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quarta-feira, 8 de outubro de 2008

12- O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

* Allan Kardec

CAPÍTULO I: NÃO VIM DESTRUIR A LEI

INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: A NOVA ERA: ITEM II

           Erasto, discípulo de Paulo trouxe essa mensagem em Paris, em 1863 sobre Santo Agostinho, que ele afirma ser um dos maiores divulgadores do espiritismo, manifestando-se por toda parte, através de médiuns diversos. Assim ele o faz porque, quando encarnado, aos trinta e dois anos de idade, ele “sentiu na própria alma a estranha vibração que o chamava para si mesmo e lhe fez compreender que a felicidade não estava nos prazeres enervantes e fugidios."

           Sua mãe, desde que ele nascera em 13 de novembro de 354 em Tagaste, na província romana da Numídia, na África, cristã convicta, educou-o nos princípios da religião, o que ele desprezar.

           Em um dia, deprimido e angustiado procurando por um sentido na vida, ouviu uma voz de criança a cantar seguidamente: "Toma e lê, toma e lê." Havia um livro sobre a mesa. Ele o abre ao acaso e lê: “Não caminheis em glutonarias e embriaguez, não nos prazeres impuros do leito e em leviandades, não em contendas e emulações, mas revesti-vos de Nosso Senhor Jesus Cristo, e não cuideis da carne com demasiados desejos." Parou de ler, "uma espécie de luz inundou-lhe o coração, dissipando todas as trevas da incerteza." Eram palavras de Paulo de Tarso. Decidiu então, penetrar “naquela regra de fé, por onde, há muito, sua mãe caminhava."

           Tornou-se vigário, bispo e permaneceu por mais de quarenta anos ligado à igreja de Hipona.

           Até o quarto século, o cristianismo era uma doutrina, aparentemente, simples, baseada nos escritos evangélicos, sem fundamentação filosófica, ou seja " não se apresentava como um conjunto de idéias produzidas e sistematizadas pela razão em um todo lógico. Era uma doutrina revelada e não uma filosofia."

           Houve “tentativas de mostrá-lo (o cristianismo) como doutrina não oposta às verdades racionais do pensamento filosófico helênico, tão respeitado pela autoridades romanas...

 São Justino (séc. II), Clemente de Alexandria (sec. II e III) e Orígenes (sec. III) caminharam por essa via e revestiram a revelação cristã de elementos da especulação filosófica grega."

Todavia, outros “reagiram contra essa mistura e defenderam a idéia da revelação cristã baseada exclusivamente na fé e nada tendo a ver com a especulação racional." Dentre estes, Tertuliano (sec. II e III) que afirmava crer ainda que isso fosse absurdo.

           Santo Agostinho tentou fazer essa aliança entre a fé e a razão, realizando uma síntese à qual denominou "filosofia cristã", sistematizando uma concepção do mundo, do homem e de Deus, que se tornou por muito tempo a doutrina fundamental da igreja católica.

           Erasto nos apresenta Santo Agostinho como" um dos mais firmes pilares do Evangelho", desde sua conversão na Terra , em agosto do ano 386. Cita, numa demonstração de fé e de previsão do espiritismo, suas palavras, após o desencarne de sua mãe: “Estou certo de que minha mãe virá visitar-me e dar-me os seus conselhos, revelando-me o que nos espera na vida futura."

           Afirma Erasto que, “vendo chegada a hora de divulgação da verdade, que ele já havia pressentido, faz-se o seu ardente propagador, e se multiplica, por assim dizer, para atender a todos os que o chamam."

           Procurou Erasto mostrar-nos a continuidade da vida do Espírito, desenvolvendo-se sempre, num aprendizado constante na busca da verdade maior e continuando na tarefa de divulgar a verdade que apreende, auxiliando seus irmãos na retaguarda, cooperando na obra do Pai.

           Kardec, em uma nota, faz a seguinte pergunta: "- Santo Agostinho vem, por acaso, modificar aquilo que ensinou?"

           O homem na Terra recebe os conhecimentos e os assimila segundo seu grau evolutivo.

Assim, os que mais avançam em desenvolvimento espiritual e trabalham para o desenvolvimento dos seus irmãos na difusão da verdade possível, são também limitados pela inferioridade da humanidade e analisam muitas coisas segundo a percepção que conseguem alcançar neste plano. Estes, ao desencarnar, evidentemente vêem com muito mais clareza e facilidade a verdade e modificam algumas ou muitas de suas idéias.

           Desse modo, no plano espiritual, Santo Agostinho ao compreender o cristianismo com toda a sua pureza, pode, perfeitamente, pensar de maneira diferente sobre determinados pontos da verdade que abraçara. Justamente por isso, sabendo que o espiritismo não contraria em nada a doutrina do Cristo, sendo, ao contrário, o complemento que faltava a ele , quando encarnado, torna-se um seu divulgador, continuando a ser um cristão mais esclarecido que antes, continuando sua tarefa de servir a Jesus, na obra de Deus, procurando conduzir os cristãos “a uma interpretação mais sã e mais lógica dos textos."

           Da mesma forma, Espíritos que ensinaram e exemplificaram o mal, que colaboraram para erros e enganos, quando esclarecidos, se arrependem, preparam-se e retornam à Terra, mais tarde, para desfazer o que fizeram; sofrem as conseqüências nas ações dos que lhe seguiram as idéias contrárias às leis de Deus, lutam e trabalham para os convencer dos enganos, levando-os a modificarem suas idéias e atitudes.

           Bendito é Deus que criou leis sábias através das quais, seus filhos progridem sempre, em qualquer lugar, em qualquer tempo, em direção da perfeição e da felicidade !

           Nota: Os dados sobre a vida de Santo Agostinho foram tirados do livro Santo Agostinho, da coleção, Os Pensadores, da Nova Cultural, de São Paulo, em 1987.

 

Leda de Almeida Rezende Ebner

Maio / 2002

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