A ORAÇÃO
É multimilenar a oração.
Trazendo o ser humano inata a idéia de um poder superior, que de início ele apenas concebe de forma fragmentária – as muitas divindades do politeísmo –, nada mais natural do que dirigir-lhe(s) seus pedidos de ajuda e proteção. Como é compreensível, essa comunicação foi, de início – e assim prossegue para muitos em nossos dias –, marcada por acentuada materialidade expressa não só nos rituais e utensílios a ela associados, mas, sobretudo, na sua finalidade exclusivamente voltada para questões do mundo físico, única realidade que o homem conhecia no passado, incapaz, então, de refletir sobre a vida em outras dimensões, não acessíveis aos seus sentidos. Apenas alguns poucos indivíduos mais amadurecidos capazes já de alcançar concepções mais altas renasciam naquelas comunidades justamente para educá-las nesse terreno, daí se originando as noções do Deus único e da vida após a morte onde encontraríamos as conseqüências de nossa conduta moral. Tem sido muito lenta, contudo, em todas as culturas, a assimilação de tais conceitos prosseguindo a religiosidade associada a imagens, trajes, objetos e práticas rituais. O próprio Cristianismo, como sabemos, não foi uma exceção, pois, apesar das afirmativas do Mestre nesse particular e dos exemplos deixados por Ele e por seus primeiros seguidores, voltou, passada a sua fase inicial, aos antigos modelos de oração.
A Doutrina Espírita retoma o ensino original da Boa Nova fazendo da prece uma prática de cunho pessoal, consciente e não-mecânica, mesmo quando feita em conjunto, explicando, já em sua Obra Básica – e isto é um diferencial dela – o que acontece durante e depois da oração. Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 660, indagou o Codificador aos benfeitores espirituais: “A prece torna melhor o homem?”, recebendo deles a resposta: “Sim, porquanto aquele que ora com fervor se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo.
É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade”.
A literatura doutrinária posterior desdobrou a frase “e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo” mostrando, em narrativas de profunda beleza, como a prece sincera põe em movimento um amplo processo de auxílio do qual participam inúmeros trabalhadores da espiritualidade – por vezes centenas deles, alguns de elevada condição hierárquica – em decorrência daquela rogativa. Quanto à outra parte da resposta, “se faz mais forte contra as tentações do mal”, ela é reapresentada em uma bela síntese pelo orientador Emmanuel em sua obra “Deus sempre” (capítulo1), onde ele afirma: “A tentação é comparável ao assalto da treva. A oração, porém, é a luz com que se pode extingui-la”.
“O Livro dos Espíritos” (questão 660).
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Sábado, 2/8/2008 – no 2105
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