O LIVRO DOS ESPÍRITOS*
* Estudo de: Eurípedes Kühl
PARTE PRIMEIRA - Das causas primárias
CAPÍTULO II — Dos elementos gerais do Universo
Conhecimento do princípio das coisas
Este capítulo engloba vinte perguntas e respostas: n°s 17 a 36.
Às três primeiras, prosseguem os Espíritos sem condições de respondê-las (tratam, em síntese, da revelação do “princípio das coisas”, cujo mistério o homem ainda não tem faculdades para compreender, mesmo porque a ciência tem limites estabelecidos por Deus).
Embora paradoxal, justamente os homens de ciência, aqueles que mais e mais se jactanciam (1) de enunciar e comprovar as leis da física, da química, da astronomia, da biologia, etc., são esses os que mais se aproximam da percepção da grandeza da Criação — de Deus!
Contudo, seja por orgulho, seja por presunção, declaram não terem qualquer crença, menos ainda a concepção de um criador universal.
O Espiritismo tem como premissa que todas as coisas emanam de Deus. Assim, Deus, espírito e a matéria, constituem a trindade universal: o princípio de tudo o que existe.
Matéria
Só Deus sabe se a matéria existe desde sempre — a eternidade.
Antigamente havia o conceito de que matéria era tudo aquilo que tinha densidade, consubstancialidade, peso e forma, regular ou irregular, mas sempre tangível. Vejamos a questão n° 22:
“— Define-se geralmente a matéria como sendo o que tem extensão, o que é ca-paz de nos impressionar os sentidos, o que é impenetrável. São exatas estas definições?
— Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil, que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria. Para vós, porém, não o seria.
Ainda com essa questão, nós, espíritas, aprendemos que “matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação”.
Espírito
Como o princípio inteligente do Universo, para manifestar-se no âmbito do plano terreno, o espírito necessita de unir-se à matéria.
Nessa união, a matéria bruta, grosseira, se junta ao fluido universal (ou universal, ou primitivo), que tem propriedades especiais e age como intermediário, possibilita incontáveis combinações materiais, sob comando do espírito. Assim, o espírito “intelectualiza” a matéria!
Propriedades da matéria
São inúmeras as propriedades da matéria, a qual, por leis naturais e físicas, divinas, sábias, se modifica de modo a atender à organização física (e aos gostos) dos diversos seres vivos do planeta Terra.
NOTA: Quando se pensar em “gostos”, reflitamos na bondade divina que proporciona que na Terra existam tantos sons, tantas cores, tantas frutas, tantas hortaliças, tantos grãos, tantos climas, etc. etc.
Isso, para que ninguém venha algum dia a reclamar do agudo, porque existe o grave; do preto, porque existe o branco; do limão, porque existe a laranja lima; do jenipapo, porque existe o abacate; do jiló, já que existe o maracujá; do chuchu, já que existe a abobrinha; do quiabo, já que existe a vagem; da chicória, já que existe o almeirão; do frio, porque existe o calor; da lentilha, porque existe o feijão; e por aí vai...
A gama de transformações e combinações materiais possíveis praticamente vai ao infinito e é justamente isso que possibilita ao homem exercitar a inteligência e tornar seu viver mais confortável.
Como exemplo, citamos as incontáveis utilizações: do fogo, da energia potencial da água, da fissão atômica, etc. etc.
Espaço universal
Dimensionar o espaço universal, estabelecendo-lhe fronteiras, bem como, conceder-lhe certidão de nascimento, é absolutamente impossível ao homem, que pode, apenas, concebê-lo infinito — sem limites.
Vácuo, por definição, seria o “espaço ocupado por coisa alguma”.
Kardec perguntou (questão n° 36) e obteve como resposta:
— O vácuo absoluto existe em alguma parte do Espaço universal?
— Não, não há o vácuo. O que te parece vazio está ocupado por matéria que te escapa aos sentidos e aos instrumentos.
Estávamos em 1857...
A Ciência oficial tinha como verdade que entre os corpos celestes havia, sim, o vácuo absoluto...
Eis que...
Só nos fins do século XIX, início do XX, concorde com aquilo que Kardec registrou à já mencionada questão n° 22, foi que a existência dos átomos e das moléculas foi definitivamente aceita pela ciência.
Aí, passou a ser “oficial” a suspeita da ciência de que o vácuo — a imensa área escura do espaço — estava repleto de matéria, tanto quanto um copo vazio está sempre cheio de ar.
— Mas, como prová-lo?!
O ESPIRITISMO E A CIÊNCIA...
Em 1905, Albert Einstein, físico alemão (1879-1955), de paralelo com a física clássica, enuncia o conceito de fóton (quantum específico da luz) e que uma onda luminosa monocromática é formada de fótons, que têm massa de repouso nula, propagando-se no vácuo à velocidade da luz.
Fóton (do grego = photos, luz): quantum específico da luz;
Quantum (do latim = quantidade que toca a cada um em uma partilha). O plural de quantum é quanta.
Estava inaugurada a mecânica (teoria) quântica!
A partir daí, as descobertas foram se sobrepondo, umas às outras.
Após o reconhecimento da existência dos átomos, colocou-se a questão de sua estrutura. Um primeiro modelo, baseado nos quanta (dispositivo planetário: elétrons gravitando em torno de um núcleo) foi aperfeiçoado, com a descoberta do nêutron, em 1930-1932.
Elétrons e nêutrons, em termos de física, passaram a ser considerados como partículas subatômicas fundamentais da família dos leptons (do grego = miúdos).
Vários são os leptons conhecidos: os elétrons, os múons, os neutrinos (nome dado a pequenos nêutrons, por Enrico Fermi, físico italiano — 1901-1954), e outros.
Desde então, muitos físicos se debruçaram na pesquisa dos nêutrons, talvez as partículas mais intrigantes do mundo subatômico.
Intrigantes por possuírem propriedades misteriosas, fantasmagóricas até! Sim: são capazes de atravessar toda a Terra sem uma única colisão... Quais se fossem fantasmas...
Atravessam objetos sólidos, inclusive o corpo humano, felizmente sem nenhum dano.
O espantoso disso tudo é que trilhões (!) deles, a cada segundo, nos atravessam! E no entanto, quando tudo, mas tudo mesmo, indicava que não possuíssem massa, eis o que aconteceu: dando um salto de Kardec aos nossos tempos, no início de Junho de 1998, no Japão, um grupo de cento e vinte (!) cientistas, buscando entender o que pudesse ajudar a entender algo que eventualmente existisse na escuridão do universo, e principalmente tentando comprovar que os neutrinos possuem massa, realizou um experimento no observatório japonês Super-Kamiokande (nota):
1. Num tanque de aço inoxidável com 12,5 milhões de galões de água ultrapurificada (!!!), colocado 1,6 quilômetro abaixo da superfície da terra (um ambiente de estabilidade perfeita), foram instalados detectores de luz;
2. Observou-se que às vezes, um neutrino colide com uma molécula de água e produz um lampejo azul;
3. os cientistas verificaram que os lampejos variam de intensidade, o que significa que os neutrinos mudam de forma, logo, devem possuir massa.
Criados a partir do processo de desagregação do núcleo do átomo, os neutrinos podem ser milhões de vezes menores do que um elétron, até hoje a partícula com menor massa conhecida. Quando visto por outra partícula em experiências de espalhamento parece como um disco de 10-38cm2.
NOTA: Só para comparar: um elétron é visto por outro elétron (via interações magnéticas) como um disco da ordem de 10-30cm2.
Atualmente se sabe que existem ao menos três neutrinos, cada um associado a uma partícula diferente: o neutrino do elétron, o do múon e o do tau, descoberto há três anos. E mais intrigante ainda: eles podem intercambiar, entre si, as formas. Marcelo Gleiser, brasileiro, físico mundialmente respeitado, chamou a essas trocas de formas como sendo “o samba do neutrino doido” (nota) (o carnaval se aproximava...).
E isso ainda não é tudo: desde 1995, nos EUA, um experimento indicou a possível existência de um quarto neutrino, chamado de “neutrino estéril”.
Neutrinos são forjados no centro de estrelas como o Sol, em desintegrações de núcleos radioativos e em raios cósmicos. Em conseqüência, todo o sistema solar, e particularmente a psicosfera terrena, estão saturados deles. Ora:
— Isso não lembra o que o Espiritismo fala do fluido cósmico, em uma de suas infinitas transformações, particularmente aquela que constitui o envoltório atmosférico dos corpos celestes?
— No caso da Terra, vindo os neutrinos do Sol, isso não parece confirmar a informação de Emmanuel (nota), sobre a formação da Terra?
— E, em termos de envoltório sutil e etéreo da atmosfera dos corpos celestes, não é dali que os Espíritos retiram a “matéria-prima” com a qual organizam seu perispírito, para atuarem nesse corpo celeste específico, no qual irão estagiar, ora encarnados, ora desencarnados, na longa rota evolutiva?
— Se neutrinos contêm massa, mas são tão infinitamente pequenos que podem, aos trilhões, atravessar todos os corpos sólidos, isso também não lembra uma das propriedades do perispírito, que mesmo ainda sendo matéria (segundo as questões n° 93 e 94 de “O Livro dos Espíritos” e o item n° 23 do Cap. XIV de “A gênese”), atravessa corpos sólidos sem a menor dificuldade e se desloca instantaneamente a grandes distâncias?
— A interatividade nas formas dos neutrinos, também não nos lembram as diferentes constituições perispirituais a que Kardec se re-fere, quando registrou as diferentes classes de espíritos, com as respectivas densidades dos perispíritos que os recobrem?
— Essa mesma interatividade dos quatro neutrinos conhecidos, não teriam ação psicossomática naquilo que a Biologia denomina de “genoma humano” (o código da vida) — o DNA?
NOTA: – O DNA tem quatro constituintes, e tem si escrito o código genético, na forma de pares de bases, ou letras químicas:
A (adenina): liga-se à T (Timina) e
C (citosina): liga-se à G (Guanina).
Terminamos por aqui nossos comentários, rogando aos que nos lêem que relevem nosso pretensioso vôo rasante sobre a Ciência.
Conquanto não temos formação de físico ou químico nuclear, nem por isso nos vemos impedidos de ao menos conjeturar.
A propósito, rogamos, ao menos, concedam o favor da lembrança das palavras proféticas de Kardec e teçam suas deduções:
Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará.
De nossa parte, estamos testemunhando que a humildade de Kardec bem que pode ser configurada de outra forma: o tempo permitirá à Ciência comprovar o que os Espíritos já sabem há muito tempo...
Notas
1. Reportagem científica da Revista VEJA de 17.Junho.1998: O VAZIO ESTÁ CHEIO.
2. GLEISER, Marcelo, em texto especial para o caderno “Mais” da Folha de S.Paulo, em 15.Fev.04.
3. Espírito EMMANUEL, em “O Caminho da Luz”, psicografia de F.C.Xavier, ª Ed., 1999, FEB, Ri-o/RJ, no capítulo I, “A gênese planetária”, registra que a Terra seria “um bloco de matéria informe deslocada do Sol”, fato que hoje a ciência tem como a melhor de todas as probabilidades.
1 jactanciam
(jac. tân. ci:a)
sf.
1 Atributo ou atitude de quem se julga superior e faz alarde de suas qualidades e proezas.
2 Altivez, arrogância.
[F.: Do lat. jactantia. Ant. ger.: humildade, modéstia.]
2 múon
(mú.on)
sm.
1 Fís. Partícula elementar das denominadas léptons, instável, abundante nos raios cósmicos que atingem a Terra e semelhante ao elétron, mas 207 vezes maior
[Pl.: múons e (p. us. no Brasil) múones.]
[F.: Do ing. muon.]
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