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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O LIVRO DOS ESPÍRITOS Estudo de: Eurípedes Kühl

PARTE TERCEIRA - Das leis morais

CAPÍTULO XI — DA LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE - (questões 873 a 892)

11.1 – Justiça e direitos naturais - (questões 873 a 879)

O sentimento de justiça, no seu sentido mais puro, mais transcendental, constitui equipamento que Deus concede ao homem, ao criá-lo, motivo pelo qual todos nós, sem exceção, temos arraigado no nosso íntimo, essa sublime bênção.

 Para conceber e sentir a justiça, no seu verdadeiro caráter, não há necessidade de conhecimentos, de quaisquer estudos e diplomas, ou de cultura.

 As diferenças de entendimento do que seja justiça, tão patentes segundo a variação cultural de pessoas, sociedades, nações ou mesmo épocas se deve às paixões que o ser humano sempre desenvolveu e vem desenvolvendo, quando diante de um mesmo fato emite diferentes pareceres.

 A verdadeira justiça compreende o respeito ao direito dos outros.

E, “por direito dos outros”, ninguém melhor do que Jesus o definiu: “Para o próximo, o que quero para mim”. Assim, jamais alguém poderá ter dúvida do que é justo, em qualquer situação: por empatia, basta colocar-se no lugar do outro.

 

OBS: Empatia = tendência para sentir o que sentiria caso se estivesse na situação e circunstâncias experimentadas por outra pessoa.

 Não há como alguém baralhar a questão dos direitos, avocando para si mais do que faz jus, desde que faça uma análise dos seus limites, em retrospecto sincero de suas forças e de suas fraquezas, pois não há melhor juiz do que a própria consciência. Autoridade e subordinação decorrem dessa expressão.

 Mas, o que caracteriza a justiça plena, qual a que Jesus sempre vivenciou será aquela praticada com caridade, por alguém que tenha amor pelo próximo.

11.2 – Direito de propriedade. Roubo - (questões 880 a 885)

A Vida é o primeiro e mais sublime de todos os direitos de cada ser.

 

Trabalhar pelo bem próprio e da família, na fase ativa, garantindo a madureza, através de patrimônio honestamente conquistado (sem prejuízo de outrem) é direito natural, tanto quanto a defesa desse patrimônio. E o que define o “quantum satis” desse patrimônio repousa na compreensão de que cada homem deve possuir o que lhe basta e aos seus.

 Pode-se afirmar que tudo aquilo que resultou de roubo é indevido.

 Não devemos jamais nos esquecer que na verdade tudo pertence a Deus, pelo que, na Terra, num sentido elevado, ninguém é dono real de propriedades, senão sim, apenas depositário, ou usufrutuário delas — como, aliás, todos nós...

11.3 – Caridade e amor do próximo - (questões 886 a 889)

 

Caridade = benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.

A prática da caridade leva o indivíduo a ser bondoso com todos, indistintamente, sejam subordinados, pares ou superiores. Diante de alguém em estado ou situação inferior à sua, procura elevá-lo, diminuindo a distância que o separa desse alguém.

 Há ainda outro enfoque para a prática da caridade: para com os inimigos...

 Obviamente, e desde já é bom ficar claro o quão difícil é, para a maioria dos homens, cumprir a recomendação de Jesus para que “amemos aos nossos inimigos”. Contudo, para que tão meritória postura seja praticada, ela requer o entendimento de que isso pode ser feito com as seguintes atitudes, não excludentes:

 - de forma alguma se vingar — sequer imaginar vingança;

 - orar por eles com sinceridade no coração, estejam ou não em dificuldades;

 - desejar que prosperem, que vençam, que sejam felizes;

 - regozijar-se quando souber que algo de bom aconteceu com eles.

 - não perder oportunidade de reconciliação, por menor que seja.

 No item da doação de esmola o doador tem que cuidar para que o ato não humilhe o pobre. Já por demais humilhante sobreviver como pedinte na via pública. Além da ajuda material, indispensável a delicadeza, uma boa palavra, um conselho evangélico. Se na sociedade houvesse amor ao próximo não haveria pedintes.

 OBS: Crianças nos semáforos, nos cruzamentos movimentados ou em pontos estratégicos do passeio público, pedindo esmola, fazendo malabarismos, limpando pára-brisas, espelham um triste quadro. E é assim que, em se tratando de esmola, quando o foco se dirige para o tema “dar esmola a crianças nas ruas“, há controvérsias... Uns defendem a doação, direta, outros a condenam.Os primeiros agem apenas por compaixão; já os segundos, defendem que tal ajuda seja indireta, admitindo-a apenas se for dirigida a Órgãos oficiais ou a ONG (Organizações Não Governamentais), ambas que tenham condições e competência para administrar as doações, mas acima de tudo credibilidade.

 — Quem está com a razão?...

 Quem dá esmola na rua considera que age por caridade. Invocam o aval de Jesus, quando bem já aconselhava (Mateus, 25:35,36) a bondade de dar comida para os famintos, água aos sedentos, agasalho para os nus ou desabrigados e visita (apoio moral) aos doentes ou presos.

 Já aqueles que discordam da doação direta contemplam a indireta, argumentando racionalmente que o objetivo é combater uma forma perniciosa de exploração da mão-de-obra infantil: o trabalho nas ruas. Pesquisas que realizaram demonstram, por exemplo, que na cidade de São Paulo, atualmente, estão cerca de 3.000 crianças e adolescentes nas ruas, pedindo dinheiro, vendendo balas ou praticando malabarismos. Dessas crianças, eis o que apuraram, em 180 cruzamentos de ruas: 85% têm casa e família; 96% estão matriculados em escolas; 10% moram na rua; 5% obedecem a aliciadores (adultos) que os dominam; em média, cada uma arrecada cerca de R$450,00 (isso é muito mais do que eventuais auxílios oficiais lhes destinam...).

 Várias cidades no Brasil têm ou tiveram campanhas visando inibir esmola a crianças: Belo Horizonte(MG), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Vitória (ES), Campinas (SP), Botucatu (SP), Chapecó (RS), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Macaé (RJ), Maceió (AL), Maringá (PR), Mogi das Cruzes (SP), Porto Alegre (RS), Santa Bárbara do Oeste (SP), São Luis (MA), Recife (PE) e Teresina (PI). No Estado do Rio Grande do Sul mais de 15 cidades do interior aderiram a esse tipo de campanha distribuindo folhetos, adesivos e promovendo eventos, sugerindo às pessoas que qualquer contribuição deveria ser encaminhada ao Fundo Municipal dos Diretos da Criança e do Adolescente, administrado pelos Conselhos Municipais. Modo geral, todas as campanhas sugerem destinação de ajuda aos Órgãos oficiais ou que sejam autorizados legalmente, para amparo à criança e ao adolescente.

 São diversos “slogans” empregados nessas campanhas:”Dê mais que esmola, dê futuro”(São Paulo/SP); “Amigo Real” (Banco REAL); “Criança quer futuro. Não quer esmola” (Curitiba/PR); “Não dê esmola: dê cidadania”(Teresina/PI).

 Sem querer ser orientador de quem quer que seja — e já o sendo —, da minha parte, quando ajudo alguém (adulto ou criança) que aparentemente não precisa, ou que talvez não faça bom uso do que dou, evito fazer juízo de valor, na certeza de que estou fazendo a minha parte... Quanto àquele que recebe, se desvirtua tal doação, essa já não é mais responsabilidade minha, e sim, ou dele ou de terceiros que a isso o constrinjam.

 Gosto e tento praticar o seguinte conselho, de autoria atribuída ao Espírito Meimei:

“Jamais passes distraído diante do necessitado”.

11.4 – Amor materno e filial - (questões 890 a 892)

 O Amor é qual um leque de infinitas hastes. Uma delas, senão a mais brilhante, com certeza uma das mais, é o amor materno!

 Quanto aos animais vemos que os filhotes recebem amor semelhante a esse, havendo extremada proteção enquanto são pequenos; uma vez desenvolvidos cessa a ligação materna e cada animal parte para seu destino. Bem ao contrário ocorre com o ser humano, eis que a mãe jamais deixa de amar ao filho, a ponto de, quando um ou outro atravessa o Rio da Morte, o amor materno permanece ligado.

 Encontrar mãe que chegue até a odiar o filho, ou filho que odeie aos pais, que por isso mesmo não lhes têm ternura, tais dolorosos quadros remete-nos ao passado, onde tais espíritos se endividaram fortemente. Agora, abençoados pela Providência com o enlace familiar, objetivando aparar tais arestas e se harmonizarem, estão desprezando tal bênção.

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