Danilo Carvalho Villela
O desconhecido sempre despertou receio no homem pois a experiência lhe mostrava que ele continha, habitualmente, mais riscos e ameaças (entrar em uma gruta e ser atacado por animais selvagens, alimentar-se com vegetais tóxicos, etc.) do que surpresas agradáveis.
Em virtude disso, estar melhor informado do que os demais sobre as condições de um dado local ou as características de determinada ocorrência sempre foi uma vantagem reconhecida por todos e, não raro, explorada em proveito próprio pelos que possuíam aquele conhecimento.
Ora, a morte, com suas barreiras de silêncio e invisibilidade, sempre se apresentou como desafiadora interrogação, não apenas quanto ao fato em si (sofre-se nessa hora?) mas, sobretudo, quanto ao que haveria depois, porque a intuição (afinal somos todos oriundos da espiritualidade guardando a lembrança imprecisa desse fato) sempre levou a afirmar a existência desse depois.
Naturalmente aqueles que se afirmavam capazes de ultrapassar esse pórtico, entrando em contato com o mundo extrafísico, sempre gozaram de destaque e privilégios obtidos em função de sua faculdade incomum, costumeiramente empregada para fins exclusivamente materiais: opinar e até influenciar no desdobramento dos problemas trazidos pelos consulentes. O profetismo hebreu foi uma exceção, pois aquela era a norma, a prática comum em toda a Antigüidade.
É claro que ao lado da faculdade autêntica, embora ainda mal utilizada, sempre houve charlatães que pretendiam apenas beneficiar-se, iludindo aqueles que os procuravam, de vez que não havia critérios para aferição de suas atividades.
Conhecendo e utilizando a mediunidade – nos textos evangélicos os médiuns são chamados de profetas –, o Cristianismo primitivo enfrentou essa dificuldade mediante um critério simples e eficaz: “meus bem-amados, não acrediteis em todos os espíritos; vede primeiro se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (I João, 4:1).
Nesta passagem acham-se focalizados os dois aspectos básicos da questão, ou seja, verificar se “são de Deus” (elevação de idéias, coerência) e precaução quanto aos falsos profetas (seria verdadeira sua mediunidade?).
Estudando a mediunidade quanto à sua natureza, características e, sobretudo, suas finalidades, a Doutrina Espírita constitui um divisor de águas no trato do intercâmbio com a espiritualidade. Naturalmente sempre houve, e continua a haver, emprego nobre da mediunidade antes e fora do Espiritismo, o que é perfeitamente compreensível, por tratar-se de uma disposição orgânica cujo emprego depende de condições morais de seu detentor. No âmbito espírita, contudo, sua utilização possui diretrizes bem conhecidas desde a Codificação, cujas bases o medianeiro precisa estudar e conhecer.
Mencione-se, por fim, que no passado e fora do contexto espírita os médiuns costumam ser tratados como seres incomuns, excepcionais, enquanto no Espiritismo o convite é para que sejamos espíritas (conhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral...) dispondo ou não de mediunidade ostensiva que deveremos, sempre, direcionar para o bem.
“O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo 21, itens 6 e 7).
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Sábado, 13/9/2008 – no 2111
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