Danilo Carvalho Villela
Como todo trabalho no bem, o exercício da mediunidade nos moldes espíritas enfrenta dificuldades compreensíveis, tendo-se em conta que nos achamos em um mundo de expiação e provas, onde a presença do mal supera a do bem. Sabemos, por outro lado, que aquela faculdade não se apresenta na vida de alguém por acaso, resultando sempre de compromisso cuidadosamente planejado e livremente aceito antes do retorno à experiência material, ao longo da qual serão necessários tempo, esforço e dedicação para que o medianeiro atenda corretamente a seus deveres. Sabe-se, no entanto, que apesar dos benefícios (paz, convívio com benfeitores desencarnados, senso de utilidade) e da alegria que a mediunidade proporciona, não tem sido pequeno o número de insucessos no seu desempenho pois observamos pessoas que indiscutivelmente a possuem mas nunca chegam a utilizá-la sistematicamente, alegando impedimentos diversos, enquanto outras abandonam a tarefa já iniciada, dispondo embora de todas as condições para dar-lhe continuidade.
A mediunidade, como obrigação de natureza moral, estará invariavelmente na dependência da vontade e do livre-arbítrio de seu portador, que poderá sempre recusar ou interromper o trabalho, o que será lamentável caso não haja um impedimento real (uma enfermidade, por exemplo) que justifique essa decisão pois, conforme sabemos, a atividade do bem no plano material conta normalmente com equipes mistas, integradas por trabalhadores encarnados e desencarnados, pelo que o afastamento indevido de qualquer membro representa redução das possibilidades do conjunto com sobrecarga de esforço para os demais. Entre as razões de falha destacam-se o comodismo e a fraqueza da vontade comumente observadas em personalidades ainda imaturas que somente se mobilizam e movimentam por interesse ou quando premidas por alguma ameaça. Ao lado disso, encontramos como causa relevante de queda, com prejuízo ou abandono da tarefa, o orgulho, que leva o medianeiro a julgar-se superior aos demais – quando, na verdade, as diferenças de características pessoais são aproveitadas pela direção espiritual do trabalho – fazendo também, juntamente com a preguiça mental, que ele se descuide quanto à necessidade de aprimoramento (estudo, auto-observação, prática do bem), passando a receber mal qualquer observação relativa a algum senão em seu trabalho. Atingido esse ponto é grande o risco de uma obsessão que o leve a afastar-se do grupo, deixando a tarefa ou tornando-se vítima de mistificadores que o iludem sem que ele o perceba.
Em síntese: ao comentarem os obstáculos ao serviço de intercâmbio com a espiritualidade, não relacionaram os benfeitores desencarnados as questões externas, de certa forma previstas antes da reencarnação, situando as principais causas de falha nas condições íntimas do medianeiro pois sabemos que dificuldades profissionais, familiares e até de saúde não impedem inúmeros companheiros de prosseguirem valorosamente em suas atividades doutrinárias.
É oportuno lembrar por fim que, como sucede com outras faculdades de que o ser humano é dotado, também a mediunidade se aprimora com o exercício, habilitando seus possuidores a colaborarem ainda mais amplamente na extensão do bem.
“O Livro dos Médiuns” (capítulo 20, item 228).
SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim Semanal editado pelo
Lar Fabiano de Cristo
Diretor:
Danilo Carvalho Villela
Editores:
Jorge Pedreira de Cerqueira
Eloy Carvalho Villela
Endereço:
Rua dos Inválidos, 34 - 7o andar
Centro - CEP 20231-044
Rio de Janeiro - RJ
Tel. (21) 2242-8872
Fax (21) 3806-8649
Brasil
Internet: http://www.lfc.org.br/sei
Sábado, 9/8/2008 – no 2106
Nenhum comentário:
Postar um comentário