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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

17 – O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

CAPÍTULO II: MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO

ITENS 6 E 7 : O PONTO DE VISTA

No estudo anterior vimos como a aceitação do fato da continuidade da vida dá ao homem o equilíbrio e a serenidade para melhor compreender os reveses, as dificuldades do viver na Terra, auxiliando-o a não supervalorizá-los, a compreendê-los, aceitá-los, como desafios próprios do viver na Terra, tendo em vista que aqui estamos de passagem.

Isso não quer dizer que vamos desprezar as coisas materiais, valorizando apenas a espirituais. Não, isso não acontece, visto que o homem traz em si o impulso do progresso e da sobrevivência buscando sempre o seu bem-estar e a melhoria do ambiente onde vive.

“Ele trabalha, portanto, por necessidade, por gosto e por dever e com isso cumpre os desígnios da Providência, que o colocou na Terra para esse fim. Só aquele que considera o futuro pode dar ao presente uma importância relativa, consolando-se, facilmente, de seus reveses, ao pensar no destino que o aguarda.”

A aceitação da vida futura estimula o desenvolvimento da inteligência na busca dos bens materiais, no uso desses prazeres, mas sem prejuízo das necessidades espirituais. Quando Jesus declarou: O meu reino não é deste mundo, referia-se à predominância da valorização que o homem dá aos bens e prazeres materiais, em detrimento dos interesses da alma, que o leva a desenvolver  em si o orgulho, o egoísmo e suas conseqüências .

Aquele que compreende a vida futura valoriza os bens e prazeres da Terra  pelos benefícios que eles lhe trazem à alma, como meios de enriquecimento espiritual, colocando as necessidades espirituais acima das necessidades materiais.

Vive-se na Terra para desenvolver as potencialidades do Espírito imortal e essa aceitação leva o homem a dar às coisas da Terra o valor relativo que elas têm para se atingir aquela finalidade.

Kardec faz uma comparação simples e esclarecedora. Escreve que o homem “que se identifica com a vida futura é semelhante a um homem rico, que perde uma pequena soma sem se perturbar; e aquele que concentra os seus pensamentos na vida terrestre é como o pobre que, ao perder tudo o que possui cai em desespero. ” Ele usa de duas situações próprias do viver na Terra, para mostrar que aquele que compreende a vida futura age em qualquer circunstância, como o rico que não se abala com a perda de uma quantia de dinheiro que não lhe faz falta. Se vivemos eternamente, por que se desesperar com essa ou aquela situação mais difícil ? O que significa tal fato no viver eternamente?

O espiritismo veio, justamente, demonstrar a realidade da vida espiritual, na comprovação da existência do mundo espiritual, ampliando a compreensão do processo evolutivo do homem. A vida na Terra é apenas uma passagem, importante para o aprendizado e crescimento espiritual, mas apenas um “elo do conjunto harmonioso e grandioso da obra do Criador.”

O espiritismo “revela a solidariedade que liga todas as existências de um mesmo ser, todos os seres de um mesmo mundo e os seres de todos os mundos”, oferecendo “ uma base e uma razão de ser à fraternidade universal.” “ Essa solidariedade das partes de um mesmo todo explica o que é inexplicável, quando apenas consideramos uma parte.”

Os esclarecimentos do espiritismo a respeito da vida futura fornecem ao homem uma visão muito mais ampla e profunda da vida, do ser, da dor, do sofrimento, das leis divinas.

Precisamos estudar refletir, analisar, enfim apreender o melhor possível à idéia de vida eterna, esclarecida pelo espiritismo, introduzi-la dentro de nós, de tal forma que nada sintamos, pensemos e façamos sem sua presença, sem seu norteamento, sem seu direcionamento. Só assim seremos capazes de sentirmo-nos serenos e tranqüilos, confiantes em Deus, em Jesus, diante dos revezes, dos sofrimentos próprios do viver de Espíritos ainda muito imperfeitos em um mundo também imperfeito.

Somente com a certeza da vida futura podemos aproveitar melhor a vida presente, o momento presente, porque ela nos faz olhar dentro e ao redor de nós, com olhos de esperança, de solidariedade, de confiança em Deus, em Jesus, em nós e nos homens.

Leda de Almeida Rezende Ebner

Outubro / 2002          

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