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segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O AMOR DA RELIGIÃO


José Fernando Iasbech

Nestes dias de Páscoa, quando observamos o prelibar alegre das crianças à espera do generoso coelhinho, recordamo-nos do carinho com que nossos pais brincavam conosco, marcando com as pontas de três dedos, pegadinhas brancas (de talco ou farinha) para que nós, crianças, ao despertarmos no domingo, pudéssemos seguir a trilha que se estendia pela casa e nos levaria, seguros, ao doce tesouro.
Essa brincadeira, talvez hoje em desuso, convida-nos à reflexão sobre o amor com que Deus permite a existência de tantas religiões.
Infinitamente mais sábio do que nós, busca o Criador, por mil maneiras, cativar e conduzir-nos, crianças espirituais que somos, para a descoberta da felicidade sem mácula. Se a alguns agrada “chocolate branco” e a outros o “meio-amargo”, atende o Pai de infinita bondade nossos variados “gostos”. Compreende-nos as tendências e multiplica os tipos de religiões, cuidando de que a ninguém possa faltar ao menos uma. Ao menos uma, porque, com certa freqüência, vemos pessoas que professam inicialmente um credo e, mais tarde, afinizam-se a outro.
Vemos como deve ser, freqüentemente pessoas de credos diferentes irmanadas num mesmo intento.
Certa feita fui convidado a participar da solução de um problema de mediunidade.
Uma jovem aluna permitira a comunicação psicofônica durante uma aula. O professor em sala era católico. Surpreso, diante da ocorrência, pediu a outra aluna que chamasse alguém para ajudá-los. Ao chegar outro educador, buscado pela aluna, este, com algum conhecimento da Doutrina Espírita, conseguiu recompor a médium. A aula foi interrompida.
Passada a onda de primeira curiosidade, em que o assunto foi comentado por muitos, seguiu-se a iniciativa positiva, em que educadores católicos, evangélicos e espíritas reuniram-se para debaterem o incidente, tirarem ensinamentos e trabalharem em benefício da aluna, pois já se falava de internação para tratamento psiquiátrico e rejeição pelos colegas.
Convidado à reunião, encantou-me ver a harmonia, a boa-vontade de todos e, em particular, a história de alguns. Um dos representantes evangélicos havia freqüentado centros de umbanda antes de aderir ao credo protestante. Um padre presente costumava ler obras de Chico Xavier.
Eu, mesmo, fui criado no Catolicismo, tendo conhecido a Doutrina Espírita apenas na juventude. Em síntese, aquele cadinho de pessoas bem-intencionadas congregava crentes sinceros de diferentes religiões em prol de uma mesma causa, apesar do respeito pelas diferenças.
De outra feita, após ter trabalhado por cerca de três meses com um militar jordaniano, que era admirado e apontado por seus compatriotas como um bom muçulmano, pedi-lhe que me explicasse algo sobre sua religião. Foi impressionante observar as semelhanças para com muitos dos valores cristãos e, mesmo nas discordâncias, encantava ver como algumas interpretações seguiam raciocínio lógico idêntico ao ocidental. Como exemplo, questionado sobre terem os muçulmanos várias esposas, explicou-me aquele amigo:
“Temos que interpretar o Corão dentro do contexto histórico. O Profeta autorizou até quatro esposas por que, na época, as guerras fizeram com que a população masculina adulta fosse um quarto da população feminina. Hoje isso não ocorre.
Embora esteja no Corão a permissão, tenho apenas uma esposa. Temos sete filhos e amo-a muito. Por que ter outras esposas?”
Esperando não ter cansado o leitor com essas histórias, retomamos nossas reflexões sobre a diversidade de crenças.
Para com todos nós, seus filhos, tem o Criador incansável paciência e compreensão.
Multiplica caminhos, para que não nos falte oportunidade de religarmo-nos à Bondade Suprema. Não faz distinção entre filhos e, por amar-nos todos, multiplica chamados e mensageiros, crenças e religiões.
Oferece sempre algum rastro de “pegadas” para os tesouros maiores da eternidade.
Religiões são chamamentos do amor divino. Respeitarmo-las todas é dever. Se o corpo doutrinário tiver falhas ou equívocos, serão humanas as suas origens. Se o arcabouço dos ensinamentos for radioso em luz e fraternidade, será por fidelidade à Vontade Celeste.
Uma religião não é um fim em si mesma.
É roteiro e norma de conduta; é disciplina e estudo; é luz e amparo. Direciona-nos na busca das verdades eternas, mas não as contém todas. Não é dado ao homem, ainda, saber toda a verdade, em face de sua pequenez. Nas religiões encontraremos muitas dádivas e esclarecimentos. Em religiões diferentes poderá haver até ensinamentos distintos; mas em todas elas haverá a mesma semente plantada pelo Pai.
Quando tivermos “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, identificaremos, nessa semente, o amor. Todas as religiões são escolas de amor. Amor que Deus ensina, espera e quer compartilhado e vivo em cada um de nós. O amor das religiões.

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Sábado, 22/3/2008 – no 2086

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