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sexta-feira, 12 de junho de 2015

10 # UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA
ÁREA DE ORIENTAÇÃO MEDIÚNICA
Dirigente Reunião Mediúnica

ANEXOS
A qualidade em qualquer empreendimento, tanto espirituais como humanos, começa nas providências organizacionais do início  planejamento  e deve acompanhar todo o curso de seu desenvolvimento, incorporando-se gradativamente, como dever inalienável, na consciência dos que dele participam.
Tal não é possível sem a percepção por todos os seus membros dos objetivos, das prioridades, metas e, sobretudo, do papel que cada um desempenha, para o qual deve-se preparar com aplicação e denodo, de modo a atender a programação estabelecida.
Allan Kardec, na questão da qualidade, antecipa-se aos administradores e executivos que, na década de vinte, a introduziram como proposta empresarial para os serviços e atividades humanas. Vejamos algumas das muitas recomendações  com grifos nossos  apresentadas pelo Codificador do Espiritismo no capítulo XXIX da Segunda Parte de O Livro dos Médiuns:
Qualidade de objetivos: O objetivo de uma reunião séria deve consistir em afastar os Espíritos mentirosos. [...] Não o estará [ao abrigo deles], enquanto não se achar em condições favoráveis. [...].2
Qualidade de pessoas: [...] Não basta, porém, que se evoquem bons Espíritos; é preciso, como condição expressa, que os assistentes estejam em condições propícias para que eles assintam em vir. [...].1
Há [...] os [elementos] que, pelo próprio caráter, levam consigo a perturbação a toda parte aonde vão: nunca, portanto, será demasiada toda a circunspecção na admissão de elementos novos. [...].4
___________________________
* Federação Espírita do Estado da Bahia  Coordenador da área da atividade mediúnica nas comissões regionais-CFN/FEB. Centro Espírita Caminho da Redenção. Salvador  Bahia. Membro da equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda.
Qualidade de Organização: Visto ser necessário evitar toda causa de perturbação e de distração, uma Sociedade Espírita deve, ao organizar-se, dar toda a atenção às medidas apropriadas a tirar aos promotores de desordem os meios de se tornarem prejudiciais e a lhes facilitar por todos os modos o afastamento. [...].5
Qualidade de Direção e de Resultados: [...] Toda reunião deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações, sejam estas quais forem, sem nenhuma atenção à qualidade dos [Espíritos] que as dêem, evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da qualidade do produto.3
Joanna de Ângelis, Espírito, sugeriu ao Movimento Espírita a proposta de responsabilidade em três pontos indissociáveis: Espiritizar, qualificar e humanizar.  Espiritizar tem o sentido de atrair as pessoas que apenas freqüentam as reuniões espíritas a se tornarem praticantes, porém adotando o Espiritismo como é, na sua essência, sem modismos, adaptações ao sincretismo religioso ou deturpações ao sabor das exigências de cada um. Qualificar no sentido da busca da competência, que confere ao trabalhador satisfação de saber o que está fazendo e alegria de estar prestando um bom serviço, tecnicamente falando; e, por fim humanizar que é convite à exteriorização do sentimento elevado, da emoção superior, que caracterizam o verdadeiro homem de bem, aquele que tem na caridade a motivação central para a ação que empreende.
Aplicando essas três propostas da benfeitora, o espiritizar na prática mediúnica dar-se-á quando a reunião estiver totalmente fundamentada nos princípios doutrinários do Espiritismo, composta por trabalhadores integrados à Casa Espírita, que se estimem e que comunguem os mesmos ideais. Numa reunião assim estruturada não haverá lugar para clientelismos, petitórios, pois o seu programa emanará de Esfera Superior. Nela não medrarão procedimentos importados para relaxar ou concentrar, exterioridades ou concessões ao sincretismo religioso que fomentam cultos e superstições.
Como prática mediúnica qualificada entende-se aquela em que sua equipe de trabalho foi cuidadosamente preparada, com formação teórica básica e treinamento em serviço, conduzido por pessoas experientes; uma prática em que cada um de seus membros adquiriu conhecimento específico dos padrões de qualidade inerentes à sua função e conhecimento geral a respeito dos padrões inerentes às demais funções de que se constitui o processo. Portanto, uma equipe plenamente consciente de que a boa-vontade ajuda, mas não basta.
Num trabalho assim estruturado a qualificação será continuada  seminários, estudos, avaliações  porque os que dele participam adquiriram o prazer do conhecimento e da convivência na ação. Em programas dessa ordem, o olhar crítico se desenvolve de forma natural e saudável porque o que interessa ao trabalhador é servir mais e melhor. E esse olhar crítico será antes autocrítica do que o apontar de defeitos e defeituosos, porque o hábito de deixar acontecer para corrigir é substituído naturalmente por uma cultura de prevenção e mais ainda pela busca do êxito visualizado de forma contínua na forma do sede perfeitos... da recomendação de Jesus Cristo.
 E a prática mediúnica humanizada? Estará representada pelos experimentos em que todos os seus membros, além da base intelectual de natureza formativa, desenvolvessem a emoção para se doarem amorosamente, a si mesmos, aos companheiros de equipe, à clientela espiritual e, com especial respeito, aos Mentores Espirituais, que são os legítimos diretores das reuniões mediúnicas.
Propõe Divaldo Franco que numa prática mediúnica existem três elementos básicos atuando no plano físico: o doutrinador  aquele que atende com base nos ensinamentos da Doutrina Espírita, também conhecido como esclarecedor ou dialogador , o médium ostensivo  o primeiro socorrista no dizer de André Luiz, Espírito  e o assistente-participante, que não é platéia, mas importante peça que atua no apoio vibratório à reunião, por isso mesmo denominado médium de sustentação.
Como a prática mediúnica faz lembrar uma equipe cirúrgica, podemos fazer paralelos entre as funções de ambas. A função do cirurgião com a do doutrinador/esclarecedor, o enfermeiro com o médium ostensivo o paramédico com o assistente-participante ou médium de sustentação. Os primeiros aplicando as terapias, os segundos, cuidando diretamente dos enfermos e os terceiros, entregando instrumentos ou disponibilizando-se para os serviços auxiliares e complementares indispensáveis.
É com base nas características inerentes a cada função do processo mediúnico que os indicadores de qualidade serão definidos. Esta é a responsabilidade principal do Dirigente, que além de defini-los os passará a todos os componentes da equipe encarnada a fim de que deles se utilizem na avaliação que farão do próprio desempenho pessoal e dos resultados.
Há que se dizer: no processo da qualidade não se admite que pessoas, como juízes, estejam a julgar outras, embora o processo admita que a supervisão possa alertar aqueles que perigosamente se desviam. Mas, esse é trabalho específico de conversação particular do que detém liderança com o liderado.
Passemos aos indicadores de qualidade específicos de cada função:
Para a função doutrinador/esclarecedor, o principal é a rapidez de percepção. Esse terapeuta do esclarecimento e da consolação, aproximando-se do médium em transe para abordar o Espírito necessitado que se comunica, interpreta-lhe as palavras e ausculta-lhe a alma para assenhorear-se da sua real situação. É nesse momento que fluirá a inspiração, a fim de que o móvel da comunicação seja identificado, ou seja: a natureza do problema da Entidade, a raiz principal de seus conflitos, que nem sempre vem à tona facilmente, seja diagnosticada. Não é raro que o Espírito comunicante escamoteie a sua realidade, deliberada ou inconscientemente. Como faz parte do perfil desse trabalhador saber ouvir ele se auto-examinará para saber se foi capaz de sustentar o diálogo  outro importante indicador de qualidade  se soube intervir na hora, tomando a fala e cedendo-a, na seqüência, a fim de orientar com clareza. Examinará suas posturas psicológicas e atitudinais  tom de voz, vocabulário adequado à natureza, conhecimento e estado íntimo do comunicante  e também as posturas físicas, não se debruçando sobre o médium, para não invadir-lhe a privacidade. E se perguntará, no final, se, com sua palavra, conquistou a atenção da Entidade e a levou à reflexão das próprias necessidades.
É de responsabilidade do doutrinador/esclarecedor a aplicação das terapias complementares à palavra, que são a oração, o passe, e as técnicas sugestivas da sonoterapia e da regressão de memória espiritual  ver Qualidade na Prática Mediúnica 6. Então, esses terapeutas encarregados do atendimento verificarão se estiveram sintonizados com os Mentores Espirituais na aplicação dessas terapias, se as aplicaram no momento certo e com procedimento adequado e, sobretudo, se elas redundaram em benefícios evidentes para os Espíritos carentes atendidos.    
Até aqui não se diferenciou o doutrinador/esclarecedor do dirigente, que, na maioria dos Grupos Mediúnicos, também atende os Espíritos. Na sua função específica de Dirigente, importantes responsabilidades lhe cabem. Na reunião, as seguintes: motivar e alertar o grupo, nos momentos em que se fizerem necessários apelos à cooperação mental, para que a concentração se firme: assumir o atendimento dos casos mais complexos, demonstrando habilidade para superar dificuldades e sabendo intervir na hora certa a fim de preservar a capacidade de resistência dos médiuns, quando em transes mais penosos. Fora da reunião, o dirigente precisará também dessa habilidade para superar dificuldades, em relação ao trabalho com seus liderados, para que a tardeza de intervenção não faça enraizar maus hábitos e vícios, criando prejuízos e dificuldades de difícil erradicação, no futuro.
E como o médium ostensivo se auto-avaliará? Quais os parâmetros de que se utilizará para isto? O primeiro e o mais importante é a facilidade de estabelecer a comunicação, a forma escorreita  clareza e fluidez  com que a mesma se dá, o que depende de boa concentração e de experiência. Daí decorrem todos os outros indicadores de qualidade: regularidade, quando o médium participa produtivamente de quase todas as reuniões, porque já superou seus conflitos e dúvidas; diversidade de comunicantes, o contrário da mesmice, da estagnação que denotam rigidez na personalidade mediúnica, ou obsessão simples em instalação, ou centralização do médium em si mesmo  animismo. Por fim, a filtragem, que é capacidade adquirida de transmitir a mensagem na medida certa dos interesses da reunião, ou seja: eticamente. Exemplos: o Espírito quer gritar: o médium o controla, embora falando com mais ênfase para não desfigurar ou robotizar a comunicação; o comunicante quer apontar, dedo em riste, invectivando: o médium cerceia o gesto sem cercear a expressão, a fim de não expor a pessoa a quem as ameaças são dirigidas. Para entender isto, imagine um filtro de água a reter impurezas: se o elemento filtrador for totalmente impermeável, nem mesmo a água passará; ao contrário, se a tela for muito aberta, a sujeira passará e o filtro perde a função. Logo, filtragem mediúnica é adequação e não cerceamento.

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