Cairbar Schutel
Quando os povos desprezam a Vida, reverenciam a Morte.
Assim tem acontecido nas mais agudas crises por que tem passado o nosso mundo.
Quando as leis repressoras dos desatinos não são executadas pelos detentores do poder, explodem as violências e as reprimendas ilegais se multiplicam caracterizando o estado moral da época. E de reação em reação, de violência em violência, os povos se aniquilam, o ceptro se quebra, para que a tragédia veja o seu epílogo e um novo estado de coisas venha acenar aos homens o caminho do dever e da justiça, que devem trilhar.
A época presente se denuncia pelo caráter destruidor com que apresentam pelo culto à morte que dedicam as maiores potestades da Terra e com elas a turba ignorante e fanática que abstraída das coisas divinas deixou sufocar em sua alma os princípios de comiseração e perdão, distintivo por excelência das almas nobres.
O culto morte, o culto é ao nada, é o emblema que enfeita atualmente a nossa geração, mas será dentro em breve a esfinge que devorará, como um sorvedouro hiante, os niilistas impertérritos que não lhe poupam tempo num espiral contínuo.
Estas considerações nos foram sugeridas ao desdobrar-se às nossas vistas o quadro orifício da execução em Cardiff, dos infelizes Driscoll e Rowlands.
Estes sentenciados assassinaram o jogador de rúgbi David Lewis, e a justiça, repressora do mal, do crime, condenou os pacientes à ação sumarissíma, dando a sentença de morte, crime que para Discoll e Rowlands não tem remissão, mas para os juízes se tornou em virtude indispensável e divina!
Dizem os telegramas de Londres que ao soar a hora da execução, a multidão enorme de assistentes boquiabertos e curiosos irresponsáveis, descobriam-se reverenciando a Morte com toda a sua sabedoria e poder!
E não se diga que este aro se efetuasse na Cafraria ou na Hotentocia, mas numa das nações mais civilizadas do mundo!
A morte é o aguilhão terrível que movimenta atualmente reinos e potestades!
É o grande inimigo de todos os ditames celestes, é a nuvem negra que empana a Verdade e que em todas as eras travou o progresso, exaltando a criatura com deprimenda do Criador.
Bater a morte com todo o seu poder, aniquilá-la para sempre dos sentidos humanos, é a monumental tarefa que distingue o Espiritismo e o coloca acima de todas as ciências, de todas as filosofias, de todas as religiões.
Aniquilar a morte e fazer realçar à vista de todos a Vida perene que não teme o canhão nem se curva à espada, é regenerar governos e governados, é proclamar o espírito da lei, é fazer renascer no nosso mundo uma humanidade laboriosa e fraterna, é inocular e consolidar nos corações e aclamar em todo o orbe os princípios redentores do Cristianismo.
Trabalhemos neste tentame sagrado; erguemos-nos os que recebem o facho luminoso que guiará a humanidade para um porvir venturoso, porque breves estão os dias em que, num estribilho divino, havemos de repetir com o Apóstolo: “Onde está, ó morte, o teu aguilhão! onde está, ó morte, a tua vitória!
Jornal O CLARIM
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