O LIVRO DOS ESPÍRITOS
*Estudo de: Eurípedes Kühl
PARTE SEGUNDA - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos
CAPÍTULO V — Considerações sobre a pluralidade das existências (questão 222)
A nosso ver este capítulo representa, praticamente, a pedra angular do Espiritismo — a reencarnação! Sim, pois pelos desdobramentos vivenciais da reencarnação o homem consegue aproximar-se um pouco mais do entendimento da Justiça Divina.
Além disso, como se não bastasse tão espetacular processualística da evolução, que só mesmo a Sabedoria e Amor de Deus poderia engendrar, é por ela (a reencarnação) que se dá o intercâmbio entre o Plano Espiritual e o Plano Material.
Aliás, no capítulo anterior, Kardec já registrara à questão 171 que todas as premissas da reencarnação se fundam na Justiça Divina.
Agora, utilizando um capítulo inteiro, cujas considerações emanam de apenas uma questão — a de n° 222 —, o Codificador volta ao tema, com amplitude.
(O capítulo é longo e por isso vamos tentar sintetizá-lo, sem prejuízo do seu fulcro).
- A nós espíritas jamais acorreu proclamar que o Espiritismo teria “inventado” o dogma da reencarnação, ou mesmo que o teríamos ressuscitado da doutrina de Pitágoras. E não apenas dos gregos: também os egípcios e os hindus sabiam da volta da alma a um novo corpo físico. Com efeito, o Hinduísmo (2000 a.C.) e depois o Budismo e o Jainismo tinham a reencarnação como realidade. Na verdade, algumas distorções foram introduzidas no conceito remoto, preconizando que a alma humana, que mal procedesse, ao ter que reencarnar, para recuperar-se poderia reencarnar no corpo de um animal (metempsicose).
- Demonstrando justeza e boa vontade para com todos, Kardec sugere a neutralidade nesse tema, de forma a que a existência terrena possa acontecer várias vezes, ou, ao contrário, apenas uma vez, daí resultando que ou a reencarnação existe, ou não existe.
- Vejamos os desdobramentos da unicidade da existência física:
a. se a reencarnação não existe, obviamente só há uma existência corporal e nesse caso, a alma de cada criatura humana só pode ter sido criada na ocasião do seu nascimento, pois mesmo que a alma já existisse, onde estava? Fazendo o quê? Tinha consciência? Se não tinha, não progredia e nesse caso por que foi criada para a inércia mental?
b. havendo apenas uma vida física, como explicar, diante da Justiça Divina:
- a aptidão extra-normal de algumas crianças, para estas ou aquelas artes ou ciências, ao lado de outras crianças que já nascem com impedimentos irreversíveis?
- por que uns nascem pobres e outros ricos?
- por que uns nascem na Europa e outros junto a tribos indígenas?
- o que determina à alma nascer homem ou mulher?
- o que dizer ou pensar das crianças que nascem mortas?
Seria Deus parcimonioso a tal grau?...
Qual filosofia resolveria tais enigmas?
- Reflitamos, a seguir, sobre a existência das várias vidas para a mesma alma:
a. existindo a reencarnação, com ou sem crença dos homens, ela se processará, porque emana da vontade de Deus, como tudo o mais no Universo e nesse caso raciocinemos:
- no nascimento, cada alma já traz consigo intuição de aprendizados anteriores;
- tal adiantamento será meritório porque proporcional ao esforço próprio;
- na maioria, as almas criadas há mais tempo, terão condições de apresentar maior evolução, com multiplicados estágios terrenos, ora como homem, ora mulher; ora rico, ora pobre; ora numa profissão, ora noutra, e assim por diante;
- todas as desigualdades morais, mentais, intelectuais, sociais, econômicas, profissionais, familiares, etc. se auto-explicam, com lógica imbatível, porque alicerçada na Justiça de Deus — igualdade para com todos — e no mérito individual de cada alma (“A cada um segundo suas obras”, proclamou Jesus);
b. sobretudo, pelo amor do Pai pelos Seus filhos — nós —, se erramos numa ou mais existências, não estaremos condenados ao “fogo eterno”, e sim, temos “n” oportunidades de ressarcimento de eventuais erros na(s) vida(s) futura(s), na senda inexorável rumo ao progresso moral, morada da felicidade, finalidade precípua para a qual fomos criados (vide questão n° 132, desta obra).
* * *
A propósito do tema “reencarnação”, vamos transcrever abaixo duas questões que constam do nosso livro “Genética...Além da Biologia”, Edição FONTE VIVA, BH/MG, 2004:
— Como o Espiritismo explica que doenças graves, letais, algumas vezes se manifestam até mesmo em nascituros ou em crianças?
— Quanto a adultos, sabemos que doenças em geral são resultantes de agressões físicas sofridas pelas células somáticas, ao longo da vida do indivíduo, daí resultando desarranjos no genoma (em células específicas da área física injuriada). No câncer, por exemplo, essas células são induzidas a se reproduzirem descontroladamente, numa “clonagem indesejável”.
Inserimos aqui, como conjetura, que além das auto-agressões ao corpo, há o contexto espiritual, pelo qual o transgressor das leis morais, por atos de intemperança, agride também ao seu perispírito, mentalmente, por reverberação, com reflexos danosos nos vários departamentos do seu corpo, os quais evidenciarão repercussões infelizes, via de regra, em existências futuras.
Essa é uma explicação que trilha pela lógica e pela Justiça Divina e que pode perfeitamente justificar o surgimento de doenças graves em pessoas (bebês, crianças ou adultos) que na atual existência nenhuma transgressão tenham cometido.
Nós, espíritas, acreditamos que tais agressões formam as chamadas “matrizes psíquicas” no DNA das células, de onde, naquela existência ou quase sempre em outra futura, poderá eclodir uma deficiência física ou mental, como por exemplo, o câncer ou o mongolismo.
Estamos, com isso, lucubrando sim, que o DNA tem sua matriz no astral e que passa de reencarnação para reencarnação. Arrima-nos o saudoso Prof Carlos Torres Pastorino, na sua (infelizmente esgotada) monumental obra “Técnicas da Mediunidade” (Ensaio), p. 135, item: “A bioquímica comprova a Lei do Carma”.
Por fim, reduzindo os termos, temos que as doenças graves, na verdade, além de constituírem purificação orgânica, na maioria dos casos espelham purificação espiritual.
Mas, ninguém que tenha sido alcançado pela dureza do sofrimento deve permitir que isso lhe roube o sabor sutil da feliz essência que é estar vivo.
Comprovante científico da Reencarnação (!)
Roubando parte do tempo dos leitores, vamos inserir aqui uma humilde conjetura, que nem mesmo pode ser considerada como um “ensaio”, sobre uma eventual forma de comprovar a reencarnação.
Dirigimos essa conjetura a dois consagrados espíritas e os mesmos, conquanto a considerassem viável, sugeriram que fosse encaminhada à Federação Espírita Brasileira, o que fizemos.
Estamos aguardando pronunciamento daquela abençoada Instituição.
Sem mais demora, eis o que matutamos:
- Ao escrevermos o livro GENÉTICA E ESPIRITISMO, editado em 1996 pela FEB, no item “DNA e Reencarnação”, às pp. 34-40, reproduzimos várias informações sobre a imortalidade da parte astral do DNA. Daí ficamos a imaginar a proposição que, talvez, pelas estruturas dos genes e particularmente do DNA (via genoma), a Ciência possa definitivamente comprovar a reencarnação “in vitro”, isto é, pelo método laboratorial de pesquisa, comprobatório, irrefutável e universal.
Para tanto, necessário seria colher material de alguém desencarnado e comparar esse DNA, com o de alguém que, hoje, reencarnado, seja supostamente aquele indivíduo.
Apenas como exemplo: há em Uberaba/MG, o Hospital do Fogo Selvagem, onde tempos atrás, em visita, o nosso Chico Xavier confidenciou que um dos internos era a reencarnação de um personagem (famoso quanto infeliz) da 2ª Guerra Mundial...
Depois disso, até temos na literatura espírita um livro de famoso jornalista carioca, que afirma ter sido personagem da “revolução francesa”.
Se fosse possível oficialmente coletar um fio de cabelo dos despojos de ao menos um desses personagens e compará-lo com o DNA dos ora encarnados, quem sabe seriam coincidentes...? Lembro que há alguns anos, nos EUA, foi examinado um fio de cabelo de Lincoln e afirmou-se que ele sofria de doença respiratória, fato que nem todos os biógrafos do grande Presidente norte-americano registraram.
Assim, isso de coletar DNA de vultos históricos não será novidade, nem profanação.
Seria, a meu ver, o casamento ideal do ESPIRITISMO com a CIÊNCIA, preconizado por Kardec e defendido por Einstein.
Sabendo caríssima tal pesquisa, imaginamos que só mesmo poderia realizá-la alguma Entidade Científica (Fundação, Faculdade, etc).
A bem da verdade: nossa lucubração sobre o DNA-imortal, como elemento probante terreno/científico da reencarnação, deriva-se e se escora na já citada obra de TORRES PASTORINO (Técnicas da Mediunidade), quando aventou (como ensaio) que o DNA comprova o karma...
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