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segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE TERCEIRA - Das leis morais

CAPÍTULO X — DA LEI DE LIBERDADE - (questões 825 a 872)

10.1 –Liberdade natural - (questões 825 a 828)

A liberdade é uma condição relativa no mundo porque todos os homens precisam uns dos outros, seja qual seja sua condição social. Na hipótese altamente improvável de que alguém pudesse sobreviver isoladamente num deserto, numa floresta, numa ilha deserta ou em região montanhosa árida e despovoada, só aí poderíamos imaginar que esse eremita teria liberdade integral.

OBS: O item se refere ao mundo material... Nós, espíritas, cremos que até mesmo vivendo em completo isolamento, isso só será verdadeiro no plano físico, pois no espiritual, certamente tal indivíduo terá companhia...

Já a partir de duas pessoas, ambas não têm liberdade plena, eis que ambas têm direitos que devem ser respeitados.

O despotismo, no lar ou na profissão, praticado por quem se jactancie de ser liberal, na verdade não passa de falsidade, para não dizer de uma “triste comédia”.

10.2 – Escravidão - (questões 829 a 832)

A escravidão, sob qualquer ponto de vista, é absolutamente execrável. Nada há que a justifique, nem mesmo — e até principalmente, aliás — quando ela seja ou tenha sido costume de um povo.

Quando alguém se vale de escravos por ignorância dos preceitos cristãos, isso não o exime de ser culpado de violentar a Natureza, pois a liberdade é uma Lei Natural, Divina, insculpida por Deus na consciência de todos os homens e se ouvi-la, a razão proclamará que todos somos iguais perante Deus.

O argumento de que algumas raças humanas, de pouca aptidão, dependem das mais aptas e, portanto podem ser escravizadas não resiste á realidade espiritual do homem, segundo a qual, se há mais fracos, é dever dos mais fracos ajudá-los, e não, torná-los seus servos ou dependentes. Outro argumento falso é o de que não há nenhuma violência à Natureza se um escravo é bem tratado. Escravo é sempre escravo — não se pertence. Tratar bem se trata a objetos e animais, para serem valorizados...

OBS: Kardec não teve a felicidade de ver a escravidão ser abolida, no mundo todo. Inclusive, o Brasil foi o último país a extirpar essa terrível chaga (13.05.1888). Refletindo sobre os males morais que a escravidão trouxe para este planeta, talvez não seja exagero de minha parte lucubrar que por causa dela a psicosfera terrena se ressente ainda hoje (contendo miasmas astrais) e assim permanecerá por mais tempo. Quanto? Só Deus o sabe...

10.3 – Liberdade de pensar - (questões 833 a 834)

A única atividade humana, por sinal não-física, que confere ao homem total e ilimitada liberdade é o ato de pensar. Não há como impedi-lo. Não obstante, Deus conhece todos os pensamentos e assim somente à Sua justiça o homem deles terá que prestar contas.

10.4 – Liberdade de consciência - (questões 835 a 842)

Por liberdade de consciência compreende-se o direito humano de proceder de acordo com o que julga ser certo, ou o mais acertado. Já se vê que tal decisão tem origem no íntimo do homem, isto é, na sua consciência.

Ninguém tem o direito de impedir ou criar obstáculos, nem a essa nem a qualquer outra liberdade.

Toda e qualquer crença deve ser respeitada. Isto, aliás, até consta como preceito da Constituição Brasileira, qual, aliás, nas Constituições da maioria das nações ocidentais. O que é preciso se ter em conta é se não resulta nenhum mal do exercício, prática ou vivência da crença. Nesse caso, impedir esse resultado não representará, necessariamente, impedimento à liberdade de consciência. Ainda assim, impedindo-se o mal, não há possibilidade humana de impedir o pensamento, a crença íntima...

Diante dos despautérios decorrentes de ações movidas por essa ou aquela crença, a melhor de todas as atitudes será a de convencer seus seguidores/agentes do seu equívoco, mediante exemplos de brandura, fraternidade e amor ao próximo.

Definir qual a melhor doutrina, a melhor crença, ou a melhor religião é tarefa razoavelmente fácil: veja se seus seguidores pregam e exemplificam o amor a Deus e ao próximo, se defendem a união dos povos e se agem sempre pensando no bem alheio.

10.5 – Livre-arbítrio - (questões 843 a 850)

A liberdade de escolher e agir é uma das maiores bênçãos dadas por Deus ao homem e que o acompanha, praticamente, desde o nascimento.

À medida que o ser vai crescendo, da infância à adolescência, desta à juventude, daí à maioridade e finalmente à idade adulta, o livre-arbítrio se adequa segundo o aprimoramento - intelectual, moral e espiritual.

As vidas passadas influenciam fortemente tal adequação e até mesmo podemos refletir que essa é mais uma das inúmeras benéficas vertentes da reencarnação, eis que, se a tendência é negativa, a oportunidade é de domá-la e, se positiva, incrementá-la.

Obviamente, a matéria, no caso terreno, exerce apreciável influência sobre o Espírito, não a ponto de ser responsável pelos atos praticados, mas, principalmente, pelas dificuldades que impõe, em face da densidade física que tem que ser superada.

Não se culpa o indivíduo tolhido de suas faculdades: o que fizer o torna inimputável. Na verdade, porém, já essa supressão da consciência é uma resultante de erros em vidas passadas, sendo expiada nesta. Se a matéria se livra da culpa, nem por isso o Espírito deixa de sofrer pelas aberrações.

Bem ao contrário é o caso do alcoólatra que por esse vício compromete sua razão. Na verdade, comete dupla falta: desequilíbrio mental e danos físicos.

Imposições do meio social não devem constituir impedimento para atos consentâneos com a consciência do homem.

OBS: “Quebrando o protocolo”, peço licença para acrescentar algumas pequenas notas e figuras sobre livre-arbítrio e determinismo, que coexistem embora nem sempre sejam proporcionais.

a. Livre-arbítrio: - Amplia-se pela educação e experiência e cria as circunstâncias presentes e futuras, ofertando várias opções de qual caminho seguir...

 

b. Determinismo: Teoria filosófica segundo a qual os fenômenos naturais e os fatos humanos são causados por seus antecedentes. Cito algumas espécies de determinismo:

 Natural: Expressões do mundo físico: respirar / alimentar-se / repousar

 Humano: Expressa-se pela Lei Divina de Ação e Reação (bom carma ou mau carma).

É sempre conseqüência do uso do Livre-arbítrio.

 Absoluto: segundo elaboração do mapa pré-reencarnatório:

- nascer com corpo físico portador de patologia(s) congênita(s)

- vivenciar expiações mutiladoras e dilacerantes

- vivenciar vários tipos de injunção penosa

- vivenciar em várias áreas sociais

- vivenciar em várias situações financeiras

 Relativo: alterável pelo livre-arbítrio em razão das realizações eleitas

boas escolhas, em ordem com Deus: paz, harmonia

más escolhas, na contramão divina: insucessos e dor

 Filosófico:

A filosofia grega clássica elimina o acaso, tudo se produz mediante uma causa.

Os fenômenos naturais e fatos humanos são causados por seus antecedentes.

Encadeamento de causa e efeito entre dois ou mais fenômenos

 Social: É o caso, por exemplo, de alguém que numa vida inteira tenha procedido e vivenciado dentro da moral cristã, reencarnando numa próxima existência em sociedade cujos costumes colidam com tal procedimento, naturalmente terá que desenvolver enorme esforço para adequar-se a essa difícil situação-teste. Será recompensado desde que se esforce em vencer tal obstáculo.

 Laplaciano: Dizia Pierre Simon, marquês de Laplace (1749-1827), que se conhecendo as leis do universo pode-se prever estados futuros. Sua teoria não resistiu ao avanço da ciência, primeiro porque jamais o homem terá condições de “conhecer as leis do universo” e segundo porque está evidenciado que na natureza há um “princípio de incerteza” (caso da microfísica, no exemplo do átomo: conhecer a velocidade do elétron torna impossível o conhecimento da sua posição).

 Einsteniano: Segundo Albert Einstein (1879-1955) é indispensável a todo procedimento científico ao menos supor alguma espécie de harmonia no mundo.

  Geográfico: O homem é fruto do meio ambiente

 Determinismo Divino: a evolução. Uma única lei: o amor universal! Cujas resultantes são: o Bem e a Felicidade. Em todos os casos: o espírito evolui!

Abrimos aqui parênteses para comentar a cassação do Livre-arbítrio, sob Compulsoriedade Divina. Vamos nos lembrar da Q. 262 do “O LE”:

“Deus pode impor uma existência ao Espírito com má-vontade”(o ser teimoso... erros sobre erros...)

 

Lembrando A. Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,Cap V, n° 8:

“As tribulações podem ser impostas a Espíritos endurecidos, ou extremamente ignorantes, para levá-los a fazer uma escolha com conhecimento de causa”.

10.6 – Fatalidade - (questões 851 a 867)

Nem todos os acontecimentos da vida são pré-determinados.

Mas existem sim, situações inescapáveis, como por exemplo, nascituros portando patologias incuráveis. Nesse caso, isso se dá ou por solicitação do próprio espírito ou então por ação compulsória, a seu benefício, por decisão de Protetores Siderais.

Esses dolorosos dramas têm vertentes que só o Espiritismo explicita: quase sempre se trata de débitos em quitação; contudo, pode também acontecer que determinado espírito missionário solicite tal provação, para poder vivenciar no meio desses problemas, ajudando aos neles envolvidos.

OBS: “Fatalidades” individuais ou coletivas:

- Acidentes inevitáveis

- Perda de seres amados

- Reveses da fortuna

- Flagelos naturais

- Enfermidades de nascença

- Desemprego

- “Balas perdidas”

- Todos esses acontecimentos são conseqüentes (efeitos), cujos antecedentes (causas) estão no passado.

- Do contrário, não se admitiria a Justiça Divina, Perfeita!

- Não existe maior evidência filosófica das vidas sucessivas.

Considerando que este item é mais ou menos longo, volto a apresentar algumas figuras que ilustram a fatalidade segundo “O Livro dos Espíritos”:

 Q. 853: De fatal, só o instante da morte

 

 Q. 859: A fatalidade só consiste nestas duas horas: nascimento e morte

 

OBS: Será sempre perigoso radicalizar. Como se vê no caso “Marita”, na obra “Sexo e Destino”, de André Luiz, psicografia de F. C. Xavier / W.Vieira,Ed.FEB: tanto o instante da morte foi prorrogado, quanto a próxima reencarnação antecipada. Não há contradição: o que há é nosso desconhecimento integral das Leis de Deus. Nunca se deverá imaginar que o relógio da Espiritualidade, que determina nascimento e morte, registra o tempo no mesmo compasso terreno...

 Q. 851, 856, 860, 862 e 866:

Provas físicas: escolha feita pelo Espírito antes de reencarnar

 

Provas morais: poderão ser aumentadas ou diminuídas

 

A maneira de morrer pode ser modificada, por lutas a sustentar.

(Assim, há fatalidade nos acontecimentos materiais e inexiste nos atos da vida moral, os quais podem ser desviados/alterados).

Os perigos e o Anjo Guardião

 Q. 855: Os perigos são advertências

(Quanto às previsões espirituais — sonhos pré-monitórios, por ex. —, são também advertências e não certeza de acontecimentos fatais).

 

Sorte - Acaso - Tentação

 Q.261 e 865:

Sorte no jogo: ganho como homem e perda como Espírito.

Essa é uma espécie de alegria escolhida anteriormente (provação), sendo-lhe concedida como tentação, isto é, prova para seu orgulho e cupidez.

 

10.7 – Conhecimento do futuro - (questões 868 a 871)

Seria altamente prejudicial à evolução o conhecimento do futuro, pois isso obstaria a criatividade, na maioria dos homens. E a criatividade, pode-se afirmar com segurança, é a mola-mestra do progresso — físico e moral. Não obstante, há casos em que o futuro — parcialmente — é revelado a alguns homens, sendo isso previsto nas Leis Divinas, no sentido de que algo venha a suceder, considerando que sem essa revelação tais homens poderiam até impedir citado acontecimento.

Deus é onisciente, isto é, tem conhecimento de tudo — passado, presente e futuro. O fato de que algum fato é revelado antecipadamente a alguém não constitui experimentação, pois que Deus já sabe de antemão qual será o procedimento desse alguém. O que há é respeito pelo livre-arbítrio. Se o agente opta por descaminho, de forma alguma o acontecimento previsto nas Leis Divinas deixará de existir, pois são infinitos e insondáveis os meios de que dispõe a Providência para sua realização.

10.8 – Resumo teórico do móvel das ações humanas - (questão 872)

O livre-arbítrio se resume à verdade inconteste de que o homem não precisa agir no mal, em qualquer situação, pois seus atos não foram previamente determinados. Antes de reencarnar escolhe como será sua existência física e assim, reencarnado, terá sempre opção de como proceder. Aí está seu livre-arbítrio.

Já a fatalidade não se restringe a decisões prévias e irrevogáveis: isso, a ser verdade, reduziria o homem a um simples robô, irracional, e por conseqüência, sem responsabilidade do que viesse a fazer. A fatalidade, no nosso planeta “de provas e expiações” pode ser compreendida então como expressão do passivo moral de cada ser, espelhando seu grau evolutivo e qual está sendo seu resgate de eventuais débitos, todos de sua única responsabilidade.

Assim, há fatalidade em acontecimentos que foram previamente escolhidos ou compulsoriamente aplicados ao ser que precisa se quitar perante a consciência. Defeitos de nascença, por exemplo, exprimem tal situação.

Mas, do ponto de vista moral, não há fatalidade: esse mesmo indivíduo, com problemas congênitos poderá ser revoltado ou resignado, bom ou mau.

Tratando-se da morte, aí sim, generalizando, pode-se afirmar que na Terra há uma fatalidade para todos os seres vivos: a morte. E como vimos, o momento da morte não é fatal, no sentido terreno, já que, no sentido espiritual, poderá ser antecipado ou adiado...

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