D. Villela
Quando a humanidade ingressa no período histórico, ou seja, quando as coletividades passam a registrar o que nelas ocorre por disporem da escrita, encontramos já estabelecida a desigualdade quanto à distribuição de recursos materiais, havendo quem dispusesse de muito ao lado dos que possuíam pouco e até mesmo nada tinham, na condição de escravos, numerosos em toda a Antiguidade. Supõem-se que anteriormente – conforme ainda se observa em comunidades primitivas de nossa época – esse fato não ocorresse, pertencendo os produtos da caça, da pesca e da coleta de frutos a todo o grupo, situação esta que somente se modificou com a descoberta da agricultura que permitiu a fixação do homem em determinados sítios, com o surgimento de cidades e... Da repartição desigual das riquezas que, aliás, prossegue em nossos dias.
Ao longo dos séculos XVIII e XIX, diversos filósofos trataram dessa questão, preconizando, vários deles, medidas de força para impor uma organização social mais justa, onde recursos e oportunidades fossem igualmente concedidos a todos. Ao abordar esse tema, a Doutrina Espírita, sem referir-se explicitamente a tais correntes, sempre apontou o seu equívoco – a construção forçada de uma sociedade igualitária – cujo equilíbrio artificial logo seria rompido de vez que os homens não são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar. A propósito lembrou ainda o Codificador que a concentração da riqueza em determinados pontos era conveniente por permitir a realização de descobertas úteis e tarefas de maior vulto, necessárias ao progresso, embora em nosso nível evolutivo fosse o interesse material o móvel de tais esforços.
É oportuno lembrar, igualmente, que Jesus conviveu com este e outros prejuízos decorrentes de nossa inferioridade (escravidão, subalternidade da mulher, abusos do poder, violência legalizada) não tendo se pronunciado especificamente contra os mesmos, mas ensinou e exemplificou o amor como diretriz essencial para a vida, sob cuja influência se extinguem as manifestações da ignorância e do egoísmo.
Deve-se notar, por outro lado, que depois que a Boa Nova nos foi transmitida, acentuou-se o processo de mudança na sociedade humana que, de forma lenta mas inestancável, vem se tornando melhor, abolindo injustiças e reconhecendo a solidariedade que deve existir entre todos os seres humanos.
Mencione-se, por fim, que os espíritas podem e devem, como cidadãos, contribuir para o aperfeiçoamento das leis e instituições, adotando, ao mesmo tempo, a fraternidade por norma em seu relacionamento com o próximo.
“O Evangelho segundo o Espiritismo”
(capítulo 16, item 8).
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Sábado, 19/4/2008 – no 2090
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