PARTE TERCEIRA - Das leis morais
CAPÍTULO VI — DA LEI DE DESTRUIÇÃO - (questões 728 a 765)
6.1 – Destruição necessária e destruição abusiva - (questões 728 a 736)
Ao ler o título do presente capítulo, versando sobre destruição, justamente nesta obra que desde o início tanto exalta a obra da Criação Divina, de imediato uma certa inquietação visita nossa alma, pois, à primeira vista, sentimo-nos diante de algo paradoxal. Sim: como pode o Criador ter engendrado a “Lei da Destruição”?...
Em demorada reflexão entendi: tudo é uma questão de raciocínio e principalmente da pobreza da linguagem humana para classificar as coisas da Natureza. Neste caso, estamos diante de mais uma bênção — a da transformação!
OBS: Entenderemos “a destruição” lembrando da lei enunciada em 1789 por Antoine Laurent de Lavoisier (1743-1794), famoso químico francês, que preconiza:
“Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.
Essa lei ficou conhecida como a Lei da Conservação da Massa ou apenas Lei de Lavoisier. Ela se aplica muito bem ao entendimento do Ciclo Hidrológico, que corresponde ao caminho percorrido pela água no nosso planeta. Toda a água da Terra é reciclada no Ciclo Hidrológico.
Deve-se ter em mente que a quantidade de água se mantém a mesma na Terra desde que o planeta foi formado, sempre circulando através do ciclo hidrológico, ou seja, a quantidade de água no nosso planeta hoje é a mesma do que a encontrada a 4,5 bilhões de anos atrás. O que muda é apenas o seu estado físico (sólido, líquido ou gasoso) e o local por onde está circulando. As águas evaporam-se dos mares, rios e lagos e transpiram da vegetação, formando as nuvens, que voltam à superfície sob a forma de chuvas ou neve. Ao atingir o solo, as águas das chuvas infiltram-se ou escoam para os rios, lagos e mares, onde o ciclo recomeça. O Sol é o grande motor deste ciclo.
Outro exemplo da Lei Natural da Destruição: as baleias passam a vida toda se alimentando de milhares de peixinhos. Quanto elas morrem, milhões de peixinhos a consomem... Tudo isso, em ciclos repetidos, permanentes...
Mais um: as grandes árvores, ao tombarem, diante do envelhecimento ou por acidentes naturais (raios, tempestades) servirão de ninho e alimento a grande quantidade de insetos, acabando por decompor-se.
Outro: quando vemos a ação dos animais predadores, ali não está presente maldade, mas sim a “dor-evolução”, num sábio entretecimento de ações, visando o equilíbrio ecológico, ao tempo que, em vidas futuras, os papéis se inverterão. Predador e presa, presa e predador, chegados ao reino da razão, trarão insculpido no seu corpo perispiritual que a dor dói... Daí, do que fizerem, serão responsabilizados.
Detalhe: tratando-se de animais, às questões 734 e 735, o capítulo tece duas situações diferentes, quanto a eles e o homem:
1ª - havendo necessidade, o homem tem direito à alimentação carnívora;
2ª - a proteção excessiva de animais (costume de alguns povos) pode espelhar mais temor supersticioso do que bondade.
Estou me estendendo nesse primeiro item, mas meu empenho é no sentido de que, partindo de mim próprio, haja entendimento do que seria a Lei da Destruição.
Por isso, uma derradeira ilação da minha parte:
Assim como as águas, os minerais da Terra são, atualmente, os mesmos que eram há 4,5 bilhões de anos (idade planetária). Por infinitos e permanentes fatores físicos e químicos, naturais ou provocados pelo homem, o que ocorre é que ora são decompostos, ora transformados, ora agrupados, ora espalhados.
O ser humano, ao nascer, em média pesa três quilos. Hoje é estimado pela Ciência (segundo artigo do doutor Marcelo Leite em “Ciência em Dia”, Caderno “mais!”, p. 9 da Folha de S.Paulo, 21.Ago.05,) que “Todos os seres humanos sobre a Terra, juntos, pesam alguma coisa da ordem de 250 milhões de toneladas.”
Laborando sobre esses números, sabendo que a população mundial gira em torno de seis e meio bilhões de seres temos que cada indivíduo pesa, em média, 38,46 kg (250 bilhões/ton ÷ 6,5 bilhões/pessoas). Ora: como as pessoas nascem, em média, com 3 kg e têm hoje (sempre em média) 38,46/kg, apenas para efeito de cálculo verificamos que cada uma agregou cerca de onze vezes seu peso original... E como nada foi acrescentado ao planeta, temos que todos somos mesmo formados essencialmente de matéria terrena (inorgânica primordialmente e que se faz orgânica, na vida).
6.2 – Flagelos destruidores - (questões 737 a 741)
Os grandes cataclismos não evidenciam, de forma alguma, castigo de Deus. Ao contrário, nada mais representam do que renovação, tanto dos Espíritos, que eventualmente sofrem com eles, como também do solo.
Quando por um cataclismo morrem adultos e crianças morrem criaturas boas e más; aquelas obtêm aprendizado e grande experiência, além de compensação no porvir; quanto a estas, desde já, abençoados resgates, além daquele aprendizado.
OBS: A engenharia japonesa vem, cada vez mais, desenvolvendo a construção de prédios “anti-terremotos”; os EUA, a construção de abrigos seguros contra os formidáveis tornados; países com riscos vulcânicos, barreiras às lavas; grandes epidemias hoje rareiam. Em todos esses casos vemos a inteligência humana evoluindo cada vez mais, por indução da Natureza.
6.3 – Guerras - (questões 742 a 745)
Não há justificativa alguma para as guerras. Nenhuma guerra!
O responsável pela guerra, objetivando lucro para si, atrai futuro de pesadíssimos ônus, demandando várias existências para expiar todo o mal que tenha causado.
6.4 – Assassínio - (questões 746 a 751)
Igualmente às guerras, não há justificativa para o assassinato.
Na guerra, contudo, constrangido pelas circunstâncias, a morte “do inimigo” caracteriza ação de defesa, sem nos esquecermos que a própria guerra constitui um barbarismo.
Vou a ponto de afirmar que até mesmo em se tratando de legítima defesa, o verdadeiro cristão (que estou longe de ser, é bom que eu o diga...) não causará a morte do agressor, nem “do inimigo”.
OBS: O ínclito Marechal Rondon (Cândido Mariano da Silva — 1865-1958), sertanista e militar brasileiro, internacionalmente laureado por sua dedicação na proteção dos índios, incomparável desbravador do sertão brasileiro, nele edificando linhas telegráficas, determinava aos seus auxiliares, antologicamente: “Morrer, se preciso; matar, jamais!”.
6.5 – Crueldade - (questões 752 a 756)
Qualquer ato cruel em nada se compara à necessidade de destruição.
Agir com crueldade denota primitivismo — ação pelo instinto bruto, em detrimento da bondade inserida por Deus em todos os Seus filhos, ao criá-los. Essa bondade, então latente, cedo ou tarde desabrocha, qual perfume das flores, no jardim ou nos pântanos.
Há homens muito cultos e cruéis, num evidente demonstrativo de que inteligência e cultura não são avalistas de bondade, de amor. Tais indivíduos serão expurgados da Terra quando esta progredir moralmente, indo renascer em Mundos Primitivos, onde sua inteligência alavancará o progresso deles e o seu próprio.
6.6 – Duelo - (questões 757 a 759)
Sobre o duelo não há muito que dizer, senão que é um atestado de orgulho e vaidade.
Se há ofensa, ideal será haver perdão, pedido pelo ofensor e deferido de coração, pelo ofendido. Assim se forjam as grandes amizades!
6.7 – Pena de morte - (questões 760 a 765)
(Este é capítulo de ações humanas sem justificativas de qualquer espécie).
A pena de morte, aceita e praticada por alguns países, ditos “desenvolvidos”, atesta que por lá os homens tomaram o lugar de Deus, isto é, ao invés da natural, promovem a artificial. No caso, se o objetivo era a correção, incomparavelmente melhor teria sido a recuperação do criminoso, jamais eliminação sumária. Até porque, sabemos nós, os espíritas, que o Espírito é imortal e assim esse, chegando ao Plano Espiritual, quase sempre pleno de revolta e desejo de vingança, pervagará em sombrias paragens, até que venha a ser esclarecido. Sabe Deus quanto tempo isso demandará e, de entremeio, quantas obsessões...
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