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sábado, 11 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS * Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE SEGUNDA –

Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos

CAPÍTULO XI — Dos três reinos - (questões 585 a 613)

Para assimilarmos as orientações deste Capítulo faz-se necessário situar a época em foram prestadas a Kardec (na metade do século XIX). Lembramos, a propósito, que foi o próprio Codificador que deixou registrada a recomendação de que a Doutrina Espírita seja dinâmica e que sempre caminhe em paralelo às descobertas da Ciência.

Faz prova disso a vasta bibliografia espírita, complementar à Codificação, com milhares de títulos, de Kardec aos nossos dias. Muitos desses títulos, elaborados via psicografia ou de lavra própria, vêm acrescentando novas informações advindas da Espiritualidade. É dessa forma que estaremos sempre captando melhor a mensagem original da obra de Kardec, com o auxílio de algumas reflexões que os Bons Espíritos e alguns estudiosos encarnados deram co-relativamente às questões deste Capítulo.

Como aqui são contempladas em maior escala as questões relativas aos animais, permitimo-nos iniciar nossos comentários justamente apondo as últimas palavras registradas no capítulo em foco, sobre esse e outros tópicos que ora são tratados:

“Quanto às relações misteriosas que existem entre o homem e os animais, isso, repetimos, está nos segredos de Deus, como muitas outras coisas, cujo conhecimento atual nada importa ao nosso progresso e sobre as quais seria inútil determo-nos”. (Os sublinhados são nossos).

A propósito, lembramos que já nos Cap I e II da 1ª Parte desta obra, assinalamos as várias perguntas de Kardec que ficaram sem resposta, pela “inferioridade das faculdades do homem” (q.11), porque “há coisas que estão acima da inteligência do homem mais inteligente” (q.13), já que o homem “precisaria de faculdades que ainda não possui” (q. 18), por ser “incompleta a linguagem humana” (q.28), etc., etc., como esclareceram os Espíritos.

Essas afirmações dão o tom deste capítulo...      

11.1 – Os minerais e as plantas - (questões 585 a 591)

A matéria inerte (reino mineral) só tem em si uma força mecânica.

A Natureza é composta de seres orgânicos e inorgânicos.

Quanto aos seres inorgânicos, eis o que nos diz a “Grande Enciclopédia Larousse Cultural”, Vol 6, p. 1761:

INORGÂNICO – 1. Que não é orgânico. Diz-se dos corpos desprovidos de vida, não organizados, que só se podem desenvolver por justaposição, como os minerais.

Relativamente aos seres orgânicos — que têm órgãos —, no nosso estudo (espírita), para efeito moral, serão classificados em três reinos:

- vegetais - (dotados de matéria inerte e de vitalidade);

- animais - (têm matéria inerte, vitalidade, inteligência instintiva e a consciência de sua existência e de suas individualidades);

- hominais – (têm tudo das plantas e dos animais, aos quais domina por sua inteligência especial, tendo ainda consciência do seu futuro, percepção das coisas extramateriais e o conhecimento de Deus).

Quanto à questão da sensibilidade das plantas, Kardec perguntou:

Q. 586 - Têm as plantas consciência de que existem?

R. Não, pois que não pensam; só têm vida orgânica.

Q. 587 – Experimentam sensações? Sofrem quando as mutilam?

R. Recebem impressões físicas que atuam sobre a matéria, mas não têm percepções. Conseguintemente, não têm a sensação da dor.

Tendo Kardec insistido, à q. 589, sobre a sensibilidade de algumas plantas e se elas teriam “uma espécie de vontade”, os Espíritos responderam comparando algumas ações delas com os movimentos análogos no organismo humano, sem participação da vontade e sem necessidade de percepção.

Em última análise, seria um automatismo biológico.

Não nos move o intuito de abrir qualquer polêmica, mas a favor da coerência, para novas análises, vamos sintetizar palavras de Fernando Worm (no seu livro Janela para a Vida, Cap IV – A Sensibilidade das plantas nos dois Planos da Vida, p. 51 a 58, 2ª Ed., 1989, LAKE, SP/SP), através de perguntas que fez a F.C.Xavier e o mesmo, ouvindo o Espírito Emmanuel, respondeu.

F.Worm: - há secreta e insuspeitada sensibilidade dos vegetais, reagindo aos processos da vida, tanto na Terra como no Mundo Maior; de resto, aparelhamentos humanos mais sensíveis registram reações das plantas às influências do meio e às intervenções e sentimentos humanos;

F.C.Xavier: o fenômeno da Empatia está presente em todos os seres e em todos os domínios do Universo;

F.Worm: - você confirmaria que as plantas têm memória?

F.C.Xavier: - as plantas possuem “MEMÓRIA EM CONSTRUÇÃO”;

F.Worm: - HÁ ESPIRITUALIDADE NAS PLANTAS?

F.C.Xavier: - em graus e tons diversos a Espiritualidade se encontra em qualquer partícula de vida;

F.Worm: No que se refere aos minerais, você confirmaria existir ali certas formas de sensitividade peculiar, ou INÍCIOS DE ORGANIZAÇÃO ESPIRITUAL? (...) Seria então que o reino vegetal representaria o primeiro estágio da nossa evolução planetária?

F.C.Xavier: - Segundo os nossos conhecimentos atuais, o início da sensitividade do reino mineral antecede as ocorrências da sensitividade ao mundo vegetal.

Deixamos aos interessados a ida às fontes que indicamos e outras.

De nossa parte, sem estabelecer dicotomia, fizemos demorada análise de umas e outras opiniões e sem objeção a esta(s) ou aquela(s), optamos por crer que as plantas, conquanto de forma incipiente têm sim, sensibilidade.

Aí, surge o bloqueio (da linguagem humana, a que se referiram bastas vezes os Espíritos) para maiores definições ou entendimento, a fim de que se possa, com clareza meridiana, definir o que seria “sensibilidade incipiente”...

Disse certa vez Santo Agostinho: “Se não me perguntam que é Deus, sei perfeitamente; se me perguntam, já não sei responder”...

É isso.

11.2 – Os animais e o homem - (questões 592 a 610)

Há um debate transcendental sobre a inteligência dos animais e em alguns casos, até mesmo se eles teriam superioridade moral sobre o homem.

Não tem sentido.

Quanto à inteligência, animal algum, de todos os tempos, jamais conseguiu resolver qualquer problema que dependesse de encadeamento de raciocínios (inteligência contínua). Não devemos nos esquecer que Entidades Siderais, agindo em louvor da Lei Divina do Progresso, equipa as espécies animais dos meios necessários à sobrevivência, dotando-as de instinto.

Há casos — sempre especificamente para a vida física — em que o instinto, agindo de forma insuperável, aproxima de fato algumas ações animais de um procedimento calculado.

Teríamos, aqui, um caso de inteligência fragmentária.

Mas isso é tudo.

Nenhum animal tece para se vestir, cose e tempera alimentos para comer, nem fabrica calçados. Neles — nos animais —, a Natureza implantou sistemas biológicos automáticos, que lhes suprem essas e outras necessidades.

É assim que as aves fazem primorosos ninhos, roedores fazem tocas, abelhas as colméias, os cães enterram os ossos que mais tarde comerão, etc. etc. Há que se considerar que isso vem sendo feito pelas respectivas espécies animais desde sua existência sobre a Terra. E sempre do mesmo modo!

O homem, ao contrário, que se abrigava em cavernas e com peles de animais ou folhas de árvores, hoje constrói residências de toda espécie, bem como tecidos de infinita variedade, adequados a todas as estações do ano.

Além do mais, e principalmente, o homem usa a inteligência não só para a vida física, mas também e até mais pode usá-la para sua vida moral!

Os animais têm meios de se comunicarem, entre si. Sem, contudo, se tratar de linguagem articulada. Será sempre a mesma, a cada espécie.

Só o homem tem capacidade para se expressar em inúmeras línguas.

Macacos e papagaios, não passam de imitadores, limitadíssimos.

Os animais têm alma, sim, mas de natureza inferior, passível de, pela evolução, alcançarem o reino hominal. Isso acontecerá com aqueles que se destaquem da sua espécie. Quando isso ocorrer, nem sempre suas primeiras existências físicas serão necessariamente na Terra, mas sim, em mundos consentâneos com a necessidade de irem aos poucos adquirindo condições morais para conviverem em nova humanidade.

OBS: Na questão n° 597, tratando da alma dos animais, há uma frase registrada que merece maior atenção:

“(...) Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus”.

OBS: A benefício da luz que nossos olhos podem divisar, temos para nós mesmos que tal conceito não deve ser aceito ao pé da letra. Isso porque, pela Lei do Progresso é premissa espírita que todos os animais evoluirão e alcançarão, primeiro, o reino hominal e depois, o angelical. Mas não há a menor possibilidade de que Espírito algum possa estar, ao menos, em paralelo a Deus, que é Único — o Criador incriado! Por isso, a comparação, nós a creditamos a uma forma poética de expressão.

Ao desencarnarem, os animais são mantidos por espécie e a breve tempo reencarnam, tudo isso a cargo de Espíritos encarregados dessa tarefa.

11.3 – Metempsicose - (questões 611 a 613)

Jamais poderia um Espírito humano reencarnar num corpo de animal.

É da Lei Divina que o Espírito não retrograda!

Pode, sim, estacionar num determinado patamar moral, enquanto adquire méritos para ascender a novos degraus evolutivos.

Geralmente isso acontece em meio a duras provações-expiações.

O que pode ter levado os primeiros pensadores a imaginar tal possibilidade (a da metempsicose) talvez seja o fato de animais promovidos ao reino racional atavicamente entremostrarem, por algumas existências — muitas das quais como humanóides — características das longas experiências anteriores. Isso pode sim acontecer, até porque, os animais não mudam de espécie, na sua escalada evolutiva. Renascem sempre na mesma espécie.

A propósito, registrou Kardec, como observação à resposta da q. 613:

“(...) As diferentes espécies de animais não procedem intelectualmente umas das outras, mediante progressão. Assim, o espírito da ostra não se torna sucessivamente o do peixe, do pássaro, do quadrúpede e do quadrúmano. Cada espécie constitui, física e moralmente, um tipo absoluto, cada um de cujos indivíduos haure na fonte universal a quantidade do princípio inteligente que lhe seja necessário, de acordo com a perfeição de seus órgãos e com o trabalho que tenha de executar nos fenômenos da Natureza, quantidade que ele, por sua morte, restitui ao reservatório donde a tirou”.

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