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sexta-feira, 24 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS ** Estudo de: Eurípedes Kühl

* Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE TERCEIRA - Das leis morais

CAPÍTULO VIII — DA LEI DO PROGRESSO - (questões 776 a 802)

8.1 – Estado de natureza - (questões 776 a 778)

 O progresso é inexorável. É lei — Lei Divina.

 Para entendermos o progresso da Humanidade, no coletivo, e do homem, no individual, precisamos conceituar que em a Natureza tudo segue um curso harmônico, planejado meticulosamente, onde o dinamismo é a tônica.

Progridem seres e mundos. Disso não há duvidar.

 Quaisquer que sejam os ângulos pelos quais o progresso seja focalizado, qualquer que seja a latitude intelectual ou racional do examinador, sejam enfim quais sejam os enfoques (científico, filosófico ou apenas didático), sempre restará inquestionavelmente exposto que uma Inteligência Superior — de inimaginável superioridade — programou-o (ao progresso).

 Assim, toda essa dinâmica se rege por leis, pré-elaboradas, isto é, antecedem à sua origem. Essa sublime atividade é a obra da Criação.

 Da criação à chegada à angelitude, o Princípio Inteligente percorre infinitos caminhos evolutivos, sempre sob e ao amparo (invisível) de Entidades Siderais, cuja ação se dá por delegação de Deus, cujas ordens conhecem e cumprem, com extremado Amor e competência, absolutamente fora da capacidade humana de serem avaliados.

 

Na infância da Humanidade tudo é primitivismo e o homem, ali, pouco tem com que se preocupar; o progresso, contudo, potencialmente inserido no seu Espírito, o induzirá a mudanças, tendentes a melhoria, algo assim como o percurso que o levou da caverna ao apartamento “de cobertura”, da canoa tosca ao transatlântico, da lente de aumento ao telescópio e da visão apurada ao microscópio.

 Definitivamente: o homem jamais retrograda, isto é, seu caminho é direcionado para o progresso.

 OBS: Não são poucos os que discordam dessa última assertiva, diante de procedimentos nefandos, cruéis, bárbaros, sendo os agentes qualificados, ou melhor, desqualificados, como “abaixo do nível dos animais”. Enganosa, essa reflexão, pois o progresso é patrimônio intocável. Nesses tristes procedimentos o que se verifica é a ação infeliz de Espíritos crestados no mal, cujo proceder, cedo ou tarde, será freado, seguindo-se longo tempo de expiações e provações, sob a pedagogia da dor — professora inigualável nesses casos. Deve-se ter em conta que Deus “não necessita de secretários” para que expiações se efetivem, contudo, se há ação malvada, certamente a vítima expia, isto é, quita débito e o que a pratica o assume.

8.2 – Marcha do progresso - (questões 779 a 785)

 

No longo desfile de existências o indivíduo vai naturalmente aumentando seu estoque de aprendizados. O que quase sempre se observa é que o progresso intelectual, na maioria dos homens, antecede ao moral. Isso acontece porque, desenvolvendo a inteligência, o homem adquire melhor capacidade de julgamento, de comparação, vindo a perceber que o Bem supera ao mal. Num exemplo simplista: agindo mal, logo o remorso se apresenta e causa desconforto; já ao contrário, quando é caridoso, indizível bem-estar o visita.

 

O progresso tem potencial imbatível. Nada, absolutamente nada, obsta-o.

 O orgulho e o egoísmo são obstáculos à marcha apenas do progresso moral, já que o intelectual se efetiva, a despeito de tão nefasta postura humana. Citamos, como outro breve exemplo, o caso dos criadores da bomba atômica: muita intelectualidade e nenhuma fraternidade...

 OBS: Tal ocorrência (essa do progresso intelectual acontecer a despeito de erro no moral) vem confirmar um aforismo pelo qual “De todo mal Deus tira um bem”.

 Óbvio que tal estado de coisas é passageiro, eis que o homem não tarda a se dar conta de que o gozo terreno é efêmero, ao passo que o moral lhe traz duradoura felicidade.

 

Interessante notar que Kardec, a propósito, comparou os dois progressos, o moral e o intelectual, citando o patamar em que a Humanidade se encontrava no século dezenove, relativamente ao século décimo quarto; e depois, mesma coisa, indagando qual será o progresso do vigésimo quarto século, comparativamente ao século dezenove...

8.3 – Povos degenerados - (questões 786 a 789)

 Quando observamos um determinado povo agindo com barbárie, durante uma ou algumas gerações, podemos conjeturar que são Espíritos assim aglomerados por Benfeitores Celestes, que os reúne segundo seu nível moral, similar.

 Incoercivelmente o progresso os alcançará e assim, adiantando-se, deixarão tal procedimento. Inconteste que a Terra é sublime escola na qual, “ano a ano”, são matriculados alunos “analfabetos do Evangelho”, para aprenderem e praticarem a moral cristã, que é universal. É assim que todos nós progredimos...

 O progresso terreno, de povo a povo, levará a Humanidade, um dia, à prática constante da caridade, em nível de “globalização”. Até que isso aconteça não é de se objetar que muitos serão os Espíritos terrenos rebeldes que episodicamente estagiarão em mundos primitivos, só retornando à Terra, quando seu procedimento não mais obstaculizar o progresso geral. Por si só tal premissa avaliza a reencarnação e a sublimidade das vidas sucessivas, plenas de infinitas oportunidades de progresso.

 Fôssemos nos apoiar na teoria da vida única, como entender que há pessoas que são boas e outras que são más? Se Deus criou a todas, como pode ser que aquele nasce em nação pacífica e este em povo guerreiro? Como é que um traz boas tendências comportamentais e este outro só procede mal? Onde a Justiça Divina?...

8.4 – Civilização - (questões 790 a 793)

 Civilização é a ação de civilizar um país, um povo, de aperfeiçoar as condições materiais e culturais em que vive. Envolve o estado de desenvolvimento econômico, social e político de um país ou sociedade, e que é considerado como ideal, aí se incluindo as características próprias à vida intelectual, artística e moral.

 Verificamos, assim, que a civilização não é homogênea na Terra...

 E mais: as civilizações terrenas que não se enquadram no mural acima não podem e nem devem ser consideradas decadentes, menos ainda serem condenadas. Não.

 O que se deve ter em conta sobre a civilização — qualquer civilização — é que ela foi formada e reúne o somatório do comportamento dos membros que a compõem.

 Em outras palavras, e sem radicalizar, podemos inferir que uma civilização exprime a tendência moral da maioria dos homens que nela vivem.

 A intelectualidade de um povo não é aval de sua grandeza moral. O que define uma civilização completa é a exposição de que dela estão banidos os vícios que a maculam e os seus componentes vivem como irmãos que se amam, sobre serem praticantes permanentes da caridade. Não é o caso, ainda, da Terra...

 

Civilização completa, pois, é aquela onde inexistem o egoísmo, a cobiça e o orgulho e onde a lei do amor ao próximo, inserta na consciência da população é espontaneamente respeitada e mais que isso, praticada, pela consciência de que “o que sobra em sua casa, com certeza está faltando na casa de alguém” (essa eu ouvi do saudoso Chico Xavier).

8.5 – Progresso da legislação humana - (questões 794 a 797)

 

Neste planeta a evolução da humanidade apresenta variados graus, em razão de que as leis terrenas são cambiantes, isto é, adequam-se a cada uma das fases de uma mesma sociedade; aí, advindo progresso intelectual e moral, elas são repensadas e substituídas por outras, consentâneas com o novo patamar.

 Por mais severas sejam as leis humanas, tendentes a punir réus, ideal seria que elas se voltassem para a educação, de forma que os crimes cessariam, ou no mínimo, escasseariam e seriam de menor gravidade.

8.6 – Influência do Espiritismo no progresso - (questões 798 a 802)

 Considerando que a Doutrina dos Espíritos constitui uma releitura fiel da moral cristã nada objeta que ela venha a se tornar unanimidade neste mundo. Isso porque os Espíritos que formam a humanidade terrena, cedo ou tarde, terão que pautar seu comportamento moral pelos ensinos de Jesus, que são universais.

 

Obviamente isso demandará grandes porfias, seita a seita, filosofia a filosofia religiosa, tema a tema moral, assunto a assunto coletivo. Tudo, de início, visando a destruição do materialismo e abrindo um leque de infinitas hastes para o futuro, individual e coletivo. Futuro esse que terá foco no Plano Espiritual, com entendimento da Justiça Divina, máxime da reencarnação.

 

À questão 802 Kardec indaga por que os Espíritos “não apressam” o progresso, visto que ele será marcado pelo Espiritismo.

 Responderam-lhe os Espíritos elevados que, como ponto alto do Amor de Deus para com nós outros, Jesus aqui veio, como homem, realizando prodígios e deixando eternas lições de amor ao próximo e informações sobre o Reino Divino, no qual todos um dia nos fixaremos. E o que aconteceu?... O Cristo convenceu a todos? O fato é que Deus não opera por milagres, e sim, deixando ao homem o mérito próprio do convencimento pela razão.

 

OBS: Neste ponto peço licença para alongar um pouco essa questão dos “céus mandarem à Terra um milagre para convencer todo mundo”. Conjeturo sobre qual seria a recepção da Humanidade a Jesus, num eventual retorno, pois há uma penosa realidade para os cristãos: Ele não é, nem nunca foi unanimidade terrena... Senão, vejamos:

 

- à época de Jesus na Terra, a população mundial, segundo estimativa de alguns demógrafos, oscilava de 170 a 250 milhões de habitantes: fiquemos na média;

 - nem todos O aceitaram como o Mestre dos mestres;

 - até hoje, não aceitar o Cristo como o Messias, de forma alguma exclui alguém de proceder fraternalmente, de “ser do bem”. Não! Ser bom jamais foi apanágio apenas dos cristãos ou dos seguidores de qualquer outro credo ou religião, ou mesmo de eventuais ateus;

 - em 1952, no livro “Roteiro”, Ed. de 1952, da FEB, RJ/RJ, pela psicografia de F.C.Xavier, o Espírito Emmanuel informava que para os 2 bilhões de Espíritos encarnados havia 20 bilhões desencarnados;

 

- em 1964, no “Anuário Espírita de 1964”, Ed. do I.D.E., Araras/SP, também pela psicografia de F.C.Xavier, o Espírito André Luiz informava que para os 3 bilhões de Espíritos encarnados havia 21 bilhões desencarnados;

 

- assim, na primeira citação (de Emmanuel), temos que para 1 encarnado havia 10 desencarnados, e na segunda (de A.Luiz), a proporção era de 1:7;

 

- atualmente, 6,5 bilhões de pessoas habitam a Terra. Quantos desencarnados? Se ficarmos com o último dado, de A. Luiz: 21 + 3 – 6,5 = 17,5 bilhões; e aí, a proporção será de 1:2,7.

 - caro leitor: todos esses números (citação feita apenas como conjetura, que como tal, não passa de opinião pessoal) parecem sinalizar que o planeta Terra, do tempo de Jesus entre nós aos dias atuais, vem sendo destino de grande número de Espíritos alienígenas... (só conjeturas);

 - se volvermos ao tempo de Jesus (± 210 milhões de encarnados), imaginar qual o n° de desencarnados de então é conta que fica difícil de ajuizar, mas pela proporção, talvez seja de 10 vezes mais do que dos encarnados, isto é, algo em torno de 3 bilhões;

 

- dessas reflexões temos que para mais de 20 bilhões de Espíritos, encarnados e desencarnados, sequer estariam na Terra, quando da primeira vinda de Jesus, logo, para eles, não haveria retorno, senão sim, um primeiro contato;

 

- segundo o “Almanaque ABRIL-Mundo” de 2002, p. 83, em 2000 havia cerca de 2 bilhões de cristãos no mundo. Ora, dedutivamente (6,5 – 2 = 4,5) 4,5 bilhões não têm Jesus como referencial de “Salvador”.

 Triste. Mas essa é a realidade, hoje!

 Contudo, quem poderá negar que com os fantásticos meios de divulgação hoje existentes, um novo estágio de Jesus entre nós, encarnado, agirá como sublime catalisador de uma expressiva melhoria moral de toda a Humanidade? Praza aos Céus!


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