CAPÍTULO IV: NINGUÉM PODE VER O REINO DE DEUS, SE NÃO
NASCER DE NOVO - ITENS 1 E 2
Antes de iniciar o estudo deste capítulo, gostaríamos de lembrar que quase todos os capítulos deste livro, estão organizados de uma mesma maneira. Após o título e os subtítulos, estão os textos evangélicos referentes ao tema, depois os escritos de Kardec, nos quais apresenta as explicações espíritas sobre os textos, desenvolvendo-os, e em terceiro lugar, Instruções dos Espíritos, também sobre o tema, num detalhamento ou conclusão do estudo.
”E veio Jesus para os lados de Cesárea de Felipe e interrogou seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que é o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias e outros que Jeremias ou algum dos Profetas. Disse-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que sou eu? Respondendo, Simão Pedro disse: Tu é o Cristo, filho do Deus vivo. E respondendo, Jesus lhe disse: Bem - aventurado és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai que está nos céus." (Mateus, XVI: 13 a 17)
“E chegou a Herodes, o Tetrarca, notícia de tudo o que Jesus obrava, e ficou como suspenso, porque diziam uns: É João que ressurgiu dos mortos; e outros: É Elias que apareceu; e outros: É um dos antigos profetas que ressuscitou. Então, disse Herodes: Eu mandei degolar a João; quem é, pois, este, de quem ouço semelhantes coisas? E buscava ocasião de o ver." (Marcos, VI:14e15; Lucas, IX: 7 a 9 )
Em relação às qualificações usadas por Jesus declarando-se ora como Filho de Deus e ora como Filho do Homem, Kardec faz algumas considerações em Obras Póstumas, no Estudo Sobre a Natureza do Cristo, item IX.
Declarando-se Filho de Deus, Jesus indicava sua posição de submissão ao Pai de todos, demonstrando no seu viver na Terra, como o filho de Deus que, tendo alcançado o grau de Espírito Puro, em mundos materiais, fora designado para guiar essa humanidade ainda imperfeita e rebelde, ensinando as leis morais e servindo como modelo aos seus irmãos.
A respeito das declarações sobre ser Filho do Homem, Kardec cita alguns versículos da Bíblia, de Ezequiel, narrando Deus falando com ele, tratando-o como Filho do homem e de Judith, VIII, 15: “Porque Deus não ameaça como os homens e não se inflama” em ira como o Filho do homem", onde está bem clara, entre os judeus, a idéia de "nascido do homem. Ao assim referir-se, Jesus deixava bem claro que ele era igual a todos, que ele também pertencia à humanidade em geral, fora criado como todos, fizera sua evolução espiritual como todos têm de fazer, antes a Terra existir. Daí, poder ser o guia e o modelo para seus irmãos em evolução.
Pelas suposições, nos dois textos acima, de que Jesus pudesse ser Elias, ou Jeremias ou algum dos Profetas, percebe-se que os judeus aceitavam a idéia da reencarnação, de forma nebulosa, indefinida, sem compreensão, evidenciada pela possibilidade de Jesus ser também João Batista, que fora decapitado, quando Jesus já divulgava seus ensinos. Aceitavam a volta à Terra dos seus mortos ou de alguns deles, mas não se aprofundavam nesta idéia, nem na de vida futura, após a morte.
Continuando as considerações sobre o texto acima, vamos refletir sobre a afirmação de Jesus, quando após haver Simão Pedro respondido : tu és o Cristo, filho do Deus vivo, assim diz: " Bem - aventurado és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai, que está nos céus."
Como devemos interpretar a expressão: “não foi a carne e o sangue que te revelaram isso, mas sim meu Pai que está nos céus."?
Pensamos que ela significa que Pedro, como homem da época não tinha condições intelectuais para responder com exatidão, como o fez, a pergunta feita por Jesus. Não falou por ele, não sabia o que falava, simplesmente, falou o que lhe veio à mente, sem raciocinar: foi um instrumento mediúnico, fazendo uma revelação, vinda de mais alto, do plano espiritual. Foi um ato mediúnico, revelando a verdade sobre Jesus. (Parábolas e Ensinos de Jesus, de Cairbar Schutel, capítulo Pedra Rejeitada, editora O Clarim)
Leda de Almeida Rezende Ebner
Agosto / 2003
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