*George Abreu de Sousa
Na busca da paz, rememoremos Paulo de Tarso: “Não me chamem de Apóstolo, com a graça de Deus sou o que sou.” (I Coríntios, 15: 9 e 10).
É bem verdade, como é bom dizer: “Com a Graça de Deus, sou o que sou. Existo, com os meus erros e meus acertos, nada posso negar nada devo negar.”
A verdadeira paz não será encontrada no sentir-se aceito pelas pessoas, com seus interesses imediatistas, mas em ser aceito por Deus.
Aquele que me deu a vida sabe compreender as minhas limitações, nada me cobra e tudo me oferece. Ele sabe do que preciso, e por Sua absoluta justiça oferece-me o exercício de mais uma existência nesse planeta-escola.
A vida recebida retrata, fielmente, a necessidade individualizada, dando margem a que se exercite a própria bagagem moral, acrescentando mais experiência ao mundo íntimo, devassável senão por cada um, na medida do próprio desenvolvimento.
Poderíamos ter nascido noutro continente, noutro país, noutra cultura, noutra família, noutro corpo, mas nada disso aconteceu, e acabamos por nos tornar quem somos. Qual será a razão? Ou não haverá razão nenhuma?
Cada um tem o seu próprio mundo, seus próprios anseios e medos. Por outro lado, conta com as ferramentas de ação, particularizadas a cada um, o que lhe permite a luta, nas diversas relações da vida em que somos convidados a participar pela Sublime Coerência. Não somos melhores nem piores, apenas somos.
Percebemos de modo mais claro nossa individualidade nos momentos da vida em que sentimos dor, física ou moral, entendendo que ninguém mais pode senti-las por nós. Portanto, é nos momentos mais graves da nossa vida que conhecemos parte do que somos, e não são poucas as vezes que nos estranhamos.
Temos que admitir: é nos embaraços da vida, nos momentos de estresse, que visualizamos mais o aprendizado, é quando temos mais atenção e nosso coração escuta melhor. No outro extremo, no ócio prolongado, a alma desejosa de crescimento sente-se constrangida, triste, mesmo depressiva.
A nossa vida parece ter uma inteligência própria, não a dominamos, ela é absoluta em seus caprichos, tão distraída que se faz parecer casual, e ainda que pulsando sob vontade própria jamais é desprovida de coerência, se analisada com isenção e numa maior faixa de tempo.
Almas aflitas odeiam a própria vida, abraçando a falsa ilusão de a poder controlar.
Somente o cansaço e o abatimento poderão modificar a atitude dos que não suportam estar onde estão e serem o que são.
A cada um compete ser o guardião da própria paz, e fará isso mantendo-se agradecido pela vida recebida. Nesse estado de agradecimento, buscará com lucidez as soluções, e sendo um pouco mais observador, com entusiasmo sentirá que para tudo existe jeito, e não será difícil considerar a vida sua aliada na grande descoberta que precisa fazer, a do conhecimento de si mesmo.
O agradecimento pela vida recebida é triunfo da alma sobre sua própria ignorância, golpe forte sobre seu orgulho, e motivo de um prazer espiritual de incomparável sabor.
A busca da paz vagueia por tantos desencontros, viaja de desejo em desejo, não sossega entre tentativas e erros, mas pode ser encontrada quando se agradece a vida que se tem. Não é preciso estar longe de onde se está, não é preciso ter o que não se tem, nem é necessário ser o que não se é.
Foi-nos dada uma vida, a nossa vida, nela precisamos encontrar a energia da satisfação, a energia que opera sempre agradecida. Nossa inteligência, claro, buscará torná-la melhor e mais confortável, está na Lei de Progresso, mas em todas as circunstâncias será valioso o agradecimento por onde se está, pelo que se tem e pelo que se é.
Muitas vezes passamos por provas dolorosas, somos levados ao limite de nossas forças, temos vontade de nos entregar à revolta e ao desânimo, muitas justificativas surgem para nos mostrar que somos menores do que realmente somos.
São momentos delicados, em que precisamos ainda mais de nos aproximar de Deus e Lhe pedir que nos dê compreensão, pois a alma tem o direito de compreender a razão do seu sofrimento para melhor aceitá-lo e vencê-lo.
Ensina o Espiritismo que a alma trabalha fora do corpo físico, e no transcender da matéria encontra suas respostas. Reconfortada, retorna para suas lutas com mais compreensão, sabendo o que precisa ser feito. Mas, não basta saber, é preciso ter o equilíbrio proveniente da aceitação incondicional da vida, mantendo uma vibração de harmonia com a qual terá condição de implementar o que apreendeu por sua própria percepção em espírito.
Perturbada e sem confiança na própria vida, a alma não respeitará a própria intuição que lhe pede boa-vontade, esforço e dedicação, e se tornará alvo das perturbações desequilibradas que a podem arrastar em descabidas e exageradas energias de pessimismo e desgosto.
Tanto quanto a prece, o agradecimento pela vida recebida é requisito imprescindível na busca da paz. Dentro dessa profunda consciência de que temos exatamente o que precisamos, vale repetir: “Com a graça de Deus, sou o que sou”.
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Sábado, 28/6/2008 – no 2100
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