A conjugação dos temas Corpo-Mente-Espírito foi amplamente focalizada no último Congresso da Associação Médico-Espírita do Brasil (Medinesp), realizado em São Paulo, em dois painéis: o primeiro, destacando a importância da religiosidade no combate à depressão e suicídio, bem como à promoção do bem-estar das pessoas; e o segundo, abordando a prática religiosa na recuperação de dependentes de drogas. Neste e no próximo número, o “Serviço Espírita de Informações” irá destacar os principais pontos da entrevista concedida por dois dos congressistas ao jornal “Folha Espírita”, de São Paulo, que a publicou em sua edição 405. O primeiro entrevistado é o médico Alexander Moreira de Almeida, 33 anos, professor adjunto de Psiquiatria e Semiologia da Universidade Federal de Juiz de Fora, e diretor do Núcleo de Pesquisas em Espiritualidade e Saúde, da mesma instituição, que abordou o tema do primeiro painel, afirmando, de início, que a maior parte dos estudos existentes em vários países revelam que as pessoas com maior grau de envolvimento religioso – que acham importante a religião em suas vidas, ou freqüentam serviços religiosos – tendem a apresentar menores níveis de depressão.
“Isso não quer dizer que o religioso não possa vir a ter depressão – explica – porém o risco tende a ser menor. Estatísticas e pesquisas, realizadas no Brasil e no mundo, mostram essa relação. Trabalho realizado e publicado há cinco anos, nos Estados Unidos, constatou que indivíduos que não freqüentavam serviços religiosos apresentavam risco de suicídio quatro vezes maior que os assíduos ao ambiente religioso”.
Sobre a definição de “bem-estar”, o professor fez os seguintes apontamentos:
“Há vários enunciados sobre o assunto, mas que, de modo geral, é aferido perguntando-se ao próprio indivíduo o quanto ele avalia o seu bem-estar e como se sente bem.
Há, ainda, indicadores que podem fazer emergir respostas à questão, como o grau de otimismo, de esperança e outros”.
Alexander esclareceu ainda que os estudos já referidos demonstram que, de um modo geral, o indivíduo mais religioso tende a ter maiores índices de bem-estar, em comparação com o não-religioso. “Embora seja esta uma questão ainda não respondida integralmente, há alguns fatores ligados ao bem-estar e à felicidade vinculados à religiosidade, destacando-se o de um sentido para a vida, a percepção de um objetivo a ser alcançado nas coisas que faz, tudo isso ligado ao bem-estar que a religião pode promover. O apoio coletivo, o relacionamento social, os amigos, pessoas mais próximas, também estão ligados com a felicidade-bem-estar e religiosidade. Em relação ao enfrentamento das dificuldades e desafios da vida, a religião é importante, ao proporcionar um significado para a existência e para as dificuldades pelas quais passamos”.
Com relação à ocorrência de índices de depressivos e suicidas ligados a algum reduto religioso, o médico informou não haver nos estudos muitas diferenças entre as diversas religiões, sendo que o principal fator observado diz respeito ao nível de envolvimento religioso da pessoa e como isso ocorre.
Sobre o tipo de tratamento espiritual que pode auxiliar no cuidado da depressão e tendências suicidas, asseverou o conferencista desconhecer qualquer estudo a respeito. “O que de modo geral se percebe nas pesquisas é que a religiosidade pode ajudar o indivíduo a enxergar um sentido para a vida e os meios para compreendê-la, ensejando-lhe a coragem necessária para encarar as dificuldades cotidianas com mais força e otimismo, objetivando superá-las. Além desse importante fomento à conscientização, levado a efeito por várias religiões, há aquelas que associam grupos de oração, a aplicação de passes magnéticos ou realizam reuniões específicas de tratamento espiritual”.
O estudioso citou pesquisas por ele realizadas, publicadas na “Revista Brasileira de Psiquiatria”, e outras que podem ser lidas na página www.hoje.org.br/site/artigos. Referiu-se, ainda, à importância do pós-doutorado na “Duke University” (EUA), que lhe proporcionou a oportunidade de melhor conhecer os pesquisadores que têm trabalhado no assunto, no exterior. Uma das conseqüências foi a publicação de uma edição especial em “Espiritualidade e Saúde” na “Revista de Psiquiatria Clínica”, editada pela USP, que pode ser acessada em www.hcnet.usp.br/iqpd/revista/vol34/s1/index.html.
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Sábado, 5/7/2008 – no 2101
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