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quarta-feira, 3 de junho de 2015

6-9 - O BOM SAMARITANO
PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO

A parábola do Bom Samaritano oferece pontos significativos para uma análise com vistas à metodologia de ação que deve ser adotada no Serviço de Assistência e Promoção Social à luz da Doutrina Espírita:
1 - Um homem () - Iniciando a parábola, Jesus designa o ser que será alvo do atendimento como sendo apenas um homem, sem se referir à sua condição econômica, social, política ou profissional, ou mesmo à sua raça, religião, povo, crença ou nacionalidade.
2 - () caiu em poder de ladrões, que o despojaram, cobriram de ferimentos e se foram, deixando-o semimorto. O homem, que antes deveria estar bem, transformou-se, em decorrência desse fato, em um ser humano em estado de necessidade: carecendo de apoio, socorro, ajuda e colaboração de outros seres, já que não tinha condições de, por conta própria, superar os seus impedimentos.
3 - () um sacerdote, viu e passou adiante. - O sacerdote, que se diz representar Deus e fazer sua vontade, ignorou o caído e não atendeu às suas necessidades.
4 - Um levita, () tendo-o observado, passou igualmente adiante. - O intelectual da época, o homem que lia e que conhecia as leis de Deus, também foi omisso no atendimento ao necessitado.
5 - () um samaritano () tendo-o visto, foi tocado de compaixão. - O samaritano, na época, era considerado um homem de má vida, uma vez que não tinha o hábito de freqüentar o Templo e não se importava com as formalidades das práticas religiosas. Mas demonstrou possuir bons sentimentos, pois foi tocado de compaixão ao encontrar o necessitado.
6 - Aproximou-se dele, () eu te pagarei quando regressar. Impulsionado pelo sentimento de solidariedade, o samaritano atendeu ao caído, assistindo-o em suas necessidades mais imediatas e amparando-o nas etapas seguintes do seu restabelecimento, promovendo a sua recuperação humana e social, até voltar ao estado de normalidade, ou seja, ao estado em que tivesse condições de suprir, ele próprio, as suas necessidades físicas, morais e espirituais, inclusive de integração social.
7 - Qual desses três te parece ter sido o próximo daquele que caíra em poder dos ladrões? - O doutor respondeu: Aquele que usou de misericórdia para com ele. - O próprio doutor da lei reconheceu que foi o samaritano, que, usando de misericórdia, agiu como o próximo junto ao homem ferido pelos ladrões. Cabe observar que, para fazer esse atendimento junto ao caído, naquele momento, durante o seu estado de necessidade, o samaritano renunciou ao seu tempo, à sua comodidade e ao seu dinheiro e colocou em risco a sua própria segurança, ou seja, superou os impedimentos e obstáculos que comumente se apresentam, mas cumpriu, plenamente, o seu dever moral para com o seu semelhante, expresso na lei de amor que emana de Deus.
8 - Então, vai, diz Jesus, e faze o mesmo. - A proposta de Jesus, no sentido de termos nas ações do Bom Samaritano, passo a passo, o exemplo a ser seguido por todos aqueles que pretendam viver dentro dos princípios que norteiam a lei maior que emana do Criador e que orienta o relacionamento dos homens em todo o universo, constitui a base da Metodologia de Ação do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita, que pode ser desdobrada em várias etapas, como segue:
1ª) - Observar - (Tendo-o visto) - Observar a realidade encontrada e procurar compreender a sua complexidade, analisando a melhor forma de atender ao necessitado. Observar, aqui, tem, também, um sentido mais profundo. É estar disponível para o outro, e se expressa no sentimento solidário que se dedica ao próximo nas circunstâncias em que ele se encontra.
2ª) - Aproximar-se.  Ir ao encontro do outro, conforme assevera Vicente de Paulo (O Livro dos Espíritos, Questão 888) ao destacar a caridade dentro de uma visão mais abrangente, rompendo com a concepção tradicional que a reduzia apenas à esmola. É um movimento em direção ao próximo, não apenas no sentido físico, mas, acima de tudo, fraternal, procurando compreendê-lo de forma integral para poder atendê-lo em suas necessidades gerais, tais como, morais, espirituais, físicas, econômicas, sociais e psicológicas. É o processo de envolvimento solidário de um Ser com outro Ser.
3ª) - Utilizar os recursos necessários à assistência imediata.  Utilizar os recursos que se têm à mão e os que possam reunir para o atendimento às necessidades daquele momento. Prestar os primeiros socorros com os recursos simples do vinho e do óleo e pensar as feridas com os recursos, também, da solidariedade sincera. Assistir o próximo em suas necessidades imediatas e seguir adiante no atendimento às demais necessidades.
4ª) - Acompanhar: - É dar prosseguimento ao trabalho de reerguimento, adotando as providências e procedimentos necessários ao processo de recuperação individual e social do assistido. O Bom Samaritano tomou o caído nos próprios braços, colocou-o no seu cavalo e o levou a uma hospedaria, dando seqüencia a tarefa de atendimento ao necessitado, promovendo o seu reequilíbrio.
5ª) - Tornar-se responsável pelo outro.  () tudo o que despenderes a mais, eu vos restituirei no meu regresso, disse o Bom Samaritano, confirmando o seu compromisso de pleno atendimento às necessidades do homem que foi ferido pelos ladrões. O Bom Samaritano faz-se companheiro existencial do caído, ajudando-o para que se reerga a altura de sua dignidade de Ser filho de Deus, e caminhe, tornando-se, também, e com base na própria experiência vivida, companheiro existencial de outro caído, aprimorando os seus próprios sentimentos em favor de um outro ser que poderá estar em estado de necessidade.
Os Espíritos Superiores, através de São Vicente de Paulo, nos alertam: (...) Não pode a alma elevar-se às altas regiões espirituais, senão pelo devotamento ao próximo; somente nos arroubos da caridade encontra ela ventura e consolação. Sede bons, amparai os vossos irmãos, deixai de lado a horrenda chaga do egoísmo. Cumprido esse dever, abrir-se-vos-á o caminho da felicidade eterna. (...). - O Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. XIII, item 12. (4)
Esta metodologia de ação do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita desdobra-se conforme observa Cheverus no Capítulo XVI, item 11, de O Evangelho Segundo o Espiritismo: Não repilas o que se queixa, com receio de que te engane; vai às origens do mal. Alivia, primeiro; em seguida, informa-te, e vê se o trabalho, os conselhos, mesmo a afeição não serão mais eficazes do que a tua esmola. (4)
Naturalmente, nesta análise da Parábola do Bom Samaritano, estão sendo destacados alguns itens de deverão ensejar estudos cada vez mais amplos e aprofundados sobre o assunto, propiciando uma compreensão cada vez mais consciente e completa dos princípios que norteiam a Metodologia do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita


PSICOLOGIA DA CARIDADE

Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam pois é nisto que consistem a lei e os profetas. JESUS - MATEUS, 7: 12.
Amar ao próximo como a si mesmo, fazer pelos outros o que quereríamos que os outros fizessem por nós é a expressão mais completa da caridade resume todos os deveres do homem para com o mo,. - Cap. X1, 4.
Provavelmente, não existe em nenhum. Tópico da literatura mundial figura mais expressiva que a do samaritano generoso, apresentada por Jesus para definir a psicologia da caridade.
Esbarrando com a vitima de malfeitores anônimos, semimorta na estrada, passaram dois religiosos, pessoas das mais indicadas para o trato da beneficência, mas seguiram de largo, receando complicações.
Entretanto, o samaritano que viajava, vê o infeliz e sente-se tocado de compaixão.
Não sabe quem é. Ignora-lhe a procedência.
Não se restringe, porém, à emotividade.
Pára e atende.
Balsamiza-lhe as feridas que sangram, coloca-o sobre o cavalo e o conduz a uma hospedaria, sem os cálculos que o comodismo costuma tragar em nome da prudência.
Não se limita, no entanto, a despejar o necessitado, em porta alheia. Entra com ele na vivenda e dispensa-lhe cuidados especiais.
No dia imediato, ao partir, não se mostra indiferente. Paga-lhe as contas, abona-o qual se lhe fora um familiar e compromete-se a resgatar-lhe os compromissos posteriores, sem exigir-lhe o menor sinal de identidade e sem fixar-lhe tributos de gratidão.
Ao despedir-se, não prende o beneficiado em nenhuma recomendação e, no abrigo de que se afasta, não estadeia demagogia de palavras ou atitudes, para atrair influência pessoal.
No exercício do bem, ofereceu o coração e as mãos, o tempo e o trabalho, o dinheiro e a responsabilidade. Deu de si o que podia por si, sem nada pedir ou perguntar.
Sentiu e agiu, auxiliou e passou.
Sempre que interessados em aprender a praticar a misericórdia e a caridade, rememoremos o ensinamento do Cristo e façamos nós o mesmo.

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