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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS *Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE SEGUNDA - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos

CAPÍTULO VI — Da vida espírita (questões 223 a 329) 

Interessante: o capítulo anterior era formado de apenas uma questão, ao passo que este tem mais de 100 (cem) questões, o que bem demonstra a importância que a ele Kardec conferiu. Não que o anterior ou qualquer outro não tivesse importância, mas é que este, pelo que se nota, se reveste mesmo de maior transcendentalidade.

Atualmente os espíritas têm à sua disposição milhares(!) de obras relatando detalhes da vida espiritual.

— Quantos teriam se detido a perquirir as dificuldades encontradas pelo Codificador, no meio do século XIX, para elaborar perguntas aos Espíritos, concatenar as respostas dos vários médiuns e com a massa de informações à mão, filtrá-la o suficiente para que, codificando-a, lançasse ao futuro tão valiosas sementes?

Dizemos sementes porque, rigorosamente, todos os livros que hoje constituem a literatura espírita propriamente dita, isto é, pós-Kardec, nele têm respaldo, dele guardam as premissas — mormente, quando a ação se desenrola no Plano Espiritual.

É verdade que algumas obras, quais muitas que o inolvidável Chico Xavier psicografou, ao tratar de como é a vida “do lado de lá”, acrescentaram notícias e informações inéditas. É verdade. Mas Kardec, especialmente aqui, desponta como o pioneiro de uma sublime era: a chegada à Terra do Consolador prometido — a Doutrina dos Espíritos. Consolando e instruindo, o Espiritismo particulariza o que acontece quando o encarnado transpõe a inexorável fronteira terrena e adentra na espiritual, onde continuará vivendo...

Como se vê, há neste capítulo informações imperdíveis para todos os encarnados!

Feitas as primeiras reflexões, vamos resumir o que os Espíritos enunciaram a Kardec sobre como é a vida espírita:

OBS: Por oportuno, registramos que não se aplicam para os Espíritos puros todas as reflexões seguintes, pois sua evolução moral situa-os muito além das proposições humanas. Basta dizer, como exemplo, que vêem e compreendem a Deus(!), segundo a questão n° 11, deste livro.

1. Espíritos errantes (questões 223 a 233)

Desencarnada, a alma passa a ser Espírito errante, havendo-os de todos os graus evolutivos. Quando se diz Espírito errante se está referindo ao Espírito desencarnado, isto é, que está temporariamente na “erraticidade” e que deverá reencarnar, a breve ou longo tempo. Espíritos puros não são Espíritos errantes.

Após a desencarnação o Espírito pode reencarnar imediatamente ou demorar longo intervalo. Tais períodos são, às vezes, “desde algumas horas até alguns milhares de séculos”.

Sempre progridem os Espíritos errantes, ouvindo, aprendendo e ao se darem conta de suas imperfeições, buscam a vida corporal para nela colocarem em prática o aprendizado.

2. Mundos transitórios (questões 234 a 236)

Mundos transitórios têm superfície estéril, inadequada à vida terrena, mas propícia aos seres incorpóreos, que de nada precisam. São mundos para estágios dos Espíritos errantes, que ali se refazem, habitando-os temporariamente.

A Terra, nos seus primórdios, foi um mundo transitório.

3. Percepções, sensações e sofrimentos dos Espíritos (questões 237 a 256)

O Espírito desencarnado conserva as mesmas sensações terrenas, acrescidas de outras, pois a perda do invólucro carnal dá-lhe maior liberdade: a visão, por exemplo, reside toda nele e não apenas no equipamento ótico; tem luz própria e por isso para ele não há treva, exclusive quando em expiação. Perde a noção terrena do tempo cronológico, já que na Espiritualidade outras são as condições existenciais, quando a própria memória faz incursões no passado.

Dependendo do seu adiantamento, os Espíritos errantes são sensíveis à música e às belezas da Natureza, que no plano extrafísico são superiores ao físico. O repouso, para eles, ocorre em razão de cansaço, mas sim para dar trégua aos pensamentos, que temporariamente ficam menos ativos.

Sentir angústias morais e dor, fome, frio, calor, etc., constituem reminiscências da vida terrena dos Espíritos errantes involuídos, sendo que tais impressões só residem em suas mentes.

4. Ensaio teórico da sensação nos Espíritos (questão 257)

A presente questão quer nos parecer, é que mais espaço ocupa em “O Livro dos Espíritos” (6 páginas, em fonte reduzida).

Aqui Kardec discorre longamente sobre a dor que se manifesta no corpo (físico), lucubrando que o perispírito é o agente principal das sensações exteriores.

Adverte o Mestre lionês para que não se confunda sensações do perispírito com as do corpo. Estas últimas servem apenas como parâmetro, jamais por analogia, isto é, as impressões de dor ou de desconforto que o perispírito do Espírito errante registra fazem parte de um vago sentimento íntimo, sendo mais uma reminiscência do que uma realidade. Numa palavra: é uma impressão que se materializa, fato que poderia perfeitamente não ocorrer...

Cita como exemplo o caso dos suicidas, nos quais permanece incompleta a separação do corpo ao perispírito, causando repercussão neste, daquilo que acontece com os despojos. (Essa é, talvez, de todas as infelicidades, a maior: o suicida ficar preso à desintegração dos despojos carnais, testemunhando que a vida continua...).

OBS: Um elementar exemplo pode nos fazer compreender que a sede das sensações é mesmo o perispírito, pois em duas situações com encarnados isso resta comprovado:

a. a ação da anestesia num paciente desloca, respectivamente, por um período de tempo, a contraparte astral na região ou, se a anestesia for total, todo o perispírito, permanecendo este, contudo, ligado ao corpo físico pelo cordão fluídico, pois do contrário ocorreria a morte;

b. em várias situações de coma, ao cessar tal estado alterado, o paciente narra que nada sentiu com referência a vários procedimentos médicos realizados até mesmo sem anestesia e há casos em que, desdobrado, “assiste” tais procedimentos.

Neste capítulo Kardec relembra que o perispírito é retirado da psicosfera do mundo em que o Espírito irá reencarnar.

Finalizando tão oportunas ilações dessa única questão, retransmitimos o que Kardec disse sobre suas pesquisas junto a milhares de Espíritos desencarnados:

“(...) Notamos sempre que os sofrimentos guardavam relação com o proceder que eles tiveram e cujas conseqüências experimentavam; que a outra vida é fonte de inefável ventura para os que seguiram o bom caminho. Deduz-se daí que, aos que sofrem, isso acontece porque o quiseram; que, portanto, só de si mesmos se devem queixar, quer no outro mundo, quer neste.”

5. Escolha das provas (questões 258 a 273)

Antecedendo à reencarnação, o Espírito pode escolher o gênero de provas a que será submetido. Isso devido ao seu livre-arbítrio. Quando reencarnar, o que suceder, nem sempre terá sido escolhido por ele, pois ninguém pode prever o futuro. Muitos acontecimentos surgem de atos do dia-a-dia. As primeiras existências do homem são “monitoradas” por Espíritos protetores e à medida que ele evolui, seu livre-arbítrio mais se dilata. Há existências que podem ser impostas, pelas Leis Divinas, isso estritamente em favor do Espírito mergulhado em erros. Essa imposição funciona qual freio em prolongadas existências aplicadas ao mal. Nascer entre viciados, ricos, ladrões, etc., representa dura provação a que o Espírito será submetido, isto é, aproximar-se desse clima, sem dele fazer parte. Aliás, até depois de reencarnar, o Espírito pode influenciar na escolha de suas provações.

OBS: À questão 272 Kardec comenta “a ferocidade dentro da civilização” de alguns homens... Nos nossos dias, em que o terrorismo internacional vem realizando atos de incrível barbárie, parece que os terroristas procedem de mundos inferiores à Terra.

Estão tendo sua oportunidade de evolução e estão desperdiçando-a. Pelos ensinamentos dos Espíritos, sobre a Lei do Progresso, retornarão eles aos mundos de onde vieram, ou a outros ainda mais primitivos, nos quais ainda não há a civilização, que ajudarão a erguer, no trabalho dos milênios. Ademais, esticando nossas reflexões, podemos seguramente imaginar que os terroristas-suicidas da atualidade, ao desembarcarem no Plano Espiritual, não encontrarão as benesses que lhes foram prometidas como prêmio. Ao contrário, estagiarão em dolorosos e prolongados períodos, pelas paisagens umbralinas. Aí, seus Espíritos, tomando ciência das dores causadas a tantos pelo seu ato infeliz, terão fortemente impressas em seus perispíritos as “matrizes psíquicas” de tão grande equívoco. Numa próxima existência, esse atavismo (ensinamentos duramente adquiridos através a pedagogia da dor, a mais eficiente de todas as professoras), por certo será poderoso desestimulo à repetição de erros tão nefandos.

Por tudo isso, talvez nos seja permitido supor que antes do término do século XXI, o atual cenário de turbulência internacional desaparecerá da face da Terra... Nesse futuro, o planeta já estará mais próximo do estado de regeneração. E que os terroristas, em outros mundos ou aqui mesmo, estarão recebendo ou já receberam as duras, mas proveitosas lições no Plano Espiritual. Sem citarmos países, todos sabemos de bolsões de generalizada e extrema pobreza, onde a mortalidade infantil se mostra cruel aos olhos dos homens.

Contudo, vista da Espiritualidade protetora, a vida física curta quase sempre sinaliza bênção para refazimento de perispíritos altamente danificados, seja de espíritos endurecidos, empedernidos ou malvados, ou, no caso das explosões do próprio corpo físico, com objetivo de matar inimigos.

6. Relações de além-túmulo (questões 274 a 290)

No Plano Espiritual a autoridade moral é irresistível. Lá, inclusive, predomina a afinidade e os Espíritos da mesma categoria reúnem-se em famílias ou grupos.

Espíritos “pequenos” na Terra, quando desencarnados, podem ser elevados...

Os bons Espíritos podem ir a toda parte, já os menos elevados sofrem restrições.

Os Espíritos se comunicam pelo fluido universal, que transmite o pensamento, o qual não pode ser disfarçado.

Ao desencarnar, o Espírito quase sempre tem alguém à sua espera: se justo, os que o amam se confraternizam com seu regresso; já os Espíritos pouco evoluídos, igualmente encontrarão desafetos ou inimigos aguardando-o, para ajuste de contas...

7.Relações simpáticas e antipáticas dos Espíritos. Metades eternas. (questões 291 a 303)

Espíritos sentem afeições ou ódio, segundo tenham ou não elevação moral.

Muitas animosidades, no Plano Espiritual se desfazem logo, pois os Espíritos compreendem que tudo não passou de tolices ou melindres, recíprocos.

Não existe metade de Espírito (nem eterna, nem temporária...). A expressão “alma gêmea”, empregada por alguns, é absolutamente imprópria. Pode, sim, haver simpatia entre dois Espíritos, mas a tendência evolucionista espiritual fará com que o amor seja universal — de todos para todos e tudo —, jamais particularizado.

8. Lembrança da existência corporal (questões 304 a 319)

Desencarnado, aos poucos o Espírito vai tendo acesso a recordações e particularidades de algumas vidas passadas. As existências primitivas se perdem na noite do esquecimento. O corpo físico que acaba de deixar passa a ser considerado como uma veste incômoda que o molestava.

OBS: Aqui, a expressão “veste incômoda que o molestava”, deve ser vista como símbolo da liberdade do Espírito, pela morte física, semelhante ao pássaro que deixa a gaiola. Na verdade, o corpo físico é invólucro maravilhoso, engendrado por Deus, inapreciável bênção para que o Espírito consiga realizar seu progresso moral.

Quanto mais evoluído for o Espírito, ao desencarnar menos memória terá dos seus pertences materiais. Trabalhos de arte ou literatura interrompidos pela morte não são alvo de lamento ao Espírito que compreende que serão completados ou refeitos por outros Espíritos, encarnados.

9. Comemoração dos mortos. Funerais. (questões 320 a 329)

Para nós, espíritas, o “Dia de Finados” não representa necessariamente um marco, conquanto mereça nosso maior respeito, tanto pelos encarnados que a ele se devotam, quanto pelos desencarnados, que nele são alvo de gestos de saudade e amor.

Não desconhecemos que a maioria dos Espíritos desencarnados, egressos desse nosso mundo de provas e expiações, apreciam a lembrança que naquele dia lhe dedicam os parentes e amigos, junto aos respectivos túmulos, fato que os alegra e lhes causa bem-estar.

Contudo, sem a dimensão de data ou lugar, entendemos e sentimos que a prece santifica a lembrança e assim, todos os dias, onde quer que seja, uma prece sincera dirigida ao ente que partiu será a melhor de todas as demonstrações de carinho, amizade e amor que lhe devotamos.

Encerrando este longo capítulo Kardec comenta que estátuas ou monumentos erguidos em memória de alguns vultos não lhes agradam tanto como à lembrança.

Algumas vezes o Espírito assiste ao próprio enterro, outras vezes fica perturbado; quase sempre assiste à reunião dos seus herdeiros e aí julga qual a consideração que tinham por ele; nesses momentos, a cobiça dos que ficaram costuma produzir decepções naquele que partiu...

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