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terça-feira, 2 de setembro de 2008

O BARQUINHO

Ayrton Xavier

“O Barquinho”, composição mundialmente conhecida de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli, transformou-se em carro-chefe da chamada Bossa Nova brasileira, música das mais ouvidas, em sua versão instrumental ou cantada nas mais diversas línguas, para gente de todas as ideologias e religiões.
Poucos sabem que os jovens compositores aproveitavam o fim de tarde, em pequeno barco, apreciando a paisagem do Rio de Janeiro, vista do mar, extasiados pela beleza à sua volta, quando o motor parou e nada o fazia voltar a funcionar. Acionavam-no e depois de alguns estampidos, tudo voltava ao zero: pópó-pópó...pópó-pópó...pópópó-pópópópó. Voltava o silêncio e as ondas iam levando o barquinho para longe, em direção ao pôr do Sol, enquanto os jovens, rindo, repetiam o barulho do motor:
pópópópó-pópópópó...
Depois, com a letra incorporada a ritmo tão simples, acompanhado pelo violão, ou pelas teclas do piano, o enredo ganhou melodia: “Dia de luz, festa de sol, e o barquinho a deslizar, no macio azul do mar”.
Não havia planos pré-estabelecidos para direcionar a mente, que, livre, respondia com palavras mágicas brotando do ar:
“Tudo é verão e o amor se faz num barquinho pelo mar, que desliza sem parar...”
O compositor não sabe explicar porque, mas chama a essa emoção “amor”!
Diz Egberto Gismonti, no diálogo afinado com o amigo Carlos Fregtman, musicoterapeuta, que toda música está no ar; é só prestar atenção e colhê-la. Chamaríamos a isso intuição, sensibilidade, mediunidade!
Segue a mensagem: “Sem intenção, nossa canção vai saindo desse mar e o sol beija o barco e luz, dias tão azuis!”
Neste mundo reconhecido como “o planeta água”, planeta azul girando à volta do Sol, a vida flui em nossas veias e neurônios, em caudal de energia que não se consegue explicar, beijada pela luz do Sol, mergulhada no azul dos céus...
Contava Albert Schweitzer que, certa vez, ele e companheiros remando para atravessar um rio e chegar a certa aldeia, no coração da África, sua mente inquieta se perguntava: “Afinal, qual é o princípio ético da vida?” Subitamente, intenso raio de luz veio-lhe à mente, ao contemplar o Sol poente: “A ética do homem de bem deve ser a de Reverência à Vida!” Diria depois, completando o pensamento: “Tudo o que é vivo anseia por viver, tem o direito à vida. Nenhum homem tem o direito de impor sofrimento às coisas vivas, para satisfazer seus desejos”.
Reverência à Vida representou a motivação existencial que o levou até o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento à dedicação às comunidades africanas em situação de risco social e de vida, pobres e doentes, acolhidas por seu espírito de compaixão. A esse senso de solidariedade fraterna podemos associar as qualidades cristãs, por excelência, que o Espírito de Verdade designa pelo binômio “devotamento e abnegação”, fonte de todas as virtudes, da humildade, da caridade.
Exaltando o aprendizado indispensável à condução da vida humana sob as Leis do Criador, o Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, trouxe a lume, no ano de 1984, o livro “Tocando o Barco”. Lições singelas dando mostras da presença divina a nos ensinar a forma de se valorizarem as oportunidades e os relances da vida para crescer em entendimento e paz.
Sob o mesmo contexto, completa-se a composição inspirada de “O Barquinho”, com frases poéticas diante do Sol poente:
“Volta do mar, desmaia o sol, e o barquinho a deslizar, e a vontade de cantar! Céu tão azul, ilhas do sul e o barquinho é o coração, deslizando na canção. Tudo isso é paz, tudo isso traz uma calma de verão e, então, o barquinho vai, à tardinha cai; o barquinho vai, a tardinha cai...”
Desliza o barco da vida, bate o coração, tangido pelo mar de ternura e misericórdia, sob o pálio do céu, a luz do Sol, o clima de amor... Tudo se expressando na vontade de cantar, na sensação de calma, de paz, presença de Deus em nossas vidas, causa primária de todas as coisas.

SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
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Sábado, 22/3/2008 – no 2086

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