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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

OPULÊNCIA MATERIAL E DEGRADAÇÃO MORAL

São deslumbrantes, sem dúvida, as obras colossais que o poder econômico vem produzindo, através dos tempos, remunerando artistas inspirados e técnicos incomuns, na construção de castelos monumentais e galerias suntuosas, nos quais a extravagância atinge níveis inimagináveis de beleza e glória.
Alfombras e tapetes bordados em tecidos valiosos, ornados com ouro e pedras preciosas, lustres, taças, copos, utensílios de alto preço e espelhos de cristal artisticamente trabalhados, porcelanas finíssimas e móveis decorados com pedras preciosas, madrepérolas e madeiras raras embutidas, mármores variados e raros, blocos imensos de calcáreos que se transformaram em estátuas de beleza inimaginável, miniaturas e metais de todos os tipos em finas e fortes modelagens, expressam a grandeza da imaginação e da arte que, por um dia, agradam os olhos e a vaidade dos opulentos, entediados na exorbitância do poder terreno…
Pinturas de esplêndida fidelidade aos modelos que retratam – paisagens, pessoas, animais e aves, cerimônias, celebrações, guerras, fome e misérias, o belo e o feio – emolduradas com esmero e bem elaborados caixilhos cobrem paredes forradas ou não de veludos e de damasco adornando-as, tetos trabalhados oferecem cenas fantásticas de deuses e de anjos, de santos e de apóstolos, de mulheres inolvidáveis e de ninfas encantadoras, sobre salas, quartos, escadas de calcáreos metamorfizados e recristalizados, brilhantes e recortados…
Jardins edênicos, enfeitados por fontes e estátuas grandiosas, bosques paradisíacos, haras e cavalariças com animais puro-sangue, carruagens guarnecidas de plumas raríssimas e ouro completam os conjuntos majestosos para esses usufrutuários dos bens terrenos, enquanto a miséria e o abandono infelicitam os camponeses, os operários esfaimados e os citadinos esquecidos, a orfandade, a velhice desconsiderada, as doenças deformantes, todos estorcegando na condição em que se encontram, olhando o desfile contínuo da insensatez e do desperdício.
Com o sangue e o suor dos oprimidos que as guerras perversas submetem, com a rapina do espólio das cidades vencidas e incendiadas com incontáveis mortos e mutilados que ficam para trás, são erguidos esses monumentos de pedras, cercados de muralhas e fossos defensivos, para que a ostentação embriague os seus habitantes enfastiados que se atiram aos banquetes intérminos e às festas voluptuosas, na busca de sensações novas, para os corpos amolentados pela sucessão de prazeres aos quais se escravizam.
Embora toda a grandeza e força política, religiosa, econômica de que dispõem, não se eximem às enfermidades, à velhice, à morte, ou quando não são assassinados antes do tempo ou arrastados pelas ruas sob o apupo daqueles mesmos que os homenageiam por um dia, e logo vêem-nos em desgraça, ante a vitória de outros sicários mais arrogantes e perversos…
O poder no mundo é como uma chama que arde enquanto o combustível a sustenta, logo deperecendo e apagando-se quando o mesmo se consome, fazendo-a brilhar.
Normalmente, os vitoriosos de um momento transformam-se nos infortunados de outro, isto quando não colocam nas faces gastas e obscenas as máscaras dos risos mentirosos e a felicidade em disfarce.
Conflitos terríveis os desgovernam interiormente, levando-os às fugas espetaculares da alucinação e dos jogos enganosos do prazer, para não terem tempo de pensar nas próprias penas e angústias que os desgovernam.
Submetem muitos áulicos e controlam os vencidos que arrastam na sua infame glória, incapazes de administrar os próprios prejuízos morais que os martirizam em silêncio insuportável.
Também se encontram em provações muito significativas de que não se dão conta, porque as têm sempre como sendo a miséria e a dor.
O poder, a fortuna, a beleza, a fama e outros artifícios que adornam as existências de alguns indivíduos são graves provas de que todos terão que dar contas ao Administrador Celeste, e, conforme a maneira como se desincumbirem, escrevem o futuro de paz ou de aflições inomináveis para eles mesmos.
Todas as criaturas humanas transitam por idênticas faixas de evolução, adquirindo as experiências iluminativas necessárias à conquista de si mesmas.
Ninguém há que avance pela trilha da reencarnação em regime especial…
Deslumbras-te com as belezas dos monumentos, com a arte e o esplendor que apresentam; considera, porém, que expressam a inspiração que vem do Grande Lar que os artistas captam e materializam na Terra.
Fascinas-te com a harmonia e a magnificência das obras que imortalizam os seus autores; mas reflexiona que elas ainda são uma pálida cópia do esplendor em que se encontram no Mundo Causal.
Comovem-te esses impressionantes conjuntos de criações artísticas e passeias os olhos úmidos por esses fascinantes trabalhos; no entanto, compara-os com a delicadeza de uma pequenina flor, com a leveza de um colibri parado no ar, com o canto de um canário ou de um rouxinol, com uma folha de qualquer planta, com o milagre que consegue uma raiz arrancando da terra o de que necessita para que a vida permaneça e os fenômenos que a mantêm ocorram naturalmente.
Tudo que o poder humano consegue fazer em benefício do orgulho e do egoísmo, cedo ou tarde se transforma em patrimônio da Humanidade, queiram ou não os seus atuais proprietários, narrando a história do seu tempo, sugerindo encantamento, assinalando a evolução, promovendo o pensamento e engrandecendo a vida.
Entretanto, o hálito divino que a tudo vivifica e também impulsiona aqueles que se entregam às edificações e embelezamentos dos edifícios e santuários, dos palácios e museus, permanece sustentando os sofredores que erguem as palhoças, as palafitas e favelas em que vivem estremunhados e a sós ou em volumosos grupos, transferindo de um para outro lugar os seres nas sucessivas reencarnações.
Sem dúvida, essas superiores expressões da arte e da beleza produzem encantamento e enobrecem a sociedade que vive à caça dos tesouros de todos os tipos, merecendo nosso respeito e nossa alta consideração.
Verdadeiros missionários do amor mergulham na roupagem carnal, em cada época, a fim de retratarem as maravilhas do Além, convidando os transeuntes da argamassa celular à superação das paixões tormentosas, para rumarem na direção da auto-iluminação, a fim de se tornarem, a seu turno, artistas da paz, da fraternidade e da luz…
Aproveita o que de beleza o mundo pode oferecer-te, de modo que amplies a capacidade de enxergar para identificar a prodigiosa maravilha que existe na Criação.
Por mais grandiosa seja a labareda pintada numa tela colossal, jamais conseguirá atear um incêndio, que modesta e insignificante fagulha consegue com facilidade.
Desse modo, luta, para que depois de conheceres algumas cópias da arte que vige no mundo espiritual, possas avaliá-la pessoalmente, após a viagem que farás quando convidado ao retorno pelo gentil anjo da morte…
Embora todas as belezas que extasiam o ser humano nas edificações terrestres, nunca te olvides das realizações morais, aquelas que exornam o Espírito com as luzes imateriais da vida transcendente.
Sofre, se estás convidado às provas dolorosas, sorrindo, porque estás libertando-te do fardo enganoso que conduziste mas que esmagou aqueles que hoje se te acercam buscando apoio…
Sorri, se te encontras no momento do júbilo, sem olvidar-te de que há muitos irmãos chorando que necessitam da tua alegria em forma de acompanhamento nas dores que padecem.
Há muita beleza na arte de ajudar e passar adiante, deixando as construções do amor e a caridade para os que vierem depois, sem pompa nem opulência corruptora transitórias…


Joanna de Ângelis
(Pagina psicografada pelo médium Divaldo
Pereira Franco, na noite de 7 de junho
de 2008, após uma visita ao Château de
Versailles, na cidade do mesmo nome, na
residência de João Rabelo Júnior, em Paris,
França.)

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