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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS * Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE TERCEIRA - Das leis morais

CAPÍTULO VII — DA LEI DE SOCIEDADE - (questões 766 a 775)

7.1 – Necessidade da vida social - (questões 766 a 768)

 

O ser humano, como de resto quase todos os demais seres vivos, mantém-se agrupado aos seus iguais, durante a vida toda, ou na maior parte dela. Essa peculiaridade, sobre ser uma questão de sobrevivência, seja pelo apoio recíproco, seja por sintonia de instintos, no caso humano é acrescida do fato de que ter companhia representa permanente oportunidade de novos aprendizados.

 

O homem, em particular, é essencialmente gregário. Assim Deus o fez. Tal visa o progresso, que como já vimos, é Lei Moral, inexorável, para tudo e todos.

 

OBS: Uma pessoa que do nascimento à morte não tivesse qualquer companhia humana, certamente não evoluiria. Uma ou outra eventual ocorrência nesse sentido, de que a história já tem registro, restou demonstrado que se instala degradação do ser humano — caso dos denominados “meninos-lobo”, que andam de quatro, emitem sons estranhos e não têm qualquer cuidado físico, agindo apenas por instinto.

7.2 – Vida de insulamento. Voto de silêncio - (questões 769 a 772)

 

O indivíduo que preferir a solidão à companhia de seus semelhantes estará agindo por egoísmo. Temos exemplo disso pelos eremitas, que vivem isolados ou apenas com outros de igual pensamento isolacionista, vivendo eles em lugares ermos, afastados, distantes do convívio social e da própria civilização.

 

OBS: Sempre a Humanidade devotará gratidão ao ínclito Dr Albert Schweitzer (1875-1965), francês, médico, escritor, teólogo protestante, organista de nomeada e musicólogo. Jovem ainda, ao tomar conhecimento da miséria reinante na região de Lambaréné, no Gabão (África), decidiu estudar Medicina. Formado, desligou-se da civilização e internou-se naquela sofrida região, onde fundou um hospital para leprosos. Ali permaneceu por cinqüenta anos, atendendo enfermos de praticamente todas as patologias, numa sublime lição de humanismo! O que glorifica a vida desse missionário é o fato de que, sendo organista de fama mundial, trocou os holofotes dos grandes palcos europeus pelo brilho das estrelas em plena selva bruta. Em 1952 recebeu o Prêmio Nobel da Paz.

 

Quanto aos que inclusive fazem o chamado “voto de silêncio”, entregando-se em clausura às preces e à mortificação, causa espanto ao bom senso que praticamente ignorem (para não dizer “desprezem”) as bênçãos divinas da palavra, da convivência em família e da participação social — sublimes fatores catalisadores da evolução.

 

OBS: “A palavra é de prata, o silêncio de ouro”. Eis um aforismo popular que, como todos os demais, não deve ser aplicado como regra geral, senão sim, como um sábio conselho para que a palavra só seja utilizada em atos e fatos de valor moral (difícil...).

Em última análise, a reclusão e o mutismo, com ausência de convivência e sem obras, em vida apenas contemplativa, impedem também o progresso, não só do praticante, mas de toda a sociedade.

 

OBS: Mas, peço licença para duas outras reflexões a respeito do afastamento da civilização ou da reclusão social, espontaneamente ou não:

 

1ª - Nós, os espíritas, temos por convicção que trazemos para cada existência terrena todo um acervo de comportamentos e tendências, acumulado em vidas passadas. Aí, talvez nos seja permitido inferir que o eremita seja aquele indivíduo que em outras vidas tenha vivenciado pródiga atividade social, senão com luxúria e futilidade, ao menos com desperdício de oportunidades evolutivas. No Plano Espiritual, conscientizando-se disso, requer vida distante do rebuliço social, podendo ser então programado para viver em regiões remotas, quais a dos esquimós, dos caiçaras, dos ruralistas de pequenos e distantes povoados.

 

2ª - Numa outra hipótese, sem que tenha havido tal programação, de “motu próprio” o indivíduo decide afastar-se do meio social, partindo quase sempre sozinho para longínquas regiões. Assim procede para ir conviver com pequenos aglomerados de famílias, onde impera a simplicidade e cujos modos de viver proporcionem tranqüilidade. Pressente que lá encontrará a paz que sua alma deseja, ao tempo que poderá ser útil a alguém...

 

Num caso ou no outro, nada impedirá que o Espírito aproveite para evolver moralmente nas oportunidades que se lhe apresentem e que invariavelmente surgem.

7.3 – Laços de família - (questões 773 a 775)

 

Observando a Natureza muitas pessoas se espantam ante o fato de que os animais, uma vez crescidos, separam-se indissoluvelmente das respectivas famílias. Tais pessoas apóiam-se nisso para deduzir que os laços familiares são uma criação social, afastando o homem da sua própria natureza...

 

Grave engano, primeiro porque o animal não raciocina, não vive vida espiritual, apenas vida material, regida pelo instinto. Verdade é que quase que na totalidade as crias são protegidas pela mãe ou pai, que lhes garantem a manutenção da vida — crescimento.

 

No entanto, uma vez adultos, cessa tal proteção e os já crescidos descendentes espontaneamente se separam, para que ambos, filhos e pais, dêem vazão aos seus instintos, agindo precipuamente pela sobrevivência e em garantia da perpetuação da espécie.

 

Não bastasse o conforto moral e físico que de forma inigualável o lar proporciona, nós espíritas sabemos que é na família que se reencontram Espíritos fortemente ligados, positiva ou negativamente por laços do passado.

 

Sim... É ali, no palco humilde do casebre ou no esplendor do palácio que se vêem, frente a frente, velhos amores ou velhos rancores. No primeiro caso desaparece a saudade e no segundo, inaugura-se a abençoada oportunidade de reconciliação.

 

A abolição do laço familiar representaria grave retrocesso moral para a Humanidade, expondo os homens a uma existência com pilares no egoísmo. 

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