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domingo, 12 de outubro de 2008

14 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

*ALLAN KARDEC
CAPÍTULO II: MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
ITENS 2 E 3: A VIDA FUTURA
Todo o ensino de Jesus tem de ser compreendido, tendo em vista a vida como inerente ao Espírito encarnado, sobrevivendo à morte do corpo físico.

Sem esta certeza, muitos dos ensinos de Jesus se tornam incompreensíveis e por isso impossíveis de serem seguidos, razão pelo qual Kardec afirma ser esse dogma – entendido como verdade – o ponto central do ensinamento do Cristo.
Este fato é a base sobre a qual se ergue toda a moral do Cristo. Somente a sua aceitação torna possível o entendimento e o esforço na prática dos seus preceitos.
Uma amiga católica apostólica romana, que participa das atividades religiosas de sua igreja, regularmente, me dizia da sua emoção toda semana ao assistir a missa e quando recebe a hóstia. Chora, sente dentro de si sentimentos tão sublimes que se sente em estado de graça. Sente-se integrada na sua religião. Todavia, completando ou prestes a completar cinqüenta e quatro anos de idade, começara a questionar-se: " Meus Deus, daqui a pouco eu me encontrarei junto de Vós, e não me sinto em condições para tal. Há tanta coisa dentro de mim que não consegui modificar... Como poderei chegar deste jeito junto de Vós?" "E concluí - continuou ela - que na vida além da morte deve existir algo que nos leva a continuar progredindo , não sei se pela reencarnação ou por outros meios, mas deve existir maneiras de continuarmos nos melhorando."
É alguém que, aceitando a vida futura, busca entendê-la, desligada dos conceitos materiais, que conseguiu entender a mensagem do CRISTO.
O argumento que mais me toca em relação à imortalidade do Espírito é pensar nos milhões de anos necessários para a existência do homem de hoje, com seu corpo, sua mente, sua inteligência, suas capacidades criativas e práticas. Tanto tempo para um homem viver uns poucos anos na Terra, sonhar, lutar, amar, trabalhar e. Desaparecer para sempre!?
Minha razão não me permite aceitar tal idéia; não posso, pois, duvidar, nem por um momento da pré-existência da alma e da continuidade da vida após a morte do corpo.
Esta certeza nos faz compreender os absurdos da vida terrestre e a conseqüente harmonização com a justiça de Deus, como diz Kardec neste texto.
Jesus, implicitamente, demonstrou pelos seus ensinos, que a vida futura é um "princípio, uma lei da natureza, a qual ninguém pode escapar." Por isso, todos os cristãos a aceitam, embora não tenham uma idéia clara sobre ela. Os judeus também a aceitavam, sem maiores indagações, acreditando nos anjos como seres especiais, criados à parte por Deus. Acreditavam que observando os mandamentos de Deus, seriam recompensados com bens materiais e com a supremacia de sua nação sobre as demais, pela vitória sobre os inimigos.
Mas Jesus também, explicitamente, demonstrou a realidade da vida após a morte, quando apareceu e conversou com Maria de Madalena, à beira do túmulo, onde fora sepultado seu corpo, e continuando a aparecer e conversar mais vezes.
Foi com esse fato que os discípulos se reergueram do abatimento, da derrubada dos seus ideais com a morte do Messias. Viram na chamada ressurreição a confirmação dos seus ensinos, e se jogaram na vivência e na divulgação dos mesmos. Tornaram-se gigantes, confiantes na vida futura, não se importando de morrer pela causa, visto que continuariam vivos no além.
Por não aceitarem a vida além da morte, muitos não conseguem entender os ensinos de Jesus, julgando-os impraticáveis pelo homem. Outros, mesmo aceitando a imortalidade do espírito, mas não tendo a compreensão dessa continuidade, julgam a vivência dos seus ensinos apenas para os santos, não para o homem comum.
Somente o espiritismo, vindo quando o homem, mais amadurecido em inteligência e sensibilidade, teria capacidade para compreender e perceber, pôde trazer a prova da existência da continuidade da vida, demonstrando a existência do mundo espiritual, com suas leis e seus habitantes ( espíritos desencarnados).
A vida futura deixou de ser algo impreciso, para constituir-se numa realidade observada e apreendida por qualquer pessoa, que se disponha a estudar através das obras de Allan Kardec e dos relatos dos espíritos que já viveram na Terra, que continuam a manifestarem-se através dos médiuns.
A vida futura "é uma realidade material provada pelos fatos" e é em função dela que devemos entender a mensagem de Jesus, vivendo na Terra, usufruindo dos seus recursos, participando de tudo que ela possa no oferecer, mas sempre tendo por base a continuidade do viver eternamente.
Quando aceitamos a continuidade da vida, não podemos mais viver de maneira leviana e inconseqüente: Jesus veio, justamente, mostrar a nossa responsabilidade no progresso que temos de fazer em nós e ao redor de nós.
Se aceitamos Jesus como o maior mensageiro de Deus na Terra, nosso guia, nosso modelo, temos de aceitar também seus ensinos, esforçando-nos em vivenciá-los em nosso viver.
Leda de Almeida Rezende Ebner

Julho / 2002

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