Danilo Carvalho Villela
Nosso organismo se desgasta com o tempo, não apresentando após certa idade a mesma energia, resistência e flexibilidade dos anos de mocidade. Isso sempre foi claramente percebido, afastando o indivíduo idoso do trabalho ativo – preponderantemente físico no passado – onde sua produção era gradativamente menor.
O progresso, deslocando para o terreno da inteligência e do relacionamento grandes setores da atividade laboral, alongou esse limite que, no entanto, chega inevitavelmente para todos. A sociedade industrial, por outro lado, preocupada com o rendimento máximo de suas atividades, tende a estreitá-lo de novo, aceitando apenas os que se encontram na plenitude de sua capacidade e rejeitando aqueles que começam a perdê-la. Mencione-se, a propósito, que os portadores de necessidades especiais foram, durante muito tempo, encarados de forma análoga, sendo facilitado seu acesso ao trabalho apenas em época recente. Na verdade, existem muitas funções que podem ser indiferentemente desempenhadas por alguém que se movimenta normalmente ou por um cadeirante, mas este último requer adaptações simples do ambiente de trabalho que, numa concepção estreita, eram vistas apenas como custos e, modernamente, são percebidas como evidência de uma postura socialmente responsável, capaz de contribuir efetivamente para a boa imagem – tão importante hoje – de qualquer organização.
Ao abordar essa questão, a Doutrina Espírita, com antecipação de várias décadas sobre as primeiras legislações previdenciárias, mas em total alinhamento com a mensagem de Jesus, afirmou categoricamente que “o forte deve trabalhar para o fraco. Na falta da família, a sociedade deve tomar o seu lugar: é a lei de caridade”.
Assim como a infância mereceu estudos específicos na medicina e na psicologia e tratamento especial no direito, o mesmo aconteceu mais tarde, em alguns casos só recentemente, com relação aos idosos e portadores de necessidades especiais, numa clara evidência da Lei de Progresso, uma das Leis Divinas.
A gerontologia (estudo do envelhecimento em seus variados aspectos) e a geriatria (estudo das doenças próprias da velhice) buscam proporcionar ao idoso uma melhor qualidade de vida, dentro das limitações com as quais ele é obrigado a conviver, devendo mencionar-se que diversos trabalhos acadêmicos sobre o envelhecimento reconhecem e destacam o valor da crença religiosa como elemento capaz de contribuir significativamente para esse objetivo.
O Espiritismo acrescenta outra dimensão a esses conceitos pois esclarece que o declínio das forças físicas não atinge o ser espiritual, que prossegue vivenciando amor, entusiasmo, alegria e tristeza, decepções e esperanças, permitindo à individualidade encarnada perceber mais claramente que ela não é o corpo, que se mostra mais fraco, enquanto sua consciência permanece ativa e possuidora de experiência e discernimento progressivamente maiores. A Doutrina Espírita inverte, assim, a visão comum, negativa acerca do envelhecimento, mostrando sua função importante e valiosa não apenas no aprendizado terrestre, pois é nesta fase que se tem as experiências mais complexas da influência e do exemplo, mas, igualmente, como preparo para a etapa seguinte, após a perda do corpo, já na espiritualidade.
Ou seja, a ciência humana procura auxiliar o homem para que ele possa ter um “fim” digno, enquanto o Espiritismo o prepara para uma transição além da qual ele encontrará simplesmente a vida, criação imortal de Deus, em expansão e aperfeiçoamento incessantes.
“O Livro dos Espíritos” (questões 685 e 685 A).
“Ninguém conquista a láurea do aprimoramento pessoal no transcurso de apenas um dia.”
“Escada de Luz”
Emmanuel
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Sábado, 6/9/2008 – no 2110
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