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domingo, 12 de outubro de 2008

BENOIST E LATOUR

Danilo Carvalho Villela

Desconhecendo o mecanismo dos renascimentos e a Lei de Progresso, as religiões não-reencarnacionistas não tiveram outra alternativa para os grandes criminosos senão destiná-los ao inferno de sofrimentos eternos, sem perceberem os seus líderes – o que é compreensível dada a época em que elas surgiram – que afirmavam dois absurdos sobre o Criador. Primeiramente, a ocorrência de uma falha na ação divina, sempre perfeita, e que, neste caso, se mostrava incapaz de educar uma criatura, filha de seu amor e sua sabedoria. Em segundo lugar, a precariedade de sua justiça que, por erros cometidos durante uma existência de algumas décadas, condenaria seu autor a punições terríveis e perpétuas, ou seja, com absoluta desproporção entre causa e efeito, alguns anos de um lado e seqüência infindável de milhões de séculos do outro.

Entre os depoimentos de Espíritos sofredores incluídos na obra “O Céu e o Inferno”, figuram os de Latour, assassino condenado à pena capital e executado em setembro de 1864, e de Benoist, monge sem vocação desencarnado em 1704 após uma vida de crimes pelos quais não respondeu na Terra, graças à sua condição de religioso.

Alcançados ambos pela Justiça Soberana, iniciara Latour, ao fim de poucos meses, seu processo de recuperação, enquanto Benoist permanecera mais de século e meio em dolorosa pena expiatória.

Não escapou ao Codificador essa diferença, que ele analisou cuidadosamente, mostrando a perfeição dos processos divinos.

E, realmente, a responsabilidade era totalmente diversa nos dois casos, encontrando-se no primeiro uma natureza mais selvagem do que perversa, capaz de melhorar sensivelmente por efeito de uma orientação adequada – e as comunicações de Latour nos meses seguintes evidenciam isso –, mostrando ele sincero arrependimento e desejo de melhoria. Já o segundo, mostrou sua perversidade pois dispunha de conhecimento e condições para agir corretamente, preferindo o crime, que ficou impune na Terra, chegando mesmo a prejudicar pessoas que deveria orientar.

É interessante observar ainda que quando se indagou de Benoist se este não se arrependera do mal causado a tantas pessoas, respondeu ele afirmativamente, acrescentando, contudo, que isto ocorrera devido ao sofrimento que passou a experimentar e não por um sentimento de piedade ante a dor de suas vítimas, algumas das quais transformaram-se em seus perseguidores terríveis após a desencarnação.

Deve-se acrescentar, a propósito, que as matrizes do sofrimento se acham instaladas, sobretudo, na consciência do delinqüente, não lhe permitindo qualquer trégua de paz verdadeira e levando-o, não raro, à tentativa de fuga, impossível, de si mesmo através da ação desordenada, do vício ou da violência.

Ressalta por fim o Codificador que, apesar das dificuldades que enfrentavam, achavam-se ambos em processo de recuperação sob a atenção cuidadosa da Misericórdia Infinita que iria conduzi-los à felicidade real na prática do bem.

É oportuno, assim, concluirmos com esta bela observação de Kardec: “Qual a doutrina que melhor se concilia com a bondade e a justiça de Deus? Demais, esta doutrina não é uma teoria, porém o resultado de observações. Por certo não foram os Espíritos que a imaginaram, porém eles viram e observaram as situações diferentes que muitos Espíritos apresentam, e daí o procurarem explicá-las, originando-se então a Doutrina. Aceitaram-na, pois, como resultante dos fatos, e ainda por lhes parecer mais racional que todas as emitidas até hoje relativamente ao futuro da alma”.

“O Céu e o Inferno” (Segunda parte, capítulo 6, Benoist e Latour).

 

“O próximo é a nossa ponte de ligação

com Deus.”

 “Fonte viva” Emmanuel

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Sábado, 4/10/2008 no  2114

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