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domingo, 12 de outubro de 2008

O LABORATÓRIO DE KARDEC

Everaldo Ferraro

Quando do estudo sistemático da Doutrina Espírita com outros companheiros, defrontávamos a todo instante com a referência à “Revista Espírita”.

Desejando mais esclarecimentos, acabamos por adquiri-la. Pudemos entender, através daqueles 12 volumes, o fôlego e a luta do mestre lionês em tratar de questões que não estavam devidamente assentadas na época e muitas outras que também não se encontravam nos livros da Codificação.

Em suas próprias palavras, Kardec usava a “Revista Espírita” como “laboratório”, para maturar essa ou aquela teoria e inseri-la, finalmente, como ponto confirmado nos livros que iriam compor o Pentateuco.

Para nós, que herdamos a Codificação já pronta, não imaginamos o quanto de suor despendido na sua elaboração.

Como caminhava Kardec por aquela estrada ainda não pavimentada?

Considerava ele a publicação como um ponto central. Nela expunha os princípios que não estavam ainda perfeitamente claros e a remetia, mensalmente, para a periferia, isto é, para os assinantes e colaboradores.

De volta, recebia a confirmação ou refutação das observações feitas, através da opinião fundamentada de vários estudiosos que com ele se ocupavam da questão dos Espíritos. E mais: a concordância das massas mostrava em que terreno podia continuar pisando. Só então convertia os princípios comprovados em corpo de doutrina. E isso sempre sob a supervisão das entidades que o assistiam.

Conheçamos um pouco melhor a “Revista Espírita”. Inseriam-se, integralmente, os artigos publicados em vários jornais contra a Doutrina. Kardec fazia questão de mostrar, aos leitores, o que pensavam os seus antagonistas. Os ataques eram acres, furiosos e sistemáticos. Vinham tanto da imprensa periódica como do clero. Ao lado, Kardec as refutava, sempre com moderação e respeito aos adversários, mesmo princípio ou regra que aconselhava aos adeptos da Doutrina.

As matérias contidas na revista são de extraordinária relevância para quantos se ocupam da questão dos Espíritos. Leitores, pesquisadores e articulistas encontrarão farto material que lhes abrirão as comportas da inspiração e aprendizagem. Entre os muitos e variadíssimos assuntos, um, em especial, merece ser lido. Refere-se aos “possessos de Morzine” (comuna nos Alpes franceses), em que toda uma população foi acometida pelo que se chamou de “possessão demoníaca”. Nenhuma reza, exorcismo ou esconjuro tiveram efeito.

Indagou-se, na ocasião, por que a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas não interferiu no processo. Kardec respondeu que nenhuma ajuda foi a ela solicitada, e os Espíritos, consultados a respeito, disseram ter aquela possessão coletiva uma razão de ser. Seja como for, os artigos sobre Morzine representam originalíssimo aspecto da problemática da obsessão.

Se os livros da Codificação representam, se assim podemos expressar-nos, o palco onde se movimentaram os personagens que os elaboraram – os Espíritos – e que hoje podemos apreciar, na tranqüilidade de nossos camarotes, a “Revista Espírita” nos revela os bastidores com suas lutas, experimentos, ataques, defesas, etc. Além disso, o mais importante: o gênio do mestre, sua inteligência aguda e instrução refinada, o manejo perfeito do raciocínio embasado na mais rigorosa lógica e bom-senso, a segurança com que tratava o assunto de seu domínio, a solicitude e a amenidade concedidas a quantos o procuravam.

A leitura da revista remete o leitor a um verdadeiro túnel do tempo, onde, lado a lado com Kardec, familiariza-se com todos os cometimentos que resultaram na construção desse magnífico edifício, onde nossas almas se albergam.

O Pentateuco, em suma, mostra a obra; a “Revista Espírita”, o homem que foi Kardec.

“O Espírita Fluminense”, informativo do Instituto Espírita Bezerra de Menezes          (Rua Coronel Gomes Machado, 140 – CEP 24020-062 Niterói, RJ – www.iebm.org.br).                          

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