FAMÍLIA: MECANISMO DE EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO
Ivone Molinaro Ghiggino
“Todo lar que se levanta / como for,
seja onde for, / é sempre uma sementeira /
para a colheita do amor.” (José Nava,
psicografia de Francisco Cândido Xavier –
“Na era do espírito”, página 35).
Alertados pela Doutrina Espírita, compreendemos que a família é o instituto primário da caridade, como nos repetem insistentemente os amigos espirituais.
Sabemos que a sociedade humana é composta como uma “colméia” de núcleos dos quais participamos: o prédio em que vivemos, o bairro, a cidade, os locais de trabalho, clubes, colégios, etc.; essas muitas organizações estabelecem a “métrica” social.
Mas, seu núcleo mais importante, sua “viga mestra”, é, sem dúvida, a família, tão comumente chamada de “célula mater” da sociedade. É através dela e sobre ela que o mundo se estrutura: quando a família se desorganiza, a sociedade gradativamente é infectada, e vai se consumindo, se deteriorando, decaindo... Isso fica bastante claro quando Kardec indaga dos Espíritos:
“Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família?”. E os benfeitores, categoricamente, respondem:
“Uma recrudescência do egoísmo”
(“O Livro dos Espíritos”, questão 775).
Porém, quando a célula familiar é saudável, mais se vê como ela é essencial para o ajustamento dos indivíduos, além de incrementar as relações entre eles. Portanto, ela é “cadinho” inestimável e desvalorizá-la é prescrever a morte da sociedade.
A família tem duas funções primordiais, que se entrelaçam e interagem: educativa e regenerativa.
Sua função educativa é verificada, inclusive, entre os animais irracionais, como, por exemplo, no jornal “O Globo”, de 3 de agosto de 1996, numa seção dedicada à ciência, onde encontramos a seguinte notícia:
“Elefantes órfãos matam turistas e espalham violência na África”. Trata-se de elefantes nascidos no Parque Nacional Kruger (África do Sul), mas que foram separados de seu rebanho ainda pequenos, enviados para Pilanesburg (no mesmo país), como parte de um programa para conter a explosão populacional desses animais. Elefantes são animais gregários, em que os mais jovens assimilam o comportamento dos machos mais velhos, que controlam o rebanho; assim, estes outros, crescidos longe do exemplo familiar, adotaram comportamento aberrante e agressivo, tornando-se incontroláveis e antisociais, atacando e matando a esmo...
Todos os pais aqui na Terra deveriam ler e meditar sobre essa reportagem, porque muito os ajudaria a despertar para sua imensa responsabilidade na missão que aceitaram, ou até mesmo escolheram, antes de reencarnar. Compreenderiam, os desavisados, seu compromisso perante Deus, de amparar, esclarecer e educar – em seu sentido real e integral (ver “O Livro dos Espíritos”, comentário de Kardec após questão 685 A) – pela palavra e pelo exemplo, os filhos que o Pai temporariamente lhes confia.
Com relação à sua função regenerativa, a família é instrumento de recuperação do indivíduo, mecanismo de reestruturação do espírito que retorna à vida física para resgatar erros pretéritos e progredir mediante a prática do bem. É no núcleo familiar que, não raro, antigos desafetos se reencontram, para anular as arestas de ódio enquistadas em outras existências e tecer a rede imorredoura do amor, todos juntos, enfrentando as dificuldades da Terra – mundo ainda de provas e expiações – trabalhando em prol de seu progresso individual, e desse modo colaborando com o progresso geral, cumprindo a “(...) parte que lhe toca na obra da Criação” (“O Livro dos Espíritos”, questão 132).
“Família e reencarnação, / Deus as fez buscando a paz: / não levam mágoas à frente, / nem deixam contas atrás.” (Roberto de Alencar, psicografia de Francisco Cândido Xavier – “Na era do espírito”, página 33).
A família é, pois, magnífico “talento” que recebemos do Senhor da Vida! Que saibamos valorizar devidamente esse “talento” e fazê-lo multiplicar em bênçãos de luz e paz!
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Sábado, 6/9/2008 – no 2110
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