PARTE PRIMEIRA - Das causas primárias
CAPÍTULO III — Da Criação (questões 37 a 59)
Formação dos mundos
A quantidade de corpos celestes existentes, que juntos formam o Universo, é um número que foge absolutamente do conhecimento humano.
Desde quando existem esses mundos, essa é outra incógnita cosmológica, conquanto a razão nos diga que foram criados por Deus, num tempo distante, indeterminado — e pela condensação do fluido cósmico universal, asseguraram os Espíritos a Kardec.
Temos nos cometas o exemplo de mundos na fase inicial da sua formação, tanto quanto a astronomia já comprovou que mundos “velhos” se extinguem, dando origem a outros mundos, num processo de renovação semelhante ao dos seres vivos.
Ganha corpo perante alguns estudiosos do Espiritismo a teoria da existência de vários universos... A vida no plano espiritual, para nós espíritas, parece ser prova cabal de que ao menos há mais um Universo.
NOTA: Em cosmologia há um “modelo”, ou “teoria”, apelidado de BIG-BANG, especulando o estado em que se encontrava o Universo há 13 bilhões de anos, ou mais. Àquela remota época, estando temperatura e densidade extremamente altas, o modelo relativístico determinou a expansão do Universo, em um processo que lembra o de uma grande explosão; bola de fogo primordial; grande explosão (“big-bang”).
Formação dos seres vivos
Às questões n° 43 a 45 vemos que tão logo este planeta foi criado para aqui foram trazidos átomos em suspensão no Espaço, e mesmo de outros planetas, para serem os formadores do protoplasma — tudo isso, sob supervisão de Espíritos Siderais, cumprindo desígnios divinos;
- por aproximadamente um bilhão de anos tais átomos foram se agregando, até formarem os germens de todos os seres vivos, que permaneceriam em estado latente, aguardando que o momento sublime da eclosão da vida os animasse;
- a relativa acomodação dos elementos, até então sacudidos e fustigados durante mais ou menos um bilhão de anos, proporcionou que a mônada celeste (“princípio espiritual”, ou “princípio inteligente” — criação de Deus) iniciasse sua trajetória evolutiva rumo à eternidade;
- essa a trajetória da mônada divina, indo do protoplasma à angelitude, isto é, estagiando desde o reino mineral, o vegetal, o animal, o hominal, até aportar na pátria dos Espíritos puros;
- esse o sublime roteiro de todos os Espíritos! Todos!
NOTA: O Espírito André Luiz, no cap. III de “Evolução em Dois Mundos”, discorre maravilhosamente sobre essa fase inicial e suas conseqüências.
Aqui, precisamos sintetizar essa descrição:
- em ambiente de mares mornos e de grande massa viscosa cobrindo a paisagem terrestre verte o princípio inteligente;
- séculos e séculos, milênios e milênios se passaram, silenciosos e sucessivos, nos quais a mônada celeste pôde se exprimir através do protoplasma;
- surgem os vírus, evidenciam-se as bactérias lavrando os minerais, são plasmadas as primeiras células, que se responsabilizariam pelas eclosões do reino vegetal, em seu início;
- formam-se as algas, em formas unicelulares — a mônada já está em estágio superior (!)
- em sucessão, surgem as algas verdes, pluricelulares, inaugurando-se a reprodução sexuada;
- de sucesso em sucesso, a mônada ingressa no reino animal;
- decorrem os milênios, com multiplicados ensaios e estágios, possibilitando à mônada, primeiro conquistar o instinto, depois a razão;
- pelo menos um bilhão e meio de anos após, o título de homem é alcançado (!!!)
Pois é, caros leitores: eis a nossa idade, quantificada com lógica por André Luiz: 15 milhões de séculos, ou, 1.500.000.000 de anos!
Povoamento da Terra. Adão
A Ciência demonstra que não seria possível que o progresso humano, comprovadamente alcançado muito antes do Cristo, se tenha realizado apenas desde os séculos que distam do mito adâmico.
Diversidade das raças humanas
As condições climáticas foram as condicionantes das formações das raças: para viver na África, se nasce negro para proteção contra a inclemência do sol equatorial, com cabelos encarapinhados para reter o suor e “refrigerar” o couro cabeludo; para viver na Europa, a necessidade é ter a pele branca, para melhor captar os raios ultravioleta e suprir a carência de vitamina D, com narinas estreitas, de forma a permitir o aquecimento do ar antes da chegada aos pulmões; para viver no Oriente, tem que apresentar adiposidade em torno dos olhos, com aproximação das pálpebras, com isso tendo proteção aos ventos provenientes da proximidade com as geleiras.
E, principalmente, pelas sucessivas migrações, os povos foram se adaptando às diferentes condições climáticas.
Por isso é que há diversidade de raças humanas, as quais se caracterizam por diferenças fisiológicas, decorrentes, como vimos, das necessárias e naturais condições físicas aos diferentes meios, nos quais tenham se agrupado e se fixado os primeiros habitantes da Terra. Considerando que tenhamos originalmente pertencido a uma única raça existente na superfície terrena, o fato é que com o aumento da população, houve dispersão de grupos que ao longo dos séculos partiram para novas paisagens, nas quais, em climas diferentes, novos ajuntamentos foram se formando.
A miscigenação sempre esteve presente na vida.
Dessa forma, de início, o cruzamento de indivíduos da raça-mãe, com a segunda raça, por exemplo, por si só, já terá criado uma terceira raça. E assim sucessivamente.
Para o Espiritismo “branca”, “negra”, “amarela” etc., são raças, sem diferenças espirituais no ser humano, apenas com elementos corantes adicionados ou subtraídos pelos Espíritos “técnicos da reencarnação”, além de caracterizar pequenas particularidades físicas (cabelos, olhos, nariz, lábios, etc.) no indivíduo que deverá renascer.
Essas particularidades dizem respeito ao meio ambiente no qual foi projetado o programa reencarnatório desse indivíduo.
Suponhamos, por exemplo, um indivíduo que deverá nascer e viver no interior da sofrida “África Negra”: a cor da pele e os traços fisionômicos terão aquela manipulação perispiritual, para que o genoma seja consentâneo com as leis da hereditariedade, bem como da raça local de nascimento.
Pluralidade dos mundos
A razão nos indica que todos os mundos são habitados.
Porém, os Espíritos disseram a Kardec que a constituição física dos outros mundos, bem como a organização, também física, dos seres que os habitam, não se assemelha à terrena e que nas imensidões siderais existem fontes de luz e de calor, além do Sol, sendo que a eletricidade, em muitos mundos, desempenha papel que o homem desconhece.
Considerações e concordâncias bíblicas no tocante à Criação
Quanto aos mitos bíblicos de Adão, bem como o da formação do mundo em seis dias, não resistem à menor análise, admitindo-se:
- que Adão tenha mesmo povoado uma região ainda desabitada;
- que o dilúvio de Noé foi uma catástrofe parcial.
Por fim, Kardec reflete que as doutrinas e as idéias religiosas que defendem, se engrandecerão se caminharem de par com a Ciência.
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