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sábado, 1 de novembro de 2008

TOLERÂNCIA

Danilo Carvalho Villela

 

A tolerância, conforme os dicionários, “é a disposição para admitir e respeitar opiniões diferentes ou até opostas às nossas”. E, falando sobre ela, há alguns anos, o filósofo inglês Bernard Williams (1929-2003) classificou-a como “a virtude incômoda”, lembrando que ela foi praticada pela primeira vez em nossa tradição ocidental quando cristãos e muçulmanos, na península ibérica, perceberam que não poderiam destruir-se uns aos outros, compreendendo, então, que precisavam conviver apesar de suas diferenças.

Essa convivência, diga-se de passagem, não foi fácil e prolongou-se por vários séculos, incluindo também os israelitas e mostrando-se enriquecedora para as três facções.

Na verdade essa questão é mais ampla pois sempre houve na Terra diferenças de raça, língua e religião, com as quais nunca convivemos bem, considerando, por orgulho, como inferior tudo o que não era igual a nós. O egoísmo, por outro lado, levava à agressão e subjugação de povos e comunidades, às quais se impunham os costumes e até o idioma dos vencedores.

Foi assim que se constituíram os grandes impérios do passado, sendo recente, em termos de História, a criação de organizações internacionais onde os diferentes Estados possuem representação e nas quais são debatidos conflitos e problemas comuns com vistas à sua solução negociada.

No terreno da religião, a tolerância tem sido ainda mais difícil pois, julgando-se detentores da “palavra de Deus”, custa muito a alguns chefes religiosos admitir que a orientação divina possa ter chegado a outros pontos – e, na verdade, ela sempre chegou a toda parte – contendo, no entanto, sob redação diferente, os mesmos pontos essenciais da necessidade do amor e de nossa dimensão espiritual. Houve, em conseqüência, inúmeras guerras religiosas que se celebrizaram por sua crueldade sem se darem conta, os que as promoviam, do crime absurdo que praticavam pois agiam em sentido oposto às diretrizes que diziam seguir.

Modernamente isto se modificou, reconhecendo-se não só serem naturais as percepções diferentes acerca de qualquer questão mas constatando-se ainda os benefícios que advêm dessa multiplicidade de visões que, não raro, se complementam, proporcionando uma compreensão melhor de qualquer questão ou proposta e, em decorrência, ações mais bem orientadas acerca das mesmas.

A Doutrina Espírita, desde seu surgimento, incluiu a tolerância entre suas diretrizes, o que decorre, aliás, do panorama que ela veio descortinar: achamo-nos em níveis diversos de evolução, sendo naturais as diferenças de entendimento que daí decorrem, que não representam “erros”, porém, visões progressivamente mais completas da realidade que, por sua vez, fundamentam nossos padrões de convivência, desde as noções tribais de organização e família, próprias da individualidade ainda imatura, atingindo a consciência de cidadania, com suas conquistas relativas a valores coletivamente aceitos e ao reconhecimento de direitos e deveres comuns a todos, a caminho da percepção de nossa filiação divina quando passaremos a nos sentir irmãos uns dos outros, membros conscientes da grande família universal.

“O Evangelho segundo o Espiritismo” (capítulo 23, itens 15 a 18).

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Sábado, 1/11/2008 no 2118

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