é uma criação de
Deus e cada existência é um elo sagrado na corrente da vida em que
Deus palpita e se manifesta. Responderemos por todos os golpes destrutivos que
vibramos nos corações alheios e não nos permitiremos repouso
enquanto não consertarmos, valorosos, o serviço de reajuste.
Impressionado,
meu companheiro persistiu:
-
Imaginemos que um homem tenha conduzido uma jovem à comunhão sexual com
ele, à caça de mero prazer dos sentidos, prometendo-lhe matrimônio digno,
para abandoná-la vilmente ao próprio desencanto, depois de saciado em
seus desejos... A pobre criatura, desenganada, sem recursos
para refugiar-se no trabalho respeitável, entrega-se ao meretrício.
O homem é responsável pelos desatinos que a infelicitada companheira
venha a praticar, compreendendo-se que ele não terá marchado sozinho para
semelhante aventura?
- É
preciso reconhecer que todos responderemos pelos atos que efetuamos - explicou
o interlocutor contudo, no caso em foco, se o homem não é responsável pelos
delitos em que venha a falir a mulher desventurada, é ele, inegavelmente, o
autor da desdita em que ela se encontra. E, em desencarnando com o remorso da
traição praticada, quanto mais luz se lhe faça no entendimento mais agudo lhe
será o pesar de haver cometido a falta.
Trabalhará,
naturalmente, para levantá-la do abismo a que ela se arrojou por segui-lo,
confiante, e reconduzi-la-á à reencarnação, em cujos liames se demorará,
aceitando-a por esposa ou filha, de modo a entregar-lhe o puro amor prometido,
sofrendo para regenerar-lhe a mente em desequilíbrio e resgatando a sua
consciência entenebrecida pela culpa.
- Da
mesma forma - aduziu Hilário -, notamos na sociedade terrestre homens
arruinados por mulheres desleais que os precipitaram na criminalidade e no
vício...
- O
processo da reparação é absolutamente o mesmo. A mulher que lançou o
companheiro nas sombras do mal, em despertando à luz do bem, não descansará,
enquanto não o reerguer para a dignidade moral, diante das Leis de Deus.
Quantas mães vemos no mundo, engrandecidas pela dificuldade e pela renúncia,
morrendo cada dia, entre a aflição e o sacrifício, para cuidar de filhos
monstruosos que lhes torturam a alma e a carne? Em muitos desses quadros
terríveis e emocionantes, oculta-se, divino, o labor da regeneração que só o
tempo e a dor conseguem realizar.
- Tudo
isso, meu amigo - tornou Hilário com manifesta amargura -, nos obriga a
reconhecer que, nas falhas do campo genésico, temos a considerar, acima
de tudo, a crueldade mental que praticamos em nome do amor...
- Isso
mesmo - aprovou o Assistente. - Na perseguição ao prazer dos sentidos,
costumamos armar as piores ciladas aos corações incautos que nos ouvem...
Contudo,
fugindo à palavra empenhada ou faltando aos compromissos e votos que assumimos,
não nos precatamos quanto à lei de correspondência, que nos devolve, inteiro,
o mal que praticamos e em cuja intimidade as bênçãos do conhecimento
superior nos agravam as agonias, de vez que, no esplendor da luz
espiritual, não nos perdoamos pelas nódoas e chagas que trazemos na alma. Isso,
para não falar dos crimes passionais, perpetrados na sociedade humana,
todos os dias, pelos abusos das faculdades sexuais, destinadas a
criar a família, a educação, a beneficência, a arte e a beleza entre os homens.
Esses abusos são responsáveis não apenas por largos tormentos nas regiões infernais,
mas também por muitas moléstias e monstruosidades que ensombram a vida
terrestre, porquanto os delinqüentes do sexo, que operaram o homicídio, o
infanticídio, a loucura, o suicídio, a falência e o esmagamento dos outros,
voltam à carne, sob o impacto das vibrações desequilibrantes que puseram em
ação contra si próprios, e são, muitas vezes, as vítimas da mutilação
congênita, da alienação mental, da paralisia, da senilidade precoce, da
obsessão enquistada, do câncer infantil, das enfermidades nervosas de variada
espécie, dos processos patogênicos inabordáveis e de todo um cortejo de males,
decorrentes do trauma perispirítico que, provocando desajustes nos
tecidos sutis da alma, exige longos e complicados serviços de reparação a se
exteriorizarem com o nome de inquietação, angústia, doença, provação,
desventura, idiotia, sofrimento e miséria. Aliás, muito antes da pompa
terminológica das escolas psicanalíticas modernas, que se permitem
arrojadas conjeturas em torno das flagelações mentais, há quase vinte
séculos ensinou-nos Jesus que "todo aquele que comete o mal é escravo do
mal"
(9) e
podemos acrescentar que, para sanar o mal, a que houvermos escravizado o
coração, é imprescindível sofrer a purgação que o extirpa.
(9)
Evangelho de João, 8:34. - (Nota do Autor espiritual.)
A
conversação como que esmorecia, no entanto, Hilário, interessado em
dirimir as dúvidas que lhe escaldavam a cabeça, tomou novamente a palavra
e indagou, sem preâmbulos:
- E os
problemas inquietantes da inversão?
Silas
deu-se pressa em aclarar:
- Não
será preciso alongar elucidações. Considerando-se que o sexo, na
essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser,
é natural que o Espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos
nas linhas evolutivas da mulher, e que o Espírito marcadamente masculino se
detenha por longo tempo nas experiências do homem. Contudo, em muitas ocasiões,
quando o homem tiraniza a mulher, furtando-lhe os direitos e cometendo
abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal
ponto que, inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes
da Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo
desconforto íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira,
filha e mãe, diante de Deus, ocorrendo idêntica situação à mulher
criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à delinqüência,
cria para si mesma terrível alienação mental para além do sepulcro, requisitando,
quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas teias do
infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao
homem, perante o Senhor. Nessa definição, porém, não incluímos os grandes
corações e os belos caracteres que, em muitas circunstâncias, reencarnam em
corpos que lhes não correspondem aos mais recônditos sentimentos, posição
solicitada por eles próprios, no intuito de operarem com mais segurança e
valor, não só o acrisolamento moral de si mesmos, como também a execução
de tarefas especializadas, através de estágios perigosos de
solidão, em favor do campo social terrestre que se lhes vale da renúncia
construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e no progresso
espiritual.
Compreendemos
que Silas se desincumbira brilhantemente da tarefa de esclarecer-nos,
condensando, em palavras singelas, luminosa síntese de vasto assunto que,
decerto, em nossa conceituação exigiria vários compêndios para ser
devidamente analisado.
Meu
colega, contudo, como quem desejava estudar todas as questões tangentes,
voltou a interrogar:
- Já que
nos detemos, em matéria de sexologia, na lei de causa e efeito, como
interpretar a atitude dos casais que evitam os filhos, dos casais dignos
e respeitáveis, sob todos os pontos de vista, que sistematizam o uso dos
anticoncepcionais?
Silas
sorriu de modo estranho e falou:
- Se não
descambam para a delinqüência do aborto, na maioria das vezes são
trabalhadores desprevenidos que preferem poupar o suor, na fome de
reconforto imediatista.
Infelizmente
para eles, porém, apenas adiam realizações sublimes, às quais deverão
fatalmente voltar, porque há tarefas e lutas em família que representam o
preço inevitável de nossa regeneração. Desfrutam a existência, procurando
inutilmente enganar a si mesmos, no entanto, o tempo espera-os,
inexorável, dando-lhes a conhecer que a redenção nos pede esforço máximo.
Recusando acolhimento a novos filhinhos, quase sempre programados para
eles antes da reencarnação, emaranham-se nas futilidades e preconceitos
das experiências de subnível, para acordarem, depois do túmulo, sentindo
frio no coração...
- E o
aborto provocado, Assistente? - inquiriu Hilário, sumamente
interessado. - Diante da circunspecção com que a sua palavra reveste
o assunto, é de se presumir seja ele falta grave...
- Falta
grave?! Será melhor dizer doloroso crime. Arrancar uma criança ao materno
seio é infanticídio confesso. A mulher que o promove ou que venha a
coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer
alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se
geralmente a dolorosas enfermidades, quais sejam a metrite, o vaginismo,
a metralgia, o enfarte uterino, a tumoração cancerosa, flagelos esses
com os quais, muita vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante
a Justiça Divina, pelo crime praticado. É, então, que se reconhece
rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante recapitulação
mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo longo a
degenerescência das forças genitais.
- E como
se recuperará dos lamentáveis acidentes dessa ordem?
O
Assistente pensou por momentos rápidos e acrescentou:
-
Imaginem vocês a matriz mutilada ou deformada, na mesa da cerâmica. Decerto que
o oleiro não se utilizará dela para a modelagem de vaso nobre, mas
aproveitar-lhe-á o concurso em experimentos de segunda e terceira classe... A
mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro genésico receberá de
futuro almas que viciaram a forma que lhes é peculiar, e será mãe de criminosos
e suicidas, no campo da reencarnação, regenerando as energias sutis do
perispírito, através do sacrifício nobilitante com que se devotará aos
filhos torturados e infelizes de sua carne, aprendendo a orar, a servir com
nobreza e a mentalizar a maternidade pura e sadia, que acabará
reconquistando ao preço de sofrimento e trabalho justos...
Inexplicavelmente,
Hilário emudeceu e, à face da lógica em que se baseavam as anotações de
Silas, não tive coragem de prosseguir perguntando, absorvido então pelo temor
de aprofundar em excesso num terreno em que terminaria por esbarrar nos
detritos de meus próprios erros, preferindo, assim, o silêncio para
reaprender e pensar.
Questões
iniciais
O
capítulo 15 nos traz muitas reflexões em torno de relacionamentos afetivos, do
sexo, da gravidez, do aborto... E estes são temas que corriqueiros, que estão
inseridos no nosso dia-a-dia, vamos verifica então alguns pontos?
1)
Comente e justifique seu entendimento sobre as seguintes assertivas do
Instrutor:
1a)
"O problema é de afinidade em sua estrutura essencial. Afinidade com
dívidas, exigindo resgate."
1b)
"Bastaria compreender na encarnação terrestre um Espírito usando um corpo
para entender que as amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária
entre a alma e o instrumento de que se utiliza."
1c)
"Criação, vida e sexo são temas que se identificam essencialmente entre
si, perdendo-se em suas origens no seio da Sabedoria Divina."
1d)
"Examinado como força atuante da vida, à face da criação incessante, o
sexo, a rigor, palpitará em tudo, desde a comunhão dos princípios subatômicos à
atração dos astros, porque, então, expressará força de amor, gerada pelo amor
infinito de Deus."
2) Como
devemos entender o sexo perante a vida ?
3) Como
devemos entender o sexto perante os homens?
4) Qual
a responsabilidade do uso do sexo perante o relacionamento afetivo ?
5) Como
entender e verificar as consequências para o Espírito peranto as delinqüencias
do sexo?
6) O que
é e como entender os problemas da inversão?
7) Como
interpretar a atitude dos casais que evitam os filhos, dos casais
dignos e respeitáveis, sob todos os pontos de vista, que sistematizam o uso dos
anticoncepcionais? Incluindo aqui não só os anticoncepcionais, mas tb as
laqueaduras e as vasectomias? as pilulas do dia seguinte?
8)
Comente sobre o aborto e suas consequências.
Conclusão:
QUESTÕES
PROPOSTAS PARA ESTUDO
O
capítulo 15 nos traz muitas reflexões em torno de relacionamentos afetivos, do
sexo, da gravidez, do aborto...
E estes
são temas corriqueiros, que estão inseridos no nosso dia-a-dia. Vamos verificar
então alguns pontos?
1)
Comente e justifique seu entendimento sobre as seguintes assertivas do
Instrutor:
1a)
"O problema é de afinidade em sua estrutura essencial. Afinidade com
dívidas, exigindo resgate."
R - O
assistente Silas respondia a uma indagação de Hilário sobre a origem dos
sentimentos afetivos que uniam Roberto e Marcela, filho e mãe naquela encarnação
e companheiros num relacionamento amoroso no passado. Roberto, era rejeitado
por Ildeu, seu pai, que outrora o assassinara. Ildeu se tinha afinidade com as
filhas, Sônia e Márcia, jovens por ele seduzidas e levadas à decadência moral
na existência pretérita. Como explicou Silas, a causa da divisão daquele grupo
familiar conforme eram as afinidades criadas no passado e que geraram dívidas
que estavam a exigir resgates.
1b)
"Bastaria compreender na encarnação terrestre um Espírito usando um corpo
para entender que as amnésias decorrem naturalmente da inadaptação temporária
entre a alma e o instrumento de que se utiliza."
R - As
amnésias infantis, utilizadas pela psicanálise para explicar as manifestações
do inconsciente, podem ser facilmente compreendidas, se conhecidos os
mecanismos da reencarnação. Na infância, os órgãos físicos, ainda não
completamente desenvolvidos, impede o espírito de se manifestar livremente. Ele
se manifesta conforme os instrumentos de que dispõe. Como explicou Silas, trata-se
de uma conseqüência da inadaptação temporária entre o espírito e o corpo. Nesta
fase, o espírito, que a ciência fisiológica conhece como inconsciente,
exterioriza manifestações instintivas, que refletem o seu passado, através dos
sentimentos, opiniões, simpatias e antipatias cultivadas em existências
pretéritas.
1c)
"Criação, vida e sexo são temas que se identificam essencialmente entre
si, perdendo-se em suas origens no seio da Sabedoria Divina."
R -
Criação, vida e sexo são questões que estão intimamente interligadas, não nos
sendo possível, por enquanto, diferenciá-las sem corrermos o risco de adotar
definições imprecisas ou equivocadas. São variações da obra da Criação.
1d)
"Examinado como força atuante da vida, à face da criação incessante, o
sexo, a rigor, palpitará em tudo, desde a comunhão dos princípios subatômicos à
atração dos astros, porque, então, expressará força de amor, gerada pelo amor
infinito de Deus."
R - O
sexo é força atuante da vida, expressando a força do amor infinito de Deus.
Como tal, podemos encontrá-lo em tudo o que se refere à Criação, embora em
planos distintos. Silas exemplifica como a combinação entre o oxigênio e o
hidrogênio, no plano químico, da qual resultará a água. Necessária para
alimentar a Natureza, é um exemplo da força gerada pelo amor do Criador às suas
criaturas.
2) Como
devemos entender o sexo perante a vida?
R -
Segundo o assistente, o sexo é uma energia que expressa "uma força do
Criador na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que
enriqueçam a vida, ...". Como força atuante da vida, a rigor, está em
tudo. Num planeta ainda no patamar de provas e de expiações, como a Terra,
destinado à encarnação de espíritos impuros, o sexo é visto apenas sob o ponto
de vista fisiológico, isto é, um impulso sexual objetivando a procura de
prazer, como entendeu Freud. Contudo, esclarece Silas, é preciso compreender o
sexo "como força de amor nas bases da vida, totalizando a glória da
Criação." Sendo a energia criadora do amor, assegura a estabilidade de
todo o Universo. À medida que o espírito evolui, a utilização desta energia vai
se afastando das práticas puramente fisiológicas para se aproximar de outras,
de natureza espiritual, como de ajudar o semelhante, de estudar, de aprender, de
elevar, de redimir-se, em favor das obras da caridade e da educação. Enfim, de
se dedicar a um tipo de prazer que melhor condiz com o estágio cada vez menos
impuro do espírito.
3) Como
devemos entender o sexo perante os homens?
R - Como
dissemos, do ponto de vista terreno, ainda não evoluímos para um patamar que
nos permita ver a questão do sexo sob a mesma ótica de Silas. Nossa visão sobre
o tema ainda é vulgar, limitando-se ao campo puramente físico. É um impulso
propiciador de prazer, como definiu Freud, sem considerar a natureza espiritual
do homem.
4) Qual
a responsabilidade do uso do sexo perante o relacionamento afetivo?
R - O
sexo, no corpo humano, é assim como um altar de amor que não podemos relegar à
imundície, explicou Silas. Sendo assim, os compromissos gerados com a formação
de um lar, os compromissos assumidos perante os filhos, filhos que são
rejeitados ainda no ventre materno, são situações que, criadas em razão da sede
dos prazeres sexuais, levam o espírito para o campo onde se situam os que
assumem débitos por tenebrosos crimes, que os acompanham ainda após o abandono
do corpo físico.
5) Como entender e verificar as conseqüências
para o espírito perante as delinqüências do sexo?
R - A
responsabilidade pelo uso das energias sexuais ultrapassam a barreira do
túmulo, produzindo efeitos que seguem o espírito na vida espiritual, podendo se
refletir, ainda, em reencarnações futuras. Como em todos os aspectos da vida,
através do mecanismo da lei de causa e efeito, sempre haveremos de responder
pelas nossas ações que venham atingir os corações alheios, causando sofrimentos
ao nosso semelhante, qualquer que seja a posição em que se situe diante de nós.
6) O que
é e como entender os problemas da inversão?
R - O
espírito não tem sexo, como o entendemos, pois que o sexo depende de uma
organização física. Tem, isto sim, aptidão para ambos os sexos, sendo os mesmos
os espíritos que reencarnam ora num corpo masculino, ora num corpo feminino,
sempre de acordo com as suas necessidades evolutivas. A inversão da polaridade
sexual é necessária, pois cabe ao espírito progredir em tudo. Cada sexo lhe
proporciona novas experiências, novas provações e deveres, possibilitando, com
isso, o aprendizado indispensável à sua evolução. Como explica Kardec, no Livro
dos Espíritos, se somente reencarnasse num determinado sexo, como homem ou como
mulher, não aprenderia o que somente o outro sexo ensina.
Pode
resultar desta inversão da polaridade sexual dar-se por necessidade do espírito
expiar alguma falta do passado, reencarnando no sexo oposto ao do seu
psiquismo. Como, por exemplo, conforme explicou o assistente, um espírito que,
em existência pretérita, tenha abusado de seu corpo físico para se prevalecer
de pessoa de outro sexo, através da força ou feito mau uso da sensualidade.
Esse espírito pode vir numa encarnação futura em outro sexo, como forma de
aprender a valorizá-lo.
Uma
outra hipótese mencionada por Silas, em que também pode ocorrer a inversão da
polaridade sexual, se dá quando o espírito recebe uma missão especial e que,
objetivando agir com maior segurança, através de uma existência solitária e
dedicada inteiramente ao cumprimento desta missão, solicita a inversão da
polaridade sexual, sujeitando-se a uma abstinência total neste campo .
7) Como
interpretar a atitude dos casais que evitam os filhos, dos casais dignos
e respeitáveis, sob todos os pontos de vista, que sistematizam o uso dos
anticoncepcionais, incluindo aqui não só os anticoncepcionais, mas também as
laqueaduras e as vasectomias? E as pílulas do dia seguinte?
R - Esta
é uma questão que ainda desperta muitas controvérsias. Como tudo na vida,
também nesta questão havemos que buscar o equilíbrio. A abordagem do assistente
relativa a esta questão deve ser interpretada à luz da razão e do bom senso. A
condenação de Silas a casais que praticam a evitação de filhos deve ser
entendida em sua relatividade e não de modo absoluto, levando-se em conta,
principalmente, a intenção.
Sabemos
que, ao reencarnar, o espírito pode trazer compromissos neste campo. No
entanto, é preciso entender que este não é o objetivo único da reencarnação. A
procriação, dando oportunidade reencarnatória a um espírito que necessita
voltar à vida física para continuar sua evolução, é uma das tarefas que podemos
trazer para a nova passagem pela carne. Porém, não a única. O esquecimento do
passado não nos permite recordar com clareza estes compromissos. Eles nos
chegam em forma de intuição. Devemos, assim, orar ao nosso espírito protetor e
aos benfeitores amigos que nos intuam, para que possamos tomar a decisão
correta,
ao nos decidirmos por ter ou não filhos.
Quanto
aos métodos contraceptivos, entendemos admissíveis, desde que se mostrem
realmente preventivos, ou seja, que produza efeitos antes que se dê a união do
espírito ao novo corpo em formação, pois, do contrário, estaria caracterizada
uma ação abortiva.
8)
Comente sobre o aborto e suas conseqüência.
R - O
aborto foi enquadrado por Silas como "doloroso crime". Segundo o
assistente, ao consentir com a sua prática, a mãe assume grave débito para com
as Leis Naturais, o que, por força da lei de causa e efeito, será constrangida
a se reequilibrar por meio de alterações dolorosas que sofrerá no centro
genésico de seu perispírito, predispondo-a a enfermidades de natureza
genéticas, nos órgãos responsáveis pela atuação do organismo físico neste
campo. Assumem, também, grave compromisso de reajuste todos os que contribuírem
para o ato, como o pai e o médico que o praticar.
Um
grande abraço a todos
Equipe
CVDEE
Sala
André Luiz
Coordenação:
eqpal@cvdee.org.br
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