OS MILAGRES E AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO
CAPÍTULO I
CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA (I)
Em sua marcha ininterrupta de progresso e desenvolvimento intelectual e moral o homem, questionando a razão da própria existência, busca a forma de melhor viver em harmonia com a Natureza, investigando suas leis perfeitas e imutáveis e, descobrindo suas disposições, tira delas em seu proveito as normas de conduzir-se física e moralmente de modo a sentir-se cada vez melhor, na plenitude da vida.
Nessa incessante busca, de tempos em tempos, de acordo com o progresso alcançado, questionamentos vão surgindo e os paradigmas de conduta vão sendo modificados pelos novos conhecimentos.
Na constante observação dos resultados da pujança da vida na Terra e da grandiosidade das leis que regem o Universo, o homem está a questionar, na atualidade, sua já antiga concepção de que o conhecimento somente pode ser adquirido através da investigação científica; percebe que também pode adquiri-lo pela revelação.
Revelação, como o próprio termo está a indicar, consiste em "tirar-se o véu daquilo que estava encoberto", não sendo necessária mais a experimentação para a descoberta, pois que o resultado é logo apreendido pela inteligência que o assimila como verdadeiro.
Dentro desses raciocínios, em o primeiro capítulo de A Gênese, Allan Kardec, criteriosamente cuidou de enfocar o caráter da Revelação Espírita, para que o seu estudo possa ser livre e consciente para todo investigador ou aprendiz sincero.
Assim formula as primeiras indagações, verdadeiros quesitos para o suporte de um trabalho científico:
"1 - Pode o Espiritismo ser considerado uma revelação? Neste caso, qual o seu caráter? Em que se funda sua autenticidade? A quem e de que maneira foi ela feita? É a Doutrina Espírita uma revelação no sentido teológico da palavra, ou por outra, é, no seu todo, o produto do ensino oculto vindo do Alto? É absoluta ou suscetível de modificações? Trazendo aos homens a verdade integral a revelação não teria por efeito impedi-los de fazer uso de suas faculdades, pois que lhes pouparia o trabalho da investigação? Qual a autoridade do ensino dos Espíritos, se eles não são infalíveis e superiores à Humanidade? Qual a utilidade da moral que pregam, se essa moral não é diversa da do Cristo, já conhecida? Quais as verdades novas que eles nos trazem? Precisará o homem de uma revelação? E não poderá achar em si mesmo e em sua consciência tudo o quanto é mister para se conduzir na vida? Tais as questões sobre o que importa nos fixemos".
É necessário, contudo, que para melhor começarmos o estudo do caráter da Revelação Espírita, definamos, melhor o sentido da palavra revelação. Revelar, do latim revelare, cuja raiz é velum, véu, significa, literalmente, como já dito, sair de sob o véu e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida. Em sua acepção vulgar essa palavra se emprega a respeito de qualquer coisa desconhecida que é divulgada, de qualquer idéia nova que nos informa do que não sabíamos.
Nesse sentido, todas as ciências, elucida Allan Kardec , nos fazem revelações ao nos darem a conhecer os mistérios da Natureza e assim pode-se dizer que para a Humanidade há uma revelação constante. A Astronomia revelou o mundo astral, que não conhecíamos; a Geologia revelou a formação da Terra; a Química, a lei das afinidades; a Fisiologia, as funções do organismo, etc. Assim, todos os homens de gênio, como Copérnico, Galileu, Newton, Laplace, Lavoisier foram reveladores.
"No entanto, a característica essencial de qualquer revelação tem que ser a verdade. Revelar um segredo é tornar conhecido um fato; se é falso não é um fato e, por conseqüência não existe revelação. Toda revelação desmentida por fatos deixa de o ser, se for atribuída a Deus. Não podendo Deus mentir, nem se enganar, ela não pode emanar dele: deve ser considerada produto de uma concepção humana".
Dentro desses pressupostos de entendimento seguir-se-á este estudo de A Gênese, de Allan Kardec, para que seu conteúdo científico e moral venha a ser assimilado por todos quantos a ele tiverem acesso.
DENIZART CASTALDELI
Julho 2001.
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